domingo, 19 de março de 2023

as boas impressões e boas energias emanadas da roda de conversa sobre "políticas públicas e formação de público" no sarau do incorporea xyz + doca (1)


 Foi muito bom! Uma roda de conversa de verdade... Gostei tanto que troquei como despedida, os versos finais da canção ¨Roda Viva" do Chico Buarque, pelos versos da canção "A noite mais linda do mundo" do Odair José. 
Disse, vamos continuar fazendo mais finais de tarde e noites tão lindas como essa, porque felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes. 
A expectativa é isso ser potencializado com as Leis Paulo Gustavo, Aldir Blanc 2 e com mais dinheiro na cultura via Plano Plurianual (PPA) e Lei Orçamentária Anual (LOA) tanto estadual , como dos municipios. 
Gratidão ao produtor do evento Davi Cavalcante e a equipe de produção, aos responsáveis pelo espaço cultural Doca, a mediadora jornalista Aline Braga, a representante do fórum do audiovisual Jéssika Lima., ao representante do fórum de artes visuais, Wécio Grilo e a atenção e participação intensa e propositiva do público presente.

O roteiro que preparei para a minha fala na roda de conversa.

A luta por politicas públicas de cultura e formação de público é uma luta longa, árdua e renhida.

Razões:

Porque atravessa questões de interesses de classe, sob o ponto de vista econômico e politico.

Porque para os interesses econômicos das classes dominantes não interessa em larga escala a formação de público para artes que favoreça  o pensamento racional, humanista, crítico emancipador

Historicamente no Brasil,  desde o golpe militar de 1964 os interesse de classe por dentro do estado, são atravessados  por duas  correntes distintas:

A predominante é a corrente modernizadora conservadora (a partir de 1964) seguida pela  neoliberal (a partir do final do governo Sarney, 1987/88 em diante) e recentemente a corrente neofascista (2018). As quais se combinam no caso das duas primeiras e com a terceira há por parte destas  duas  um  movimento de atração e repulsa

A corrente minoritária é a corrente  progressista derrotada em 1964, mas que resiste desde então, até mesmo conseguindo espaços dentro da fase terminal da ditadura empresarial-militar, caso da Embrafilme e da Funarte. Mas isso, a despeito do incentivo a produção cinematográfica, as politicas de formação de público no caso do cinema, via cineclubes ficaram em segundo plano, por razões óbvias como dissemos acima.

Com o fim da ditadura em termos formais, institucionais, a corrente progressista no campo da cultura consegue marcar um importante gol de placa que foi a criação do Ministério da Cultura em 1985, entretanto não se evoluiu  tanto como o esperado, considerando a presença minoritária do campo progressista mais a esquerda dentro das estruturas de poder da chamada “Nova República”.

Com a posse de Lula em 2003,  passamos a viver o melhor momento em termos de politicas públicas na questão de formação de público desde 1964, mesmo assim,  ainda aquém das nossas necessidades e anseios, por conta do longo tempo de jejum e abstinência de politicas públicas realmente efetivas para o campo da cultura em razão do golpe de 01 de abril de 1964.

Da área da literatura não temos muita memória de politicas públicas no campo da formação de público, mas temos a memória de um movimento que parte de escritores, produtores culturais, a maioria ligados a produção literária independente, como é o caso da chamada poesia marginal  na década de 1970, festivais literários (FLIP 2003)  e principalmente os saraus literários,  slam, ressurgidos em anos mais recentes...

Isso veio a se refletir na formulação das propostas reunidas em um documento entregue a Funcap no dia da oitiva de literatura..

Em especial, em se tratando de formação de público, os itens 1.1 e 1.4

1.1 Ampliar o percentual de recursos destinados para a área da Literatura pela LPG, considerando a necessidade de atender ao ciclo completo de:

1 – Publicação. 2 - Formação de Público. 3 - Divulgação. 4 - Circulação.

 Sendo que: 1 - Publicação, como indicado, fomento a publicações.

2 - Divulgação, se refere ao fomento em formato jornalístico da divulgação em diversos meios, internet inclusive, acerca de livros impressos , ebooks, áudio livros e eventos diversos ligados a literatura.

3 - Formação de Público, significa atividades relacionadas a oficinas , rodas de conversa e saraus literários.

4 – Circulação, significa o fomento a feiras, festivais literários e similares.

1.4 - Ampliar o conceito de livro que vem sendo aplicada nos últimos editais, garantindo o protagonismo cultural do setor e/ou paridade com outros setores, visando o norte de projetos editoriais contemporâneos, afinados com as demandas culturais tecnológicas irrefreáveis, garantindo assim um melhor aproveitamento da verba de fomento e um produto competitivo no mercado literário. Assim sendo, este fórum entende o livro, já assimiladas e além das definições tradicionais, como uma plataforma midiática de acesso, conexão de conhecimentos e transversalidade com outras linguagens artísticas e didáticas. Por exemplo: edição de livro sobre música popular sergipana e demonstração de célula rítmica em vídeo disponível em plataforma, acessado pelo disponível em qrcode. Livro didático com conteúdo extensivo de video aulas acessadas por qrcodes. Livro com link em qrcode para acesso ao audiolivro. Propõe também ampliar o conceito de publicação de livros para além do tipo escrito-físico, considerar o fomento a publicação de ebook, audiolivros, incluindo nestes dois casos, livros já publicados, livros em braile e livros para pessoas com baixa visão, atendendo o quesito ‘acessibilidade’ presente essencialmente no uso das verbas públicas destinadas à editais. Considerando o público de necessidade especial e atentos às formas de consumir literatura das juventudes, ao qual as tecnologias e meios digitais são os caminhos predominantes para acesso de conhecimento, lazer e serviços.

 

 

 

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