domingo, 8 de outubro de 2023

ESTAMOS CUIDANDO BEM DA NOSSA VINHA/VIDA? Com Chico Alencar e Zezito de Oliveira

 

'Campo de papoulas' impressionista e vital de Monet (1840-1926)
Mísseis impressionantes e mortais na noite do Oriente Médio (BBC)

(Breve reflexão para cristãos ou não)

Nesse domingo, comunidades cristãs do mundo inteiro, assustadas com mais uma guerra no Oriente Médio - terra onde o Jesus histórico viveu - ouvem mais uma parábola de alerta (Mt 21, 33-43).

33.“Ouvi outra parábola: havia um pai de família que plantou uma vinha. Cercou-a com uma sebe, cavou um lagar e edificou uma torre. E, tendo-a arrendado a lavradores, deixou o país.*

34.Vindo o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolher o produto de sua vinha.

35.Mas os lavradores agarraram os servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro.

36.Enviou outros servos em maior número que os primeiros, e fize­ram-lhes o mesmo.

37.Enfim, enviou seu próprio filho, dizendo: Hão de respeitar meu filho.

38.Os lavradores, porém, vendo o filho, disseram uns aos outros: Eis o herdeiro! Matemo-lo e teremos a sua herança!

39.Lançaram-lhe as mãos, conduziram-no para fora da vinha e o assassinaram.

40.Pois bem: quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores?”

41.Responderam-lhe: “Mandará matar sem piedade aqueles miseráveis e arrendará sua vinha a outros lavradores que lhe pagarão o produto em seu tempo”.

42.Jesus acrescentou: “Nunca lestes nas Escrituras: A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos (Sl 117,22)?

43.Por isso, vos digo: será tirado de vós o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele.

Em síntese, Jesus interpela os sumos sacerdotes e anciãos do templo sobre o cuidado com nossas vidas e com o mundo.  Fala sobre uma vinha arrendada, e sobre a morte violenta - precedida por expulsão e apedrejamento - dos que lá foram cobrar a sua parte.

Nós também recebemos uma dádiva: o dom da existência, que tem prazo de validade. Nossas vidas são como vinhas, ou como um terreno fértil, um jardim. O que estamos fazendo com ele, como o estamos cultivando?

No plano pessoal, temos deixado crescer as ervas daninhas da indiferença, do egoísmo, da acumulação, da desconfiança, do autocentramento? Elas acabam tomando conta de tudo, e agregando neuroses, pânicos, amargura... 

Na dimensão social, que também nos constitui, temos cuidado, no mínimo que seja, de lutar por uma sociedade mais justa, equilibrada, zelosa da natureza, no caminho da justiça e da paz?

O jardim  da vida humana no planeta está cheio de donatários assassinos. Papa Francisco, do último dia 4 (de S. Francisco de Assis), lançou uma Exortação Apostólica, "Laudate Deum", chamando a atenção sobre o colapso ambiental que já vivemos.

"Este mundo que nos acolhe está se esboroando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura", bradou. No Brasil, a seca no Amazonas, nosso estado com mais corpos hídricos, e as chuvas jamais vistas no Sul, são exemplos dramáticos dos extremos climáticos. Se não devidamente enfrentados, inviabilizarão a vida no planeta!

Mais veneno letal: execuções sumárias e bárbaras, como a dos médicos no Rio, revelam desprezo ao ser humano e falência da Segurança Pública.  E há as destruidoras guerras na Ucrânia, na Síria, em vários pontos da África, e a retomada violentíssima do conflito no Oriente Médio. 

No momento em que você lê essa reflexão, vidas - inclusive de muitas crianças! - estão sendo ceifadas por mísseis. Milhares de israelenses e palestinos morreram e morrerão até que se viabilize o óbvio, determinado pela ONU há décadas: dois estados na região, com desocupação da áreas tomadas à força e fronteiras e culturas respeitadas.

O profeta Isaías (5, 7), na leitura de hoje , denuncia: "esperava frutos de justiça - e eis a injustiça; esperava obras de bondade, e eis a iniquidade!" 

Façamos a nossa parte, para que a barbárie não triunfe de vez.

Cultivemos com ternura o nosso jardim. Apesar de tanta sombra, apesar de tanto medo.

1ª Leitura: Is 5,1-7  - Leitura do livro do profeta Isaías: 1Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. 2Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens. 3Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, julgai a minha situação e a de minha vinha. 4O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens? 5Pois agora vou mostrar-vos o que farei com minha vinha: vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. 6Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela. 7Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça; esperava obras de bondade - e eis a iniquidade.

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Encantado! Assisti a maior parte da homilia da missa das crianças deste domingo na Igreja São Judas Tadeu em Aracaju, também conhecida como igreja dos capuchinhos. Estava vindo da feira com duas sacolas de compras, não muito pesadas, enquanto o motorista de aplicativo não chegava, o tempo de espera deve ter ficado em torno de oito minutos.

O padre jovem contava  a parábola no formato que Jesus fazia, sem texto escrito, rodeado de crianças em frente ao altar,  interpelando-as em alguns momentos, obtendo a resposta de algumas delas, às interpelações mais fáceis em coro e outras que exigem algum conhecimento prévio, respondidas principalmente por uma menina inteligente e loquaz, vestida de branco e sentada ao lado dele.

Na contação da história da parábola dos trabalhadores da vinha percebemos que o padre fez ligação com o texto do profeta Izaías, acima, além do texto das enciclicas Laudato Si, Fratelli Tutti e exortação apostólica Laudate Deum, isso sem precisar citá-las obviamente, além da menção a situações de erros ou  pecados próprios do universo infantil, ou pecadinhos, como cantou Ceumar. 

Alguns poderão dizer ao final da leitura dessa notinha, mas encantado com o quê Zezito? Esse modo de pregar a homilia na missa das crianças não é a regra?  

Respondo: Deveria e pode se tornar mais comum caso as reformas propostas por  Francisco na formação dos seminaristas seja realmente implementadas nas dioceses e ordens religiosos.

Mas para isso, as igrejas particulares que compõem a constelação da igreja de Roma precisam rejuvenescer, aqui lembro o genial Belchior,  o qual esteve estudando por um tempo em seminário capuchinho lá pelas bandas do Ceará, e isso não é só uma questão de linguagem ou de aparência. Sigamos os líderes com oração, estudo e muito trabalho,   o Jesus Cristo dos evangelhos e os dois Franciscos.... 

P.S.: A informação solicitada ao Frei Gilvan do Santuário São Judas Tadeu nos diz ser o celebrante Frei Alisson OFMCap. Ele e Frei Jhone tem costume de fazer homilia sentados no degrau do presbitério  com as crianças  todos os domingo

https://www.youtube.com/watch?v=8JbYSYdUR9w





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