terça-feira, 30 de abril de 2024

‘Se não reagirmos, em 15 anos não haverá mais democracia no mundo’, diz historiador

 







DEMOCRACIA

A queda do muro de Berlin em 1989, possibilitou ao mundo viver uma euforia democrática bastante auspiciosa. O desejo de uma sociedade livre de todos os autoritarismos, uma gênese, era a aspiração de muitos povos. Os totalitarismos deixaram marcas profundas nos povos. O grande paradoxo é que hoje estamos vendo o contrário, o desejo do retorno de ditaduras e regimes de exceção. Mas tudo isso tem uma gênese, uma origem. 

Com a força do processo de globalização, a meta que foi proposta ficou no meio do caminho, e o que vimos foi o agravamento da situação social. A melhoria nas condições de vida dos pobres do sul pobre, mas nos países desenvolvidos a situação das pessoas que um dia gozaram de um bem-estar social bastante expressivo, se deteriorou. O mais triste dessa situação é que se possibilitou a abertura para o fortalecimento de movimentos antidemocráticos em todo o mundo. O que estamos vendo hoje com ataques ferozes da extrema-direita contra a democracia é preocupante, pois, corremos o risco de chegarmos a uma barbárie social sem precedentes. Mas com todos os seus limites, a democracia vem resistindo bravamente, principalmente, quando se iniciou o processo de retrocesso global do espírito democrático nos povos. Como os fascistas estão ocupando o poder, hoje com mais frequência, por meio de eleições e outros meios, tudo isso aponta para crises institucionais que ocorrerão no futuro.

Que a democracia está em risco em todo mundo, ninguém duvida. A grande questão é: o que devemos fazer. Os partidos políticos têm sua importância, agora se eles não produzirem respostas criativas que estejam à altura dos problemas que estão eclodindo, a democracia poderá conhecer o seu ocaso. Para continuarmos nesse caminho democrático, é mister a superação das desigualdades sociais. É incompatível conciliar democracia com fome, com miséria, com racismo e tantas outras coisas. 

Tudo o que é humano pode ser aperfeiçoado. A democracia, com todos os seus limites, é um sistema muito superior a qualquer ditadura, e isso pode ser provado ao longo do tempo. Não restam dúvidas de que a efetivação de direitos na democracia atende mais às necessidades das pessoas do que os regimes de exceção. 

Neste ano, comemoramos no Brasil 60 anos da ditadura militar. Esse regime produziu crimes contra a humanidade. Infelizmente, nenhum carrasco foi julgado e levado aos tribunais, devido à mais imoral lei produzida nesse país, a lei da anistia, que dizia que ela tinha que ser ampla, geral e irrestrita. Igualar as vítimas com os carrascos, é de um cinismo ético monstruoso. O mentecapto inominável, ao proferir seu voto para o impedimento de Dilma Rousseff, o atribuiu ao famigerado torturador Brilhante Ustra. De um desqualificado político como esse negacionista não se pode esperar nada de bom e decente. Esse néscio deve ir para o lixo da história como o presidente que leva nas suas costas mais de setecentos mil mortos pela Covid.

A democracia representativa no Brasil atual pode ser considerada um desastre, pois a extrema-direita que está no parlamento representa a si mesma e aos seus interesses que são escusos. Os partidos apoiadores do extremismo político e religioso não têm vigor ideológico, tendem a ser clubes de amigos e amigas apoiadores das oligarquias locais, regionais, com forte feição de clientelismo. Toda extrema-direita está a serviço do privado e não do que é público. Como o público está a serviço do privado, a extrema-direita se organiza para além do Congresso Nacional para legitimar políticas antipopulares.

A extrema-direita, combatendo a democracia raivosamente, no fundo, está produzindo uma engenharia social e política que faz com que a situação social fique do jeito que está para assim o rico ficar cada vez mais rico à custa do pobre cada vez mais pobre. Essa classe política que hoje está no parlamento brasileiro é a pior que já existiu e tem como missão aprofundar a desigualdade social para assim beneficiar a classe burguesa que, como ave de rapina, se apropria de quase toda riqueza do país.

Se quisermos uma democracia participativa, se faz necessário o empenho pela luta social que procura controlar, limitar e modificar a ação e o poder daqueles que nos governam. Não é possível aceitar, numa sociedade democrática, privilégios e carências que determinam a desigualdade econômica, social e política. O fortalecimento pela luta da igualdade social nos leva a entender a democracia não como império da lei, mas também do conflito. O autoritarismo dos políticos da extrema-direita diante do conflito procura criminalizar os movimentos sociais. O poder que se diz guardião da Constituição, em muitas situações, defende os interesses do poder econômico ou da própria classe. 

A democracia, na sua essência, está destinada à realização mais plena das pessoas e da sociedade civil na sua globalidade. Não se pode prescindir dos valores fundamentais da democracia, tais como a justiça, a liberdade, entre outros, pois, do contrário, se afetaria a ordem democrática nos seus objetivos primais. Para a ordem democrática alcançar o seu ápice, é necessário que os cidadãos tenham comportamentos éticos que confiram legitimidade à referida ordem. 

