quinta-feira, 28 de março de 2013

Arte, saúde e fé no Sertão Vivo - uma jornada diferente!


28.03.13 - Brasil

Zé Vicente
Poeta e cantor
Fonte: Adital


Se o tempo é quente e as feridas da grande seca estão por todos os recantos da Natureza, a lua nova no céu do sertão, vigia com a gente. Os meninos os animais e os passarinhos seguem na grandiosa sinfonia da alegria de sons e cantos da vida, que teima e brota a cada neblina, mesmo se os raios do sol queimam nos dias desta desafiadora transição.
Foi nesse clima que chegamos no Sítio Aroeiras, entre os dias 13 a 19 de março de 2013 para tocarmos nossas ações, de cuidados com:
A saúde – promovendo a primeira etapa de capacitação em Homeopatia Popular, nos dias 15 a 17, sexta a domingo. Dias de formação com a Assessoria do Pe. Toninho, vindo de S. Paulo. Um seguidor apaixonado do Projeto de Homeopatia Popular e participante da Associação Brasileira de Homeopatia Popular, com Sede em Cuiabá-MT. O evento promovido por nós do Projeto Sertão Vivo, com a parceria de amigos, como Miguel, Diretor da Faculdade Católica do Cariri, de Cícero, vindo de Altaneira, também da região do Cariri, do Ivo e Zé Neto, da Floresta do Bode, em Lavras da Mangabeira. O grupo de 20 pessoas, sendo 13 estudando, mais a equipe de apoio, caminhou num clima de leveza, bom humor e partilha de saberes e muitas outras experiências de ações de cuidados com a vida humana e com toda a natureza. Durante os dias, em baixo da grande árvore, Cajaraneira, um tipo de imbu-cajá, ou na sala da Casa Mãe, as aulas e práticas aconteceram de maneira intensiva. As noites, celebramos as novenas tradicionais a S. José, uma devoção de 61 anos, onde além de orações e cantos animados, partilhamos os momentos marcantes vivenciados por todos. Na noite do sábado, 16, uma equipe foi com Pe. Toninho à Comunidade vizinha de Guassussê, onde foi celebrada uma missa bem participada, em sintonia com os festejos a S. José e em solidariedade à familia da animadora, Maria Vilani, cujo esposo foi morto por criminosos em seu comércio, no dia 05 de dezembro do ano passado. Vilani, este vê presente na abertura de nosso Curso de Homeopatia, deu seu testemunho e solicitou nossas preces. Durante a celebração, podemos também partilhar informações sobre o Projeto de Homeopatia Popular.
Dia de Arte na Roça:no dia 18, aproveitamos para visitar as escolas e amigos, convidando para o Dia de Artes na Roça, lembrando que é o oitavo ano em que iniciamos as, chamadas Jornadas de Artes na Roça. Temos realizado várias atividades no campo da arte e educação ambiental. À noitinha, um andor com imagem de S. José foi trazido de Guassussê para a novena em Aroeiras e no dia do Santo ser levado de volta em procissão. Na madrugada do dia 19, veio aquela chuva tão esperada por todos os viventes do Sertão que sofrem com uma das grandes secas da nossa história. A felicidade foi geral, nem dormimos mais, a partir das quatro horas da manhã, conversando, tomando o café feito por Hézio, aparando água nas biqueiras... Mais tarde, cerca de 70 pessoas –crianças, jovens, professores...- chegam de ônibus,bicicletas,moto e a Pé. Todos, correndo pelas árvores, comendo cajaranas, querendo fazer artes. Depois de uma gostosa sensibilização no Terreiro dos Ancestrais; vimos o DVD da Jornada de Artes-2012 e em seguida fomos para os grupos: Mônica, com a turma para o Teatro; Fabiana, com garotas que queriam pintar e customizar as roupas; Ivo, além da captura de imagens, motivou uma turminha com desenhos, ajudado por uma professora. Eu fiquei com um grupo que desejava poetizar, também fui ajudado por outra professora; Francisco "Machado de Prata” animou os meninos com a Capoeira. Nena, Dos Anjos e Denir, prepararam o lanche, com sucos naturais e bolachas, para todos. O lema provocativo: "SERTÃO VIVO, JUVENTUDE, É ARTE, É ATITUDE!”, que foi se adaptando a cada categoria: "SERTÃO VIVO, MENINADA, É VIDA PRA SER CUIDADA!” A turma da maturidade gritou também: "SERTÃO VIVO É DOS VELHINHOS, DAS ÁVRORES, DOS PASSARINHOS!”...
Foi bonito de ver e vibrar com o que foi criado em tão pouco tempo, como grito de denúncia das crianças e jovens contra a dura realidade de violência e crimes ambientais ocorridos em nossa região, como acontece em todo o Brasil, mas também em gostosa harmonia com a grandiosa sinfonia dos sapinhos, passarinhos, borboletas e outras criaturas do sertão em celebração permanente da beleza sagrada da vida.
Com a procissão de S. José, que reuniu perto de mil pessoas, encerramos mais um momento marcante, do encontro entre Arte, Fé e Saúde, esse trio que alimenta e traz sentido a VIDA, sobretudo quando, com ele, teimamos abrindo caminhos de encantamento e cuidados especiais que sempre são bem-vindos, para nosso BEM-VIVER!
A nossa Trilha Ecológica, realizamos no dia 14, com a turma que chegou primeiro. Fomos guiados por Hézio, para os lados do velho baixio dos Coqueiros, onde observamos os sinais de chuvas, no canto dos Anuns Pretos e colhemos Mari, um tipo de leguminosa que, cozida, a gente quebra e tira uma castanha comestível, muito usada por nossas avós e mães, como alimento para os filhos e de suas folhas faziam chás para fortalecimento do sangue após os partos.
O sentimento é de alegria e agradecimento a quem veio de perto e de mais distante, trazendo os alimentos e presentes mais diversos a serem postos na mesa e na casa para serem compartilhados – Hélio com jerimuns, couve e melancia, de sua vazante, ali no açude Pontilhão; Cicero, com o doce e manteiga da terra, feitos pela mãe; Zé Neto, com frango, feijão e pães caseiros feitos pela esposa Joísa; Miguel, trazendo pequi do Cariri e a cachacinha para caipirinha; o bispo Diocesano de Iguatu, Dom João, que chegou junto, mais uma vez, com apoio financeiro para a feira; o jovem Moisés, filho do compadre Zé Darlô, trouxe o cheiro verde de sua horta, para cada dia; a família de Hézio, com parte da polpa de fruta para os sucos; a amiga Francisca Pérsico, mandou 12 lençóis, uma rede e talheres de presente; Gigi Castro trouxe uma bela arte, criada pelo seu filho, para a Casa Mãe e livros para nossa biblioteca; enfim bens visíveis e invisíveis, feito de pura e boa energia, oferecidos para o bem comum, mostram que mesmo na dureza da seca, a fartura é um tesouro que sempre pode nos visitar.
Assim foi a nossa JORNADA DE ARTES NA ROÇA, neste 2013, cujos frutos,com certeza sempre hão de chegar no tempo favorável.
Zé Vicente, lua cheia de março
e-mail: zvi@uol.com.br


