Ângela Melo foi professora, dirigente do SINTESE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe e vereadora em Aracaju. No dia 06 de outubro de 2023, Ângela nos deixou, no meio do mandato parlamentar, algo novo na história do parlamento de Aracaju
Tenho recordação de Ângela como dirigente do sindicato, mas não a conhecia de perto. Todavia, me recordo quando, em uma conferência do sindicato, em um dos intervalos, conversávamos eu e mais dois companheiros e, entre outras questões, me recordo de ela ter dito da tarefa colocada por um grupo de companheiros (as) dirigentes e da base do SINTESE, para uma candidatura a deputada federal em 2016.
Naquele momento da conferência na sede do Iate Clube de Aracaju, percebi como ela tentava começar os primeiros passos de candidata, sorrindo, abraçando, beijando os colegas que encontravam pela frente, ensaiando os primeiros passos de uma pessoa simples e natural, como confirmado no exercício do mandato.
Para mim, que não a conhecia de perto, era uma incógnita se ela era assim mesmo, ou se estava representando um personagem, como se sucede com muitos candidatos, que depois de eleitos perdem a simplicidade e a espontaneidade , em muitos casos, mesmo companheiros(as) do campo da esquerda.
Quando passei a conhecer Ângela mais de perto, a partir do exercício do mandato parlamentar, passei a ter , além de respeito e admiração, também carinho.
Uma das primeiras razões dessa tríade acima, respeito, admiração e carinho, foi o fato de descobri-la como uma freireana de verdade. Para quem não sabe o que é ser uma professora freireana de verdade: é ser discípula do mestre Paulo Freire, sendo capaz de viver uma comunicação amorosa com as pessoas por meio do diálogo e do afeto carinhoso com os outros, afeto carinhoso que implica saber praticar uma forma de viver e de se relacionar, marcada mais pela arte da escutatória, do que pela arte da oratória.
E nisso, temos muita gente na esquerda que até se esforça para ser bom na primeira, a escutatória, mas que consegue ser bem melhor na segunda, a oratória.
E aqui, basta me lembrar da conclusão que tirei, ao assistir à uma live sobre Paulo Freire, na época da pandemia da COVID 19, Ângela e com mais dois companheiros (as) do sindicato. Na prática, descobri que Ângela, embora não tivesse uma explanação teoricamente tão brilhante sobre o patrono da educação brasileira, foi uma das mais brilhantes no exercício do que escreveu e viveu Paulo Freire.
Dessa maneira, Ângela se parece comigo, aliás escrevi isso, - “Você se parece comigo!” , que é também mote de uma canção icônica da MPB, e com o link da canção fazendo referência a uma das postagens dela no Facebook, no período em que passou pelo parlamento municipal.
O mesmo se sucedia na comunidade LGBTQIAPN+. Ângela era uma mulher cis, mas muito querida pela comunidade.
Muito querida por adeptos das religiões de matriz africana, até parecia ser filha de santo. Nas aulas de ensino religioso, alunos já me perguntaram qual é a minha religião, também por causa do meu respeito e abertura para as diversas tradições religiosas, inclusive as de matriz africana.
Ângela gostava de dialogar com os diferentes, e mesmo não concordando com muita ou pouca coisa do que diziam seus interlocutores, ela não se furtava a ouvi-los, aqui, tinha mais paciência do que eu.
Ângela era radical, mas também não tinha medo de negociar, de ceder. Só não abria mão, da ética e nem dos seus princípios.
Por último, Ângela era pra brilhar e para lutar, a fim de que mais brasileiros saíssem do mapa da fome, e não apenas da fome de pão, como também da fome de beleza, da fome de afeto. Ângela era e é muito querida porque gostava de gente. E gente é pra brilhar. Mesmo depois que nos deixou, ela se “encantou” como uma estrela, já que, segundo os povos originários dessa terra de Pindorama, quando morremos nos encantamos como estrelas.
Zezito de Oliveira
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
domingo, 31 de março de 2024
Celebrando a páscoa na comunidade bom pastor e lembrando igreja em saída.
Como chegar ao local: A comunidade bom pastor está localizada próximo ao Terminal Rodoviário da Av. Maracaju no bairro Stos. Dumont. Saindo do terminal Maracaju em direção a Av. Visconde de Maracaju, sentido Soledade, Lamarão e Conj. João Alves, ao sair do terminal, entrar na segunda rua a direita após o terminal, na esquina desta segunda rua encontra-se a Igreja Adventista. Esta rua é a Efrem Fernandes Fontes, no numero 65 está localizado a comunidade bom pastor, que fica localizada a poucos metros da Igreja Adventista.
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