terça-feira, 29 de abril de 2025

Tarcísio cria mais 100 escolas militares e PMs darão aula de política. ABSURDO E BIZARRICE

Excrescência educacional da extrema direita se expande no estado mais populoso do país e policiais aposentados sem formação darão orientação política aos jovens.


Créditos: Pablo Jacob / Governo do Estado de SP


O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já definiu que o estado criará mais 100 escolas cívico-militares a partir do segundo semestre deste ano. As unidades integram um universo de 302 escolas cujos diretores manifestaram-se interessados na excrescência educacional que virou moda entre os gestores de extrema direita. Dessas, 132 conseguiram aprovar a ideia em “reuniões com a comunidade escolar, formada por pais, alunos e professores”, sendo que 100 delas serão convertidas para esse modelo ainda em 2025.

Pelas regras do “currículo paulista das escolas cívico-militares”, PMs aposentados farão papel de professores dos jovens alunos e darão aulas a eles de política e ética. Sim, você não leu errado. Servidores militares de uma corporação considerada uma das mais violentas e letais do Brasil, alinhada de primeira hora do bolsonarismo, e sem qualquer formação acadêmica ou pedagógica, ficarão responsáveis por ensinar à juventude preceitos políticos e noções de ética na sociedade.

No modelo, essas aulas serão consideradas atividades extracurriculares e os mesmos PMs, que trabalharão desarmados, serão os responsáveis pela segurança da unidade e pela entrada e saída dos alunos. O formato descabido de “escola” já se mostrou um fracasso em números e foi descontinuado pelo governo federal após uma decisão do presidente Lula (PT). No documento que pôs fim a essas escolas, o MEC constatou que elas induzem ao desvio de finalidade das Forças Armadas e das forças de segurança.

A longa luta árdua e renhida pela educação humanista e democrática em nosso país

Estamos claramente diante de dois projetos de educação e de país para serem discutidos a partir de agora e cuja decisão acontecerá em 2026 . Ou de três, um mais  autoritário, representado pela corrente de extrema -direita. O outro menos autoritário, representado pelo pensamento neoliberal visando a formação de uma grande multidão de trabalhadores, "empreendedores" e consumidores, alienados e passivos e o terceiro, democrático e humanista, o que vem sendo perseguido desde as escolas Parque idealizadas por  Anísio Teixeira, anos 1930 e 1950 no Rio de Janeiro e na Bahia, até os CEUs da Marta Suplicy (primeira década deste século), passando pelo Sistema de Ensino Vocacional , existente em plenitude, antes do golpe militar de 1964, e que conseguiu resistir até o final da década de 1960 em São Paulo sob a liderança de Maria Nildes Mascellani, e pelos  CIEPS no Rio de Janeiro , liderados pela dupla Darcy Ribeiro e Leonel Brizola nos anos de 1980.

Logo, mais uma vez, em 2026, estaremos diante da disputa  de um projeto de educação e de país que passa pela  escolha entre civilização e barbárie. A lembrar , se trata de uma escolha que envolve não apenas a disputa pela presidência, como pelo parlamento. Do contrário, poderemos continuar tendo que conviver com ministros da educação que representem o pensamento menos autoritário , mas também, das fundações empresariais que tratam a educação pública como um grande negócio a serviço da formação de uma  força de trabalho e consumidora passiva e alienada ou pior, com o pesadelo que pode representar a expansão para todo o país do que está sendo implantado no Estado de São Paulo por Tarcisio de Freitas, a lembrar,  antecedido pelo que foi implantado pelos governos do PSDB durante vários anos, inclusive culminando com ocupação de escolas pelos estudantes   entre novembro de 2015 e o início de 2016.  

Zezito de Oliveira


Nenhum comentário: