Edy Star. Créditos: Andres Costa/Divulgação
Edy foi transferido para a unidade hospitalar na quarta-feira (23), depois de uma longa espera por atendimento adequado na UPA da Vila Mariana. A demora mobilizou amigos e fãs, entre eles o historiador Ricardo Santhiago, autor de sua biografia, que usou as redes sociais para pressionar por uma remoção urgente.
Segundo a equipe do artista, a morte ocorreu de forma tranquila, durante o tratamento médico. As causas foram insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda.
Vida e obra
Nascido Edivaldo Souza em Juazeiro, no interior da Bahia, Edy Star começou sua carreira ainda jovem, em programas de rádio locais. Mas foi no eixo Rio-São Paulo, nos anos 1960, que ele consolidou sua trajetória artística. Compôs ao lado de Gilberto Gil a música Procissão, atualmente no repertório da turnê de despedida do cantor baiano, e protagonizou momentos históricos da música popular brasileira.
Seu nome entrou definitivamente para a história com o disco coletivo Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971), ao lado de Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada — uma explosão de irreverência e crítica social. Nessa época, Edy também enfrentava de frente os tabus sociais, especialmente os ligados à sexualidade, tornando-se o primeiro cantor brasileiro a se declarar abertamente homossexual.
Com seu estilo extravagante e influência do glam rock, lançou em 1974 o disco Sweet Edy, com colaborações de nomes como Caetano Veloso, Jorge Mautner, Roberto e Erasmo Carlos. O álbum o consolidou como figura única no cenário nacional, misturando teatralidade, provocação e sofisticação.
Após uma temporada na Espanha nos anos 1990, onde atuou como produtor e ator, Edy retornou ao Brasil nos anos 2000, sendo redescoberto por uma nova geração. Em 2017, lançou o álbum Cabaré Star, produzido por Zeca Baleiro e Sergio Fouad, e seguia trabalhando em um novo projeto musical com canções de Raul Seixas, seu grande amigo e parceiro de jornada.
Com sua “bolsinha” de memórias — como gostava de chamar seus arquivos pessoais —, Edy movimentava as redes sociais compartilhando lembranças e bastidores ao lado de ícones da música brasileira. Sua trajetória virou tema do documentário Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star, de Fernando Moraes, e da biografia Eu Só Fiz Viver, assinada por Santhiago.
Na última entrevista concedida ao Estadão, em dezembro de 2024, Edy resumiu sua existência com a leveza que o acompanhou por toda a vida: “Eu estou aqui para me divertir. Vim ao mundo só para isso, e continuo me divertindo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário