segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Marília Campos: "O PT precisa se vincular à realidade das pessoas" & Margarida Salomão: "O povo quer presença física, quer ver você andando pela cidade".

 Olhem aí! O bom desempenho eleitoral de duas prefeitas do PT em Minas Gerais que fizeram o certo que deveria fazer. Como  podem servir de inspiração para outras candidaturas de esquerda? Precisando  começar já, sem precisar esperar 2026 e 2028 para obter mandato, incluindo candidaturas ao parlamento...

Reeleita para o quarto mandato como a mulher mais votada do Brasil, a prefeita Marília Campos acredita que o Partido dos Trabalhadores (PT) precisa mudar sua estratégia política e promover uma reaproximação com as pautas municipais. Com 188.228 votos em Contagem, na Grande BH, a petista foi a primeira a vencer uma eleição em primeiro turno depois de 28 anos no terceiro maior colégio eleitoral de Minas Gerais.

Em entrevista ao EM Minas, programa da TV Alterosa em parceria com o Estado de Minas e Portal Uai, Marília Campos fez críticas aos rumos do partido que, segundo ela, não tem conseguido respostas para os principais problemas locais. “O partido dá resposta na macropolítica, na economia temos bons indicadores, bons resultados, mas ainda não dá uma resposta para aquilo que mais aflige a população. Olha o preço da carne que ainda está alto, o preço da conta de luz”, disse.

Aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a prefeita optou por fazer uma campanha defendendo seu projeto municipal e não contar com o chefe do Executivo federal na cidade. Marília Campos ainda comentou sobre os planos para 2026, o que mudou em Contagem durante suas gestões e qual é a articulação necessária com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

A senhora bateu muitas marcas nessas eleições: a prefeita mais bem votada do país e a primeira a ser reeleita em 1º turno em Contagem depois de 28 anos. A que atribui o resultado?

Cada eleição foi um momento. A estratégia da minha primeira eleição foi apontar a necessidade de um projeto de mudança, explorei muito a "esperança". Depois, eu fui reeleita apresentando o que eu fiz, era o meu trabalho como prefeita. A terceira que eu disputei também foi pautada pelo meu trabalho, e aí associando ao compromisso de deputada estadual. Dessa vez eu adotei como estratégia principal o trabalho, o meu compromisso com a cidade e todo processo de reconstrução da política. Eu fiz também um diálogo chamando 14 partidos para compor a minha coligação. Eu chamei a unidade colocando os interesses de Contagem acima de quaisquer outros interesses. A terceira questão que acho importante foi não estabelecer nenhuma polarização nacional. Meu foco foi a disputa de um projeto municipal. Eu não quis estabelecer essa polarização Lula versus Bolsonaro. Eu sou do PT, sempre fui do PT, sou uma grande aliada do presidente Lula, sempre fiz campanha para ele, mas não era isso que estava em jogo. O que estava em jogo era o meu projeto de cidade. O que eu fiz foi defender a continuidade desse projeto. Eu não precisava de apoiadores nessa campanha eleitoral, o principal testemunho era o meu trabalho.

Na eleição municipal a política nacional perde o foco? É mais importante para o eleitor as questões locais?

Acho que é parcial. Por exemplo, eu tinha aprovação de 80% e ganhei a eleição com 60%, eu conquistei uma parcela do eleitorado que se fala de direita ou que votou no ex-presidente Bolsonaro. Uma parcela se deslocou avaliando que o que tinha que ser colocado na balança era o trabalho, mas uma parcela não ficou comigo por eu ser do PT, por ser aliada do Lula. Ainda é muito polarizado, mas a estratégia que a gente adotou conseguiu trazer essa parcela que aprova o nosso governo. Eu entrei bem nessa parcela que rejeita o PT pelo trabalho e diálogo que eu tenho com a população. O meu perfil é ser proativa, dialogar com todos independentemente da coloração partidária. É muito uma questão de perfil.

Como era a Contagem quando a senhora assumiu no primeiro mandato, e como é a Contagem de hoje?

Quando eu cheguei, Contagem não tinha capacidade de endividamento, não tinha recurso para investimento e estava com a situação fiscal muito comprometida. Eu fiz toda uma gestão para aumentar a arrecadação, corte de despesas, e fiz muitas negociações sobre o endividamento, que hoje é muito pequeno. Eu recuperei a Prefeitura de Contagem do ponto de vista fiscal, com isso nós recuperamos a capacidade de investimento. O poder público voltou a investir em todas as áreas. Na saúde, por exemplo, a gente fez o centro materno infantil, porque grande parte das nossas crianças nasciam em Belo Horizonte. Na educação, nós fomos os primeiros a construir escolas de educação infantil, que a gente chama de Cemei, em Contagem não tinha. A gente se destacou muito por melhorar as políticas públicas na cidade, e agora nesse terceiro mandato nós investimos muito em infraestrutura.

Recentemente a senhora criticou o PT pela distância das pautas municipalistas. A senhora tem dialogado dentro do partido para mudar essa perspectiva?

O PT apresentou um resultado nestas eleições em que cresceu um pouquinho, mas são cidades muito pouco expressivas politicamente. Na minha opinião, o PT precisa promover uma mudança profunda na sua estratégia política, ele precisa se vincular à realidade das pessoas nas cidades. Primeiro, acredito que o discurso que prevalece, o discurso do identitarismo, não acrescenta na disputa geral de um projeto de sociedade. Segundo, essa estratégia de sempre se reportar ao passado, o povo não quer mais isso, o povo quer resposta para os problemas atuais. Qual é a resposta do PT para o problema do emprego? Qual a resposta do PT para o preço da cesta básica, o preço da gasolina? Qual é a resposta do PT para o problema do transporte? O partido dá resposta na macropolítica, na economia temos bons indicadores, bons resultados, mas ainda não dá uma resposta para aquilo que mais aflige a população. Olha o preço da carne que ainda está alto, o preço da conta de luz. A população quer viver melhor e a gente ainda não deu uma resposta. Acredito que o presidente Lula ainda terá o seu tempo. Ele terá que não só apresentar melhores indicadores de emprego e renda, mas também sintonizar a disputa política, dialogar mais com as cidades, os estados, saber quais são as principais demandas. Falta um pouco de diálogo.

Em Belo Horizonte, Rogério Correia ficou bem abaixo do que se esperava, com menos de 5%, mas o PT teve duas vitórias importantes em Contagem e Juiz de Fora. Como a senhora analisa o desempenho do partido no estado?

Poderíamos ter um resultado melhor. O Rogério Correia não teve só uma derrota eleitoral, mas uma derrota política. É uma derrota porque, na minha opinião, não apresenta também um discurso da esperança, um discurso da possibilidade de mudança, e repete muito a polarização nacional. Acho que o PT deveria ter tido uma postura diferente em relação à candidatura do Fuad (Noman). A gente deveria ter reunido todos os setores progressistas e feito uma união em defesa daquilo que é mais central: a cidade de Belo Horizonte. Eu enxergo o Fuad como uma candidatura de centro, e que deveria ser reeleito por merecimento, mas também porque é bom para Belo Horizonte e bom para as cidades da região metropolitana. Ele conversa com todos os segmentos e todos os setores, por essa razão eu defendo a candidatura dele. Eu fui deputada estadual junto com o Bruno Engler, é uma candidatura que dialoga pouco. É uma candidatura que representa um projeto que, na minha opinião, não vai ser benéfico para a cidade de Belo Horizonte nem para as cidades do entorno da região metropolitana, justamente porque tem pouca capacidade de dialogar.

A senhora tem com Fuad a questão dos contratos previstos para a Lagoa da Pampulha. É também por isso o seu apoio?

O Fuad é uma pessoa que tem experiência política e de gestão, e que já tem um relacionamento com as cidades da região metropolitana no sentido de pensar BH não como uma ilha, mas como a cidade que vive os seus problemas e muitos deles são vividos com as cidades do entorno. A experiência que nós temos de governar procurando soluções conjuntas para os problemas comuns, ela já tá existindo no processo de despoluição da Lagoa da Pampulha, onde foi feito um convênio articulado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) que envolve a Copasa, o governo do estado e as prefeituras de Contagem e Belo Horizonte. Uma outra experiência que também temos juntos é de enfrentar os problemas das enchentes no caso do Ribeirão Arrudas. A prefeitura de Belo Horizonte está executando uma obra de contenção na Cidade Industrial do lado de Belo Horizonte, e Contagem também está fazendo duas grandes bacias do seu lado. É uma experiência que a gente tá se articulando, para enfrentar o problema das enchentes naquele pedaço. Tem que ter essa disposição para o diálogo. Se a gente tiver um prefeito em Belo Horizonte que não dialogue com os outros municípios, a gente não consegue resolver os problemas que são comuns.

Eleita para o seu quarto mandato, o segundo consecutivo, é natural pensar em outros planos. A senhora vai ser candidata ao governo do estado em 2026?

 Depois de tanta luta eu quero ser prefeita. Eu fui eleita e a minha pretensão é ficar os quatro anos, mas eu quero ajudar a construir uma alternativa para o estado de Minas Gerais. Acho que nós temos que pensar um projeto que livre Minas dessa situação de estrangulamento financeiro e orçamentário. Temos que pensar em um perfil de candidatura que não só ganhe o processo eleitoral, mas que consiga governar para termos uma nova experiência de participação, de construção de novas saídas para o nosso estado. Eu quero ajudar a construir, mas sinceramente quero ser prefeita. É natural, mas assim como você coloca o meu nome, eu acho o nome do Rodrigo Pacheco (PSD) espetacular. Eu acho que ele cumpre um papel no Senado que é muito gratificante ver Minas tão bem representada com a postura que ele tem, não só de defesa dos interesses do nosso estado, como na questão da dívida, como também o compromisso com o projeto democrático do nosso país. Eu me sentiria muito bem representada se ele viesse para Minas e fosse o nosso governador. Eu acho que a gente tem que fazer ajustes na trajetória dele, e temos que convencê-lo dessa tarefa, mas seria um grande governador se ele se dispusesse.

A senhora falou desse estrangulamento financeiro. Esse é o maior problema de Minas Gerais? Como observa o estado no cenário nacional?

É um estado espetacular, mas que durante muito tempo a situação de Minas foi escondida e os problemas que a gente teve, e continuamos a ter, foram muito analisados como se fossem apenas problemas de gestão orçamentária e administrativa. O que se paga da dívida compromete toda e qualquer capacidade de investimento no nosso estado, como também compromete a nossa possibilidade de buscar empréstimo, seja em órgãos nacionais e internacionais. Um estado sem capacidade de endividamento como é que faz investimento? Não faz. Hoje, as estradas de Minas são péssimas, não temos ferrovias modernizadas, nós não temos transporte de passageiros por trem, nós não temos mobilidade urbana na região metropolitana que de fato permite que a gente ande com qualidade de vida. Isso faz com que Minas perca investimento, um estado do tamanho do nosso que não tem estrada, não tem ferrovia. Hoje, os recursos são provenientes das tragédias de Brumadinho e de Mariana, é uma lástima isso. Tudo isso porque não se fez o enfrentamento necessário para negociar essa dívida. Rodrigo Pacheco foi um “ás” para conseguir essa negociação, mas ainda é insuficiente e não coloca Minas numa posição de resolver o processo. Aliviou, mas não resolveu.

O que faltou nesse acordo para resolver a dívida?

O valor principal não foi diminuído. Nós precisávamos de um alongamento maior e a diminuição de fato do valor principal para que a gente recuperasse a capacidade de endividamento. Nós ainda não estamos nessa situação.

A senhora tem um certo acesso ao governador Romeu Zema (Novo). Como é esse relacionamento?

É um bom relacionamento. Eu tenho um perfil de explicitar minha divergência política e ideológica, mas isso não pode ser o impedimento para o diálogo que resolva os problemas dos mineiros que moram em Contagem. Eu acredito que o governador também teve essa postura e defende uma relação republicana. Sempre que eu procurei o governo do estado nós celebramos convênios, foram repassados mais de R$ 100 milhões pra gente viabilizar as obras de contenção do Ribeirão Arrudas. O que eu tenho cobrado muito do governo do estado é que ele assuma a responsabilidade de resolver os problemas do transporte coletivo. Cerca de 70% do transporte coletivo em Contagem é gestão do estado. Eu posso até fazer as obras de mobilidade como eu estou fazendo, mas eu resolvo 30%. Eu também tenho criticado, por exemplo, a área da saúde. Qual é o gargalo da grande maioria dos municípios? É a média e alta complexidade. Contagem resolve o problema do seu hospital, resolve o problema da unidade básica de saúde, mas não consegue resolver o problema de um paciente que está internado na UPA e que precisa fazer uma cirurgia do coração. Quem libera isso é o estado, e tem uma fila enorme. Falta recurso? Falta. Mas falta também uma regulação.



247- Em entrevista ao programa Boa Noite 247, a prefeita reeleita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), fez uma análise detalhada de sua vitória nas eleições municipais, atribuindo o resultado ao bom desempenho de seu governo e ao apoio popular às políticas públicas implementadas. “O grande argumento que fundamentou nosso resultado, nossa vitória, foi a excelente avaliação do nosso governo”, afirmou Salomão, destacando políticas como a universalização das creches, o congelamento do preço da passagem de ônibus e o transporte gratuito aos domingos como fundamentais para o sucesso de sua gestão.

Segundo Salomão, a população vota nas questões locais, o que permite aos gestores municipais se destacar pelo impacto direto de suas ações no cotidiano da cidade. "É lógico que abordamos as questões locais a partir da nossa perspectiva ideológica e política", disse a prefeita, que também apontou que, apesar das tentativas de "ideologizar o debate", a satisfação com as políticas públicas prevaleceu. “O povo gostou, gostou e votou”, ressaltou, ironizando os adversários que, segundo ela, "acabaram quebrando a cara".

A prefeita também comentou sobre o cenário político nacional, argumentando que os resultados de eleições municipais não são necessariamente preditores de eleições presidenciais. "O voto municipal não é um bom preditor do voto nacional", afirmou, lembrando que, apesar dos resultados ruins para o PT em 2020, Lula venceu em 2022. Ela destacou o impacto das emendas parlamentares, que, em sua opinião, travam a evolução democrática ao favorecer candidatos que se beneficiam do dinheiro federal. "Com esse quadro de prefeitos e com as emendas parlamentares da forma como estão, existe um fator de travamento da evolução democrática no país", criticou.

Salomão não deixou de mencionar o desgaste e a fadiga que acompanham gestões de longo prazo, mas reafirmou sua confiança na importância das redes sociais e da presença física para garantir a conexão com o eleitorado. “Hoje a disputa se dá, muito mais do que no rádio e na televisão, nas redes sociais. Se você não estiver preparado para disputar aí, já perdeu", alertou, ao mesmo tempo em que destacou a relevância de uma liderança presente e atuante nas comunidades. “O povo quer presença física, quer ver você andando pela cidade, em reuniões de bairro, conversando com as pessoas”, completou.

Ao falar sobre o futuro político do Brasil, Salomão expressou preocupação com a desorganização política que vem ocorrendo desde o impeachment de Dilma Rousseff, mencionando a deterioração das disputas civilizadas que antes marcavam o embate entre PT e PSDB. Ela também criticou a nova estratégia da direita, que, segundo ela, tem substituído bandeiras de disputa social por pautas comportamentais e de valores, como o aborto.

Finalizando sua fala, a prefeita reeleita sublinhou a necessidade de diálogo com diferentes setores da sociedade, incluindo os evangélicos, um grupo que, em sua opinião, exerce uma liderança popular real. “Os pastores e pastoras hoje são lideranças populares reais, autênticas, de raiz, e acho que seria pouco inteligente da nossa parte não reconhecermos a sua representatividade", disse, destacando que em sua própria campanha conseguiu conquistar o voto evangélico, apesar de haver outra candidata com essa identidade mais explícita. Assista: 

Fonte:  AQUI
A prefeita eleita, Margarida Salomão, talvez tenha algo a dizer sobre os evangélicos
'São pessoas pretas, pobres, que têm algo a dizer', afirmou a petista em referência ao eleitorado evangélico, de acordo com relatos da jornalista, 
Denise Assis - 15 de outubro de 2024, 21:59 h

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de aprovar um afago aos “evangélicos”. Há uma gama de graduação e nomenclaturas nesse espectro, tão grande, que é melhor simplificar. Foi instituído o “Dia da Música Gospel”. Independente do cacófato, é mais um ato inócuo, diante do verdadeiro distanciamento que se estabeleceu entre esse público e as campanhas petistas. O que mais se ouve ou se lê, nas avaliações sobre o resultado do primeiro turno das eleições municipais é a afirmação: o PT não consegue falar para os evangélicos. Talvez esteja aí a grande questão.

Quem talvez tenha algo a dizer a respeito, e disse, seja a prefeita petista, Margarida Salomão, reconduzida ao cargo no primeiro turno, para a cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. A prefeita obteve 53,96% dos votos válidos. Aos que tiveram a oportunidade de vê-la discorrer sobre a estratégia de sua campanha, ao ser perguntada sobre como foi o seu desempenho junto a esse eleitorado (o evangélico), pôde talvez entender onde está o segredo: “eu os ouvia. São pessoas pretas, pobres, que têm algo a nos dizer. É preciso escutar essa gente”, ensinou.

Entenderam? A pergunta não é qual o discurso para eles. É o que eles têm a dizer? O que querem? Quem pode escutá-los?

Na primeira vez que conseguiu se eleger, depois de três tentativas (logrou êxito na quarta), Margarida passou a campanha inteira, com chuva ou sol, reunida com pequenos grupos de moradores nas periferias, sob árvores, barracões ou em salões de igrejas – de todo tipo -, a anotar queixas, sugestões, carências. Ficou rouca de tanto ouvi-los. Ouviu. Muito.

Ao longo dos quatro anos de exercício do mandato – sem se descuidar do Centro da cidade, onde plantou canteiros de gerânios, todos floridos agora, na primavera, ou dos bairros de classe média, onde manteve as pracinhas limpas e iluminadas -, a prefeita, de posse das anotações que fez, das carências e necessidades dos bairros pobres, executou tudo o que ouviu e prometeu. Não há ciência, nisso. Há compromisso.

Trabalhou para o município, seguindo o slogan da sua campanha: “Tudo é para todos”. Reabriu o Museu Mariano Procópio, segundo maior acervo do império, fechado havia 15 anos. Hoje, o museu pode exibir o seu rico acervo, num prédio restaurado e bem cuidado.

Finalizou a obra do Ginásio Municipal jornalista Antônio Marcos, que ficou por 18 anos parada. Sem perguntar se era obra vistosa, que rendia votos ou não, canalizou o distrito industrial, assombrado por alagamentos constantes, a cada chuva. O mesmo trabalho, ainda complementado por contenção de encostas, foi feito no bairro de Santa Luzia, também de famílias humildes.

Desassoreou o rio Paraibuna e ampliou consideravelmente a rede de esgoto, que pretende universalizar agora, no segundo mandato. Levou água para as áreas carentes e garantiu abastecimento para todo o município, para os próximos 70 anos, fazendo a quarta adutora para a cidade.

Na pandemia, enquanto o discurso do outro era pelo negacionismo, Juiz de Fora foi tido como o município que mais vacinou em Minas, atingindo a marca de 80% de cobertura vacinal, ficando de fora apenas os seguidores do tosco, que conseguiu convencer os seus de que poderiam virar jacaré.

Margarida estendeu o horário de atendimento das 48 UBS – postos de atendimento de saúde - até às 19h. Também passaram a abrir aos sábados, ampliando em 50% a assistência à saúde da população. Para todos, sem perguntar se eram evangélicos.

Universalizou o atendimento nas creches. Não tem crianças de zero a seis anos sem matrícula no município, o que permite às mães terem uma atividade laboral. Nesse item, o do emprego, segundo o CAGED, de 2021 até agora, a cidade gerou 21 mil postos de trabalho.

Todas as escolas municipais passaram a oferecer café da manhã e almoço para os estudantes, inclusive durante as férias. Todas recebem kits alimentação suficientes para as suas famílias.

Depois de 15 anos, o município realizou concurso para o magistério e passou a pagar o piso da categoria. Iniciou um reajuste escalonado da ordem de 33,24%. (Os salários, hoje, dependendo do cargo, vão de R$ 2.800 a R$ 7.600).

Abriu o Parque Municipal, com acesso gratuito da população a piscinas, quadras, ginásio, churrasqueiras e dezenas de projetos esportivos e culturais.

Margarida renegociou os contratos de concessão do transporte público, congelando a passagem em R$ 3,75,00 no projeto “Direito à Cidade”, criando, ainda, o “domingo do buzão”, com passagem gratuita.

Para os motorizados, fez cinco obras importantes de contenção de encostas nas principais rodovias de acesso á cidade. E para aumentar a segurança instalou lâmpadas de led em toda a cidade e nos distritos. “Tudo é para todos”, se lembram? E ainda inaugurou dois viadutos com ligações importantes para o fluxo e acesso à cidade.

Sem perguntar se o seu interlocutor era evangélico, ou até sabendo, mas apenas a título de curiosidade, Margarida trabalhou como nos velhos tempos se fazia. Como Lula gosta de dizer que prefere: olhando nos olhos do interlocutor e ouvindo. Ah! Sim, a propósito. A prefeita de Juiz de Fora registrou tudo no Tik Tok, nas redes, com muito estilo, graça e modernidade. Margarida Salomão talvez tenha a ensinar aos que perguntam: o que dizer aos evangélicos? Certamente ela responderá: ouça-os.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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