sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Prédio da antiga Casa da Cultura cedido ao SENAC é um tapa na cara dos artistas e amantes da cultura estanciana


 Por Cláudio Hiroshy   

Construída e inaugurada na gestão do ex-prefeito Zé Nelson, a Casa da Cultura, em Estância, foi por muito tempo um local que desenvolvia uma cultura viva, onde músicos, atores, dançarinos, artistas plásticos, brincantes, dentre outros, utilizavam o espaço para exposições, apresentações, oficinas e eventos culturais. Havia luz naquele espaço.

É bem verdade, que com o tempo, e pelo desinteresse de alguns gestores o espaço foi sendo colocado em segundos, terceiros e sabe-se lá quantos planos, ficando da Casa da Cultura, apenas recordações.

Em novembro de 2015, o jornalista Pisca Jr. escreveu no Diário Sergipano uma matéria intitulada “Em Estância cultura é lixo”, dado o abandono e presença constante de drogados na época dentro da Casa da Cultura. Já em agosto de 2022, quase sete anos depois, o site Entre Notícias fez uma matéria com o título: “Prédio abandonado da Casa da Cultura em Estância sofre nova ação de vandalismo”, onde foi mostrado mais uma vez o descaso total com um prédio tão importante e cheio de boas lembranças. De lá para cá, nada mudou, ou quase nada, já que fomos surpreendidos com uma informação difícil de ser digerida, não só para os agentes culturais, mas, para todos àqueles que amam a cultura estanciana, e pasmem, a Casa da Cultura foi cedida pela Prefeitura de Estância ao SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial para suas futuras instalações.

Apoio totalmente que a prefeitura faça parcerias com todas as instituições do Sistema S (SENAC, SEST, SEBRAE, SESC, SENAR, SESI, SENAI, SENAT e SESCOOP), até porque, é muito importante que uma instituição como o SENAC crie raízes na Cidade Jardim, mas ceder o prédio que podemos considerar histórico, não pela arquitetura, mas, porque possui uma valorização artística e cultural para a sociedade; e essa valorização foi construída com suor, entrega e amor à cultura ao longo dos anos.

Os artistas locais estão órfãos de espaços culturais para exibir sua arte. Uma cidade que por muito tempo foi considerada “Berço da Cultura”, agora, leva um tapa na cara ao ceder para o SENAC um patrimônio cultural relevante. Aqui não há teatro, não há cinema, não há galpões culturais e não há perspectiva de avanço cultural. Até a Escola Estanciana das Artes, idealizada e construída na primeira gestão do prefeito Gilson Andrade, não atende mais à demanda artística, já que o espaço agora é ocupado pela SECULTUR.

Acredito que a Prefeitura de Estância poderia ceder um outro espaço ou terreno ao SENAC e manter viva a esperança da revitalização da Casa da Cultura. É triste que essa decisão do prefeito Gilson Andrade e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – SECULTUR, não tenha sido amplamente debatida no Conselho Municipal de Políticas Culturais, que, acredito eu, gostaria que a Casa da Cultura fosse reformada e reativada. Afinal, muitos artistas locais precisam urgentemente de espaços como o de outrora. Cultura não se resume a show business.

Não esqueçamos jamais que na Bandeira de ESTÂNCIA está escrito CULTURA E TRABALHO.

Cláudio Hiroshy é Graduado em Tecnologia de Gestão em Eventos e Turismo, poeta, compositor, diretor de produção e presidente da Sociedade dos Incautos. Membro do Clube dos Poetas Estancianos, é também o idealizador, redator, editor e colunista do portal Entre Notícias.

https://entrenoticias.com.br/predio-da-antiga-casa-da-cultura-cedido-ao-senac-e-um-tapa-na-cara-dos-artistas-e-amantes-da-cultura-estanciana/

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