Baixe e Ouça um dos primeiros LPs gravado por Zé Vicente em parceria com Babi Fonteles

 

O novo CD de Zé Vicente já está nas Lojas Paulinas "Zé Vicente da Esperança",


O novo CD de Zé Vicente      já está nas Lojas  Paulinas Brasil!   "Zé Vicente da Esperança", mais  um  trabalho  a   serviço  da  vida  e  da esperança. Uma das canções chama-se Ciranda do Menino Deus. Ouça/Assista AQUI 

 Zé Vicente fala do novo cd que está por vir! Mais     um    lançamento     da    Gravadora Paulinas-COMEP

 AQUI 
 
Zé Vicente da Esperança, um canto de amor!
Um som pontuado de poemas e cores, das boas coisas de nossa terra, ao ritmo popular e bem brasileiro. É Zé Vicente nos brindando de novo com rimas que falam de amor, esperança, ecologia, diálogo entre raças e tradições religiosas…
Cearense, da roça de Orós, “naturalmente ecológico”, compositor-cantor, poeta popular, arte-educador… Zé Vicente é acima de tudo um artista em sintonia com a caminhada de seu povo e que, por meio da arte, vive em busca da construção permanente de relações de solidariedade, identidade cultural, valores igualitários, respeito à vida no meio ambiente, e ao próximo seja humano ou em qualquer ser vivo.
Hoje, com mais de 30 anos de trajetória artística musical, Zé Vicente lança o CD Zé Vicente da Esperança, seu 13º álbum pela gravadora Paulinas-Comep. “Minha esperança é que esse CD seja de fato um marco na caminhada dos jovens e de todo o povo que busca uma fé madura e comprometida com as transformações sociais nesses tempos de tantos desafios” afirma o cantor.
O álbum traz 14 canções inéditas, músicas com um tom festivo, poesias, rimas e ritmos populares “são músicas populares celebrativas e culturais” como ele mesmo diz.
Cada canção nasce de experiências do compositor, no dia a dia, nas estradas, em movimentos populares, encontros, oficinas e cursos dos quais participa. O som é pontuado de sotaques regionais, das boas coisas de nossa terra, ao ritmo do samba, do baião e maracatu, misturando acordeom, metais, sopro, cordas e percussão. As letras e rimas falam de esperança, ecologia, cidadania, justiça, diálogo entre raças e tradições religiosas. São músicas que trazem grande riqueza cultural e rítmica.
Na primeira faixa do CD o público pode conferir a canção “Samba social”,parceria com o mineiro, Pe. Zé Antonio, um samba alegre, otimista e cadenciado, que promove a cidadania e a justiça em defesa dos direitos sociais, o refrão diz “Defender o direito. Respeitar a justiça. Promover a vida. Eis a nossa missão”. Já na música “Bendição” o ritmo gostoso do baião e a letra em rima exaltam a natureza e o amor do criador por todas as coisas “Bendita e amada seja, na natureza. Toda beleza que com certeza. O Deus da vida assim criou”.
Na faixa onze em “O grito é paz” surge uma balada ,um hino pela paz e pelo respeito às diferenças “De todos os cantos da terra, um só grito se faz ouvir. Em todas a línguas e povos todos hão de perceber… O grito é paz! O grito é paz.”,na interpretação, Emmanuel,irmão do saudoso cantor Jessé, traz passa emoção e brilho.
Neste trabalho, o tempero do regionalismo vem das mãos de Osvaldinho do Acordeon, do arranjador Luiz Antonio Karam, dos músicos participantes Adeíldo Lopes, Ocimar de Paula e Tico Delisa Nos solos,mais duas convidadas: Raquel Passos,cantora capixaba e Ana Paula fsp, do Grupo Chamas. Nos vocais: Maria Diniz, Rita Kfouri, Paulinho Campos e Emmanuel.
Zé Vicente da Esperança confirma como sobrenome sua marca principal na arte. Canta de forma celebrativa a fé, a resistência e a esperança junto ao seu povo. O CD esta disponível em todas as livrarias Paulinas pelo Brasil.
  

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