No momento em que os movimentos da extrema-direita recrudescem, os sistemas democráticos sofrem uma crise social e política bastante preocupante. É impossível na ordem democrática ocultar os conflitos provenientes do tensionamento de posições ideológicas contrastantes. No universo da política, nada do que é público pode ficar oculto, devido à repressão do “status quo”, de uma ideia ou de interesse. Tudo que diga respeito à coletividade é de interesse de todos e não de determinado grupo. A democracia é eficaz para a explicitação dos conflitos sociais, procurando as soluções pactuadas para o bem de todos.

Diante do risco que a democracia corre no mundo, a grande questão eclode: a democracia será capaz de gerir suas divisões e encarar o extremismo ressurgente? A resposta virá com o tempo. Aguardemos essa resposta, trabalhando para banir do mundo a opressão.

Pe Waldemir Santana

Arquidiocese da Paraíba

Michels e partidos de esquerda. Artigo de Frei Betto

"A cabeça pensa onde os pés pisam. Um antídoto aos riscos apontados por Michels é a profunda ligação com os segmentos populares, o trabalho de base, a capacidade de ouvir críticas e se submeter à soberania da militância. E, sobretudo, não trocar o atacado pelo varejo – um programa de democracia verdadeiramente popular, tanto em nível político quanto econômico", escreve Frei Betto, escritor, autor de O diabo na corte: leitura crítica do Brasil atual” (Cortez), entre outros livros, em artigo enviado ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Eis o artigo.

As instituições (partidos, sindicatos, igrejas etc.) que nascem com ímpeto inovador, profético, revolucionário, tendem a se tornar burocráticas, oligárquicas, contrárias à proposta de origem. Esta a tese defendida por Robert Michels (1876-1936) em seu clássico “Sociologia dos partidos políticos”, publicado em 1911.

Segundo Max Weber, Michels se desiludiu com a ala esquerda do SPD (Partido Social-Democrata) da Alemanha. Acusou-o de “eleitorarismo”, voltado quase que exclusivamente para ganhar eleições; de “parlamentarista”, no sentido de restringir a atuação política ao jogo parlamentar; e de “oportunismo” dos líderes, preocupados prioritariamente em se manter na crista da onda política.

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/637785-michels-e-partidos-de-esquerda

#1964+60 - A Campanha das Diretas Já 40 anos depois

 A ditadura militar, que prometeu uma abertura política e a implementou de maneira “lenta, gradual e segura”, buscou conter com vigor as manifestações do movimento Diretas Já. 

Este movimento mobilizou centenas de milhares de pessoas nas principais cidades do país e unificou a oposição em defesa do direito ao voto para presidente. Um desses eventos foi o comício na Praça da Sé em 16 de abril de 1984. 

Na época, o Datafolha estimou a presença de aproximadamente 400 mil pessoas, marcando o maior ato popular já registrado no Brasil até aquele momento. Para falar mais sobre a história da campanha, Isabella Faria recebe o repórter especial Naief Haddad. 

 A transmissão ocorre pelos canais do jornal no Youtube, no Facebook e no Twitch. Depois da exibição ao vivo, todos os episódios também ficam disponíveis em formato de áudio nos principais agregadores de podcast. 



25 de abril no Brasil 
Ao mesmo tempo em que comemoramos hoje os 50 anos da Revolução dos Cravos, em Portugal, que derrubou o regime salazarista, no Brasil essa mesma data marca os 40 anos da derrota da emenda das Diretas Já.
Apesar de toda a mobilização popular pela aprovação das Diretas, nos maiores comícios que o Brasil já teve, o Congresso Nacional a rejeitou. 
A emenda precisava de 320 votos para ser aprovada. Obteve 298 votos a favor e 65 contra. Foi derrotada por 22 votos. 113 deputados do partido do governo militar na época, o PDS, covardemente se ausentaram do plenário.
Toda aquela bonita mobilização, no entanto, deixou raízes. O país imbicara de vez rumo à democracia, a partir daquele pujante ano de 1984.
No embalo da mobilização pelas Diretas Já, a sociedade civil participou ativamente da Constituinte que elaborou a Carta Magna de 1988, a sétima do país, chamada pelo presidente do Congresso, deputado federal Ulisses Guimarães, no dia de sua promulgação, como a “Constituição Cidadã”.
Graças à pressão popular, foi criada a mais avançada Constituição que o país já teve, do ponto de vista dos direitos sociais e políticos.
Não à toa, desde sua promulgação para cá, as emendas ao texto constitucional foram, em sua maioria, de caráter conservador.
Hoje entendemos que respeitar a Constituição - volta e meia golpeada - é garantir a democracia.




Diretas Já: movimento mobilizou políticos, artistas e até jogadores | Jornal da Noite

Diretas Já: Band foi pioneira ao exibir ato contra a ditadura | Jornal da Noite


Diretas Já - O grito das ruas | Documentário completo





Sobre os vídeos acima da Folha de São Paulo é importante lembrar, A Folha de hoje não é a mesma do tempo das diretas já. Confira abaixo:



segunda-feira, 29 de abril de 2024

#LIvesAC2024 #semana - 22 a 28 de abril 2024 - "Arte sergipana contra a ditadura militar" . Primeira live da Ação Cultura em 2024 é realizada com sucesso,

 E mais...... caminhada por lugares de memória do enfrentamento a ditadura em Aracaju também foi um sucesso,  oficina de qualificação de agentes culturais com emenda impositiva da saudosa vereadora Ângela Melo está em processo de preparação e editor do  blog da cultura é selecionado em pesquisa-ação da UFBA.

1 - “A CENSURA ÀS ARTES E PERSEGUIÇÃO AOS ARTISTAS SERGIPANOS APÓS O GOLPE MILITAR DE 1964”

Caso você seja professor ou professora, faça como o professor Luciano Accioli do municipio de Japaratuba que mobilizou estudantes para participar da live.  Em especial para quem é professor da Educação básica, principalmente quem trabalha com alunos do 9º ano ou do 3º  do ensino médio, assim como professor da graduação e/ou da pós graduação.

Ajuda as aulas de História, Artes, Filosofia, Sociologia, Literatura, Redação e etc..

Para os estudantes do ensino médio é importante lembrar o ENEM. Para os estudantes do ensino superior o  potencial que o tema dessa série de lives da Ação Cultural - Arte contra a ditadura militar e pela democracia -  oferece para trabalhos de pesquisa acadêmica.

A próxima live será realizada em 25 de maio de 2024 com o tema "O teatro sergipano nos tempos de abertura e de redemocratização". O convidado é Isaac Galvão, ator e técnico/gestor cultural 

#1964+60 - 27 de abril, sábado, acontece às 19 horas primeira live 2024 do canal da Ação Cultural no youtube com o tema “ A CENSURA ÀS ARTES E PERSEGUIÇÃO AOS ARTISTAS SERGIPANOS APÓS O GOLPE MILITAR DE 1964”


Assista abaixo:


Relatório de informante relativo a prisão de Gonzaguinha em Aracaju. Um assunto tratado na live acima.




Link das oitivas da Comissão Estadual da Verdade

https://www.youtube.com/@comissaoestadualdaverdaded6970

2 - 


Roteiro do Circuito da Memória, Verdade e Justiça  

1)Palácio Museu Olímpio Campos 

(depoimento da professora e filha do secretário de imprensa de Seixas Dória, Terezinha Oliva); - Substituição por motivos particulares pelo irmão Luiz Eduardo Oliva

2)Palácio Fausto Cardoso;

3)Catedral Metropolitina;

4)Capela de São Salvador;

5)Cine Palace;

6)Museu da Gente Sergipana (depoimento de Andréia Depiere e Marcélio Bonfim);

7)Cultart;

8)Atheneu Sergipense;

9)Antigo Arquidiocesano;

10)SINTESE (Depoimento da professora Ivonete e exibição de documentário de 33 minutos)

11)Praça Tobias Barreto (depoimento da professora Ana Lúcia)

12)Estação da Leste (Praça dos Expedicionários); - Não foi possível em razão do tempo.

13)Quartel do 28 BC (Praça Maria Quitéria).

14)Casa de Pedro Hilário (depoimento do neto de Pedro Hilário); Não foi possível em razão do tempo

O Circuito da Memória, Verdade e Justiça, busca resgatar  nas terras do Cacique Serigy, a história da brutalidade covarde da ditadura militar e da resistência destemida do povo sergipano.

A campanha de Prestes em Sergipe, a votação em massa de Aracaju no comunista Iedo Fiuza, as articulações golpistas de José Rolemberg Leite e a resistência ao golpe do governador Seixas Dória são alguns dos fatos relatados e debatidos na manhã do sábado, 27 de abril 2024.

(Expressão Popular)

Inicio da caminhada do Circuíto em frente ao Palácio- Museu Olimpio Campos
Dentro do palácio-museu Olimpio Campos
Acima visita ao túmulo de Dom Távora na Catedral de Aracaju e conversa sobre o papel da igreja sergipana na colaboração e oposição a ditadura militar. Em primeiro plano, Zezito de Oliveira e em segundo plano o professor-orientador do circuíto, Osvaldo Ferreira Neto
Conheça mais sobre Dom Távora com o seu biógrafo em uma live da Ação Cultural nos tempos da pandemia.



