QUEM É O MINISTRO DA EDUCAÇÃO CAMILO SANTANA, E QUEM É IZOLDA CELA, SECRETÁRIA EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO ATUAL GOVERNO LULA
Apesar de não ter o nome associado à educação, Camilo era até este ano governador reeleito do Ceará, tido como o menos petista dos petistas [1]. Camilo Sobreira de Santana é um engenheiro agrônomo, professor e político brasileiro. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), é desde 1 de Janeiro de 2023 ministro da Educação do Brasil no governo Lula. De 2015 a 2022, foi governador do Ceará, estado pelo qual também elegeu-se senador. Anteriormente foi secretário do Desenvolvimento Agrário e das Cidades na gestão do governador Cid Gomes e deputado estadual [2].
Quando Camilo se candidatou pela primeira vez ao governo em 2014, já levou com ele a então secretária de Educação de Cid Gomes (PDT), Izolda Cela, para vice. [1]
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho é uma professora, psicóloga e política brasileira que desde 2023 é secretária executiva do Ministério da Educação do Brasil. Em 2022 foi governadora do estado do Ceará, sendo a primeira mulher na história a assumir o cargo, e de 2015 a 2022 foi vice-governadora, tendo assumido a titularidade após a renúncia de Camilo Santana. Anteriormente assumiu cargos nas secretarias de Educação da cidade de Sobral e do Ceará. Sem partido desde 2022, foi filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), ao Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) [3].
Era ela que aparecia desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como favorita para, pela primeira vez, o Brasil ter um Ministério da Educação comandado por uma mulher. Na disputa pelo cargo, uma ala do PT apontou que ela representa os interesses de fundações privadas. O partido indicou o deputado Reginaldo Lopes (PT) para a vaga e conclamou sindicatos para uma "defesa da escola pública" [1].
Camilo entrou no jogo, após fazer seu sucessor ao governo do Ceará, Elmano de Freitas (PT), no primeiro turno, derrotando o candidato de Bolsonaro. Ajudou Lula a vencer no Estado e ainda alcançou uma cadeira no Senado [1].
Lula queria Camilo no ministério, e Izolda segue com Camilo para ocupar a Secretaria Executiva do ministério, ela é "a número dois" da pasta, abaixo apenas de Camilo. Enquanto o ministro precisará negociar com o Congresso, receber prefeitos e donos de faculdades privadas que enchem o seu gabinete [1].
A presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, exalta a "dobradinha" Camilo e Izolda. Entidades ligadas ao ensino privado também elogiaram a escolha de Camilo, como a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), presidida por Bruno Eizerik [1].
Alguns membros da academia, especialistas da educação, demonstraram preocupação: "Vai haver uma grande ampliação da política educacional voltada para resultados e o PT não vai ser contra isso", afirma o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará e integrante do Comitê Ceará da Campanha pelo Direito à Educação, Idevaldo Bodião. "Qual a política no Ceará? É ir bem no Ideb. O que se faz é treinar o aluno, não se educa no sentido amplo de acesso à cultura e à participação na vida cidadã" [1].
Ele se refere ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado justamente pelo ex-ministro Fernando Haddad durante o governo Lula, que passou a balizar a avaliação de qualidade de ensino no País, demonstrando um foco excessivo em avaliações e não numa aprendizagem que desenvolva o senso crítico dos estudantes [1].
Todos Pela Educação ou Todos Pelo Mercado? [4]
O Todos pela Educação (TPE) se apresenta como uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem ligação com partidos políticos, criada com a participação de diversos setores da sociedade brasileira com o suposto objetivo de assegurar o direito à educação básica de qualidade para todos os cidadãos. Foi fundado em 2006, a partir de uma aliança entre lideranças da sociedade civil, educadores, professores, especialistas, mas sobretudo de lideranças empresariais, juntamente com o Ministério da Educação, com o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e com a Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Ensino), de modo a interferir na formação de valores sociais das futuras gerações de trabalhadores brasileiros [5].
Entre as organizações empresariais do setor privado que compõem o TPE figuram:
• Centro de Excelência e Inovação em Politicas Educacionais - FGV (pertencente à família Simonsen)
• Conectando Saberes (ligada à Fundação Lemann)
• D3e - Dados para um Debate Democrático na Educação (ligada à Fundação Lemann)
• Fundação Lemann (pertencente ao empresário Jorge Paulo Lemann)
• Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (fundada pelo banqueiro Gastão Eduardo de Bueno Vidigal)
• Fundação Roberto Marinho (pertencente à família Marinho, dona do grupo Globo)
• Fundação Telefônica Vivo (ligada ao grupoTelefônica Brasil, que é uma subsidiária do grupo espanhol Telefónica)
• Instituto de Corresponsabilidade Pela Educação (fundado pelo empresário Marcos Antônio Magalhães, que já foi presidente executivo da Philips na América Latina).
