terça-feira, 15 de abril de 2025

Lei Rouanet Glossário Observatório Ação Cultural

 A Lei Rouanet (oficialmente Lei Federal de Incentivo à Cultura, Lei nº 8.313/1991) é o principal mecanismo de fomento à cultura no Brasil, criada para estimular a produção, preservação e difusão cultural por meio de incentivos fiscais. Aqui está um resumo completo:

Fonte do infográfico: Ministério da Cultura

1. O que é e objetivos

Definição: Instrumento que permite a empresas e pessoas físicas destinar parte do Imposto de Renda devido para projetos culturais previamente aprovados pelo Ministério da Cultura (MinC)13.

Objetivos: Facilitar o acesso à cultura; Promover a regionalização da produção artística; Preservar patrimônios materiais e imateriais; Estimular a economia criativa18.

2. Como funciona

Mecanismos do PRONAC: Incentivo a Projetos Culturais (mecenato): Empresas e pessoas físicas podem abater até 4% (PJ) ou 6% (PF) do IR devido; Fundo Nacional da Cultura (FNC): Recursos diretos do governo para projetos culturais: Ficart: Fundos de investimento cultural.

Processo de aprovação: Cadastro no SALIC (Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura); Análise de admissibilidade e parecer técnico; Captação de recursos (mínimo 10% para análise técnica e 20% para liberação inicial): 

3. Áreas contempladas: 

Projetos devem se enquadrar em segmentos como: Artes cênicas, visuais e música; Patrimônio histórico; Literatura e audiovisual (incluindo jogos eletrônicos independentes).

LEI ROUANET: DINHEIRO PÚBLICO A SERVIÇO DE QUEM?

Bode expiatório da direita, esse braço da política cultural baseado em renúncia fiscal foi criado nos anos 1980 – mas não foi pensado como solução única. Passou de papel coadjuvante a eixo central do Ministério da Cultura, impulsionado pelo governo neoliberal de Fernando Henrique e nunca realmente questionado por Lula. Com o bolsonarismo, foi utilizada como instrumento de controle ideológico. Hoje, mantém grande peso orçamentário, diante de um MinC fragilizado. Como repensá-la, sem destruí-la?

O bibliotecário, gestor público e doutorando em Ciências Humanas e Sociais (UFABC) Ricardo Queiroz Pinheiro conta a história da Lei Rouanet nos últimos 30 anos, explica por que ela destrói a diversidade cultural e como ela pode ser reestruturada.

Sobre a Lei Rouanet , a partir dos minutos 38:36

Lei Rouanet: das origens ao desastre

Por que a renúncia fiscal, que deveria ser complemento às políticas para a Cultura, tornou-se central? Como serve ao marketing das empresas, pasteuriza estéticas e impõe censuras? Mais que estigmatizar, quais os caminhos para reestruturá-la?

https://outraspalavras.net/descolonizacoes/lei-rouanet-das-origens-ao-desastre/


A crítica da extrema direita à Lei Rouanet está enraizada em uma combinação de fatores ideológicos, políticos e econômicos, conforme evidenciado pelos resultados da pesquisa. Aqui estão os principais motivos:

1. Associação com a Esquerda e o PT

Apesar de a Lei Rouanet ter sido criada durante o governo Collor (1991) em um contexto neoliberal de redução do Estado, ela acabou sendo associada aos governos petistas (Lula e Dilma), que a utilizaram amplamente. A extrema direita critica essa associação, alegando que o PT usou a lei para "comprar" apoio de artistas, muitos dos quais são vocalmente alinhados à esquerda . Essa narrativa ignora que a lei foi originalmente concebida como um mecanismo de mercado, não estatal.

2. Percepção de "Mamata" e Desvio de Recursos

A extrema direita frequentemente retrata a Lei Rouanet como um esquema de corrupção ou "mamata", onde artistas e produtores culturais supostamente recebem dinheiro público sem contrapartida. Essa visão é alimentada por casos isolados de irregularidades, como a Operação Boca Livre (2016), que investigou desvios de recursos . No entanto, a lei exige prestação de contas rigorosa, e a maioria dos projetos não capta o valor total aprovado .

3. Oposição ao Financiamento de Conteúdo "Ideológico"

Críticos da extrema direita argumentam que a lei beneficia projetos com temáticas progressistas ou críticas aos seus valores, como peças sobre diversidade ou direitos humanos. Eles defendem que o Estado não deveria financiar obras que consideram "imorais" ou "partidárias" . Essa postura reflete uma visão censória, embora a lei proíba discriminação política na seleção de projetos .

4. Preferência por Redução do Estado na Cultura

A extrema direita geralmente defende um Estado mínimo e critica qualquer forma de subsídio público à cultura, alegando que o mercado deveria ser o único regulador. A Lei Rouanet, mesmo sendo um incentivo fiscal (ou seja, renúncia de impostos), é vista como intervenção indesejada . Essa crítica ignora o impacto econômico da lei: para cada 

5. Centralização Regional e Elitização

Há também críticas legítimas, mas amplificadas pela extrema direita, sobre a concentração de recursos no eixo Rio-São Paulo e em projetos de grande porte (como musicais caros ou eventos corporativos). Embora isso seja um problema estrutural da lei, a extrema direita usa o argumento para atacar toda a política cultural, sem propor alternativas .