Acima, visita ao túmulo de Dom Távora,  o bispo dos operários, na catedral de Aracaju
Abaixo, etapa da visita ao Museu da Gente Sergipana e conversa com um dos estagiários da comissão estadual da verdade.


acima, em primeiro plano Marcélio Bomfim 
Conversa no SINTESE sobre a luta dos trabalhadores e papel do poeta e agitador cultural Mário Jorge no enfrentamento a ditadura, inicialmente militando no PCB, destacou-se principalmente como ícone da contraculttura em Sergipe e no Brasil.
Acima em primeiro plano,  professores: Luiz Eduardo Oliva, Osvaldo Ferreira e  Ana Lúcia.


O encerramento foi em frente ao quartel do 28º BC, considerando ser o principal local em Sergipe de articulação golpista, prisão politica e tortura.




3 -  O Centro Dom José Brandão de Castro, CDJBC, comunica o recebimento da sua inscrição para a Oficina de Formação e Qualificação Artística e Cultural.

Sua instituição, agora, entrará num processo seletivo! De todos os desenvolvedores culturais, escolheremos 40 para participar das Oficinas. O resultado final das seleções sairá no dia 02/05 ✅

📌 Em breve, entraremos em contato para informar os selecionados 📌

Atenciosamente,



Todos os estados e Distrito Federal terão representantes no projeto


domingo, 28 de abril de 2024

Henrique Díaz vai estrelar Frei Betto nos cinemas

 A Mirar Lejos Filmes deu início às filmagens de  "Betto", de um longa-metragem com Enrique Díaz no papel principal, em Cuba, neste mês. O país caribenho servirá como cenário para várias locações do filme, que se destaca como parte da homenagem da produtora aos 80 anos de Frei Betto.


Com previsão de estreia para 2025, "Betto" promete ser um retrato cativante da vida e obra do teólogo da libertação brasileiro. Além disso, ainda neste ano, a produtora planeja lançar uma trilogia de documentários dedicados ao escritor, teólogo e ativista, todos sob a direção dos biógrafos Evanize Sydow e Américo Freire. O primeiro filme dessa trilogia, intitulado "A Cabeça Pensa Onde os Pés Pisam – Frei Betto e a Educação Popular", terá sua pré-estreia hoje, dia 26 de abril, às 15h, no Cinemark Pátio Paulista, em São Paulo, com a presença do próprio Frei Betto.

O documentário promete mergulhar na vida ativa e multifacetada do frade dominicano, explorando desde seu diálogo com o método de Paulo Freire até experiências peculiares, como sua incursão pelo teatro como assistente de direção de Zé Celso Martinez Corrêa na montagem original de "O Rei da Vela". Serão abordados também seus ensinamentos em prisões, utilizando técnicas teatrais para engajar os detentos, assim como sua atuação em comunidades carentes, promovendo conscientização social.

Frei Betto desempenhou um papel crucial na política brasileira, desafiando constantemente estruturas de poder opressivas, especialmente durante os anos de ditadura militar (1964-1985). Sua conexão com as comunidades populares, os movimentos sociais e sua incansável defesa da educação popular o tornaram uma figura emblemática não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, especialmente em Cuba, onde sua influência foi significativa.

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sexta-feira, 26 de abril de 2024

#abril1974+50 - Por que revolução dos cravos?

 Celio Turino no facebook

 A mulher que fez do cravo o símbolo do  25 de Abril de 1974

Em 1974 Celeste Caeiro tinha 40 anos e vivia num quarto que alugara no Chiado, com a mãe e com a filha. Trabalhava na rua Braancamp, na limpeza do restaurante Franjinhas, que abrira um ano antes. 

O dia de inauguração fora precisamente o 25 de Abril de 1973. O gerente queria comemorar o primeiro aniversário do restaurante oferecendo cravos à clientela. 

Tinha comprado cravos vermelhos e tinha-os no restaurante, quando soube pela rádio que estava na rua uma revolução. 

Mandou embora toda a gente e acrescentou: "Levem as flores para casa, é escusado ficarem aqui a murchar".

Celeste foi então de Metro até ao Rossio e aí recorda ter visto os "chaimites" e ter perguntado a um soldado o que era aquilo. 

O soldado, que já lá estava desde muito cedo, pediu-lhe um cigarro e Celeste, que não fumava, só pôde oferecer-lhe um cravo. O soldado logo colocou o cravo no cano da espingarda. O gesto foi visto e imitado. 

No caminho, a pé, para o Largo do Carmo, Celeste foi oferecendo cravos e os soldados foram colocando esses cravos em mais canos de mais espingardas.

