domingo, 20 de abril de 2025

19 de abril, dia dedicado aos povos indígenas coincide em 2025 com o sábado de aleluia e véspera do dia da ressurreição de Jesus Cristo. Sidarta Ribeiro, cientista brasileiro reforça: "O futuro é ancestral"

 

Para sobreviver a nós mesmos, temos de entender os mecanismos dessa nefasta bomba-relógio e, oxalá, desarmá-la com nossa prodigiosa coleção de saberes. Precisamos reduzir os danos do presente e assim salvaguardar a possibilidade de sonhar o futuro.

https://sumauma.com/anatomia-da-ultima-queda/

Sidarta Ribeiro é pai, capoeirista e biólogo. Tem doutorado em comportamento animal pela Universidade Rockefeller e pós-doutorado em neurofisiologia pela Universidade Duke. Pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, cofundador e professor titular do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Sidarta publicou cinco livros, entre eles O Oráculo da Noite e Sonho Manifesto (Cia. das Letras). Em SUMAÚMA, escreve a coluna SementeAR.




"Missa da Terra sem Males" - Pedro Casaldáliga, Pedro Tierra, Martin Coplas (1ª versão da gravação da missa)





Missa da Terra Sem Males (Conrado B Berning 1980) - Documentário





Agradecemos a Álvaro Pantoja, pelo envio do texto do Sidarta Ribeiro e do doc. Pindorama apresentado pelo jornalista  Élio Gaspari. Álvaro é  um grande educador popular brasileiro de descendência espanhola,  nascido no Rio de Janeiro, morador em São Paulo nos anos de chumbo e depois residindo/trabalhando em Olinda/|Recife onde nos conhecemos.  Atualmente reside em Portugal onde fez o doutorado em ciências da educação, Universidade do Porto. Álvaro também é aniversariante neste dia da páscoa 2025. 

Educar Viver com Arte. Paulo Freire e Arte Educação


segunda-feira, 14 de abril de 2025

PINDORAMA (doc. produzido em Campinas com apoio financeiro da Lei Paulo Gustavo) & Sergipe é terra indígena marcada pelo genocídio dos povos originários e apagamento dessa história. (Mangue Jornalismo).  https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/04/brasil-nossa-mae-e-indigena-pindorama.html

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Sidarta Ribeiro é um cientista do primeiro time da terra Brasilis. Um homem lúcido e humanista. Um cientista da área das ciências naturais que demonstra uma sensibilidade e compromisso especial por compreender  a importância da cultura, incluindo a  arte , a filosofia e as religiões. Merece mais  atenção de nossa parte, assim  como um outro grande cientista brasileiro da atualidade. Michel Nicolelis. Mais um gênio da raça como diria o querido e saudoso cineasta Glauber Rocha. E por falar em Glauber Rocha, não duvido que ele compraria os direitos para transformar em filme algum dos livros de Davi Kopenawa ou Airton Krenak. Lembrando o mano Caetano, alguns índios já desceram de uma estrela para nos avisar. "O que está acontecendo com a terra levará depois ao fim a raça humana". Ou, "o que acontecer a terra, acontecerá aos filhos da terra".

Zezito de Oliveira

Assista o discurso crítico que a bispa de Washington fez a Trump

Para um pequeno, mas barulhento grupo de  cristãos católicos  que pensam o futuro ancestral ser o medieval, ledo engano, o futuro ser  ancestral no caso do cristianismo,  se refere as primeiras comunidades cristãs,  antes da aliança da igreja com o império romano nos meados do ano 400 de nossa era.
E no caso de cristãos em nuestra América com abertura também a cultura e sabedoria dos povos originários e de origem africana que foram forçados a vir para cá. Como no exemplo da missa da terra sem males, acima.. 
ZdO
Pai-Mãe da Terra e da Vida,
Deus Tupã de nossos pais e mães,
venerado nas selvas e nos rios,
no silêncio da lua e no grito do sol:
Pelos altares e pelas vidas destruídas
em teu nome, profanado,
nesta nossa Abia Yala colonizada,
Te pedimos que fortaleças
a luta e a esperança dos Povos indígenas,
na reconquista de suas terras,
na vivência da própria cultura,
na fruição da autonomia livre.
E dá-nos (a nós, neocolonizadores)
vergonha na cara e amor no coração
para respeitarmos esses Povos-raiz
e para comungar com eles em plural Eucaristia.
Awere, Amém, Aleluia!
Dom Pedro Casaldáliga (1928-2020 ), poeta e bispo espanhol da Prelazia de São Felix do Araguaia,In: Orações da Caminhada. Campinas: Verus,(2005:97).

