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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
Pe. Geraldo Leite padre e artista popular dos tempos da Igreja dos Pobres..
Romero Venâncio
UMA GRANDE FIGURA. Natural de Moreno (PE), Pe. Geraldo Leite veio ao mundo em 12 de dezembro de 1934. Foi ordenado presbítero da Arquidiocese de Olinda e Recife em 08 de dezembro de 1961, sendo designado para a comunidade da Ponte dos Carvalhos, na periferia da Grande Recife. Ali, Pe. Geraldo encontra um ambiente desafiador: um povo vindo de todos os cantos e lugares, aglomerados de forma desordenada, como "ovelhas sem Pastor" (Mt 9,36). Tal como seu Senhor, Pe. Geraldo se achega àquela gente, e assume de forma brilhante seu sacerdócio, até o fim de sua vida. Se apropria da cultura genuína daquele povo, de seus cantos e festejos, de suas cores e expressões, de seu jeito de ser, de viver e de lutar pelo pão de cada dia.
Lembro hoje do Pe. Geraldo Leite, um pernambucano raro e que viveu e enfrentou tempos nefastos. Foi mestre em canto litúrgico. Fez teatro, vitrais, imagens sacras, alfaias litúrgicas... Foi um padre que viveu entre o povo pobre de Ponte dos Carvalhos, Morro da Conceição, Escada... Um grande lutador popular que enfrentou a ditadura pós-64.
Geraldo Leite Bastos, mais conhecido como Padre Geraldo (Moreno, 12 de dezembro de 1934 — Escada, 19 de abril de 1987) foi um sacerdote, escritor e compositor brasileiro.
Biografia e Atividade Sacerdotal
Nascido na cidade de Moreno (PE), em 1934, foi ordenado padre na Arquidiocese de Olinda e Recife em 08 de dezembro de 1961, e designado para a comunidade de Ponte dos Carvalhos, distrito do município do Cabo de Santo Agostinho, na periferia da Grande Recife, sendo o primeiro pároco dali. Já no começo de 1962, iniciou a construção de uma Igreja Matriz, que até então funcionava em local improvisado, próximo da qual depois ele construiu a atual sede, nas margens da BR-101, com a ajuda dos fiéis. Foi pároco de Ponte dos Carvalhos de 1962 a 1980.
Em 1972, Geraldo faz uma visita à Comunidade de Taizé, na França, e posteriormente em 1974, com um grupo de 12 pessoas faz uma longa turnê em terras europeias: comunidades da França, Alemanha e Itália. Sua ação foi também significativa no intercâmbio internacional entre Igrejas, como nas Dioceses de Freiburg (Alemanha) e Nápoles (Itália) e Taizé (França).
O trabalho pastoral de Geraldo não se resumiu ao ofício do sacerdócio, tendo dedicado-se também ao canto litúrgico. Desenvolve uma experiência pioneira de inculturação em terras brasileiras: autor de vários hinos baseados nos Salmos da bíblia, consegue unir a antiga tradição litúrgica da Igreja às manifestações culturais do povo. Seu dom para outros campos das artes o eleva à categoria de "um melhores e mais dotados padres do clero católico romano do Recife" (Dom Sebastião Armando in FELIX FILHO, 2013)[1]. Os "dotes" do Geraldo se estenderam ao teatro, aos vitrais, à confecção de imagens sacras, à pintura, à dança, à arquitetura, às alfaias litúrgicas. Deixou sua marca em inúmeros artistas, dentre os quais o renomado cantor Nando Cordel, ex-integrante do coral da igreja da Ponte, o vitraleiro Fernando da Escada e o santeiro Diácono Genival Lima.
Em 1975, Geraldo assumiu, por 2 anos, a liderança da recém-criada Paróquia do Morro da Conceição, em Recife, mas manteve seu trabalho em Ponte dos Carvalhos.
A partir de 1980 foi pároco no município de Escada, (onde idealizou e escreveu a encenação da Via Sacra em praça pública), até a data da sua morte, aos 52 anos de idade, em 19 de abril de 1987, um Domingo da Ressurreição de Cristo (Domingo de Páscoa).
Dá atualmente nome a uma escola no município de Escada, e a uma maternidade em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho.
Atividade Política
Em Ponte dos Carvalhos, então um povoado habitado principalmente por pescadores, pequenos agricultores e operários, padre Geraldo, mesmo antes do Concílio Vaticano II, que inspirou a experiência "Igreja dos Pobres", e apoiado por Dom Hélder Câmara, ex Arcebispo de Olinda e Recife, já estimulava a organização popular e a luta por melhores condições de vida. Sob sua liderança, a paróquia obteve por meio de doação o terreno e construiu com os fiéis o novo templo, e as vilas populares Esperança e Nação do Divino, até hoje habitadas, em regime de mutirão.
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