Fonte: RTP


E os cravos se somaram às canções, incluindo às do nosso Chico que também é patrimônio dos portugueses, ora pois! Depois vieram os filmes. E assim a memória da luta e da libertação do fascismo português se fortalece, em especial nesses tempos com a tentativa de regresso a outros tempos tristes por parte de muitos hoje em dia.
Zezito de Oliveira


Celeste dos Cravos
Os tempos eram de mudanças, o Sirine, introduzia um conceito inovador na restauração em Portugal, o self-service.
Para comemorar o primeiro ano de existência, a gerência do restaurante decidiu que nesse dia, iria amimar os clientes.
Aos cavalheiros, servir um porto!
Às senhoras, o qual são o primor, oferecer-lhes uma flor.
A manhã desse dia, que da madrugada rompia, à luz do dia trazia uma revolução.
O restaurante, já não abriu! Por ordem do patrão.
Com tamanha desilusão, ao patrão perguntaram os empregados.
E os Cravos?
Levai-os para casa, para não perderem o encanto.
Eram Cravos vermelhos e brancos!
A Celeste Caeiro, funcionária do bengaleiro no restaurante, a casa não quis regressar sem entender o que se estava a passar.
Ainda o dia mal bulia, quando a Celeste se dirigia lá para a rua do Carmo e ao ver tal aparato, perguntou a um soldado.
O que é isto, o que fazem aqui?
É uma revolução, disse-lhe o soldado.
E vamos para o quartel do Carmo deter o Marcelo Caetano.
A Celeste ficou atarantada; e enquanto pensava se ali ficava ou ia para casa onde morava, lá para os lados do Chiado, o soldado pediu-lhe um cigarro.
Após olhar para o lado, a Celeste disse ao soldado.
Eu não fumo e está tudo fechado, aceita um Cravo?
E do cimo da Chaimite o soldado esticou o braço.
Foi aquele gesto que à revolução deu fama, quando o soldado de braço esticado recebeu da Celeste o Cravo e meteu-o no cano da arma. E num abrir e fechar d’olhos, a Celeste já tinha dado todos os Cravos que tinha no molho.
O povo, emocionado com o grito de liberdade que na rua entoa, aos soldados deu todos os cravos que havia em Lisboa.
A Celeste, mulher de baixa estatura, dona duma grande ternura, filha duma estrangeira e que por abandono mal conheceu o pai, na vida teve outro desgosto, o marido partiu e não voltou mais, fazendo à sua filha o mesmo que lhe fez o pai.
Foi esta mulher, que sem premeditação, de orgulho encheu a Nação com a designação da “Revolução dos Cravos”.
E foi com esses mesmos alinhavos, que lhe teceram e eternizaram o nome.
“Celeste dos Cravos”.
Carlos Silva

CELESTE CAEIRO
"O soldado pediu-me um cigarro. Eu não fumava, nunca fumei. Por segundos, fiquei a pensar como poderia compensar aquele rapaz, ali, em cima daquele carro, a lutar por nós. Estava ali a dar-me uma coisa boa e eu sem nada para lhe dar. Sem pensar, tirei um cravo do ramo que levava e ofereci-lho.

Nunca me passou pela cabeça que por causa disso o 25 de Abril viesse a ser conhecido mundialmente como a Revolução dos Cravos.

Nunca se conseguiu encontrar aquele rapaz. Sempre que penso naquele dia choro. Tinha 40 anos, cuidava da minha mãe e da minha filha. Morava no Chiado e adorava a cidade onde nasci. E ainda adoro.

Tenho 90 anos, ouço e vejo muito mal. Comovo-me muito a falar deste dia. Os médicos dizem que me faz mal.Vou pedir à minha neta que lhe conte o resto da história. Viva o 25 de Abril! Se o deixarmos morrer teremos de fazer outro."

CAROLINA
Carolina 23 anos. É mestre em Direito. Quer ser magistrada. Vive em Alcobaça.

"Havia sempre nos livros da escola a referência à Revolução dos Cravos. A cada ano, mal recebia os manuais, ia de imediato à procura dessas páginas. Sabia que as professoras, nem que fosse uma vez por ano, haveriam de falar no assunto e que eu, mais uma vez, ficaria em silêncio. Nunca disse na escola que foi a minha avó que deu o nome à revolução. Apesar de todo o orgulho que tenho. Acredito mesmo que aquele gesto foi obra do destino.

A minha avó Celeste é filha de uma espanhola de Badajoz e de pai desconhecido. Com dois irmãos, mais velhos, cresceu na Casa Pia. À minha bisavó custou-lhe até muito deixar ali os filhos, que visitava regularmente. Nunca os abandonou.

A minha avó era a menina favorita da diretora do colégio. Fez o Curso de Enfermagem, mas como tinha problemas pulmonares não pôde exercer. Porém, a menina Celeste foi sempre independente. Nunca se casou com o meu avô. Quando o meu avô se portou mal, tinha a minha mãe 3 anos, separaram-se. Para consolar a minha avó, quis oferecer-lhe um fio de ouro e mais coisas. Mas a minha avó não quis saber dos presentes, nem dele. Sozinha, continuou a cuidar da filha e da mãe.

Em abril de 1974, trabalhava num restaurante. O restaurante fazia um ano no dia 25 de abril. Os cravos eram para dar aos clientes. Com o restaurante fechado, as empregadas ficaram com as flores.

