O que esperar de uma geração que cresce assistindo somente a Xuxa, Gugu
Liberato, Faustão, Sílvio Santos, Malhação, Super Pop, Pânico, Brig
Brother e etc?(1). A esse propósito, quando ouço algumas pessoas
defender o investimento em esporte e cultura como estratégia para
“afastar crianças e adolescentes das drogas”, penso com meus botões se
já não é hora de ampliarmos o conceito sobre “droga”. Ou temos alguma
dúvida sobre o efeito de anestesiamento, alienação, e dano ao
desenvolvimento mental, emocional ,ético e estético que uma série de
programas da televisão aberta causa àqueles que têm nestes veículos a
sua fonte mais importante de informação e de entretenimento?
A solução, a médio e longo prazo, é mais investimento em escola de
tempo integral, criativa, com qualidade (incluindo salários de
“qualidade” para os trabalhadores da educação), mais Pontos de Cultura e
democratização do acesso ao rádio e a TV para organizações da sociedade
civil de caráter educativo e cultural. Se há espaço nesses veículos
para os partidos políticos, por que não haver também para outras formas
de organização da sociedade civil ?
Ou por que não liberar outras concessões para canais de rádios e de televisão identificados com as causas dos direitos humanos, do desenvolvimento sustentável, da diversidade cultural, da economia solidária, da educação criativa, a exemplo do que foi feito com o TVT?
Ou por que não liberar outras concessões para canais de rádios e de televisão identificados com as causas dos direitos humanos, do desenvolvimento sustentável, da diversidade cultural, da economia solidária, da educação criativa, a exemplo do que foi feito com o TVT?
(1) A despeito do que falei sobre alguns programas de grande audiência na televisão aberta, não trata-se de censura, antes também assistia e gostava do Chacrinha e hoje em alguns momentos dou uma zapeada e paro por alguns minutos principalmente em Pânico, Super Pop e CQC. Como também afirmou o ministro Juca Ferreira em entrevista a Caros Amigos, edição 157, de abril de 2010. “A humanidade tem vinculos com esse tipo de produção(referindo-se ao programa brig brother) É um voyeurismo. A banalidade exerce um fascinio enorme sobre as pessoas”; “Mas eu sou a favor da liberdade de escolha por parte da população. Quem quiser ver Brig Brother que veja. (...) Ás vezes eu assisto coisas absolutamente banais, mas assisto me distanciando como a maioria das pessoas faz.” (grifo nosso).
E como afirmei, para contribuir com esse distanciamento, escola de tempo integral e criativa, acesso a criação e a diversidade cultural e democratização da comunicação é uma combinação formidável.
Zezito de Oliveira
Educador e Produtor Cultural
E para relaxar....
Leia tanbém.
Sou um dos signatários da petição que circulou na internet pedindo aos senadores que não elegessem Renan Calheiros como presidente do Senado brasileiro. Apesar das mais de 250 mil assinaturas, a maioria absoluta dos senadores fez vista grossa e não atendeu ao pedido de um bom grupo de brasileiros honestos.
Mas quem tem boa memória não se surpreendeu. Afinal de contas não é a primeira vez que isso acontece. É tradição do Senado brasileiro, eleger gente suspeita para a sua presidência. Se alguém ainda tem dúvida basta fazer uma pesquisa e verificar quem ocupou a cadeira de presidente daquela casa, começando pelo antecessor de Calheiros. E se isso acontece é porque a maioria absoluta dos senadores faz parte da mesma trupe e não tem interesse de eleger para cargo tão importante pessoas que se pautariam pela ética e pela transparência. A maioria é, no dizer do adágio popular, "farinha do mesmo saco”.
Porém, nesta hora, ao invés de ficarmos revoltados ou desperdiçando palavras inúteis, fazendo discursos demagógicos, precisamos fazer um sério exame de consciência. Certa vez li um texto do Dalai Lama no qual ele dizia que os grandes males da humanidade existem porque falamos demais e refletimos muito pouco. Ele chegava a afirmar que em situações como essas é preciso silenciar para percebermos a nossa responsabilidade e, a partir disso, começarmos a agir de maneira diferente.
Quem é Calheiros?
