Romero Venâncio (UFS)
Neste final de semana vi, de forma impotente, dois fatos que em muito me chamou a atenção. Elon Musk (um magnata asqueroso) "invadindo" o Brasil e desafiando um ministro da suprema corte... Chegou a pedir cinicamente renúncia ou impeachment do magistrado (Alexandre de Moraes) sob alegação que as exigências de Moraes para a sua plataforma “violam a legislação brasileira”.
Bolsonaro no domingo a noite faz uma "super live" bem a vontade para dizer o que quiser como se nada ocorresse com ele e seus processos. Defendeu até a família Brazão que está envolvida totalmente no Assassinato de Marielle e Anderson. Ainda convocou os seus para um ato no dia (simbólico) 21 de abril. Impressionante!
Voltemos a nossa "vaca". E nós? parece que passamos o final de semana plantando árvore, correndo atrás de eleições ou clamando aos céus... Um pequenino retrato desse Brasil. Ou não?
10 razões para entender por que é necessário regular as big techs
Luis Felipe Miguel (UNB)
1) Liberdade de expressão
As plataformas e a extrema-direita aliada a elas dizem ser contra a regulação em nome da liberdade de expressão. É uma balela. Liberdade de expressão não é carta branca para espalhar mentiras e preconceitos ou incitar violência.
Como disse a bolsonarista Bia Kicis, “mentir não é crime”. Mas difundir mentiras deliberadamente, para confundir a opinião pública, é crime sim. As empresas que promovem essas mentiras e lucram com elas devem ser responsabilizadas.
2) Qualidade de debate público
A liberdade de expressão é um direito do público. Precisamos dela para termos acesso às diferentes visões do mundo e, assim, formar com mais autonomia nossa própria opinião. Mas as plataformas prendem seus usuários em “bolhas” em que não têm acesso a visões contraditórias e, por outro lado, impulsionam narrativas fantasiosas e agressivas que produzem maior engajamento. O resultado líquido de sua presença é a degradação da qualidade informativa e formativa do debate.
3) Democracia
Não é como se a expressão nas plataformas não fosse regulada. Ela é – só que pelas próprias big techs, beneficiando em primeiro lugar quem tem dinheiro para gastar com “impulsionamento” pago de conteúdos. A escolha, então, é entre uma regulação feita por representantes que devem prestar contas ao povo ou pelas empresas, que prestam contas apenas à sua própria busca pelo lucro.
4) Soberania nacional
O espaço do debate, crucial para as decisões políticas, e os dados sobre os cidadãos não podem estar nas mãos de corporações estrangeiras, sem qualquer controle por parte do Estado nacional.
5) Combate ao extremismo
Todos os estudos mostram que a lógica dos algoritmos favorece a disseminação de conteúdo extremista, que chama a atenção do público, promove “engajamento” e amplia o tempo de permanência na plataforma. O resultado é um público menos aberto ao diálogo, agressivo e incapaz de ouvir as razões dos outros.
6) Privacidade e direitos individuais
As plataformas recolhem permanentemente uma massa gigantesca de dados sobre os usuários. Como disse Soshana Zuboff, o objetivo é tornar toda a experiência humana “matéria-prima grátis para práticas comerciais ocultas”. A renúncia à nossa privacidade é condição para uso das plataformas. Mas contratos privados impostos por empresas não podem prevalecer sobre leis que garantem o direito à privacidade. A coleta de dados deve ser restringida, transparente e controlada por cada um de nós.
7) Autonomia individual
Graças à gigantesca massa de dados coletados e ao uso de ferramentas automatizadas (os algoritmos), as plataformas conseguem apresentar os estímulos corretos para orientar o comportamento dos usuários – levando-os a desperdiçar mais tempo online, se interessar por determinados produtos ou mesmo fazer escolhas políticas. Reduzir a coleta de dados e dar maior controle aos usuários, começando com a opção de desligar os algoritmos, é o primeiro passo para a reconquista de espaços de autonomia individual perdidos para as big techs.
8) Saúde mental
O impacto prejudicial das plataformas sociodigitais para a saúde mental de crianças e adolescentes já está bem documentado. Elas causam dependência, promovem uma visão distorcida de si, forçam a adequação a padrões inacessíveis, geram uma emulação permanente entre os usuários. O resultado é redução da autoestima, cyberbullying, agressividade, ansiedade, em muitos casos ideações suicidas. As big techs, porém, minimizam ou ignoram esses efeitos, evitando medidas que possam combatê-los – já que cortariam parte de seus lucros.
9) Segurança das crianças
A saúde mental já seria motivo suficiente. Mas, da pedofilia aos ataques armados a escolas, sem esquecer dos apelos comerciais destinados ao público imaturo, os subterrâneos das plataformas estão repletos de ameaças às crianças. Mais uma vez, regulação e responsabilização são necessárias para sacudir a (sempre lucrativa) inércia das big techs.
10) Desalienação
A alienação pode ser definida como nossa incapacidade de conectar nossa ação à produção do mundo material e social que nos cerca. Graças a seus mecanismos de controle dos comportamentos, filtragem das narrativas, fragmentação e esgarçamento das relações interpessoais, as plataformas sociodigitais são um poderoso instrumento de alienação coletiva.
