quinta-feira, 30 de julho de 2020

Cairo meu amor

 Maíra Magno



Te revi ontem em um filme meu amor, achei que já tinha passado, pensava que meu amor por ti era esquecido, que tola! Como te esquecer? Quem bebe das águas do Nilo nunca mais te esquecerá, não é isso que dizem seus filhos? Estão certos, quem te amou como eu te amei, vai sempre amar.

Cairo meu amante querido, Cairo meu amor, meu sonho feliz de cidade, és o mais inebriante dos amantes, por ti sinto um tipo de amor que só existe nos livros, por ti um amor narcótico que confunde-se com realidade. Estivemos de fato juntos? Sonhei eu todos os dia e noite em que estive em ti? Em que eu era um pedaço seu? Não! Era realidade e também sonho, era sonho acordado em carne osso, sujeira, barulho, poeira, história, trânsito caótico, na língua que não dominava, fui sua! Fui você! Você me possuiu, tomou meu corpo, me abraçou, me enfeitiçou e se apropriou de minha alma.

Perdão meu amor se não te revisito nas fotos que tiramos juntos, é que dói demais te ver assim tão longe, prefiro fingir te esquecer. Tão pouco gosto dos relatos de outros viajantes que por ti se apaixonaram, sinto ciúme, não de ti pois és amante de milhões, mas das relações que travam contigo e que já não podemos mais travar juntos.

Fui sua, te perdi, em ti nunca me perdi. Gentis como são seus filhos sempre me indicaram seus caminhos. Avenidas, vielas, becos, ruas de terra, montes de lixo, quem sem importa? Quem foi esse que nunca se sujou? O amor é meio sujo, me sujei de ti, tive seu cheiro, tive seu gosto, tive seus sons, seu confuso e inconfundível som que é pura poesia. Perdão, pureza é um mito e tu és real, claro que há os que te mitificam, mas você é a pura cara da realidade desfilando suas eras históricas diante de nossos olhos. É o passado, o presente e o futuro.

Fui sua meu amor, a oceanos de distância ainda sou. Eu sai de ti, você nunca me abandonou. Como fazem os perfeitos amantes, ainda te sinto em meu corpo, sinto seu cheiro, só não posso mais te tocar e como isso me dói! Uma dor que quando estava em ti nunca me permitiu senti. Meu Cairo querido, meu amante, meu amigo, meu amor, pedaço de minha alma, parte mais preciosa de minha vida, te revi ontem em um filme, e lá estava eu em você e você em mim. Há quem digas que não és mais o mesmo, que mesmo? Tu nunca fostes um, tu és milhões, quantos mesmo? 18, 20, 80, toda a humanidade? Dizem que todos nós nos originamos em ti, que suas águas pariram a humanidade. Talvez, sei lá. Só sei que sou sua.

A distância nos foi imposta, o tempo passou, eu mudei, pensei te esquecer, quando indagada sobre ti dizia ter sido um grande amor que passou, mas as eras passam e tu estás ali, como poderia meu amor por ti simplesmente passar? É verdade, muito tempo passou desde nosso ultimo encontro, mas ainda te amo, ainda tenho por ti a mesma adoração de outrora. Quem te amou Cairo querido, quem te amou como eu te amei, quem recebeu de volta tanto amor quanto tu me destes, como pode te esquecer?
És inesquecível meu sonho feliz de cidade, terra mãe da humanidade, amante gentil, meu grande amor. Talvez seja por ti minha solidão voluntária, quem por ti foi amado como eu fui não urge por outro amor. Sou sua meu Cairo querido mesmo que o oceano atlântico nos mantenha à distância eu ainda sou você.

As sugestões de Maíra Magno  para viajar ao Cairo por meio de canções:


Abaixo o que mais se ouve lá atualmente. Uma coisa chamada Street Chaabi. É tipo um brega funk em árabe







Nenhum comentário: