Claudio Xavante Casaldáliga no facebook
Algumas interpretações (machistas) enfatizam a ideia de que a mulher foi criada como "auxiliadora" do homem, o que pode ser interpretado como uma posição de subordinação ou serviço. No entanto, podemos contestar essa visão, argumentando que o termo "auxiliadora" (ezer kenegdo, no hebraico original) não implica necessariamente subordinação, mas sim uma parceria complementar.
Em Gênesis 1 afirma que homem e mulher foram criados à imagem de Deus e receberam domínio sobre a criação, o que sugere igualdade entre os gêneros.
Podemos argumentar como muitos estudiosos argumentam que "ezer kenegdo" significa "auxiliadora correspondente" ou "parceira forte", indicando uma relação de igualdade e complementaridade, não de subordinação.
Eis a importância da mulher: Eva é descrita como "osso dos meus ossos e carne da minha carne", o que expressa uma profunda conexão e unidade entre homem e mulher.
Não podemos interpretar e argumentar fora do contexto. Como disse uma vez o querido saudoso Dom Luciano Mendes de Almeida "É preciso dar um basta a essas visões patriarcais. A mensagem central é de igualdade e respeito entre os gêneros."
Simples assim!
Francisco, Jesus e as Mulheres [Frei Betto]
mulheres luteranas pastoras e bispas, acompanhados de homens luteranos pastores e bispos.
Publicado em12/08/2016
O papa Francisco nomeou uma comissão para analisar se as mulheres devem ter acesso ao diaconato, como já ocorre com homens solteiros ou casados. Diácono ocupa, na hierarquia, um grau abaixo do sacerdócio. Pode presidir matrimônios e batizar, mas não celebrar missa. Havia diaconisas na Igreja primitiva.
Em muitos países, inclusive no Brasil, já há religiosas que, autorizadas pelo bispo local, presidem matrimônios e celebram batismos, embora não sejam diaconisas.
Francisco é muito hábil. Em vez de implodir o prédio com dinamite, prefere demoli-lo tijolo a tijolo. É o que faz ao mexer em temas que, há séculos, estavam congelados pelos tabus que envolvem a doutrina católica tradicional: recasamentos, acesso de divorciados aos sacramentos, homossexualidade, celibato obrigatório, corrupção na Cúria Romana, punição rigorosa a pedófilos etc.
Não há fundamento bíblico para excluir mulheres do sacerdócio, e até do direito de serem bispas e papisas. O grande obstáculo é a cultura patriarcal predominante nos primeiros séculos do cristianismo e ainda em voga na Igreja Católica.
Mateus aponta, na árvore genealógica de Jesus, cinco mulheres: Tamar, Raab, Rute e Maria; e, de modo implícito, a mãe de Salomão, aquela "que foi mulher de Urias". Não é bem uma ascendência da qual um de nós haveria de se orgulhar.
Viúva, Tamar se disfarçou de prostituta para seduzir o sogro e gerar um filho do mesmo sangue de seu falecido marido. Raab era prostituta em Jericó. Rute, bisavó de Davi, era moabita, ou seja, pagã aos olhos dos hebreus. A "que foi mulher de Urias", Betsabeia, foi seduzida por Davi enquanto o marido dela guerreava. E Maria, mãe de Jesus, também não escapou das suspeitas alheias, pois apareceu grávida antes mesmo de se casar com José. Como se vê, o Filho de Deus entrou na história humana pela porta dos fundos.
Jesus se fez acompanhar pelos Doze e por algumas mulheres: Maria Madalena; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana "e várias outras”, diz Lucas (8,1). Portanto, Jesus nada tinha de machista. E frequentava, em Betânia, a casa de suas amigas Marta e Maria, irmãs de Lázaro.
O primeiro apóstolo foi uma mulher: a samaritana que dialogou com Jesus à beira do poço de Jacó e, em seguida, saiu a anunciar que encontrara o Messias. A primeira testemunha da ressurreição foi Madalena. E ao curar a sogra de Pedro, Jesus demonstrou não associar sacerdócio e celibato. Pedro era casado e nem por isso deixou de ser escolhido como o primeiro papa.
A misoginia é, na Igreja Católica, uma síndrome injustificável, sobretudo se considerarmos que em comunidades rurais e de periferias urbanas são as mulheres que predominantemente conduzem a atividade pastoral. Hoje, felizmente, várias mulheres casadas detêm, inclusive no Brasil, o título de doutoras em teologia.
A teologia de meu confrade Tomás de Aquino data do século XIII e ainda serve de alicerce à doutrina oficial católica. Hoje, requer atualizações, como no quesito mulher, considerada um ser ontologicamente inferior ao homem. Razão pela qual o escravo liberto pode ser sacerdote, a mulher não.
