PROJETO DE LEI Nº 5838 , DE 2019
(Do Sr. ZÉ NETO)
Reconhece o forró como manifestação
da cultura nacional.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Fica reconhecido o forró, gênero musical nordestino,
como manifestação da cultura nacional.
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
“Em todo pé de serra tem um sanfoneiro
Tem um zabumbeiro, tem um cantador
Mesmo que seja ruim
Tocando um tantinho assim
Traz alegria a todo morador (...)”.
Alegria de Pé de Serra, Luiz Gonzaga
“Tá é danado de bom
Tá é danado de bom, meu compadre
Tá é danado de bom
Forrozinho bonitinho
Gostosinho, safadinho
Danado de bom (...)”.
Danado de Bom, Luiz Gonzaga
Apresentação: 05/11/2019 15:48
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O forró é um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros.
Nascido a partir da mistura de ritmos tradicionais da Região Nordeste como
baião, xaxado, coco, arrasta-pé e xote, existe e resiste há cerca de sete
décadas, sobrevivendo aos modismos e levando a alegria da cultura nordestina
a todo o País.
Com o nome derivado do temo forrobodó, usado para
denominar os arrasta-pés, bailes populares existentes desde o século XIX, o
forró moderno canta o cotidiano do povo nordestino – seus feitos, suas dores,
seus sentimentos – usando instrumentos tradicionais como o acordeão, a
sanfona de oito baixos (também conhecida como fole de oito baixos ou gaita
ponto), a zabumba, o triângulo, a rabeca, o pandeiro e o agogô.
É possível dividir a história do forró em duas partes: antes e
depois de Luiz Gonzaga. Antes, as matrizes forrozeiras se dispersavam pelos
sertões na forma de baiões, xaxados, xotes e outros ritmos, tocados e
dançados nos forrós (ou forrobodós). Luiz Gonzaga, o brilhante intérprete e
compositor pernambucano, com seu acordeão, suas criações geniais, seus
trajes de vaqueiro e seu carisma, ao se tornar um sucesso no Rio de Janeiro, a
partir da década de 1940, divulgou como ninguém os ritmos nordestinos – até
então desconhecidos por grande parte dos brasileiros – consagrando-os em
um único gênero musical que se popularizou como forró.
Depois do grande fenômeno que foi Luiz Gonzaga, o Lua, o Rei
do Baião, o forró se modernizou, se urbanizou, conquistou os brasileiros e
entrou de vez no cenário da música nacional.
Pode-se dizer que nenhum gênero musical celebrou mais o
sertão do que o forró. Foi, em grande medida, a partir das canções de Luiz
Gonzaga, que o Nordeste se desenhou no imaginário coletivo brasileiro. O
enorme sucesso alcançado por esse ritmo difundiu, por todo o Brasil, a riqueza
da cultura sertaneja. Da mesma forma, deu voz e visibilidade ao povo
nordestino, que teve suas agruras, alegrias e sua coragem eternizadas em
ritmo, beleza e poesia.
A partir da atuação pioneira de Gonzaga, o forró foi abraçado
por diversos outros artistas importantes, como Genival Lacerda, Trio
*CD193136295828* PL n.5838/2019
Apresentação: 05/11/2019 15:48
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Nordestino, Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Marinês, e
consolidado como gênero musical nacional, que evolui, se moderniza, se
transforma e cativa – seja na forma de forró tradicional, forró pé de serra, forró
universitário ou forró eletrônico – brasileiros de diversas origens e gerações.
Assim, diante da sua importância para a identidade cultural
brasileira, propomos, por meio do presente projeto de lei, que o forró seja
oficialmente reconhecido como manifestação da cultura nacional.
Para que possamos juntos celebrar essa rica expressão
musical, a cultura sertaneja e o povo nordestino, contamos com o inestimável
apoio dos nobres pares à proposta que ora apresentamos.
Sala das Sessões, em de de 2019.
ZÉ NETO
Deputado Federal-PT/BA
A deputada federal Delegada Katarina Feitosa (PSD-SE) foi a relatora do projeto de lei 5838, de 2019, que elevou o forró a manifestação cultural nacional. Com o status, o estilo musical tem mais chances de receber incentivos por todo o país. “Foi uma alegria relatar esse projeto, porque, como nordestina, como sergipana, eu sei da importância que o forró tem em nossa vida. Nós somos forjados ao som do forró, que canta as nossas alegrias e dificuldades”, afirmou a parlamentar.
PROJETO DE LEI Nº , DE 2023
De Alok a Ivete: invasão pop reduz forró do São João e gera críticas - clique para ler matéria completa.
O cantor Flávio José (vídeo em destaque) usou parte de seu show no Maior São João do Mundo, em Campina Grande, na Paraíba, para fazer um desabafo. Durante o evento, que aconteceu nessa sexta (2/06). AQUI
O episódio lembra 2017, quando a cantora Elba Ramalho alfinetou a presença de sertanejos no São João do Nordeste. Não tenho nada contra nenhum artista, nada contra nenhum sertanejo, acho que tem espaço para todos. Porém eu não canto na festa de Barretos. Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos. Eles têm essa coisa: 'essa área é nossa'"Elba Ramalho ...
Regulamentação debatida em Pernambuco
A discussão sobre a "invasão" de ritmos no São João foi debatida em uma audiência pública em Caruaru na semana passada, que ouviu a mesma crítica de artistas. O que a gente vem observando é a desvalorização da cultura popular em detrimento das bandas midiáticas, com cachês milionários. Temos uma porcentagem ínfima para artistas locais e populares, e muito mais para pagar essas bandas de fora."Rosa Amorim (PT), deputada estadual de Pernambuco e propositora da audiência Ela afirma que pretende levar a discussão à Assembleia Legislativa de Pernambuco. Nós precisamos fazer esse debate da regulamentação, que é muito delicado, mexe com interesse econômicos.
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