segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O pensamento de Walter Benjamin para ajudar o Brasil que não quer continuar em transe. Romero Venâncio

 UM CONVITE A QUEM INTERESSAR POSSA OU SOBRE A MEMÓRIA


Bibliografia básica do curso sobre "Walter Benjamin e a Memória" nos dias 18 e 19 de setembro 

Hoje a noite no Google Meet iniciamos um curso sobre "Walter Benjamin e a Memória". A ideia nasceu de conversas entre nós em grupos virtuais diante da última década de acontecimentos neste Brasil (muitas vezes em transe). Kauê, Marco, Romero e mais alguns/algumas numa grupo sobre "1964 e Depois."  trocamos algumas ideias e informações sobre como nos situamos diante da data e o que se seguiu e ainda diante dos últimos fatos: de bolsoanaro ao crescimento de uma violenta extrema direita (civil e religiosa). Um exemplo concreto é a situação de São Paulo e seu (des)governo maldito e de intuito fascista. Converso com vários colegas do magistério paulista e o sofrimento deles/delas é gritante. A maioria dos meus colegas estão adoecidos. Saber e assistir coisas assim é muito sofrido e ainda mais com uma certa impotência que ronda os projetos de esquerda. 

Walter Benjamin e sua obra acabou entrando na roda de conversa. Tantos outros/outras entraram nos diálogos. A escolha desse pensador alemão para colocar em evidência um Centro de Estudos e Memórias Brasileiras foi um caminho que escolhemos. A obra benjaminiana em seu momento mais alto nasce de tempos nefastos. Benjamin viu o crescimento e o apoio popular na Alemanha dos anos 30 às ideias nazi-fascitas. Na obra dele percebemos um desespero crescente e assombroso que muito se parecia com o nosso. 

Como narrar em tempos sombrios e pavorosos? como as pessoas se tornam tão crueis diante de lideres fascistas? Dois titulos de livro de um dos amigos de W. Benjamin na Alemanha dos anos 30 sintetizam bem o clima em seu contexto: "Eclipse da Razão" e "Crepúsculo" de Max Herkheimer. Num contexto pavoroso e aparentemente sem saída, Benjamin mergulha nos conceitos de "Narrativa/narrador", "História", "Experiência" e "Memória/Reminiscência", "Fotografia". Acreditava Benjamin naquele contexto: "A memória é a mais épica de todas as faculdades". 

O breve curso (18 e 19/setembro a noite) em sua forma remota não será apenas para definir o conceito de Memória em Benjamin. O que já seria de grande valia. Não se trata de apenas saber rirorosamente de um termo na obra benjaminiana. Mas queremos ir um pouco além e entender (se possível) como chegamos nesse Brasil atual. O que significa memória num país que teima em ser "desmemoriado". Antonio Candido dizia que a cada decada esquecemos o que veio da década anterior... Triste constatação para educadores de História e outros saberes humanos.  Queremos problematizar tal situação tomando como referência alguns ensaios benjaminianos. Obviamente, com o apoio de grandes leitoras/leitores da obra de Benjamin, como: Jeanne Marie Gagnebin (o prefácio do volume I das obras escolhidas do Benjamin é lapidar. Trata-se de: "Walter Benjamin ou a história aberta"). Trabalharemos ainda com os textos que se aproximam de Benjamin de: Jeanne Marie Gagnebin, George Didi-Huberman, Susan Sontag, Leandro Konder, Th. Adorno, Hannah Arendt, Carolina Mitrovitch e Bernd Witte...

Destacaremos os seguintes textos do Benjamin como corpus do mini-curso:

- Pequena história da fotografia

- Experiência e pobreza

- O narrador

- Sobre o conceito de história

- ... e alguns textos curtos do fabuloso: "Imagens de pensamento"

Todos nas "Obras escolhidas" (editora brasiliense).

... E quem sabe possamos pensar Benjamin como Godard afirma em seu filme "Nossa música":

"Se nossa época alcançou uma interminável força de destruição, é preciso fazer uma revolução que crie uma indeterminável força de criação, que fortaleça as recordações, que delineie os sonhos, que materialize as imagens."

Walter Benjamin se matou em setembro de 1940.

 

https://www.youtube.com/watch?v=iIlMYUm4Duk


NOTINHA. W. Benjamin em seu ensaio sobre "O narrador" toma como referência Nikolai Leskov. O escritor russo nasceu em 1831 no povoado de Gorókhovo, província de Oriol, às margens do Volga, na Rússia, em uma família de membros do clero. Seu pai era funcionário público, e a certa altura mudou-se com toda a família para o campo. Após frequentar o colégio local, Leskov foi trabalhar, aos quinze anos de idade, como escrivão no Palácio da Justiça de Oriol, transferindo-se depois para Kíev, onde trabalha no Fisco. Oito anos depois deixa o emprego e passa a trabalhar como ajudante de administrador de fazenda, viajando sem cessar pelo interior da Rússia, conhecendo lugares e gentes das mais diferentes espécies e adquirindo uma experiência que estará presente em todos os seus livros. Mestre da narrativa, Leskov produziu uma obra vasta, mas foi predominantemente contista e novelista. É autor de dois romances - A lugar nenhum (1864) e Na ponta da faca (1871) -, e de obras-primas da novela e do conto como O peregrino encantado (1873), O canhoto vesgo de Tula e a pulga de aço (1881) e Lady Macbeth do distrito de Mtzensk (1865). Faleceu em 1895, em Petersburgo.
Temos em português numa tradução direito do russo:
"A fraude e outras histórias"
"Homens interessantes e outras histórias"
"Lady Macbeth do distrito de Mtzensk"
Todos traduzidos e publicados pela editora 34.


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