sexta-feira, 10 de julho de 2020

Ano escolar perdido?


 De forma mais ou menos parcial, isso já acontecia para uma grande legião de alunos e professores,  e  a oportunidade de pensar sobre isso e buscar respostas coletivas para  agora e na  pós pandemia,  poderia estar sendo  melhor aproveitada  pelo nosso sistema educacional, tanto o macro (MEC, Universidades e Secretarias de Educação), como o sistema micro, (Escolas).

E o que impede isso de acontecer? De um lado a nossa crônica falta de democracia e de indisponibilidade/incapacidade para o diálogo e do outro lado, os fortes interesse econômicos ligados ao grande capital.

É bem verdade que boas lives e vídeo-conferências estão sendo realizadas na busca de encontrar alternativas e/ou  soluções, porém  falta e sempre faltou, de forma mais ou menos parcial, ouvir as vozes de professores que estão no chão da escola, no dia a dia, seja na escola real, material antes, assim como agora, nestes tempos de aulas remotas. Sem contar pais e alunos.

Se um dia frio e um bom lugar para ler um livro  faz uma combinação sensacional, como diz Djavan em uma de suas icônicas canções, esta situação de pandemia, com isolamento social, mesmo de forma mais ou menos parcial, nos oferece uma boa oportunidade de perceber e apontar caminhos para tantos anos perdidos, tanto desperdício, tantos  sonhos abortados, tanta juventude jogada fora.



E a palavra desperdício,  não entra  aqui somente com referência aos investimentos  em tecnologia que foi feito com base apenas em interesses privados da venda de pacotes tecnológicos,  tanto em material físico, antenas parabólicas da TV Escola,  por exemplo, como em programas de software.

O desperdício tão ou mais grave do que esse, é o desprezo pela inteligência coletiva que temos nas escolas públicas que  sobressai  principalmente, quando  se constrói espaços democráticos  e oportunidades para troca  de ideias e de experiências .

Inteligência coletiva presente quando pais e alunos também são estimulados a participarem  do processo pedagógico e de gestão, mas não como estratégia de enfraquecimento do coletivo docente, como já vimos acontecer em algumas escolas, ou para servir como fachada ou simulacro de gestão “democrática”.

Inteligência coletiva que temos em tantas obras artísticas e literárias, com apropriação bem aquém do que deveria fazer o sistema educacional.

E assim nos tornamos brasileiros, como diz Cazuza em outra 
icônica obra prima do nosso cancioneiro. Mas, e daí? 

O que fazer? Lutar e Re-existir.

De que maneira? Com união;  consciência de classe;  espirito de coletividade;   estudo dos nossos melhores mestres e  registro. sistematização e reflexão acerca de nossas práticas.

E por que não conseguimos? Agora a resposta é com quem quiser...Não vale aqui repetir o que está escrito acima ou abaixo. Podemos fazer a pergunta para nós mesmos como pessoas e como coletivos ou organizações de trabalhadores da educação.  Aqui vale sindicatos como associações profissionais como é o caso da Associação Nacional de História (ANPUH), por exemplo.

E para concluir, tempo perdido,  uma das canções geniais de Renato Russo/Legião Urbana e que foi lembrada a partir de um certo momento na produção desse texto.

Ah! E tem também um “tok” de Dom Hélder Camara,  grande líder católico e educador  popular. “Precisamos de um Brasil que sinta a necessidade de auscultar a sabedoria popular, e quem não tendo, muitas vezes, a ciência bebida em escolas, possui o saber bebido na vida, o saber feito de experiências.”

E aqui, lamento dizer...Nem mesmo  setores progressistas ou de esquerda, incluindo amplos setores da academia, escapam desse veio autoritário, hierárquico e elitista  que corre como uma espécie de aquífero subterrâneo por baixo de nossa alma ou psique brasileira.

E,  saudações a quem tem coragem!!

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