Dá-se então o feliz episódio, no início da Rua do Carmo. Um fotógrafo (Carlos Gil) assistiu à cena. Publicou a fotografia. No dia seguinte a minha avó foi trabalhar. Já os colegas tinham ligado para a Crónica Feminina, que logo a foi entrevistar.

Este ano, esse episódio será reconstituído. A minha avó gostava muito que uma placa assinalasse o local. Algo a dizer que foi ali que nasceu o nome Revolução dos Cravos. Ou até ter ali uma pequena estátua.

Falar do 25 de Abril emociona-a muito. Nestes períodos, fica melancólica. Acreditamos que o AVC que sofreu pouco depois das comemorações dos 25 anos de Abril terá tido a ver com as emoções que sentiu. No entanto, tem sido muito ignorada por todos.

Não há fotografias da minha avó com 40 anos. No incêndio do Chiado, perdeu a casa e todos os pertences. As fotografias arderam. Foram-se todas as recordações.Vive há anos num prédio a cair aos bocados, perto da Avenida da Liberdade. Podia viver com a filha e a neta em Alcobaça. Mas à minha avó, alfacinha de gema, ninguém a consegue tirar de Lisboa.

A minha avó, que continua a prestar muita atenção às notícias, está muito preocupada com o país. Na noite das últimas eleições, ao contrário do que é hábito, foi deitar-se cedo. “Não estou para ver esta miséria.” A mim ensinou-me desde miúda que o valor mais importante é o da liberdade."

Depoimento recolhido por Alexandra Tavares-Teles, Diário de Notícias, 23/04/2024 

TÃO FELIZES QUE NÓS ÉRAMOS
"Anda por aí gente com saudades da velha portugalidade. Saudades do nacionalismo, da fronteira, da ditadura, da guerra, da PIDE, de Caxias e do Tarrafal, das cheias do Tejo e do Douro, da tuberculose infantil, das mulheres mortas no parto, dos soldados com madrinhas de guerra, da guerra com padrinhos políticos, dos caramelos espanhóis, do telefone e da televisão como privilégio, do serviço militar obrigatório, do queres fiado toma, dos denunciantes e informadores e, claro, dessa relíquia estimada que é um aparelho de segurança.

Eu não ponho flores neste cemitério.

Nesse Portugal toda a gente era pobre com exceção de uma ínfima parte da população, os ricos. No meio havia meia dúzia de burgueses esclarecidos, exilados ou educados no estrangeiro, alguns com apelidos que os protegiam, e havia uma classe indistinta constituída por remediados. Uma pequena burguesia sem poder aquisitivo nem filiação ideológica a rasar o que hoje chamamos linha de pobreza. Neste filme a preto e branco, pintado de cinzento para dar cor, podia observar-se o mundo português continental a partir de uma rua. O resto do mundo não existia, estávamos orgulhosamente sós. Numa rua de cidade havia uma mercearia e uma taberna. Às vezes, uma carvoaria ou uma capelista. A mercearia vendia açúcar e farinha fiados. E o bacalhau. Os clientes pagavam os géneros a prestações e quando recebiam o ordenado. Bifes, peixe fino e fruta eram um luxo.

A fruta vinha da província, onde camponeses de pouca terra praticavam uma agricultura de subsistência e matavam um porco uma vez por ano. Batatas, peras, maçãs, figos na estação, uvas na vindima, ameixas e de vez em quando uns preciosos pêssegos.

As frutas tropicais só existiam nas mercearias de luxo da Baixa. O ananás vinha dos Açores no Natal e era partido em fatias fininhas, para render e encharcado em açúcar e vinho do Porto para render mais. Como não havia educação alimentar e a maioria do povo era analfabeta ou semianalfabeta, comia-se açúcar por tudo e por nada e, nas aldeias, para sossegar as crianças que choravam, dava-se uma chucha embebida em açúcar e vinho. A criança crescia com uma bola de trapos por brinquedo, e com dentes cariados e meia anã por falta de proteínas e de vitaminas. Tinha grande probabilidade de morrer na infância, de uma doença sem vacina ou de um acidente por ignorância e falta de vigilância, como beber lixívia. As mães contavam os filhos vivos e os mortos era normal. Tive dez e morreram-me cinco. A altura média do homem lusitano andava pelo metro e sessenta nos dias bons. Havia raquitismo e poliomielite e o povo morria cedo e sem assistência médica. Na aldeia, um João Semana fazia o favor de ver os doentes pobres sem cobrar, por bom coração.

Amortalhado a negro, o povo era bruto e brutal.

Os homens embebedavam-se com facilidade e batiam nas mulheres, as mulheres não tinham direitos e vingavam-se com crimes que apareciam nos jornais com o título ‘Mulher Mata Marido com Veneno de Ratos’. A violação era comum, dentro e fora do casamento, o patrão tinha direito de pernada, e no campo, tão idealizado, pais e tios ou irmãos mais velhos violavam as filhas, sobrinhas e irmãs. Era assim como um direito constitucional. Havia filhos bastardos com pais anónimos e mães abandonadas que se convertiam em putas. As filhas excedentárias eram mandadas servir nas cidades. Os filhos estudiosos eram mandados para o seminário. Este sistema de escravatura implicava o apartheid. Os criados nunca dirigiam a palavra aos senhores e viviam pelas traseiras.