• Instituto Natura (ligado à Natura cujo dono é o empresário Antônio Luiz Seabra)
• Instituto Península (braço social da Península Participações, pertencente à família do empresário Abilio Diniz)
• Instituto Sonho Grande (idealizado pelo empresário Marcel Telles, sócio do Fundo 3G e presidido por Igor Lima, ex-vice-presidente da Kroton)
• Instituto Unibanco (ligado ao Itaú Unibanco, pertencente à família Moreira Salles)
• Itaú Educação e Trabalho (ligado ao Itaú Unibanco)
• Itaú Social (ligado ao Itaú Unibanco)
O Todos Pela Educação é o maior órgão do empresariado brasileiro no âmbito da educação. O TPE defende uma educação construída, gerida e avaliada pelos empresários. É um conjunto de organizações sociais (vinculadas e financiadas por empresas que muitas vezes não tem nada a ver com educação). Algumas organizações do TPE vendem serviços, materiais didáticos e midiáticos [6].
A forma pela qual o TPE busca interferir na educação pública é justamente por meio dos cargos que ocupam, direta ou indiretamente, no Estado: nas secretárias, nos ministérios, etc. Priscila Cruz, presidente-executiva do TPE é muito citada, visto que é uma figura importantíssima, já que representa o TPE. Mas existem muitas outras pessoas que integram e/ou fundaram o TPE e que sequer imaginamos. Essas pessoas estão constantemente há anos, comandando órgãos públicos e participando de decisões das quais o TPE aparentemente não participa. Entre outros nomes importantes ligados ao TPE estão: Claudia Costin, Fernando Haddad, José Henrique Paim, Maria Helena Guimarães, Paulo Renato Souza, Maria Inês Fini [7]...
A indicação de Izolda Cela vem sendo criticada justamente pela proximidade que a ex-governadora do Ceará e seu marido, Veveu Arruda, ex-prefeito de Sobral, têm com a Fundação Lemann. Arruda é um interlocutor constante do Jorge Paulo Lemann, a ideia da criação de um Centro Lemann no Brasil surgiu desse diálogo. Tanto o ex-prefeito como Izolda fazem parte do conselho consultivo da Fundação Lemann [8].
Camilo foi a forma que o governo Lula encontrou de conciliar interesses sem romper com sua base. Izolda, a favorita dos empresários, foi vice de Camilo. Assumiu o governo do Ceará após a renúncia de Camilo, em 2022. Camilo e Izolda trabalharam juntos, e na época, Camilo sabia que o Ideb estava sendo manipulado! Izolda e sua proximidade escancarada com a Fundação Lemann e o TPE serão reafirmadas pelo comando de Camilo, e não o contrário. O nome de Camilo não destoa do de Izolda, muito pelo contrário, é uma forma de lançar uma sombra sobre ela e lhe conferir total liberdade para agir no comando da Secretaria Executiva do Ministério da Educação [9].
É bem mais complexo do que parece, nós que fazemos parte da base da luta pela educação pública, educadores, alunos, responsáveis e demais membros das comunidades escolares, nós que travamos nossa luta no chão das escolas públicas e nas ruas, precisamos urgentemente nos organizar a nível local e nacional para dar conta dessa complexidade! [7]
Quem tem que falar sobre educação e políticas educacionais voltadas para o setor público, são aqueles que ocupam este lugar de fala, os educadores e não pessoas ligadas a organizações empresariais! Nós da classe trabalhadora, que defendemos a educação pública, precisamos compreender, juntos, como o empresariamento da educação opera no cotidiano, a fim de nos organizarmos e pensarmos táticas de resistência e combate a esse processo que corrói a educação brasileira! [10]
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Fontes:
1. Estadão - Quem é Camilo Santana, ministro da Educação do governo Lula
2. Wikipédia - Camilo Santana
3. Wikipédia - Izolda Cela
4. Carta Capital - ‘Todos pela Educação’? Ou ‘pelo Mercado’?
5. Wikipédia - Todos Pela Educação
6. ecopoledu - [TODOS PELA EDUCAÇÃO-3] TIREM A MÃO DA MINHA SALA DE AULA!
https://pt.m.wikipedia.org/.../Todos_pela_Educa%C3%A7%C3%A3o
7. ecopoledu - EMPRESÁRIOS, TIREM A MÃO DA MINHA SALA DE AULA! [TODOS PELA EDUCAÇÃO, "EDUCAÇÃO JÁ" E A ATUAÇÃO DENTRO DO ESTADO - parte II]
8. Folha de São Paulo - Ala do PT intensifica pressão contra Izolda na Educação por laços com Fundação Lemann
9. ecopoledu - A ESCOLHA DE CAMILO SANTANA NÃO ANULA O FLERTE EMPRESARIAL.
10. ecopoledu - EMPRESÁRIOS, TIREM A MÃO DA MINHA SALA DE AULA! [TODOS PELA EDUCAÇÃO, "EDUCAÇÃO JÁ" E A ATUAÇÃO DENTRO DO ESTADO - parte I]
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