segunda-feira, 29 de agosto de 2022

E o primeiro debate nacional da campanha eleitoral de 2022?


 
Eliane Brum· 

E...no primeiro debate das candidatas e candidatos à presidência do Brasil, a palavra  "Amazônia" não foi pronunciada, nem a palavra "indígena", nem a palavra "racismo". Não havia nenhuma pessoa negra no centro dos acontecimentos, quando os negros são a maioria da população brasileira. Há um recorde de candidaturas indígenas nessa eleição, a maioria de mulheres, mas isso não apareceu. Meio ambiente foi mencionado de forma superficial, mas cobriram o "agronegócio" de elogios e uma jornalista chegou a fazer propaganda para a Ferrogrão, uma tragédia para uma floresta amazônica já perto do ponto de não retorno.  Parecia um teatro de uma outra época, sobre um Brasil de outro tempo. A desconexão dos candidatos e das candidatas com o que realmente é importante, com o que define nosso presente e o que definirá nosso futuro próximo, é aterradora. Sim, é imperativo derrotar Bolsonaro, porque essa é uma eleição não apenas entre o fascismo, representado por ele, e a democracia, mas bem mais do que isso: é uma eleição entre a política de morte, representada por Bolsonaro, e a vida. Mas temos que ter muito presente que, mesmo derrotando Bolsonaro, a luta continua. E continuará forte, porque esses candidatos já não compreendem o país em que vivem nem a complexidade do colapso climático. Muitos acharam que o debate foi chato. E foi. Mas que bom que temos debate. Que bom, mesmo. Nasci e cresci na ditadura e nunca vou esquecer do que é não ter debate, que é o que o atual ocupante do poder gostaria. Mas muito mais do que chato, esse debate foi pobre. Na real pobreza, que é a pobreza de compreensão e de concepção de mundo, a pobreza de ideias e de ideais, a pobreza de interpretação sobre o país que querem governar. Para mim, o debate foi triste. E apontou o tamanho do desafio que teremos e que só conseguiremos enfrentar se formos capazes de criar comunidade. Boa semana de luta a todas, todos, todes.

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Zezito de Oliveira

Quem poderia fazer um debate melhor com a perspectiva defendida pela Eliane Brum seria a TV Aparecida,  como fez em 2018. Para mim o melhor debate daquela eleição, porém o debate 2022 foi cancelado.
Embora prefira as  sabatinas. O debate com muitos candidatos torna-o muito disperso e até desinteressante em muitos momentos. O de ontem só assisti até meia hora ou um pouco mais..
Tem a ver com a legislação que exige a presença de todos, desde que o partido do candidato tenha, no mínimo, 5 parlamentares no Congresso
Com esse critério legal de exclusão ficaram de fora os candidatos dos partidos mais a esquerda. PCB , UP e PSTU.
Enfim, as sabatinas é melhor. Espero que a TV Aparecida escolha esta opção.
Confira abaixo o debate da TV APARECIDA com os candidatos a presidente em 2018.



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Chico Alencar - PSOL

Sobre o debate na Band - que achei, sinceramente, meio chatinho (com muitos candidat@s há pouco tempo para desenvolver ideias) -, me permito fazer uma comparação com uma corrida da Fórmula 1.

Na ordem das pesquisas de intenção de voto, digo que o que ocupa a "pole position", o Lula, pareceu estar fazendo aqueles treinos de reconhecimento da pista, sem acelerar muito, sem o brilho habitual, testando mais os freios.

Bolsonaro largou pisando, mas logo derrapou feio, atacando pessoalmente - como de costume - uma jornalista ("Você deve dormir pensando em mim, não venha com historinha de atacar mulheres e se vitimizar. Você é uma vergonha para o jornalismo" - vociferou contra uma pergunta de Vera Magalhães sobre... insuficência no combate à pandemia!). O ódio a mulheres parece motivar sua "pilotagem", e bater no guard rail será rotina.