O trabalho infantil era quase obrigatório porque não havia escolaridade obrigatória. As mulheres não frequentavam a universidade e eram entregues pelos pais aos novos proprietários, os maridos. Não podiam ter passaporte nem sair do país sem autorização do homem. A grande viagem do mancebo era para África, nos paquetes da guerra colonial. Aí combatiam por um império desconhecido. A grande viagem da família remediada ao estrangeiro era a Badajoz, a comprar caramelos e castanholas.

A fronteira demorava horas a ser cruzada, era preciso desdobrar um milhão de autorizações, era-se maltratado pelos guardas e o suborno era prática comum.

De vez em quando, um grande carro passava, de um potentado veloz que não parecia sujeitar se à burocracia do regime que instituíra uma teoria da exceção para os seus acólitos. O suborno e a cunha dominavam o mercado laborai, onde não vigorava a concorrência e onde o corporativismo e o capitalismo rentista imperavam. Salazar dispensava favores a quem o servia. Não havia liberdade de expressão e o lápis da censura aplicava-se a riscar escritores, jornalistas, artistas e afins. Os devaneios políticos eram punidos com perseguição e prisão. Havia presos políticos, exilados e clandestinos. O serviço militar era obrigatório para todos os rapazes e se saíssem de Portugal depois dos quinze anos aqui teriam de voltar para apanhar o barco da soldadesca. A fé era a única coisa que o povo tinha e se lhe tirassem a religião tinha nada. Deus era a esperança numa vida melhor. Depois da morte, evidentemente. "

Clara Ferreira Alves. 

Fonte: Paulo Marques no facebook


quinta-feira, 25 de abril de 2024

#abril1974+50 - 25 de abril

 

O que escrevi e publiquei aqui no blog da Ação Cultural em 26 de abril de 2019, agora blog da cultura, no primeiro ano em que um capitão do exército brasileiro, eleito pela maioria do povo brasileiro, ameaçava atrasar o relógio da história do Brasil a abril de 1964  

“Os cravos no Portugal da revolução de abril de 1974, floresceram na primavera, depois de tantos anos de noites escuras e manhãs frias e com céu nublado, em meio também a noites salientes, regadas a bom vinho do Alentejo, alimentando e aquecendo a luta de sempre, por justiça e liberdade, com canções de amor, rebeldia e de esperança.

Também houve dias de sol e praia, para aquecer os corpos e alegrar corações, sempre lembrando que os dias e as noites, vem e vão, assim como as estações. Até que chega o 25 de abril, na primavera de 1974.

Lembrar essa primavera especial será sempre necessário, para que mesmo no inverno possamos nos aquecer com a memória das flores que brotam nos campos, e do sol tranquilo que chega nestes dias. Lembrar que a primavera, no sentido político, como empregado aqui, é uma construção.

Que mesmo demorando, nunca deixa de chegar. Como diz a canção de Nelson Cavaquinho, “O sol há de brilhar mais uma vez….”

Uma terra de duas fraternidades

O impacto do 25 de Abril de 1974 em Portugal foi bastante grande no Brasil, quer junto dos oposicionistas à ditadura que governava a antiga colónia portuguesa, quer junto dos seus dirigentes e apoiantes dos militares que controlavam o poder desde 1964.

Não foi por acaso que antigos membros da elite do fascismo português, como o Presidente da República, Américo Tomaz e Presidente do Conselho deposto, Marcelo Caetano, se refugiaram no Brasil. E também não foi por acaso que a celebração da Revolução dos Cravos criou no cancioneiro dos democratas brasileiros o célebre tema “Tanto Mar” no qual se pede que aquilo que aconteceu em Portugal possa acontecer rapidamente no Brasil – o que só se verificaria em 1985, mais de 10 anos depois.

Mas ainda antes de “Tanto Mar” de Chico Buarque (que estas emissões de Panfelros analisaram na emissão de 24 de Abril de 2023, que pode ser ouvida no site/app RTPplay: https://www.rtp.pt/play/p8339/e687066/panfletos), outra grande vedeta brasileira homenageou o 25 de Abril com a gravação, em 1974, de um single com versões de duas canções de José Afonso: “Maio, Maduro Maio” e “Grândola, Vila Morena”, a senha usada pelos militares do Movimento das Forças Armadas para, através da rádio, darem sinal há 50 anos para o avanço das tropas que realizaram o golpe de Estado.