PÁSCOA EM TEMPO DE INCERTEZAS
 
Frei Betto
 
       A Páscoa é, por excelência, a celebração da vida que vence a morte. Mais que data religiosa, traz em seu bojo uma mensagem universal de esperança, renovação e possibilidade de recomeço. A ressurreição de Jesus Cristo, há mais de dois mil anos, continua a ecoar como símbolo máximo de superação diante do impossível. E, hoje, essa mensagem se faz necessária em um mundo mergulhado em incertezas econômicas e sociais e guerras atrozes.
       Vivemos um momento de profunda crise global agravada pelo desatino do (des)governo Trump. Inflação elevada, desemprego crescente, cadeias produtivas fragilizadas, uberização das relações trabalhistas e um abismo cada vez maior entre os que têm muito e os que mal sobrevivem. 
       Em todo o mundo, famílias enfrentam desafios diários para colocar comida na mesa e sonhar com um futuro minimamente estável. A esperança parece escassa, o desânimo se espalha como uma sombra silenciosa, a distopia abate inúmeros jovens.
       Nesse cenário, a mensagem da Páscoa brota como luz insistente e resistente. O sepulcro vazio, sinal da ressurreição de Cristo, é uma metáfora significativa: o fim nem sempre é o fim. Aquilo que parecia perdido, vencido, destruído, pode se transformar em ponto de partida para algo novo. Jesus, que sofreu humilhação, dor e morte, ressurgiu como sinal de que o amor, a justiça e a verdade não podem ser enterrados.
       A crise econômica aprofundada pela guerra das tarifas, com toda sua força destrutiva, nos coloca diante de um "sábado de silêncio", como aquele vivido pelos discípulos entre a morte e a ressurreição de Jesus. Um tempo de incerteza, de luto, de espera. Mas o domingo chega. A pedra do túmulo é removida. A vida ressurge. E é justamente aí que se situa o convite pascal: acreditar que há esperança, que há um “depois”, mesmo quando tudo parece perdido.
       Essa esperança não é ingênua. Não ignora a dor nem minimiza os sofrimentos. Pelo contrário, nasce justamente no coração da adversidade e como clamor de justiça. Jesus não foi poupado do sofrimento e o assumiu. Do mesmo modo, a Páscoa nos convida a enfrentar as dores do presente com coragem e fé, certos de que a crise, por mais dura que pareça, não tem a última palavra.
       A ressurreição não é apenas um acontecimento espiritual. É também fato político, chamado à ação. Quando Jesus ressuscita, envia seus discípulos a transformar o mundo. A Boa Nova da ressurreição não se limita ao consolo pessoal; é fermento de mudança social, ética e econômica. O Cristo ressuscitado convoca seus seguidores a serem agentes de justiça, solidariedade e renovação.
       Diante da crise econômica mundial, da degradação ambiental e dos conflitos bélicos, essa convocação se torna urgente. Ressuscitar, hoje, é promover políticas centradas no cuidado dos mais pobres, fomentar economias sustentáveis, preservar a natureza, alcançar a paz como fruto de justiça, combater as desigualdades sociais. É recusar a indiferença,  agir com compaixão. É erguer os que desanimam, partilhar o pão, dar voz aos silenciados. É fazer a ressurreição de Cristo se traduzir em ressurreições cotidianas, visíveis, palpáveis.
       A crise, por mais aguda que seja, não anula a possibilidade de recomeços. Ao contrário, pode ser o terreno fértil para novas sementes libertadoras. A mensagem do túmulo vazio é que nenhuma escuridão é definitiva. Nenhuma morte, econômica, moral ou social, é irreversível. Há sempre um terceiro dia.
       Tomara que esta Páscoa, em meio a tantas instabilidades e incertezas, nos inspire a não perder a esperança, não sucumbir ao medo e não aceitar a injustiça como normal. A ressurreição de Jesus deve nos mover à solidariedade e à construção de um novo modelo de sociedade, mais humana, justa e fraterna. Afinal, a verdadeira vitória da Páscoa não está apenas na superação da morte, mas na escolha diária pela vida - e vida em plenitude.
 
Frei Betto é escritor, autor de “Jesus rebelde – Mateus, o evangelho da ruptura” (Vozes), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org
 Assine e receba todos os artigos do autor: mhgpal@gmail.com

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