quinta-feira, 24 de abril de 2025

Morre Edy Star, um dos maiores ícones da contracultura no Brasil. Autor de Procissão, com Gilberto Gil, ele foi um dos integrantes do disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista”, ao lado de Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada

Edy Star. Créditos: Andres Costa/Divulgação

O artista baiano Edy Star, conhecido por sua ousadia e papel marcante na contracultura musical brasileira, morreu nesta quinta-feira (25), aos 87 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Heliópolis, na zona sul da capital, após complicações decorrentes de uma queda sofrida em casa na semana anterior.

Edy foi transferido para a unidade hospitalar na quarta-feira (23), depois de uma longa espera por atendimento adequado na UPA da Vila Mariana. A demora mobilizou amigos e fãs, entre eles o historiador Ricardo Santhiago, autor de sua biografia, que usou as redes sociais para pressionar por uma remoção urgente.

Segundo a equipe do artista, a morte ocorreu de forma tranquila, durante o tratamento médico. As causas foram insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda.

Vida e obra

Nascido Edivaldo Souza em Juazeiro, no interior da Bahia, Edy Star começou sua carreira ainda jovem, em programas de rádio locais. Mas foi no eixo Rio-São Paulo, nos anos 1960, que ele consolidou sua trajetória artística. Compôs ao lado de Gilberto Gil a música Procissão, atualmente no repertório da turnê de despedida do cantor baiano, e protagonizou momentos históricos da música popular brasileira.

Seu nome entrou definitivamente para a história com o disco coletivo Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971), ao lado de Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada — uma explosão de irreverência e crítica social. Nessa época, Edy também enfrentava de frente os tabus sociais, especialmente os ligados à sexualidade, tornando-se o primeiro cantor brasileiro a se declarar abertamente homossexual.

Com seu estilo extravagante e influência do glam rock, lançou em 1974 o disco Sweet Edy, com colaborações de nomes como Caetano Veloso, Jorge Mautner, Roberto e Erasmo Carlos. O álbum o consolidou como figura única no cenário nacional, misturando teatralidade, provocação e sofisticação.

Após uma temporada na Espanha nos anos 1990, onde atuou como produtor e ator, Edy retornou ao Brasil nos anos 2000, sendo redescoberto por uma nova geração. Em 2017, lançou o álbum Cabaré Star, produzido por Zeca Baleiro e Sergio Fouad, e seguia trabalhando em um novo projeto musical com canções de Raul Seixas, seu grande amigo e parceiro de jornada.

Com sua “bolsinha” de memórias — como gostava de chamar seus arquivos pessoais —, Edy movimentava as redes sociais compartilhando lembranças e bastidores ao lado de ícones da música brasileira. Sua trajetória virou tema do documentário Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star, de Fernando Moraes, e da biografia Eu Só Fiz Viver, assinada por Santhiago.

Na última entrevista concedida ao Estadão, em dezembro de 2024, Edy resumiu sua existência com a leveza que o acompanhou por toda a vida: “Eu estou aqui para me divertir. Vim ao mundo só para isso, e continuo me divertindo”.

https://revistaforum.com.br/cultura/2025/4/24/morre-edy-star-um-dos-maiores-icones-da-contracultura-no-brasil-178021.html?fbclid=IwY2xjawJ3U7hleHRuA2FlbQIxMQBicmlkETFJVDB1Q0M2UFBaVTNCOTFiAR6DBsBgrpHVALMJ7TNOZDR4L-HN5LH3x69sw9PCuxnYsQVGJwHBXe_u3IfeMQ_aem_DhnTwDXtdECP-IzI3F2mkg






José Teles no facebook
Passei a vista por algumas matérias, de outros estados, sobre a morte de Edy Star, cantor, ator, artista plástico, baiano, de Juazeiro. Nenhuma tem nada sobre a passagem do entáo Edy Souza pelo Recife, onde chegou e morou de 1966 até 1968.
Logo entrosado na exuberante cena musical da cidade, Edy ingressou no coletivo Construção , de que participavam, entre outros, Teca Calazans, Marcelo Melo, Geraldo Azevedo e Naná Vasconcelos. Com Teca (então Terezinha), e estes músicos, participou, em 1967  do elogiadíssimo espetáculo Memórias de Dois Cantadores. Nele, Edy Souza teve seu talento reconhecido, e foi contratado pra fazer  um.programa na TV Jornal do Commercio (Naná também foi pra emissora). Em tempo. No Memória, Naná descobriu o berimbau, que tocava num trecho do musical.
Em 1968, os dois foram para o Rio. O objetivo seria defender a música Dia Cheio de Ogum, de Capiba, no festival O Brasil Canta no Rio, da TV Excelsior. Viajaram de ônibus, com passagens pagas pelo compositor. A música de Capiba ficou entre as 12 finalistas, e se tornou a primeira gravada em disco por Edy Star.
Edy e Nana ficaram no Rio. 
Em 1971, com Raul Seixas, Sergio Sampaio e Miriam Batucada, ele participou do polêmico LP Sociedade da Gran-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez (CBS). Dois anos depois, lançaria o álbum solo Sweet Edy assumidamente gay, e glitter. Um ótimo e ousado LP, com direito a canção inédita de Roberto e Erasmo.
Edy cairia no ostracismo, morou na Eapanha, voltou ao Brasil e foi redescoberto na primeira década do século 21.
Pode ser uma imagem de 6 pessoas, piano, clarinete, trompete e saxofone


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