De forma mais ou menos parcial, isso já acontecia para uma grande legião de alunos e professores, e a oportunidade de pensar sobre isso e buscar respostas coletivas para agora e na pós pandemia, poderia estar sendo melhor aproveitada pelo nosso sistema educacional, tanto o macro (MEC, Universidades e Secretarias de Educação), como o sistema micro, (Escolas).
E o que impede isso de acontecer? De um lado a nossa crônica
falta de democracia e de indisponibilidade/incapacidade para o diálogo e do
outro lado, os fortes interesse econômicos ligados ao grande capital.
É bem verdade que boas lives e vídeo-conferências estão sendo realizadas na busca de encontrar alternativas e/ou soluções, porém falta e sempre faltou, de forma mais ou menos
parcial, ouvir as vozes de professores que estão no chão da escola, no dia a
dia, seja na escola real, material antes, assim como agora, nestes tempos de aulas
remotas. Sem contar pais e alunos.
Se um dia frio e um bom lugar para ler um livro faz uma
combinação sensacional, como diz Djavan em uma de suas icônicas canções, esta situação de pandemia, com isolamento
social, mesmo de forma mais ou menos parcial, nos oferece uma boa oportunidade de perceber e apontar caminhos para tantos anos perdidos, tanto desperdício,
tantos sonhos abortados, tanta juventude
jogada fora.
E a palavra desperdício, não entra aqui somente com referência aos investimentos em tecnologia que foi feito com base apenas em
interesses privados da venda de pacotes tecnológicos, tanto em material físico,
antenas parabólicas da TV Escola, por
exemplo, como em programas de software.
O desperdício tão ou mais grave do que esse, é o desprezo
pela inteligência coletiva que temos nas escolas públicas que sobressai principalmente, quando se constrói espaços democráticos e oportunidades para troca de ideias e de experiências .
Inteligência coletiva presente quando pais e alunos
também são estimulados a participarem do
processo pedagógico e de gestão, mas não como estratégia de enfraquecimento do
coletivo docente, como já vimos acontecer em algumas escolas, ou para servir
como fachada ou simulacro de gestão “democrática”.
Inteligência coletiva que temos em tantas obras artísticas e
literárias, com apropriação bem aquém do que deveria fazer o sistema
educacional.
E assim nos tornamos brasileiros, como diz Cazuza em outra
icônica obra prima do nosso cancioneiro. Mas, e daí?
icônica obra prima do nosso cancioneiro. Mas, e daí?
O que fazer? Lutar e Re-existir.
De que maneira? Com união; consciência de classe; espirito de coletividade; estudo dos nossos melhores mestres e registro. sistematização
e reflexão acerca de nossas práticas.
E por que não conseguimos? Agora a resposta é com quem
quiser...Não vale aqui repetir o que está escrito acima ou abaixo. Podemos fazer a pergunta para nós mesmos como pessoas e como coletivos ou organizações de trabalhadores da educação. Aqui vale sindicatos como associações profissionais como é o caso da Associação Nacional de História (ANPUH), por exemplo.
E para concluir, tempo perdido, uma das canções geniais de Renato Russo/Legião Urbana e
que foi lembrada a partir de um certo momento na produção desse texto.
Ah! E tem também um “tok” de Dom Hélder Camara, grande líder católico e educador popular. “Precisamos de um Brasil que sinta a necessidade de
auscultar a sabedoria popular, e quem não tendo, muitas vezes, a ciência bebida
em escolas, possui o saber bebido na vida, o saber feito de experiências.”
E aqui, lamento dizer...Nem mesmo setores progressistas ou de esquerda,
incluindo amplos setores da academia, escapam desse veio autoritário,
hierárquico e elitista que corre como
uma espécie de aquífero subterrâneo por baixo de nossa alma ou psique
brasileira.
E, saudações a quem tem coragem!!
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