Conclusão

As críticas da extrema direita misturam desinformação, ideologia e questões válidas (como a necessidade de descentralização). A Lei Rouanet, na realidade, é um instrumento técnico com falhas, mas essencial para a cultura brasileira. Sua defesa por artistas como Claudia Raia  e estudos econômicos 6 mostra que o debate precisa ser mais nuanceado do que o simplismo "esquerda vs. direita".

Quais as mudanças que os governos Lula esgá fazendo para melhorar a aplicação da  Lei Rouanet?


O governo Lula implementou várias mudanças na Lei Rouanet desde o início de sua gestão em 2023, com o objetivo de modernizar, descentralizar e democratizar o acesso aos recursos culturais. Aqui estão as principais alterações e iniciativas:

1. Reativação e Fortalecimento da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC)**

   - A CNIC, que foi esvaziada durante o governo Bolsonaro, foi reativada e ampliou suas atribuições. Agora, ela tem um papel consultivo e decisório na análise de projetos, incluindo a participação obrigatória de representantes de povos originários, cultura popular, acessibilidade e combate à discriminação .

   - Durante o governo Bolsonaro, a comissão perdeu seu caráter democrático e as decisões ficaram concentradas em uma única pessoa sem experiência na área cultural .

 2. Descentralização dos Recursos

   - O governo Lula criou programas regionais como o **Rouanet Norte**, **Rouanet Nordeste**, **Rouanet da Juventude** e **Rouanet das Favelas** para incentivar projetos em regiões historicamente negligenciadas, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste .

   - Oficinas de capacitação foram realizadas em parceria com o Sesi para ajudar artistas locais a elaborar projetos competitivos .

   - Apesar disso, o Sudeste ainda recebe a maior parte dos recursos (68,4% em 2023), mas houve um aumento significativo nas outras regiões, como um crescimento de 260% no Norte entre 2022 e 2024 .

 3. Inclusão de Ações Afirmativas e Diversidade

   - O decreto de 2023 incluiu medidas para promover projetos de mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência e outros grupos marginalizados, por meio de editais específicos e cotas .

   - Foram removidas restrições impostas pelo governo anterior, como a exclusão de projetos que combatem preconceito e discriminação .

 4. Remoção da Arte Sacra como Segmento Específico

   - O governo Bolsonaro havia incluído a arte sacra como um segmento prioritário em 2021, mas o governo Lula a retirou do escopo da Lei Rouanet, focando em áreas como artes cênicas, visuais, audiovisual, humanidades, música e patrimônio cultural .

 5. Transparência e Modernização dos Processos

   - Foi publicada uma **Instrução Normativa** em 2023 para agilizar e tornar mais transparente a análise, aprovação e prestação de contas dos projetos, com acompanhamento em tempo real pelo sistema Salic .

   - Limites foram estabelecidos para cachês artísticos (ex.: R$ 25 mil por apresentação para solistas) e para valores de projetos (entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões) .

 6. Aumento Recorde de Recursos Autorizados

   - Em 2023, o governo Lula autorizou **R$ 16,7 bilhões** para captação via Lei Rouanet, valor que supera o total autorizado em todo o governo Bolsonaro (R$ 15,2 bilhões em 4 anos) .

   - No entanto, o valor efetivamente captado em 2023 foi de **R$ 2,28 bilhões**, mostrando que a autorização não significa gasto direto do governo, mas renúncia fiscal condicionada à captação privada .

 7. Programas Específicos para Jovens e Periferias

   - O **Rouanet da Juventude** (2025) destina R$ 6 milhões para projetos de jovens de 15 a 29 anos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com foco em inclusão de comunidades quilombolas, indígenas e periféricas .

   - Projetos inovadores, como jogos eletrônicos, foram incluídos como linguagens culturais elegíveis .

 8. Parcerias com Empresas Estatais e Privadas

   - O Ministério da Cultura mediou acordos com empresas como Petrobras, Shell e bancos públicos para direcionar recursos para regiões menos favorecidas, estabelecendo cotas regionais (ex.: 15% do orçamento da Petrobras para o Norte) .

 Conclusão

As mudanças no governo Lula buscam corrigir distorções do período anterior, como a centralização de recursos e a exclusão de minorias, além de modernizar a lei para torná-la mais acessível e transparente. Apesar dos avanços, desafios persistem, como a ainda elevada concentração de verbas no Sudeste . 

A produção desse postagem foi realizada utilizando a IA deepseek.

Estaremos publicando esporadicamente palavras ou temas para formar um glossário dos  termos mais comuns utilizados nas conversas, estudos e debates sobre Política, Gestão, Produção e Ação Cultural.
Glossário que significa o conjunto de termos de uma área do conhecimento e seus significados, o mesmo que vocabulário.
Um Glossário com apoio da Inteligência artificial, acrescido de textos, entrevistas, reportagens  de/com  fazedores de cultura, incluindo especialistas como este que escreve.. 
Um glossário aberto que poderá ter entrada de novos textos com contribuições ao tema.
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