O retrato fiel da maioria absoluta dos eleitores brasileiros. Afinal de contas os que o elegeram não chegaram ao Senado através de um golpe ou por eleição indireta. Não estamos mais na época dos "senadores biônicos”. Foram eleitos por milhões de brasileiros. Logo, por dedução lógica, foram eleitos por brasileiros e por brasileiras que, pelo voto direto, os levaram ao Senado. E, também por dedução lógica, precisamos ter a sinceridade e a humildade de reconhecer que ainda votamos de forma irresponsável, sem fazer um discernimento sério e criterioso. Votamos porque o sujeito fala bem. Votamos porque o cara tem dinheiro. Votamos porque ele é "bonitão” e ela é "lindona”. Mas votamos também porque ele é o candidato daquele político mais próximo de nós, que um dia nos fez um favor: pagou uma cachaça, financiou uma dentadura ou uma receita de remédio.
Portanto, nada de lamentos e de atitudes bobas de escândalo. Nós, brasileiros e nós brasileiras, de um modo geral, ainda somos corruptos. Ainda temos a mentalidade do "jeitinho”. Aquele jeitinho que começa "furando a fila” dos que aguardam o ônibus, ou a abertura do banco, e vai se propagando até a venda do próprio voto. Dias atrás eu estava com minha esposa na fila de um restaurante. Aguardávamos a abertura do mesmo para o almoço. Ao se abrirem as portas do restaurante quase fomos atropelados, pois aqueles que estavam atrás se precipitaram sobre nós para almoçarem por primeiro. E é bom lembrar que não era um restaurante popular e que não havia nenhum risco da comida se acabar. Gestos antiéticos como estes são muito comuns no nosso dia a dia. Toda vez que podemos enganamos e nos desviamos da boa conduta, sempre com a intenção de levar vantagem em tudo.
Somos um povo de memória curta, um povo que se deixa levar facilmente pela propaganda, pela mentira e pela conversa fiada dos farsantes. Em 1989 Collor de Mello, apoiado pela grande mídia, especialmente pela Rede Globo, foi eleito com a falsa imagem de "caçador de Marajás”. Na ocasião a maioria dos brasileiros recusou-se a ver quem ele era e por quem era apoiado. O resultado desastroso nunca foi esquecido por quem tem boa memória, especialmente pelos que faliram e sofreram danos horríveis a partir do confisco do nosso dinheiro, por ele realizado no dia seguinte após a posse presidencial. Confisco esse tão rentável que permitiu que a sua ex-ministra da Fazenda se mudasse na época para os Estados Unidos, onde vive confortavelmente até hoje.
No momento a cena se repete. Brasileiros continuam se empolgando e deixando-se enganar. Não aprendemos a lição. No segundo semestre do ano passado muita gente ficou entusiasmada com a condenação dos protagonistas do "mensalão” do PT, por parte da Justiça brasileira. Não foram capazes de perceber que se trata de um ato politiqueiro, com a finalidade explícita de desviar a atenção do povo brasileiro dos verdadeiros bandidos. E para comprovar isso bastaria dar uma olhada nos outros julgamentos da Justiça ou, melhor ainda, nos processos que se arrastam há anos. Bastaria conhecer os crimes nunca julgados e nunca punidos. Seria interessante nos perguntarmos por que o Procurador Geral da República não fez nada até agora para denunciar a famosa "privataria tucana”, cujos documentos são públicos e notórios e envolve criminosamente políticos brasileiros numa operação de desvio de quantias vultosas dos cofres públicos brasileiros. Bastaria lembrar o mensalão do PSDB e os escravocratas fazendeiros assassinos de Unaí (MG), bem pertinho de Brasília, mandantes do assassinato dos fiscais do Ministério do Trabalho, até hoje impunes. E poderíamos aqui multiplicar os exemplos.
Não estou aqui defendendo o PT e nem afirmando que não houve mensalão, embora pairem dúvidas sérias sobre o assunto. O que estou afirmando é que existem sérias evidências – pelo menos para as pessoas inteligentes – de que este julgamento é politiqueiro e parcial. Os políticos do PT não estariam sendo usados como bodes expiatórios, com a finalidade explícita de nos desviar de crimes muito mais sérios? Por que mensalões cometidos antes por outros políticos e partidos, com os quais o PT aprendeu a lição, permanecem impunes até hoje? A Justiça deve explicação à população brasileira, se não quiser continuar com a sua imagem arranhada. Ela deve saber que uma boa parte dos brasileiros já não engole mais a propaganda da grande mídia. Como acreditar numa Justiça, exaltada no momento do julgamento do mensalão do PT, se esta exaltação vem de uma mídia que sempre esteve do lado da elite e da oligarquia brasileiras, únicas responsáveis pela miséria do povo e pela corrupção em nosso país?
