Particularmente, eu não acredito que sendo o Município de Nossa Senhora do Socorro o segundo maior em população, não se encontra aqui pelo menos uma dúzia de literários (Escritores e escritoras). No entanto, corremos o risco de não sermos contabilizados, reconhecidos e contemplados pelos editais de cultura que serão elaborados pela Secretaria Municipal de Cultura. E se isso acontecer mesmo, aí eu darei razão a quem possa dizer que a literatura de Socorro é feito por um só escritor.
Se nós, como representantes da literatura; que já tenha livro publicado ou não; nos omitimos de ocupar o lugar que nos cabem, estamos, de certa forma, colaborando com a cultura viciosa da exclusão por parte do Poder Público. Já sabemos que os governantes adoram quando lidam com uma classe desorganizada. Pois assim fica mais fácil para eles aplicar seus critérios partidários e nos propor as migalhas dos seus planos quase sempre injustos.
Se o atual secretário de cultura de Socorro não receber um documento protocolado, contendo uma relação dos literários que há no município, antes dele começar a elaborar os editais; de certo que seremos excluídos mais uma vez. Aí então, serei apenas uma voz isolada no deserto em que se encontra a literatura de Socorro. E isso é de se lamentar, pois o município possui até uma academia de letras, além de professores com trabalhos reconhecidos na área da educação.
Nesse caso, sinto-me isento dessa culpabilidade pela falta de visão de futuro e inércia como literário responsável. A minha primeira obra literária já publicada, levou o nome de Socorro para além do município, do Estado de Sergipe e do Brasil. Ela está nas principais plataformas de venda do mundo; está na Biblioteca Nacional, nas bibliotecas de Socorro e de outros municípios. Foi premiada pela lei Aldir Blanc e recebeu diversos certificados de reconhecimento.
Tudo isso foi feito com muita luta. Tive que romper a barreira do preconceito; de ser preto, pobre e da periferia. Sem mencionar os muitos NÃOS e porta na cara que levei. E tudo isso com a consciência de que eu estava abrindo o caminho para quem viesse depois de mim.
Hoje, quando o meu livro veio a si tornar alvo de pesquisas entre os estudantes do município, vejo que toda a luta para publicá-lo valeu apenas. Pois não só conseguir deixar o meu legado de história de vida; como também, deixei o exemplo de que cada um de nós compõem a sua própria história. E cada ser em si carrega a força e o dom, de ser capaz, e ser feliz. A isso, me vem a mente duas perguntas:
SERÁ QUE AINDA CONTINUO SÓ?
E ATÉ QUANDO VAMOS ACEITAR SERMOS IGNORADOS?
✍🏼 MV Bassa
https://www.youtube.com/watch?v=dIbG1OyOrnw
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