Nara Leão, a cantora desta “Grândola”, estava sem gravar desde 1972 e tinha a sua vida artística mais ou menos parada, limitada a alguns espetáculos e atuações ocasionais na TV, por ter resolvido focar-se em tirar em apenas num ano, graças às equivalências académicas que já possuía, um curso superior de psicologia, o que veio a conseguir. Ao conhecer, porém, a canção-senha do 25 de Abril, a raiz popular da conceção da composição de José Afonso e a letra sobre a “Terra da Fraternidade”, ela fez questão em gravá-la num disco a que chamou “A senha do novo Portugal” e que a censura brasileira deixou avançar.

Nara não era apenas um símbolo da renovação da música brasileira da segunda metade dos anos 60 que sucedeu à bossa nova dos anos 50, a chamada MPB, a Música Popular Brasileira; ela era também um símbolo político da esquerda brasileira e da luta pela liberdade de expressão – faz parte da história dessa luta o espetáculo de Augusto Boal (que viria a refugiar-se em Portugal depois do 25 de Abril) que em 11 de dezembro de 1964, logo no início da ditadura brasileira, protestava contra o regime e que depois originou um disco com as canções do espetáculo onde Nara Leão se destacava precisamente com a interpretação da canção “Opinião”, sobre a qual também falei numa emissão de Panfletos de 27 de setembro de 2021 (https://www.rtp.pt/play/p8339/e569491/panfletos).

Reprimida e perseguida pelo regime (o poeta Carlos Drummond de Andrade chegou a compor em 1966 um poema intitulado “Não prendam Nara Leão” depois de ela dar uma entrevista a criticar os militares que lhe trouxe mais problemas), Nara, com a sua voz macia, o seu violão e as suas posições políticas e culturais, firmes mas sensatas como quase toda a gente lhe reconheceu quando morreu, aos 47 anos, em 1989, tornar-se-ia um ícone da sua geração.

Nara atuou em Portugal antes do 25 de Abril, quando veio em 1969 ter com Vinicius de Moraes e Chico Buarque (que já estava refugiado em Itália) para dar uma série de seis espetáculos que acabaram por ser nove, dada a procura de bilhetes para o Teatro Villaret em Lisboa ter sido muito superior ao esperado pelo promotor, o ator Raul Solnado.

No final dessa série, Nara Leão, Vinicius e Chico Buarque foram homenageados com um jantar em Alfama onde estiveram Amália Rodrigues, Raul Solnado, o espanhol Joan Manuel Serrat e o compositor italiano, parceiro de Chico, Sergio Bardotti.

Nara adorou a estada em Portugal (voltaria cá em 1985 para uma digressão verdadeiramente gloriosa em várias cidades do nosso país) e essa foi com certeza mais uma razão para, há 50 anos, ao saber da conquista da liberdade, ela ter rapidamente gravado esta versão de “Grândola”.

GRÂNDOLA, VILA MORENA

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira,

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Para ouvir esta emissão de Panfletos, clicar aqui:

https://www.rtp.pt/play/p8339/e764068/panfletos








sexta-feira, 22 de setembro de 2023

O BRASIL PODE APRENDER COM PORTUGAL SOBRE DEMOCRACIA E MEMÓRIA e + canções que acompanha o artigo.




Acesse a matéria do HP e o link para o documento histórico coletivo do qual Glauber Rocha participou de suas filmagens, já que estava em Portugal no histórico 25 de Abril de 1974.

"Em 25 de abril de 1974, Glauber estava em Portugal. Nesta data, o sindicato de trabalhadores do cinema foi às ruas empunhando câmeras para documentar a agitação do povo na rua. Glauber juntou-se aos colegas profissionais de ofício e tomou parte no que viria a ser o filme – o registro mais fidedigno dos desdobramentos da revolução, além de documento histórico e manifesto sobre as relações do cinema como representação histórica." - Leia mais na matéria do Hora do Povo de 2021, republicada hoje, sobre o documento histórico "As Armas e o Povo", restaurado pela Cinemateca Portuguesa - https://horadopovo.com.br/as-armas-e-o-povo-o-encontro-de-glauber-rocha-com-a-revolucao-de-25-de-abril  / O link para o documentário que consta da matéria, do canal da Cinemateca Portuguesa, está indisponível. Segue outro link válido - https://youtu.be/h2vDdG9szrs

FICHA TÉCNICA DE "AS ARMAS E O POVO":

Realização: Colectivo dos Trabalhadores da Actividade Cinematográfica

Colaboração: Acácio de Almeida, José de Sá Caetano, José Fonseca e Costa, Eduardo Geada, António Escudeiro, Mário Cabrita Gil, Fernando Lopes, António de Macedo, João Moedas Miguel, Glauber Rocha, Elso Roque, Henrique Espírito Santo, Artur Semedo, Fernando Matos Silva, João Matos Silva, Manuel Costa e Silva, Luís Galvão Teles, António da Cunha Telles

Montagem: Monique Rutler

Produção: Sindicato dos Trabalhadores da Produção de Cinema e Televisão/Instituto Português de Cinema

Laboratório: Tóbis Portuguesa

Estúdio de Som: Valentim de Carvalho