É hora, pois, de acordar e de cada um de nós assumir sua parte de responsabilidade nesta história. É hora de, com muita coragem e determinação, reconhecer aquela tendência à corrupção e à desonestidade que se aninha dentro de cada um e de cada uma de nós. É hora de conversão, de reviravolta, de "mudança de hábitos”. É hora de parar de reclamar e de agir com mais transparência, mais seriedade e mais ética.
Por fim, cabe lembrar, não para nos desculpar, que este não é um problema só nosso e nem só de hoje. Há exatos 80 anos Hitler, um dos maiores facínoras da humanidade, chegou ao poder pelo voto direto. Na Itália, Berlusconi, talvez o maior político corrupto daquele país em todos os tempos, chegou ao poder pelo voto popular. E o que pensar de Putin na Rússia e de tantos outros políticos em tantos outros países? Isso só vem confirmar a urgência de uma ética mundial, como incansavelmente vem defendendo Hans Küng e outros cientistas e estudiosos.
Leia também:
Há almoço grátis AQUI
E para relaxar....
AQUI
Leia tanbém.
Renan: retrato do eleitor brasileiro
José Lisboa Moreira de Oliveira
Filósofo. Doutor em teologia. Ex-assessor
do Setor Vocações e Ministérios/CNBB. Ex-Presidente do Inst. de Past.
Vocacional. É gestor e professor do Centro de Reflexão sobre Ética e
Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília
Adital
Sou um dos signatários da petição que circulou na internet pedindo aos senadores que não elegessem Renan Calheiros como presidente do Senado brasileiro. Apesar das mais de 250 mil assinaturas, a maioria absoluta dos senadores fez vista grossa e não atendeu ao pedido de um bom grupo de brasileiros honestos.
Mas quem tem boa memória não se surpreendeu. Afinal de contas não é a primeira vez que isso acontece. É tradição do Senado brasileiro, eleger gente suspeita para a sua presidência. Se alguém ainda tem dúvida basta fazer uma pesquisa e verificar quem ocupou a cadeira de presidente daquela casa, começando pelo antecessor de Calheiros. E se isso acontece é porque a maioria absoluta dos senadores faz parte da mesma trupe e não tem interesse de eleger para cargo tão importante pessoas que se pautariam pela ética e pela transparência. A maioria é, no dizer do adágio popular, "farinha do mesmo saco”.
Porém, nesta hora, ao invés de ficarmos revoltados ou desperdiçando palavras inúteis, fazendo discursos demagógicos, precisamos fazer um sério exame de consciência. Certa vez li um texto do Dalai Lama no qual ele dizia que os grandes males da humanidade existem porque falamos demais e refletimos muito pouco. Ele chegava a afirmar que em situações como essas é preciso silenciar para percebermos a nossa responsabilidade e, a partir disso, começarmos a agir de maneira diferente.
Quem é Calheiros?
O retrato fiel da maioria absoluta dos eleitores brasileiros. Afinal de contas os que o elegeram não chegaram ao Senado através de um golpe ou por eleição indireta. Não estamos mais na época dos "senadores biônicos”. Foram eleitos por milhões de brasileiros. Logo, por dedução lógica, foram eleitos por brasileiros e por brasileiras que, pelo voto direto, os levaram ao Senado. E, também por dedução lógica, precisamos ter a sinceridade e a humildade de reconhecer que ainda votamos de forma irresponsável, sem fazer um discernimento sério e criterioso. Votamos porque o sujeito fala bem. Votamos porque o cara tem dinheiro. Votamos porque ele é "bonitão” e ela é "lindona”. Mas votamos também porque ele é o candidato daquele político mais próximo de nós, que um dia nos fez um favor: pagou uma cachaça, financiou uma dentadura ou uma receita de remédio.
Portanto, nada de lamentos e de atitudes bobas de escândalo. Nós, brasileiros e nós brasileiras, de um modo geral, ainda somos corruptos. Ainda temos a mentalidade do "jeitinho”. Aquele jeitinho que começa "furando a fila” dos que aguardam o ônibus, ou a abertura do banco, e vai se propagando até a venda do próprio voto. Dias atrás eu estava com minha esposa na fila de um restaurante. Aguardávamos a abertura do mesmo para o almoço. Ao se abrirem as portas do restaurante quase fomos atropelados, pois aqueles que estavam atrás se precipitaram sobre nós para almoçarem por primeiro. E é bom lembrar que não era um restaurante popular e que não havia nenhum risco da comida se acabar. Gestos antiéticos como estes são muito comuns no nosso dia a dia. Toda vez que podemos enganamos e nos desviamos da boa conduta, sempre com a intenção de levar vantagem em tudo.
