segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

JESUS E NICOLAU (Breve reflexão para cristãos ou não). Por Chico Alencar

 Nesse dia de Natal, em que se celebra o nascimento de Jesus, promovo o encontro de duas pessoas especiais na tradição cristã: 

Jesus Cristo, o Deus conosco, o Verbo que se faz carne, e Nicolau, que viveu 4 séculos depois, bispo de Lyria (atual Turquia).

Jesus é o que sabemos - embora tentem adaptá-lo à ordem vigente de muitas maneiras, ao longo dos séculos: um revolucionário, que pregou o amor mais radical, o dom de si mesmo. Um homem que veio ao mundo para afirmar a primazia do doar e doar-se para mais ser. "Ele veio para dar testemunho da Luz" nessa caminhada terrena tantas vezes dominada pelas trevas... (João 1, 1-18). Por isso o Natal é a festa da luz, da alegria, do divino em todas as criaturas, em toda a Criação! Deus é Amor!

Sobre Nicolau, a lenda conta que desde pequenino, sendo de origem nobre, não se conformava com  crianças pobres à sua volta, e compartilhava tudo. "Migrou" para os países nórdicos da Europa como "Santa Klaus". Na Lapónia (Finlândia), em meio ao rigoroso inverno, ia com suas renas distribuindo presentes, sobretudo agasalhos, para quem precisasse.

Foi só em meados do século XIX, na América do Norte, que se criou a figura do Papai Noel (Noel é Natal, em francês). O "bom velhinho" é introduzido na Europa depois da 2a Guerra Mundial. Mais que símbolo da solidariedade e da generosidade da troca de presentes, a figura rotunda (como o rei Momo) evoca fartura (e gula, talvez) e induz ao consumo como sentido de vida... Vamos libertar Papai Noel do seu contrato com a Coca Cola e outras corporações do mercado! Vamos resgatar São Nicolau. Esse sim, vem para tod@s.

Em 1990 escrevi um conto de Natal, "A semente do Nicolau" (livro infanto-juvenil até hoje no catálogo da Editora Moderna/Santillana). Ali aproximei Jesus e Nicolau, através do que de fato cria laços e engrandece a vida:: a generosidade. Também chamada de doação, entrega, serviço.

Ainda é tempo, sempre é tempo: feliz Natal!

Noel na favela (foto Diário do Rio) e Natal no traço da africanidade






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