"Me perguntam porque evito fazer televisão.
É que tenho percebido que minha imagem pode trazer danos à audiência.
E que a "audiência" da TV pode trazer danos para mim.
Sei que a TV foi maravilhosa para nossas gerações, especialmente a minha.
Tenho total reconhecimento. Amo a TV.
Amei existir e fazer parte dela. Mas era outra TV.
Outro jeito de se fazer. A gente cantava, e pronto.
Não tinham os componentes e as fórmulas que vingaram nos tempos atuais.
Ficou bem complicado agora, com interatividade e o voyerismo invasivo, científico, dos talk shows...
E sei que os programas das TVs vivem na corda-bamba, lutando desesperadamente por audiência.
Muito da TV, hoje, se constrói em função do que vem e do que causa nas Redes Sociais.
E isso é Orwelliano, diabólico.
Não quero constranger o público, também, já que hoje em dia as pessoas são todas muito bonitas nas redes sociais, nas mídias.
Esta é a época de Ouro da humanidade, em que os seres humanos são todos simplesmente maravilhosos e todos muito virtuosos, com seus milhões de seguidores.
Todo mundo faz a sua lição de casa, bonitinhos, com seus sorrisos e mensagens agregadoras, ou estudadamente "chocantes", provocativas. Vale tudo desde que sejam de alguma forma eficientes para angariar seguidores. É a Nova Verdade!
Diga-me quantos te seguem, e te direi Quem És.
Sinto um constrangimento em existir, ainda.
Sei que já passou o tempo de eu estar enterrado num passado de lembranças, e não incomodar mais.
Só que eu, Guilherme Arantes, insisto em não morrer ( seria o ideal ), e estou nascendo hoje para o futuro e insisto em dizer pra mim mesmo: eu existo. Dane-se o incomodo que causar.
Anos atrás, fui fazer o Fausto Silva e a Anne
Lottermann me perguntou se eu sentia saudades da cabeleira , da minha juventude.
Sei que foi uma pergunta inocente e burrinha, coitadinha, porque eu lhe respondi na lata.
Fiquei surpreso com a pergunta "na lata".
As pessoas na TV têm que ser lindas.
isso é inquestionável.
Respondi que eu nao sinto saudades porque o meu conteúdo cerebral de hoje, o meu carisma até para responder .... não dá para comparar com o conteúdo "ralinho", o carisma fraquinho que eu tinha no tempo dos cabelões, que aliás, hoje data de mais de 40 anos, a provável idade dela.
Não quero mais televisão porque quando é para ser entrevistado, a pergunta já vem pautada para "causar", e as falas na TV são sempre tóxicas, trazem aborrecimentos e perdas pessoais.
Tenho visto colegas entrarem nessa roubada de " debates", de temas, de "pautas", cujo único propósito é colocar o artista frente a frente com o paredão de fuzilamento da polarização,
até aí, vai quem quer.
Aí, quando é para cantar, aí as produções querem os "hits" mais comportadinhos e digestivos, que garantam a audiência através dos "grandes sucessos", que não tragam questionamento novo algum.
É um tempo muito difícil de se estar vivo.
Muito fácil para se estar morto ."
(Guilherme Arantes)
este disco tem 40 anos. Como passa o tempo... Incrivel como as musicas lograram permanecer !!!
E até o som é ótimo, atual , analogicão, clássico e já com teclados polifônicos, é um disco que me traz muita alegria e inspiração.
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Faço aqui uma reparação complementar, importante, ao último "post" , esse post sobre tv/mídias sociais, que viralizou absurdamente nós últimos dias.
No post, eu coloquei logo no início o verbo "evitar fazer tv" porque não é um repúdio generalizado à mídia.
Espero, de coração, poder retornar a espaços generosos que ainda existem e resistem, com qualidade, na grade televisiva.
Quando fui na Ana Maria Braga, tempos atrás, foi incrível o programa, me providenciaram um piano de cauda maravilhoso, e nosso papo foi um exemplo de emoção e de cultura.
O Raul Gil é um amigo antigo e leal, sempre terá o meu apreço e minha gratidão, aliás eu sempre acreditei em sua verdade, legitimidade e importância para o Brasil.
Ano retrasado, fiz um programa especial com o Pedro Bial, direto da Sala Sinfônica Lienzo Norte, de Ávila, na Espanha, que ficará para sempre como um dos meus melhores momentos na minha relação afetiva com a TV.
Como não lembrar do Sem Censura, em suas diversas fases, e ainda, como poderia esquecer do excelente Metrópolis, sempre prestigiando os lançamentos, de todas as gerações da Música do Brasil ?
Zé Maurício Machline é outro que permanece ativo com ótimas transmissões, um eterno apaixonado pela MPB.
