quarta-feira, 11 de outubro de 2023

"PENSEM NAS CRIANÇAS MUDAS, TELEPÁTICAS, PENSEM NAS MENINAS CEGAS, INEXATAS"

 (Vinicius de Moraes, "A rosa de Hiroshima")

Chico Alencar  

Diante de crianças aterrorizadas, machucadas, mortas, de ambos os lados, o que dizer?

Quando nem os limites das leis da guerra (!?!) - de não atacar a população civil, não torná-la refém, não cortar água, luz e comida de milhões há anos sitiados, não bombardear residências, escolas, hospitais, campos de refugiados e templos - são respeitados, o que falar?

Nenhuma causa avança, por mais justa que

seja, se, reivindicando humanidade, opera com desumanidade.

Nenhum "direito de revide" se sustenta quando baseado na devastação e na asfixia da gente "inimiga".

As mentiras são muitas, mas é real o sangue, o medo, o horror em todo canto. Ponha-se naquele lugar...

O hoje da agonia vem de longe. Da longa noite de um povo palestino negado, apartado, discriminado em sua própria terra.

Cada dia, cada noite que passa, cortada por mísseis letais e ameaças de morte de prisioneiros, é um passo atrás na direção do essencial: 

fim imediato das hostilidades, mesa de conversação, garantia dos dois estados na região, com fronteiras e culturas respeitadas, como a ONU já decidiu. Nem antissemitismo nem islamofobia!

Em nome da vida, sobretudo dos que chegaram nela há pouco e não merecem ser recebidos com essas atrocidades.

Hoje, no Brasil, é véspera do Dia das Crianças.

Desenhos do Nando diz muito mais do que escrevi...







Israel x Hamas: Professor que deixou debate na PUC: 'Entendi que estava falando com o fascismo'



Professor abandona debate após bate-boca entre judeus sobre Hamas X Israel. AQUI 

AJE - Articulação Judaica de Esquerda vem a público manifestar solidariedade com o professor Michel Gherman

Nesta terça-feira (10), convidado para um debate acadêmico na PUC-RJ, pelo departamento de relações internacionais, o professor Michel Gherman foi cerceado e silenciado por extremistas de direita que, sem nenhum propósito, alegaram que ele não seria "um representante legítimo" para falar, impedindo que continuasse com sua participação no evento.

Um dos mais fanáticos chegou a afirmar que o professor, que se dedica especificamente aos estudos judaicos na UFRJ e dirige o Instituto Brasil-Israel, seria antissemita!! Uma afirmação tão absurda quanto inconsequente e nefasta para o combate ao antissemitismo verdadeiro.

Cabe lembrar que Gherman não foi convidado na condição de representante de ninguém, e sim como acadêmico e pesquisador. E que, mesmo diante de apelos contundentes da mesa, os referidos agitadores não permitiram que a conversa continuasse, dando prova da sua índole antidemocrática.

Em grupos de whatsapp, os extremistas também se gabaram do que fizeram e debocharam do professor, continuando com ataques desproporcionais e espécie de linchamento virtual mesmo após o cancelamento do evento. Onde, aliás, a posição de Gherman foi pela ‘paz de Dois Estados’.

Repudiamos o constrangimento à livre circulação de ideias e, portanto, ao debate sobre Palestina e Israel. Reafirmamos que a pluralidade de opiniões é uma característica na comunidade judaica que jamais será substituída por autoritarismos de qualquer natureza. 

Rio, 11/10/2023.

Por que Israel não pode vencer

Massacre da população civil de Gaza começou. Telavive julga que mais brutalidade esmagará, enfim, as aspirações palestinas. Mas a violência volta-se contra os regimes coloniais que a praticam. O terror que Israel inflige é o terror que receberá   AQUI  

Banksy in Gaza, Palestine.



Crise no Oriente Médio: o Papa pede a libertação imediata dos reféns

Crise no Oriente Médio: o Papa pede a libertação imediata dos reféns
Durante a audiência geral desta quarta-feira, 11 de outubro, Francisco disse que continua a acompanhar "com dor e apreensão o que está acontecendo em Israel e na Palestina" e, diante de tantas pessoas mortas e outras feridas, exortou: "a violência e a vingança e só fazem sofrer uns aos outros".  AQUI

Israel x Hamas: Lula diz que Brasil fará ‘todo o possível’ por paz na região
O governo planeja mais cinco voos de repatriação de brasileiros até domingo... Leia mais AQUI

MENTIRA NA MÍDIA LIBERAL
Jorge Pontual, da GloboNews, divulga fake news sobre bebês decapitados, que é propagada por Eduardo Bolsonaro
Nikolas Ferreira também propagou mentira criada pela mídia israelense, que ganhou repercussão na GloboNews, mas foi desmentida pelo próprio Exército de Israel. AQUI

VÍDEOS – Brasileira que mora em Gaza expõe desespero e preocupação com aviso de ataque aéreo de Israel  AQUI 





Merece repúdio, denúncia e contestação explícita a atitude de quem critica a violência dos oprimidos, mas não fala nada, absolutamente nada, sobre a violência dos opressores.                                            
 