Não há um só caso nos evangelhos em que Jesus tenha repudiado uma mulher, como fez com Herodes Antipas, ou proferido maldições sobre elas, como fez com os escribas e fariseus. Com elas, mostrava-se misericordioso, acolhedor, afetuoso, e exaltava-lhes a fé e o amor.
É chegada a hora de a Igreja Católica assumir o seu lado feminino e abrir todos os seus ministérios às mulheres. Afinal, metade da humanidade é mulher. E a outra metade filha de mulher.
O pensamento dos Papas sobre a mulher, obra-prima da criação
Neste 8 de março, relembramos algumas reflexões dos Pontífices, de Pio XII a Francisco, que disse em uma ocasião recente: "agradeço-lhes por seu compromisso em construir uma sociedade mais humana, por meio da sua capacidade de compreender a realidade com olhar criativo e coração terno".
Feminino Coração De Deus - Erasmo Carlos
NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL. NOTA
Romero Venâncio (UFS)
Compreendo perfeitamente as pessoas que ficaram surpresas ou chocadas com o "famoso discurso" do Frei Gilson às vésperas do dia internacional da mulher. Várias pessoas me enviaram este discurso. Um discurso machista e com nítido objetivo de inferiorização da mulher. Usando de maneira fundamentalista a Bíblia e ampliando uma narrativa falaciosa sobre feminismo ou sobre termos como "empoderamento" e o resto que segue não nos informa nada de novo no front. Entre 2020 a 2024, estudei o crescimento vertiginoso de uma extrema direita católica nestas redes digitais (entre 2013/2024. O marco temporal da pesquisa).
Destaquei grupos organizados e youtubers que atuam nestas redes e com grande apelo popular. Dos 05 youtubers estudados e monitorados durante mais de 3 anos, Frei Gilson foi um deles. O Frei não fala por si, mas tem parceria com o Instituto Hesed criado pela Irmã Kelly Patrícia que segue uma linha de "adoração devocionalista" com um apostolado de nome sugestivo: "exército de São Miguel". O Frei Gilson ficou "famoso" nestas redes organizando e liderando uma cruzada de oração nas madrugadas onde reza um rosário e faz uma série de comentários.
Frei Gilson é um anticomunista anacrônico, propagador de várias teorias conspiracionistas, devocionalista ao extremo, aliado do "brasil paralelo" e completamente destoante dos documentos do Papa Francisco, em resumo. Sem dúvida, nada de novo diante das pesquisas que fiz. Mas, o que podemos chamar de novidade, é o silêncio do episcopado brasileiro que não compactua com este tipo de "apostolado" do Frei. Não dizem nada. Não se chama a atenção de seus seguidores e nada de orientação (minimamente) pastoral. O frei diz o que quiser e na hora que lhe for conveniente como se fosse uma verdade da Igreja. Por muito menos e injustificadamente, teólogos e teólogas brasileiros foram punidos com obrigação de silêncio ou exílio.
As conclusões que chego na pesquisa tem muita aproximação com os trabalhos do padre Agenor Brighenti e seu grupo de pesquisadores e pesquisadoras e pode ser comprovada no livro: "O novo rosto do catolicismo brasileiro: clero, leigos, religiosos e perfil dos padres novos" (Vozes, 2023).
Uma extrema direita católica brasileira vem paulatinamente reconfigurando as bases do catolicismo brasileiro num rumo devocionalista e bem distante de uma efetiva pastoral social. Trata-se de um catolicismo fundamentalista, triunfalista e de orientação dentro dos marcos de uma extrema direita mundial. Alguns chegam a simpatizar com ideias fascistas. Nem precisa dizer que as lideranças desta extrema direita católica é bolsonarista de carteirinha. Esta nova orientação à direita do catolicismo é bem forte no clero jovem (Frei Gilson é um exemplo), em parte considerável do episcopado (apesar das orientações do Papa Francisco) e forte entre um laicato infantilizado em sua fé. Atentemos!
A VERDADE OCULTA sobre o religioso católico que virou FENÔMENO NAS REDES com discursos radicais
As origens do “machismo” no Cristianismo
Novos filmes na IC Play para refletir sobre a realidade e a luta das mulheres
Neste Dia Internacional da Mulher, a Itaú Cultural Play preparou uma seleção de obras que evidenciam a potência de cineastas e atrizes brasileiras, em filmes que desconstroem estereótipos de gênero, de relacionamentos, questionam o patriarcado, o machismo e o etarismo.
clique AQUI
Abaixo, atualização em 12/03
Mais boas análises a respeito do fenômeno mais amplo que Frei Gilson representa.