Desalienar-se é ganhar as condições para retomar a liberdade.
Turma: Comunicação para as Transformações Sociais - 1º Turma Nacional
As aulas têm formato dinâmico, didático e visam atingir o público que não necessariamente tem conhecimento básico de comunicação.
Teremos 4 módulos com 4 aulas de 30 a 40 minutos em cada, num total de 16 aulas gravadas e disponibilizadas semanalmente todas as segundas-feiras na plataforma EAD. O curso é certificado pela Fundação Perseu Abramo.
PROGRAMA DO CURSO:
Módulo 1: Institucional/Conceitual
Aula 1: O modelo da comunicação social no Brasil
Aula 2: O que é uma rede digital e como os sistemas algorítmicos modulam nossa atenção
Aula 3: A comunicação eletrônica de massa e as redes digitais
Aula 4: A linguagem das redes sociais
Módulo 2: Produção de Informação para as Redes Digitais (Áudios)
Aula 5 - Podcast ou programas de rádio
Aula 6 - A Experiência da Web Rádio
Aula 7 - YouTube
Aula 8 - Redes da Maré – a experiência de produzir informação para a comunidade
Módulo 3: Produção de Informação para as Redes Digitais (Vídeos)
Aula 9 - Produzindo informações com responsabilidade
Aula 10 - Edição de vídeos no celular
Aula 11 - Vídeos para o Tik Tok
Aula 12 - X e Kawai
Aula ao Vivo - A importância da criatividade na produção de conteúdos
Módulo 4: Princípios éticos na comunicação social
Aula 13 - Qual o impacto da Inteligência Artificial no ambiente de produção de informação digital
Aula 14 - Vale tudo na disputa?
Aula 15 - Os desafios do combate ao fascismo
Aula 16 - Desinformação e soberania – a necessidade da regulação das plataformas digitais
Inscrições AQUI
Campanha de Musk contra Moraes reacende a discussão sobre o PL das Fake News; relembre os destaques
Em tramitação desde 2020, o projeto de lei busca reforçar a regulamentação e a fiscalização sobre plataformas digitais... Leia mais AQUI
EXCLUSIVO
'Elon Musk vai ter que recuar porque o Brasil não é seu quintal', assegura Sérgio Amadeu
Especialista em redes digitais, sociólogo avalia que, para o bilionário dono do X, "a democracia é uma entrave ao poder da classe dominante"
Desmonetiza Twitter: Conheça a campanha do Sleeping Giants contra Elon Musk
O objetivo da campanha é fazer com que empresas, organizações e instituições deixem de anunciar na rede social
O alegado “absolutista da liberdade de expressão” quer garantir na verdade apenas uma liberdade essencial: explorar minerais estratégicos para os negócios da Tesla e demais empresas do grupo em qualquer lugar do mundo, incluindo o Brasil, não importando os meios necessários para isso.
Elon Musk é um militante de extrema-direita e dos tipos mais perigosos: o que tem muito, muito dinheiro e influência para provocar as tensões e rupturas desejadas.
Não só admitiu publicamente que iria apoiar golpes de estado em quaisquer países que atrapalhassem as suas empresas, usando não por acaso o exemplo da Bolívia e as suas generosas reservas de lítio, como trabalha continuamente para acessar os chamados minerais de transição, sem os quais empresas como a Tesla simplesmente não conseguem produzir.
Muito antes de atacar diretamente o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes, Musk tratou de, no Brasil, firmar negócios com a Vale para o suprimento de níquel para os carros da Tesla e sondou a compra da canadense Sigma Lithium, maior mineradora de lítio a se instalar no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais.
Também foi cortejado, homenageado e bajulado em 2022 por Jair Bolsonaro, generais e empresários, incluindo executivos do setor extrativo, ao mesmo tempo em que foi convidado a assumir a Ceitec, única fábrica de chips da América Latina – plano frustrado por Lula ao assumir o governo – e fechou um contrato extremamente nebuloso e mal explicado com o Ministério das Comunicações para instalar internet em milhares de escolas na Amazônia, o que jamais se confirmou.
Os provedores via satélite da Starlink estão sendo muito bem usados por outro público: garimpeiros invasores de terras indígenas que agora tem, via a empresa de Musk, uma forma eficaz e barata de se comunicar e fugir de fiscalizações na Amazônia. A promessa de instalar uma fábrica da Tesla em Manaus também ficou na promessa.
Enquanto isso, o apoiador de Donald Trump tenta desestabilizar a política brasileira acenando para os seus amigos bolsonaristas que perderam a eleição, tentaram um fracassado golpe de estado – o mesmo tipo de manobra política que Musk é entusiasta – e precisam se manter em evidência para tentar voltar ao poder.
Análise completa no site: AQUI
GOVERNO LULA
Os primeiros sinais de um movimento golpista estão surgindo
Surgem sinais para o que pode configurar uma nova tentativa de golpe. O espírito lavajatista volta à tona, a mídia liberal dá um passo atrás na aliança com Lula, a extrema direita está na ofensiva nas ruas e no Parlamento e o ingrediente internacional moveu-se no fim de semana: Elon Musk.
https://acaoculturalse.blogspot.com/2024/04/contra-o-basil-paralelo-favor-do-brasil.html
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