O Faustão, queridíssimo,é outro bom exemplo, sempre foi um espaço precioso que faz parte da minha história.É um legado que não posso negligenciar.
Fui há meses atrás no Marcos Mion, cantar com sua banda, excelente por sinal, e foi uma delícia me encontrar ali com Ferrugem, de quem sou fã, e que se mostrou um fã meu, super carinhoso.
Fui no Esquenta, e não faz nem tanto tempo assim, e recebido com honras pela nata do Samba, um programa inesquecível... as pessoas me recebendo como um rei, cantando comigo de lágrimas nos olhos ... Isso não dá pra esquecer !
O problema é que a grade televisiva vai se modificando com o tempo, alguns espaços vão deixando de existir, e em seu lugar fica um vácuo de aridez preenchido por atrações e realities de fundamentos questionáveis.
É preciso, é necessário criticar, sim, para participar da vida social.
Aquele "post" foi parar no Estadão : resultou num espaço jornalístico valioso também, um compartilhamento inédito na minha trajetória... ( agradeço ao Casaletti pelo compartilhamento...)
Não credito o meu "evitar fazer tv" apenas aos tempos atuais
No meu início de carreira, havia muita pedreira, muita coisa nefasta a se encarar .
Não falo aqui do inacreditável Silvio Santos, que foi, de cara, respeitosíssimo para comigo, no Show de Calouros, um dos primeiros programas da minha vida.
Fui com a cara e a coragem para ser julgado pelo júri, embora já estivesse "estourado" no rádio ( AM, ainda, TV branco e preto.. kkk)
Esse programa foi um marco na minha vida, galgou para mim uma audiência, um prestígio e uma popularidade impressionantes !
Silvio sempre foi um cavalheiro comigo.
Também devo aqui lembrar positivamente da querida Hebe, cujo carinho e carisma sempre me acolheu com muito amor ...
As "pedreiras" às quais me refiro são outras...
Flávio Cavalcanti, que deveria ter me recebido melhor, preferiu a polêmica da guilhotina, com a qual cortou impiedosamente o meu disco A Cara e a Coragem, em 1978.
Fiquei muito chateado, com a injustiça.
Às vezes eu me assusto com minha memória de elefante ...
Tinha tanta coisa pior na música, tanta picaretagem já naquela época , para ser guilhotinada...
Aliás, digo melhor .. cá entre nós, ninguém é para ser guilhotinado !
Há que se ter humildade no mundo, arrogância jamais será sabedoria.
Eu fico abismado é com a crueldade do mundo...
Um comentário pertinente.. que coisa mais feia, que perversidade gratuita esse post da Azealia Banks contra a Anitta !
Estão vendo como não é só no Brasil que as coisas merecem as críticas da gente ?
De onde essa horrorosa tirou esse linguajar ?
E ainda esculhambando outras valorosas gerações, o Michael, os Jacksons, quem essa aí pensa que é ?
como é que o mundo está cruel !
Por tudo isso, peço que as pessoas me perdoem o excesso de empolgação ao externar os sentimentos por estranhar os tempos atuais, de realities, talk shows, voyeurismos, hedonismos, etarismos, e outros ""ismos" ...
Uma hora ainda a gente se vê na TV !
Abraços
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Guilherme Arantes, paulistano, 68 anos de idade, 45 anos de carreira, com 27 álbuns lançados, 21 álbuns de inéditas, lança um novo álbum, “A Desordem dos Templários”, em mídias digitais, em CD (digipack), em vinil 180 g (capa dupla com encarte em envelope interno) e, também, em cartão USB contendo áudios em resolução de estúdio (48 Khz/24 bits) além de vídeos de making of das gravações pontuados com imagens ilustrativas inspiradas nas letras.
O álbum contém 10 faixas inéditas, sendo 8 canções, um tema instrumental progressivo e, ainda, uma vinheta de sonoplastia conceitual. Como faixa-bônus no CD, há uma versão em inglês para a música “A Cordilheira” (Across the Abyss). O USB card traz ainda uma versão instrumental de A Cordilheira.
Em 2019, Guilherme viajou com Márcia para a Espanha, para uma temporada de estudos de música renascentista e barroca e, também, para um período de imersão em Literatura e História. A intenção original era uma reciclagem, com a retomada de estudos de Scarlatti, Handel, Couperin, Bach, clássicos do cravo. Sem nenhuma intenção de produzir material novo, era uma volta radical à estaca-zero na música. Com a chegada da pandemia na Europa, no início de 2020 essa temporada de reclusão se intensificou, restringindo-se a circulação pelo perímetro da província de Ávila, em Castilla & León, a norte de Madrid.
O clima serrano, os costumes de cidade histórica interiorana foram propiciando novas inspirações melódicas, em letras reflexivas com forte teor emocional. Além do cotidiano peculiar da cidade, seus recantos, seus sons, silêncios e aromas, vários outros fatores contribuíam para um tom de retrospectiva do tempo e da própria vida, como se fossem as remotas férias prolongadas da infância e adolescência, longe de casa.
Durante esse período, foram sendo adiadas as possibilidades de retornar ao Brasil, com a evolução da crise sanitária. Também se tornou um período de provações adicionais, por conta de uma cérvico-braquialgia incapacitante que acometeu Guilherme durante 8 meses em 2020, com algumas recidivas em 2021. Confinado em casa pelas restrições do Estado de Alarma na Espanha e, ainda muito prejudicado, em boa parte do ano, pelas limitações físicas e pela dor excruciante, Guilherme mergulhou profundamente na leitura e no fluxo poético, rapidamente enchendo um caderno de novas letras que se tornariam embrião de um novo ciclo, a partir desse período atípico da vida e do mundo.
Também em 2020, D. Hebe, a mãe de Guilherme, sofreu um declínio rápido do seu estado de saúde, e acabou por falecer em novembro, numa provação especial para o compositor, que no sofrimento da distância compulsória, acabou por compor uma música para que sua mãe escutasse nos seus últimos momentos de vida, uma experiência inédita, uma verdadeira comoção.
Com o repertório sendo construído em um pequeno estudiozinho doméstico, quando ficou claro que estava sendo criada uma nova coleção, uma nova safra e talvez um disco estivesse a caminho, Guilherme arregimentou a banda em São Paulo, para que elaborassem à distância as participações de bateria (Gabriel Martini), baixo (Willy Verdaguer), guitarras e violões (Luiz Sérgio Carlini e Alexandre Blanc), violinos (Cassio Poletto) e trompete (Luciano Melo) , bem como convidou o maestro Arthur Verocai para escrever o arranjo de cordas da música “Estrela-Mãe”. Tudo, obviamente, feito via internet, única fórmula possível em tempos de isolamento.
Envolto nas névoas de um clima onírico, este é um álbum impregnado de tons medievais, renascentistas e barrocos, misturando à "balada pop" tradicional do compositor os elementos fundamentais de uma “concepção musical brasileira”, como o lundu, a valsa, a modinha, a bossa nova, a toada ternária mineira e até o baião. O título do álbum é um delírio influenciado pelo “realismo fantástico”, pano de fundo da cultura reminiscente de uma mocidade vivida em tempos de rock progressivo, viajeiro, com elementos da cultura armorial, do cordel, trazendo através de um olhar ibérico um resgate sonoro de algumas mitologias ancestrais do povo brasileiro.
Pela primeira vez, na música-título do álbum, Guilherme se aventura pelo que denomina “um manifesto progressivo-cangaceiro” diante da truculência e impunidade normalizadas no nosso mundo, a “guerra de narrativas”: uma nova Idade Média na barbárie das redes sociais. É uma alegoria ao estado de catatonia desta nossa humanidade frente ao “Códice Dual”, a estrutura binária do pensamento, um permanente conflito armado no coração humano. Um constante estado de beligerância instalado na alma, que determina, no mundo exterior, no espaço-tempo da Ágora, o caos que conduz as sociedades à aniquilação e precisará ser superado para a sobrevivência da civilização humana. Mesmo as músicas amorosas desse disco vêm, através de sonhos em madrugadas delirantes, revisitar outras épocas remotas, como se o tempo estivesse fluido e incontrolável, numa temporada tão apartada do “espaço-tempo” real.
Na impossibilidade de contar com os instrumentos no estúdio da Bahia, especialmente o piano de cauda, Guilherme alugou a Sala Sinfônica do Centro de Exposições e Congressos Lienzo Norte, em Ávila, com um piano Steinway “D” Hamburgo, e preparou as sessões de gravação, no palco de um auditório vazio, com as interpretações registradas também em vídeo para o making of desse momento único. Uma microfonação quadrafônica foi utilizada, com duplo padrão “Blumlein” para captar o som magnífico da sala de concertos, toda revestida em madeira de lei, considerada uma das melhores acústicas da Europa.
A capa do álbum é um trabalho do professor espanhol de ilustração Daniel Miguez. O projeto gráfico, uma curtição à parte para Guilherme, brinca com uma estrutura de “almanaque” e tipologias de xilogravura.
A mixagem foi feita por Moogie Canazio, em Woodland Hills, na California, onde também o álbum foi masterizado no Howie Weinberg Mastering Studio, por Howie Weinberg e Will Borza.
A distribuição digital é da AltaFonte.
https://www.youtube.com/watch?v=x1WXDr2qAQo&list=PL6mJI2sHw267ekdK4O9HA6IS_-N1A3rw4&t=119s
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