terça-feira, 3 de outubro de 2023

Texto de Ivone Gebara sobre a problemática do aborto no Brasil a partir do voto no STF da ministra Rosa Weber e UM chamado de atenção a CNBB.

Imagem - Os Gêmeos

Romero Venâncio

Texto de Ivone Gebara sobre a problemática do aborto no Brasil a partir do voto no STF da ministra Rosa Weber e UM chamado de atenção a CNBB vem numa hora em que a turma reacionária do "brasil paralelo" (e coloca paralelo nisso!) lança seu "documentário" bem ao estilo deles sobre o "aborto". O titulo do texto da teóloga: "As fantasias e elucubrações sobre o conceito JAMAIS no pronunciamento da CNBB" (publicado do IHU - Unisinos). Conheço pessoalmente Ivone Gebara, foi minha professora de "Teologia fundamental" no antigo Instituto Teológico do Recife – ITER onde ela tornou-se uma dedicada estudiosa, escritora e palestrante em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso. Já o "brasil paralelo" dispensa apresentações tanto da sua origem como das suas práticas na redes digitais. 

Atentemos. A extrema direita brasileira (religiosa ou não) desde a derrota de bolsonaro nas eleições está buscando sua "tempestade perfeita" para detonar ainda mais as suas "guerras culturais". E nada mais perfeito do que o "álibi-aborto". Dividir o país e as pessoas em quem "defende" o aborto e quem "defende a vida" (eles, por exemplo!) é uma jogada perfeita para acuar o STF e manter a turma dos "pró-vidas" da vida atuantes e acesos em sua política de "pânico moral". Não é difícil perceber isto. E o próprio documentário infame do brasil paralelo já aponta para isto.

Estudo a extrema direita católica nas redes digitais e temas correlatos desde 2018 e comecei a perceber seu impacto em dioceses e pastorais da Igreja católica no brasil para além das redes. O tema do "aborto" é sempre o tema preferido quando o assunto é "incendiar redes sociais" e jogar pessoas na ruas em campanhas delirantes. Mais uma vez o momento volta a ser grave. Imaginemos uma manifestação imensa nas ruas contra "infiéis" e "abortistas"? Nunca tive dúvidas, eles querem "guerra", beligerância. Eles precisam disto. Guerras não são apenas culturais, mas monetárias também.

Romero Venâncio (UFS)

"É muito cômodo usar da condenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta", escreve Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.

Eis o artigo.




Quem tiver olhos para ler, leia. Quem tiver grandeza de espírito que saiba compreender o direito à vida indissociável da construção do projeto de sociedade com a divisão igualitária dos bens, não apenas dos bens materiais. 
Portanto, JAMAIS se refugiem em condenações de ordem moral para problemas que são originados de causas econômicas, políticas, sociais e culturais. Porque uma vida para ser bem vivida, merece muito mais compromisso e engajamento do que  mera defesa parcial e inconclusa a favor da vida. Gente é pra brilhar! Gente é pra ser feliz ! E quem realmente gosta de gente vai até a raiz das causas dos problemas e atua na  defesa da vida em sua integralidade. Não apenas como princípio, mas agindo como Jesus Cristo que morreu para que outros tenham vida. Como bem lembrado por Ivone Gebara no texto acima, por  cristãos em campos de concentração. 
Assim , não é o direito de praticar ou não o aborto que impede muitas vidas de nascer e frutificar. Afinal, em países que estabeleceram legislação não repressiva, os abortos diminuíram, também estes países contam com um serviço de cobertura no campo da saúde e da proteção social que coloca o nascimento e a criação dos filhos como uma tarefa não apenas das mulheres, como dos homens e do estado , por meio da  legislação e dos meios favoráveis a uma boa condição de vida para a criação de filhos. 
A saber empregos, salários decentes, creches, escolas e atendimento a saúde de qualidade e etc. Aqui nos referimos aos países que ainda conseguem manter o que resta do estado do bem estar social, mesmo atacados pelos neoliberais e por àqueles que se dizem pró vida..Diria  Robin. Santa hipocrisia Batman...
Zezito de Oliveira

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