Foto: Marcelle Cristinn
No ano de 2005, quando Aracaju completou 150 anos e era governada por um prefeito do PT secundada por um vice do PC do B, escrevi um artigo publicado no jornal Cinform e republicado dois anos depois no portal Overmundo intitulado, Aracaju nos 150 anos e a cultura que fica.
O artigo apresenta dois projetos de lei pró cultura, submetidos a câmara de vereadores no ano de 2003-2004 e utiliza como gancho argumentativo, a propaganda dos 150 anos de Aracaju, a qual apresentava a cidade como uma bela menina, o título que escolhi associa o nome do projeto FICA a um ditado popular que afirma ser o amor que fica, o amor potentemente viril. O outro projeto e que conseguiu efetivamente se tornar lei foi o VAI, embora nunca aplicado ou executado.
Pois então, Aracaju, culturalmente, nunca foi tão "recatada" assim, embora não tanto “devassa” como outras capitais nordestinas e brasileiras, daí porque me referi no artigo escrito para o portal overmundo, ao desfrute cultural como feito pela classe mais abastada em outras praças ou destinos.
Video institucional do Sesquicentenário da Cidade produzido pela Prefeitura Municipal de Aracaju em 2005.
É desse jeito, o que fizeram e fazem alguns representantes de nossa elite politica e econômica, embora por conta da diminuição das distâncias geográficas e avanço da tecnologia digital e das facilidades de acesso, temos hoje a saída de maior número de sergipanos para desfrutar as belezas e prazeres culturais de outras regiões, não apenas os mais ricos como outrora.
Já os mais endinheirados, nos negócios e na politica, por meio das facilidades da diminuição das distâncias e da melhoria das condições de acesso, passaram também importar em maior quantidade artistas da cultura de massa de outras praças ou paragens, a fim de uma visitinha em nossa cidade em forma de apresentação em grandes eventos, o que faz circular um dinheiro importante para nossa economia local, mas que é levado boa parte para os lugares de origem dessas atrações ou para onde estes tem conta bancária e investimentos, decorrendo daí o não fortalecimento do mercado cultural local em termos de qualificação e profissionalização dos agentes da cadeia produtiva da cultura, considerando tratar-se de momentos pontuais, fugazes, e-ventos, riqueza levada pelos ventos, e mesmo o que fica, permanece apenas como experiência sensorial, estética e afetiva.
Pois bem, há produção importada de boa qualidade, também gostamos de apreciar a boa arte de fora e as boas companhias que compartilham do mesmo gosto. E há àquelas nem tanto, algumas bem comerciais mesmo, mas com viabilidade econômica suficiente para garantir retorno ao que é investido.
Mas sabemos que isso não basta para os tão falados e decantados em prosa e verso, - senso de pertencimento, auto-estima e coesão social - fora o necessário fortalecimento da economia da cultura local em perspectiva desconcentrada e inclusiva, o que no caso de muitos que vivem ou que pretendem viver direta ou indiretamente da atividade cultural , significa a expectativa de se poder viver de arte e cultura, sem para isso precisar mudar de cidade ou ter que se virar em outras profissões para pagar suas contas, enfraquecendo com isso a necessária qualificação e profissionalização..
O que fazer? Como sair desse estado de letargia e atraso no plano cultural? No decorrer do mês faremos acréscimos a este artigo, com sugestões ou orientações a atual administração municipal, vereadores, formadores de opinião, pesquisadores, fazedores de cultura, incluindo artistas, além dos cidadãos e cidadãs em geral que amam Aracaju de verdade.
Faremos uma espécie de glossário a partir de artigos escritos no portal overmundo e nesse blog desde a sua criação, 2006, ano da criação do mesmo e da escrita e publicação do artigo citado , que tratou da politica e da gestão cultural nos 150 anos de Aracaju. Acompanhe o aviso das atualizações pelas redes digitais.
Por último, uma medida ou indicador arbitrário de idade da cidade em comparação com a idade dos humanos.
Podemos considerar, a cada 100 anos de cidade corresponder 10 anos da idade de um ser humano. Cada 10 anos de idade de cidade, corresponder a o1 ano de idade de um ser humano. Logo, Aracaju ainda é uma adolescente, 17 anos...
Zezito de Oliveira - educador, agente cultural, escritor e editor do blog da cultura.
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