Por que Frei Gilson não reza pelo Papa Francisco? Artigo de Tabata Pastore Tesser
"Ultraconservadores católicos, que adoram versar sobre o silêncio, praticam um anticlericalismo silencioso e peculiar ao se oporem à teologia ecoprofética do Papa Francisco, ignorando a política do comum e do bem-viver, o Ano do Jubileu e as Campanhas da Fraternidade. No lugar disso, sobra silêncio e tempo para agendas em programas televisivos desinformativos e encontros com políticos extremistas. Mas não só: não dispensam a batina nem os privilégios religiosos", escreve Tabata Pastore Tesser, doutoranda em Sociologia na USP e mestra em Ciência da Religião na PUC-SP.
A autora integra a linha de pesquisa de Gênero, Religião e Política do Laboratório de Antropologia da Religião. Pesquisadora visitante do Instituto de Estudos da Religião no GT de Catolicismos e Conservadorismos. Coautora da pesquisa Cartografia dos Catolicismos Jurídicos Antigênero (2024).
Leia o artigo.
Para conhecer outra faceta do Frei que não reza pelo Papa Francisco
PAPEL DA MULHER E A RELIGIÃO
Nascemos para Servir, mas Não como Frei Gilson pensa
Quando alguém com autoridade na Igreja Católica naturaliza a inferiorização da mulher, contribui para a perpetuação de estruturas patriarcais que oprimem e excluem
https://diplomatique.org.br/nascemos-para-servir-mas-nao-como-frei-gilson-pensa/
Atualizações em 13/03/2024
Oliveira JRicardo no facebook
Esse evento desse frei põe a nú a nossa deficiência de produzir conteúdo sério, que influencie e arregimente as pessoas.
Temos excelentes pensadores, mas péssimos comunicadores. Nossas mensagens são na maioria das vezes muito teóricas.
Muitas vezes só nos mobilizamos quando levamos um golpe baixo como este.
Mas eles estão o tempo todo produzindo conteúdo e expondo a visão distorcida deles.
Somos muito pouco eficazes na cobrança de que a igreja se posicione. E na produção de reflexões que estimulem posicionamentos verdadeiramente cristãos.
Volto a dizer que esse frei não é o único,como ele tem muitos religiosos e leigos que sabem ludibriar o povo com mensagens travestidas de cristianismo.
Fora isso é preciso também levar em conta que vivemos na época do tal engajamento e da preocupação com.a monetização.
O sacerdote, que tem mais de sete milhões de seguidores no Instagram e outros 1,4 milhão em um canal de WhatsApp, “furou a bolha” católica e virou personagem de mais um capítulo do embate entre esquerda e direita no Brasil.
Em uma oração transmitida pelas redes sociais, ele criticou o empoderamento feminino e defendeu que as mulheres devem atuar de forma auxiliar aos homens.
“Essa é uma fraqueza da mulher: ela sempre quer ter mais. ‘Eu não me contento só em ser... em ter qualidades normais de uma mulher. Eu quero mais! Isso é ideologia dos mundos atuais. Uma mulher que quer mais... vou até usar a palavra que vocês já escutaram muito: empoderamento”, disse.
Pouco depois, ele complementou.
“O homem, foi dado a ele a liderança, mas a mulher tem o desejo de poder. Não é desejo de serviço, é desejo de poder. Repito a palavra: empoderamento. Portanto, eu já começo a falar: a guerra dos sexos é ideologia pura, é diabólica”.
A reação nas redes sociais foi intensa.
Militantes de esquerda criticaram frei Gilson alegando que ele seria ligado a uma produtora de conteúdo conhecida pelo conteúdo conservador e de que fosse vinculado ao bolsonarismo.
Do outro lado, ele foi defendido por alguns dos principais nomes da direita como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) chegou a propor um projeto de lei que criminaliza ataques religiosos em redes sociais.
A polêmica fez com que as buscas pelo nome de frei Gilson no Google, principal ferramenta de busca, tivessem um pico na quarta-feira
(12/3). #nazifascismo #freigilson #bolsonarista #catolicos #extremadireita #religiao
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn89295y7jzo
Frei Gilson e a submissão feminina | Gênesis e seus usos pelo Fundamentalismo Religioso Cristão
atualização em 16 de março de 2025
Padre Julio na homilia de hoje, 2° Domingo da Páscoa - Transfiguração do Senhor.
"Vocês já viram Jesus dizer que as mulheres devem ser submissas aos homens?"
Padre Julio Lancellotti
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