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quarta-feira, 11 de setembro de 2024
Shows de Gusttavo Lima consomem até 50% de orçamento de cultura de pequenas cidades
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Desconfie sempre de quem desdenha do Estado pelos motivos errados (choro contra impostos sem defender tributação progressiva, por exemplo), pois no fundo essa pessoa quer uma teta só pra ela e que você se vire no capitalismo sem rédeas que eles defendem, mas que jamais se sujeitam.
Debate da postagem no grupo
Qual a diferença entre receber das prefeituras e receber por lei de incentivo federal?
· Por incentivo federal às instituições e a midia consegue rastrear pelo portal da transparência
incentivo federal você escreve um projeto *fudido pra caralho inclusive*, tem que ser aprovado, presta contas e tem um retorno real pra cultura e a sociedade.
o outro caso não, apenas vai, se apresenta e pega o dinheiro
O cara simplesmente abocanhou mais da metade do orçamento pra cultura de um município inteiro
Poderia fazer um comparativo não só com o orçamento da Cultura, mas o da Saúde também para ver quantos esses municípios investem em Saúde para a população e qts gastam com show sem futuro desses!!
Mas investir em cultura também é investir em saúde, e mais, educação, segurança pública, meio ambiente e etc...
Shows de Gusttavo Lima consomem até 50% de orçamento de cultura de pequenas cidades
O cantor sertanejo costuma cobrar R$ 1,1 milhão por cada apresentação paga por prefeituras
11/09/2024 | 05h00
Por Deborah Magagna e Chico Alves
Conhecido por ostentar um estilo de vida luxuoso e exibir nas redes sociais aviões e iates, Gusttavo Lima teve sua fortuna exposta nos últimos dias por um motivo nada glamuroso. Investigado por envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais na mesma operação policial que prendeu a “influenciadora” Deolane Bezerra, o cantor sertanejo viu a Justiça bloquear R$ 20 milhões e decretar o sequestro de imóveis e embarcações em nome de sua empresa, a Balada Eventos e Produções.
Fora do foco dessa investigação, porém, há outra fatia importante da renda de Gusttavo Lima que tem origem em uma prática bastante questionável.
Levantamento exclusivo feito pelo portal ICL Notícias revela que só em 2024 o artista faturou R$ 12,3 milhões em onze shows pagos por prefeituras, na maioria cidades pequenas e médias. Para isso os prefeitos usam boa parte do orçamento municipal, algo que pode comprometer outras iniciativas culturais e até o serviço em áreas como saúde e educação.
Na lista há cidades pequenas como Mara Rosa, em Goiás, que tem apenas 10 mil habitantes. No dia 23 de maio, o rei do tchê-tchê-re-re-tchê-tchê foi contratado para show na localidade por um cachê de R 1,1 milhão, o equivalente a 10,35% do orçamento municipal para a área de cultura no ano (R$ 10.629.800,00) e 1,31% do total da verba anual disponível para todas as secretarias (R$ 83.874.936,00).
Dividido o valor do cachê pela população, o resultado é um custo de R$ 102,80 por cada morador de Mara Rosa.
O ICL Notícias enviou perguntas ao prefeito da cidade, Flavio Moura, sobre o alto valor do cachê do artista. Assim que houver resposta será publicada neste espaço. Presidente do PT municipal, Flávia Cavalcante critica o gasto com o show. “É um absurdo. Sou professora e trabalho diariamente em escola que precisa ser ampliada e não é. Enquanto isso, o cara ganha esse dinheiro todo em uma noite?”, questiona ela, em entrevista ao portal. “Tem boas iniciativas sendo feitas pela prefeitura, mas ainda falta muita coisa na cidade: creche, concurso público para professores…”.
No município de Campo Verde, em Mato Grosso, Gusttavo Lima fechou no início de julho um contrato para se apresentar pelo mesmo cachê estratosférico de R$ 1,1 milhão. Nesse caso, o gasto do município com o cantor sertanejo equivale a metade do orçamento municipal para a cultura em 2024, mais precisamente 52,78% . Ou R$ 24,67 por cada um dos 44 mil habitantes.
Gusttavo Lima esteve no alvo em 2022
Há dois anos, o cantor estava no centro do escândalo que identificou prefeituras que comprometiam grande parte do orçamento para pagar altos cachês a artistas sertanejos – exatamente o que acontece agora.
Integrantes do Ministério Público de vários estados entraram em ação e cancelaram algumas apresentações. Os artistas não foram investigados, mas sim as prefeituras que os contrataram por valores considerados desproporcionais à própria receita e tamanho.
O foco da investigação chamou atenção especialmente porque muitas das estrelas desse gênero musical fizeram duras críticas à Lei Rouanet, por repassar dinheiro público de renúncia fiscal aos artistas — era essa a argumentação de Jair Bolsonaro, a quem a maioria deles apoia. Enquanto diziam isso, vários sertanejos recebiam milhões de reais de pequenas prefeituras do interior.
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