Somos um povo de memória curta, um povo que se deixa levar facilmente pela propaganda, pela mentira e pela conversa fiada dos farsantes. Em 1989 Collor de Mello, apoiado pela grande mídia, especialmente pela Rede Globo, foi eleito com a falsa imagem de "caçador de Marajás”. Na ocasião a maioria dos brasileiros recusou-se a ver quem ele era e por quem era apoiado. O resultado desastroso nunca foi esquecido por quem tem boa memória, especialmente pelos que faliram e sofreram danos horríveis a partir do confisco do nosso dinheiro, por ele realizado no dia seguinte após a posse presidencial. Confisco esse tão rentável que permitiu que a sua ex-ministra da Fazenda se mudasse na época para os Estados Unidos, onde vive confortavelmente até hoje.
No momento a cena se repete. Brasileiros continuam se empolgando e deixando-se enganar. Não aprendemos a lição. No segundo semestre do ano passado muita gente ficou entusiasmada com a condenação dos protagonistas do "mensalão” do PT, por parte da Justiça brasileira. Não foram capazes de perceber que se trata de um ato politiqueiro, com a finalidade explícita de desviar a atenção do povo brasileiro dos verdadeiros bandidos. E para comprovar isso bastaria dar uma olhada nos outros julgamentos da Justiça ou, melhor ainda, nos processos que se arrastam há anos. Bastaria conhecer os crimes nunca julgados e nunca punidos. Seria interessante nos perguntarmos por que o Procurador Geral da República não fez nada até agora para denunciar a famosa "privataria tucana”, cujos documentos são públicos e notórios e envolve criminosamente políticos brasileiros numa operação de desvio de quantias vultosas dos cofres públicos brasileiros. Bastaria lembrar o mensalão do PSDB e os escravocratas fazendeiros assassinos de Unaí (MG), bem pertinho de Brasília, mandantes do assassinato dos fiscais do Ministério do Trabalho, até hoje impunes. E poderíamos aqui multiplicar os exemplos.
Não estou aqui defendendo o PT e nem afirmando que não houve mensalão, embora pairem dúvidas sérias sobre o assunto. O que estou afirmando é que existem sérias evidências – pelo menos para as pessoas inteligentes – de que este julgamento é politiqueiro e parcial. Os políticos do PT não estariam sendo usados como bodes expiatórios, com a finalidade explícita de nos desviar de crimes muito mais sérios? Por que mensalões cometidos antes por outros políticos e partidos, com os quais o PT aprendeu a lição, permanecem impunes até hoje? A Justiça deve explicação à população brasileira, se não quiser continuar com a sua imagem arranhada. Ela deve saber que uma boa parte dos brasileiros já não engole mais a propaganda da grande mídia. Como acreditar numa Justiça, exaltada no momento do julgamento do mensalão do PT, se esta exaltação vem de uma mídia que sempre esteve do lado da elite e da oligarquia brasileiras, únicas responsáveis pela miséria do povo e pela corrupção em nosso país?
É hora, pois, de acordar e de cada um de nós assumir sua parte de responsabilidade nesta história. É hora de, com muita coragem e determinação, reconhecer aquela tendência à corrupção e à desonestidade que se aninha dentro de cada um e de cada uma de nós. É hora de conversão, de reviravolta, de "mudança de hábitos”. É hora de parar de reclamar e de agir com mais transparência, mais seriedade e mais ética.
Por fim, cabe lembrar, não para nos desculpar, que este não é um problema só nosso e nem só de hoje. Há exatos 80 anos Hitler, um dos maiores facínoras da humanidade, chegou ao poder pelo voto direto. Na Itália, Berlusconi, talvez o maior político corrupto daquele país em todos os tempos, chegou ao poder pelo voto popular. E o que pensar de Putin na Rússia e de tantos outros políticos em tantos outros países? Isso só vem confirmar a urgência de uma ética mundial, como incansavelmente vem defendendo Hans Küng e outros cientistas e estudiosos.
Leia também:
Há almoço grátis AQUI
Um comentário:
Essa é a realidade, infelizmente. Mas acredito que a sociedade organizada (e mesmo a desorganizada também!) pode e deve pressionar os órgãos competentes para que comecem a tratar essas questões com mais seriedade e afinco. Cabe a nós, cidadãos cientes de nossos direitos e deveres fomentar atitudes que levem a essa mudança de conceito, de visão, de entendimento do que é bom ou do que é ruim para nossa geração e vindouras.
Postar um comentário