Simone Tebet dirigiu com segurança, foi assertiva (o que não é comum no seu MDB da política fisiológica). Ciro fazendo manobras hábeis ao volante para ganhar posições - mas ontem menos arrojadas que as costumeiras. Soraya, estreante na pista, foi firme ao reagir à misoginia de Bolsonaro, mas teve que lidar com certas falhas no motor. E Felipe D`Ávila, ultraprivatista, mostrou-se preocupado sobretudo com os "patrocinadores"...

Não me recordo de ter ouvido qualquer fala sobre a importância da participação popular nos rumos do país e do voto consciente para o Congresso Nacional. Salvo engano, não houve essa "ultrapassagem" democrática.

Senti falta do Ricardo Boechat (1952-2019) como mediador, sempre incisivo e espirituoso... A emissora e os candidatos não fizeram qualquer referência a ele, que tanto pontificou no radiojornalismo político da Band. Saudades. 
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Leonardo - PCB

10 pontos sobre o debate da Band 

1 - A exclusão dos comunistas, Sofia Manzano e Leo Péricles, provocou uma ausência quase total das pautas da classe trabalhadora. 

2 - Incrível o pacto de silêncio sobre o golpismo dos militares.

3 - Incrível o pacto de silêncio sobre a Petrobras e a Eletrobrás. Ninguém falou das refinarias, PPI e o tema do preço dos combustíveis foi abordado de maneira lateral. 

4 - Ninguém falou do teto de gastos, mas teve pergunta liberal sobre responsabilidade fiscal.

5 - Incrível a ausência da contrarreforma trabalhista, da previdência e do ensino médio. Ciro Gomes, por exemplo, falou duas vezes sobre educação. Teve uma oportunidade de ouro perdida. 

6 - Silêncio absoluto sobre racismo, violência policial e matança nas favelas.

7 - Ciro Gomes fez seu pior debate. Lula começou muito ruim, mas no final se recuperou um pouco. A resposta sobre paridade de gênero no ministério foi pavorosa. Incrivelmente ruim. 

8 - Bolsonaro, acho, perdeu um pouco. O chilique com Vera Magalhões pode ter consequências ruins.

9 - Simone Tebet foi a grande ganhadora do debate. Se tiver mais um debate além do da Globo, Ciro Gomes que se cuide. Tebet disputa votos com ele! 

10 - É a festa da democracia burguesa. Despolitizante e sem tocar nos temas fundamentais da vida do povo trabalhador.
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Ouvi na tv que Simone Tebet quer se tornar mais conhecida pelo eleitor e decidi “ajudá-la”.

Ela foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul pela primeira vez em 2014 e faz parte da bancada ruralista. Filha do ex-senador Ramez Tebet, que a lançou na política.
Seu principal projeto pede a suspensão das demarcações de terras indígenas e o pagamento de indenizações para fazendeiros invasores - por sinal, ela é dona de um latifúndio em Caarapó (MS), município conhecido pelos episódios de violência contra os indígenas, e é suspeita de ser uma dessas invasoras.
Seu marido, Eduardo Rocha, é deputado estadual e foi um dos nomes mais atuantes da cpi da assembleia legislativa do mato grosso do sul contra o conselho indigenista missionário (cimi), entidade conhecida por denunciar a violência de ruralistas contra os povos indígenas.
Ajudou a eleger o bozo e ainda faz parte de sua base de apoio, embora candidata. Apesar de seu slogan ser "mulher vota em mulher", votou contra Dilma no processo de impeachment e ajudou Aécio Neves a se safar do processo que respondia por ter pedido dois milhões para Joesley Batista.
Também votou a favor da PEC do Teto de Gastos, das Reformas Trabalhista e da Previdência, e do orçamento secreto.
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Espero ter “ajudado” muito.
Do mural de Maria Do Carmo Lourenço
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Acrescido em 31/08/2022

Acrescido em 31/08/2022

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