Um ex-aluno curtiu o texto abaixo no Face e ele apareceu de novo para mim. E conferi pelo título se ele foi republicado aqui no blog e na pesquisa de busca não o encontrei, pelo menos nos primeiros posts mostrados. Como é um texto bem bacana e neste momento de retorno da cultura como pauta estratégica e estruturante é bastante oportuno, trago-o do Face para cá...O fato é que este é um debate que precisamos fazer com muito vigor e urgência, outras razões para além do que escrevo abaixo, mesmo subentendido em minhas palavras, podem ser conferidas no relato/testemunho do professor do ensino médio e documentarista de prima, Sérgio Borges, publicado na sequência do texto abaixo.
22 de Outubro de 2017Esse acontecimento recente do bullyng e assassinato em uma escola de Goiânia, além de reforçar o argumento a favor do estatuto do desarmamento, me faz reforçar a tese que defendo a respeito da escola como um lócus que pode amenizar ou atenuar as questões da violência externa, assim como um espaço gerador de violência simbólica e real, as quais combinadas com a violência externa de uma sociedade ou mundo doente, gera um quadro de natureza incerta e até desesperador ou desolador, em muitas situações.
Neste sentido, pensar a escola do século XXI como mais que um simples lugar de transmissão de conhecimentos no campo cognitivo ou intelectual, me parece o nosso grande desafio, como educadores, alunos, pais e dirigentes sociais e/ou politicos.
Repensar e recriar a escola como um espaço educativo, cultural e terapêutico é fundamental. Junto e misturado como gosta de dizer os manos da cultura hip-hop. Considerando a cultura dominante neoliberal, como principal geradora da “doença” que caracteriza o nosso tempo. Doença cujo pano de fundo é o desejo do TER a qualquer custo, em detrimento da busca em tornarmo-nos melhores, e cujos sintomas podem ser percebidos na ideologia e nas práticas consumistas, materialistas, no individualismo exarcebado e na ostentação, os quais estão na base até de muitos discursos e práticas religiosas, seja no campo do cristianismo, seja no campo dos novos caminhos religiosos inspirados nas tradições orientais e/ou xamânicas, além do que vigora predominantemente nos grandes meios de comunicação de massa.
Mas para isso, a escola precisa repensar as relações de poder e o que está oferecendo aos adolescentes e jovens, tanto no campo estrutural, como no campo do próprio conhecimento.
Como exemplos podemos citar a falta de biblioteca, e quando há, sem a presença de pessoas especializadas para incentivar o gosto pela leitura, os problemas com a merenda, não apenas quando faltam, mas a questão do cardápio e a distribuição, os problemas com a governança escolar, cheias de limites e dificuldades de relacionamento, pensando a escola como “propriedade”. Neste sentido, basta lembrar o quanto o uso da expressão “minha escola” é sintomático. Escolas sem quadra de esportes, sem auditórios ou salas de artes multiuso, com equipamentos audiovisuais limitados, com laboratórios de informática em espaços exíguos e com metade ou maioria dos computadores sempre necessitando de manutenção, com velocidade de internet limitada. Sem a compreensão da necessidade do uso das áreas verdes que muitas ainda dispõem e etc...
E tudo isso, compreendendo que para uma escola do século XXI ser considerada assim, será preciso a presença de profissionais de outras áreas, como psicólogos, assistentes sociais e arte educadores.
Prometo escrever mais, a partir da experiência, das leituras e dos intercâmbios que fiz/faço, sobre como a realização de oficinas culturais e saraus na escola, pode colaborar bastante para tornar realidade a escola dos nossos sonhos.
Uma escola que não se deixa arrastar na corrente da destruição e da barbárie para a qual estão querendo nos levar, mas uma escola que quer somar com àqueles que navegam na contra corrente de quem quer pessoas mais inteligentes, mais sensíveis, mais democráticas e mais amorosas.
Papa Francisco com suas "Scholas Occurrentes" é um deles.
José Pacheco com a Escola da Ponte é outro.
A nossa equipe de reportagem esteve no colégio Júlia Teles no conjunto jardins, em N. Sra. do Socorro, para conhecer o trabalho do professor Zezito. Prepare o seu coração, para história que nós vamos contar. Temos certeza que você vai se emocionar.
Educação através da arte é um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Ela valoriza no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos.
O projeto PONTO DE CULTURA – JUVENTUDE E CIDADANIA abrange atualmente 60 alunos, e oferece oficinas de teatro, dança, rap e gravite. Essa parte da reportagem que nós vamos apresentar agora, foi dirigida, apresentada e gravada, pelos próprios alunos da oficina de áudio visual. Vejam como ficou.
Vamos ver agora o depoimento de um professor de rap e de seu aluno, sobre a importância do projeto Juventude e Cidadania, coordenado pelo professor Zézito.
Como diz o escritor Henry James: “A arte faz a vida, o interesse, a importância; não conheço nenhum substituto que tenha a força e a beleza deste processo”
Hoje eu estava lembrando que você faz um trabalho de formiguinha. Ontem eu estava fazendo esse trabalho também. É um trabalho de convencimento, inclusive na rede particular de ensino.
E no caso da rede pública, como no ensino noturno por exemplo, é uma saída velho, você trabalhar com projetos culturais pra segurar, entusiasmar os alunos, tá entendendo?
Levar literatura pra escola, levar cinema, eu falo isso todo dia pra todo mundo
Até mesmo nossos pares que atuam com cultura tão se abrindo mais. Por minha causa e por sua causa.
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