Revolta na Palestina
TARIQ ALI
07 OUTUBRO 2023
 
Em dezembro de 1987, uma nova intifada irrompeu na Palestina, abalando Israel e as elites do mundo árabe. Algumas semanas depois, o velho poeta sírio Nizar Qabbani escreveu "A Trilogia dos Filhos das Pedras", no qual denunciou a geração mais velha de líderes palestinos – hoje representada pela (Não)Autoridade Palestina corrupta e colaboracionista. Foi cantado e recitado em muitos cafés palestinos:
 
Os filhos das pedras
espalharam nossos papéis
tinta derramada em nossas roupas
zombava da banalidade de textos antigos...
O Crianças de Gaza
Não se importe com nossas transmissões
Não nos escute
Somos o povo do cálculo frio
De adição, de subtração
Trave suas guerras e nos deixe em paz
Estamos mortos e sem túmulo
Órfãos sem olhos.
Crianças de Gaza
Não se refira aos nossos escritos
Não seja como nós.
Somos seus ídolos
Não nos adorem.
Ó povo louco de Gaza,
Mil saudações aos loucos
A era da razão política já passou há muito tempo
Então nos ensine a loucura...
 
Desde então, o povo palestino tem tentado todos os métodos para alcançar alguma forma de autodeterminação significativa. "Renunciem à violência", disseram-lhes. Eles fizeram, além da estranha represália após uma atrocidade israelense. Entre os palestinos em casa e na diáspora, havia um apoio maciço ao Boicote, Desinvestimento e Sanções: um movimento pacífico por excelência, que começou a ganhar força em todo o mundo entre artistas, acadêmicos, sindicatos e, ocasionalmente, governos. Os EUA e sua família da Otan responderam tentando criminalizar o BDS em toda a Europa e América do Norte – alegando, com a ajuda de grupos de lobby sionistas, que boicotar Israel era "antissemita". Isso tem se mostrado amplamente eficaz. No Reino Unido, o Partido Trabalhista de Keir Starmer proibiu qualquer menção ao "apartheid israelense" em sua próxima conferência nacional. A esquerda trabalhista, com medo de ser expulsa, silenciou sobre essa questão. Uma situação lamentável. Enquanto isso, a maioria dos países árabes se juntou à Turquia e ao Egito na capitulação a Washington. A Arábia Saudita está atualmente em negociações, mediadas pela Casa Branca, para reconhecer oficialmente Israel. O isolamento internacional do povo palestiniano parece destinado a aumentar. A resistência pacífica não deu em nada.
 
Durante todo o tempo, as IDF atacaram e mataram palestinos à vontade, enquanto sucessivos governos israelenses trabalharam para sabotar qualquer esperança de Estado. Recentemente, um punhado de ex-generais das FDI e agentes do Mossad admitiram que o que está sendo feito na Palestina equivale a "crimes de guerra". Mas eles só tiveram coragem de dizer isso depois que já haviam se aposentado. Enquanto ainda serviam, eles apoiaram totalmente os colonos fascistas nos territórios ocupados, enquanto queimavam casas, destruíam plantações de oliveiras, despejavam cimento em poços, atacavam palestinos e expulsavam suas casas enquanto gritavam "Morte aos árabes". O mesmo fizeram os líderes ocidentais – que deixaram tudo isso se desenrolar sem murmurar. A era da razão política havia desaparecido há muito tempo, como diria Qabbani.
 
Então, um dia, a liderança eleita em Gaza começa a revidar. Eles saem de sua prisão a céu aberto e cruzam a fronteira sul de Israel, atacando alvos militares e populações de colonos. Os palestinianos estão subitamente no topo das manchetes internacionais. Os jornalistas ocidentais estão chocados e horrorizados por estarem realmente resistindo. Mas por que não deveriam? Sabem melhor do que ninguém que o governo de extrema-direita em Israel vai retaliar violentamente, apoiado pelos EUA e pela UE. Mas, mesmo assim, eles não estão dispostos a ficar sentados enquanto Netanyahu e os criminosos de seu gabinete gradualmente expulsam ou matam a maioria de seu povo. Eles sabem que os elementos fascistas do Estado israelense não teriam nenhum pudor em sancionar o assassinato em massa de árabes. E eles sabem que isso deve ser combatido por todos os meios necessários. No início deste ano, os palestinos assistiram às manifestações em Tel Aviv mais cedo e entenderam que aqueles que marchavam para "defender os direitos civis" não se importavam com os direitos de seus vizinhos ocupados. Eles decidiram tomar as coisas em suas próprias mãos.
 
Os palestinianos têm o direito de resistir à agressão incessante a que estão sujeitos? Absolutamente, sim. Não há equivalência moral, política ou militar para os dois lados. Israel é um Estado nuclear, armado até os dentes pelos EUA. Sua existência não está ameaçada. São os palestinos, suas terras, suas vidas, que são. A civilização ocidental parece disposta a ficar de braços cruzados enquanto eles são exterminados. Eles, por outro lado, estão se levantando contra os colonizadores.








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