https://www.youtube.com/watch?v=dtO1RuRojYc
https://www.youtube.com/watch?v=HnR2EsH9dac
Ato Penitencial da Missa Terra Sem Males
"Eu tinha uma cultura de milênios,
antiga como o sol,
como os Montes e os Rios de gran de Pacha-Mama.
Eu plantava os filhos e as palavras.
Eu plantava o milho e a mandioca.
Eu cantava com a língua das flautas.
Eu dançava, vestido de luar,
enfeitado de passaros e palmas.
Eu era a Cultura em harmonia com a Mãe Natureza.
E nós a destruímos,
cheios de prepotência,
negando a identidade
dos Povos diferentes,
todos Família Humana.
Eu era a Paz comigo e com a Terra...
E nós te violamos
ao fio das espadas,
no fogo do arcabuz
queimamos teu sossego"
Gravação da Missa da Terra Sem Males nos anos 2000 pela Verbo filmes...
AMERÍNDIA é um filme testemunho em torno do habitat, da história e da evangelização da nossa América Indígena. Um filme-contemplação: para branco ver e sentir; para branco agir solidariamente. Um convite indeclinável na celebração do Quinto Centenário do mal chamado descobrimento e da ambígua evangelização.
AMERÍNDIA tem toda a verdade e toda a beleza de nossa Ameríndia.
DEVASTADOR o genocídio do nosso povo ancestral
“Ancestral” não significa aquilo que está no passado e passou. Ancestral significa: “o que já estava aqui”, e que deve dar sentido ao nosso aqui e agora construtor do amanhã.
O ancestral já estava aqui e continua existindo naquilo que nasceu dele: a semente é a ancestral da árvore, a fonte é a ancestral do rio, a criança é a ancestral do adulto. Não existiriam árvore, rio e adulto se não existissem semente , fonte e criança.
A ancestralidade da semente se renova no fruto que a árvore gera, a ancestralidade da fonte revive na sede que a água do rio mata, a ancestralidade da criança renasce em cada criança nova que vem ao mundo ( seja a criança literal , seja o devir-criança que o poeta reinventa em seus versos).
Os povos da Europa não são nossos ancestrais, nossos ancestrais são os povos originários que já estavam aqui e que aqui continuam : no nosso corpo, na nossa cultura , na nossa linguagem .
Na raiz da palavra “genocídio” está a palavra “gens”. Dessa palavra também vêm “gente” e “gênese”. O genocídio é um crime contra gentes . No caso do Brasil atual , o genocídio contra os indígenas é um crime contra nossa ancestralidade, contra nossa gênese.
Nesse momento, só na Amazônia há mais de 100 grupos teológicos-políticos cúmplices do miliciano tentando “evangelizar” à força os povos da floresta. “Genocídio” é quando um povo extermina com violência física ( incluindo a violência da fome e das doenças) a existência de outro povo. Mas quando exploradores teomilicianos tentam roubar a alma do outro povo para engordar rebanhos e explorar dízimos, essa violência na alma se chama “etnocídio”.
O miliciano e seus cúmplices pregam que os indígenas querem viver como nós. “Nós” quem, cara-pálida?
Muitos brasileiros têm antepassados na Europa, e assim buscam a dupla nacionalidade. Mas o Brasil enquanto Mátria tem nos povos originários a sua ancestralidade. Nenhum povo tem dupla ancestralidade, pois a ancestralidade é sempre única e primeira: a ancestralidade tem primazia sobre a ideia de pátria e nacionalidade.
O miliciano costumava dizer que “as minorias devem se submeter à maioria”. Para justificar seus impulsos genocidas, ele colocava os povos originários como minoria. Mas nossos povos originários não são minoria, eles estão na nossa gênese e no nosso valor enquanto gente.
Por isso, o genocídio não é só contra os povos originários, ele também é contra a gente enquanto parte da humanidade em contraposição à barbárie . É como um criminoso contra a humanidade que o genocida deve ser denunciado.
(Elton Luiz Leite de Souza)
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