foto: divulgação
Quem afirmou isso na década de 1980 foi a banda Titãs através da canção "Televisão". "A televisão me deixou burro, muito burro demais. Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais."
É bem verdade que no caso das crianças houve, havia ou haveria mais na frente "Vila Sésamo" (1972), "Sitio do Picapau Amarelo" (1952 primeira versão na Tv Tupi), Castelo Rá tim Bum" (1994) entre poucas, pouquissimas opções na televisão brasileira de entretenimento infantil como aliado da educação e da composição do repertório cultural fundamental para a construção de cidadãos a altura do enfrentamento e superação dos desafios existenciais, profissionais e politicos no Brasil do século XXI.
Mas não foi isso o que vimos, a eleição de Bolsonaro e do congresso que veio junto com ele em 2018 e em 2022 com Lula, mostra o despreparo parcial ou completo de parcela considerável de brasileiros. despreparo que conta com um grande contributo dos grandes meios de comunicação de massa, mesmo "democratizados" pelo maior acesso e produção proporcionado pelas midias digitais.
Sobre a importância da ação cultural na vida de crianças, adolescentes e jovens, lembro do primeiro grupo de dança apoiado quando assumi a direção da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro América (AMABA), no inicio dos anos de 1990, sendo o mesmo formado por meninas que faziam o clone ou cover das paquitas, muito comum naquele tempo..
Não demorou muito tempo e de 1991 em diante, a AMABA com apoio da cooperação internacional (Cese e Visão Mundial) , conseguiu obter recursos financeiros para contratar professores com condições de trabalhar outros ritmos musicais e outros estilos de dança, assim como comprar aparelho de som, uniforme para ensaios, tecidos para confecção de figurinos e adereços, mão de obra da costureira, além de material de maquiagem
Detalhes acerca disso estarão presentes no segundo volume do Livro AMABA/Projeto Reculturarte
Voltando a questão da comunicação é bem verdade, com o advento e popularização dos novos meios de produção cultural e comunicacional digital associado ao crescimento da internet, a televisão perdeu a exclusividade da produção e difusão do lixo cultural e informacional, assim como o inverso, como já dissemos, em escala minoritária com os programas de entretenimento preocupado com razões de ordem ética e estética.
O que coloca enormes desafios, como também boas oportunidades para famílias, escolas, espaços culturais e/ou comunitários, além de governos democráticos e de perfil humanista.
Quanto a comunicação, seja via televisão/rádio, seja via plataformas de internet, a saída é começar um processo de discussão na sociedade e no parlamento brasileiro com vistas a regulação, baseado na legislação das melhores democracias.
As televisões e rádios públicas devem intensificar a produção e divulgação de programação infantil inspiradas nos três programas citados acima, Vila Sésamo", "Sitio do Picapau Amarelo" "Castelo Rá tim Bum" , assim como no Programa Livre apresentado durante vários anos por Serginho Groisman no SBT e Rede Globo, no caso de adolescentes e jovens. Vale neste caso, citar também o programa Câmara Ligada, produzido e apresentado pela Tv Câmara, já com um bom tempo no ar.
Também não posso esquecer de Confissões de Adolescente, uma das melhores séries para adolescentes e jovens na televisão brasileira, quiçá a melhor..
Finalmente o governo federal pode criar cinco canais simultâneos com o sinal digital da TV Brasil, sendo um deles com programação de qualidade voltado exclusivamente para crianças e adolescentes. O sinal digital tornou isto possível.
Zezito de Oliveira
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sábado, 21 de janeiro de 2023
Aluna de 17 anos nota mil na redação do Enem diz que 'repertório cultural' foi diferencial
A Regulação da mídia está presente nos países mais democráticos do mundo
O que as classes dirigentes precisam entender é que não nos contentamos mais com uma democracia formal, ou de baixa intensidade. O povo brasileiro tem o direito humano a acessar informações plurais, de se fazer ouvir, de colaborar debate público
Uma treta após a outra e tendo a educação, a cultura e a comunicação como pano de fundo..
3 comentários:
Comentário recebido via whatsapp - Vejo bastante distância entre Xuxa e essa tal Pipoca. Xuxa é produto de uma indústria cultural num tempo que não havia o politicamente correto. Sem chegar à explícita desqualificação do gênero feminino para ganhar suas moedas. A diferença entre elas é abissal.
Virginia Lúcia
Odiei a Xuxa quando ela tomou o lugar do balão mágico.
Foi um crime. Acho que foi em meados de 1987 ou 1988.
Ela descia naquela nave escrota chamando para o café da manhã.
Teve um episódio com Xuxa quando do nascimento da filha
Não sei se vc lembra ou acompanhou
Isso foi publicado em algum jornal de Pernambuco e não lembro qual.
Foi o seguinte: No mesmo dia que a filha dela nasceu
Uma mãe pernambucana pariu uma menina e deu o mesmo nome Sasha
A Xuxa não gostou e exigiu que retirasse o nome
A justiça de Pernambuco acatou
O jornalista na época fez um comparativo da apoteose
Tipo: Enquanto a Sasha da Xuxa tem um quarto se 100metros quadrado
A filha de Sasha de fulana mora na palafita de 5 metros quadrados
Assim foi construindo o enredo. Foi sensacional
Tenho a impressão que arquivaram a matéria
Mas a juíza da época proibiu que se usasse o nome
Gilson Reis
adv.maristelasantos no instagram
Em que pese às críticas que possa vir a fazer sobre @xuxameneghel e, inclusive ela mesmo o faz, não creio que colocar pipokinha e ela em mesmo patamar respondem às questões profundas da sociedade.
Não é só a TV quem emburrece, mas o exemplo e a permissibilidade dos "responsáveis".
E sinceramente, até vc mesmo é da geração @xuxameneghel
Aliás do ponto educação concordo da necessidade continua e diária de aprimorar, ampliar o fomento a cultura etc, mas a temporalidade e mesmo a responsabilidade quanto à TV o uso e o ato de educar sao delegados aos adultos de uma família, a escola não vai esgotar esse papel.
RESPOSTA acaoculturalse
Mesmo distante no tempo e ser mais palatável a Xuxa e as assemelhadas que seguiram ela, o caso de Angélica, serviram como ponto de partida, bem distante, é verdade.
Sobre o papel das famílias tens razão, mas a discussão que proponho é sobre o papel educativo e cultural da televisão e das grandes plataformas de informação e cultura, assim como o papel cultural da escola, além do papel social. Usei a treta como gancho...
Caso os espaços para os programas que citei fossem ampliados e não reduzidos, assim como o investimento de verdade na educação e na cultura, decerto a audiência de Pipoquinha e assemelhadas seria menor, e talvez essa discussão nem existiria
Doravante espero o país voltar ao circulo virtuoso que estava sendo trilhado quando em 2016, “veio o tempo da lava jato e da hipocrisia e, à força, fez comigo ou conosco o
mal que a força sempre faz “ Parafraseando o que disse Belchior em uma canção...
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