quarta-feira, 31 de julho de 2024

O ano era 2010 ( Ação Cultural de Sergipe 20 anos - Cultura Viva 20 anos)

 01. Almoço Cultural Paraense

A) Descrição resumida da atividade:

 Além de espaço para um bom bate papo, em virtude do envolvimento dos convidados com atividades ligadas ao mundo da arte, educação, saúde, política, o evento pretende auxiliar na arrecadação de uma pequena quantia para destinar ao fundo de revitalização do Projeto ECARTE (Estatuto da Criança e do Adolescente com Arte). Projeto que trabalha com oficinas de arte e educação em Direitos Humanos em bairros da periferia sergipana.

B) Programação: 

07 de fevereiro de 2010: pato no tucupi, com acompanhamento opcional pimenta de cheiro e creme de cupuaçu com uma amostra do melhor da música do norte do país: Pinduca, Nilson Chaves, Salomão Habib e do Grupo Uauiara.

C) Tempo, período, duração: 07/02/2010.

D) Local: Rua Goiás, bairro Siqueira Campos.

E) Público atingido: 15 pessoas.

F) Apoios, parcerias, patrocínio: NÃO ESPECIFICADO.

HISTÓRICO - O almoço cultural paraense é promovido desde 2004, ano de fundação da Ação Cultural, em função das viagens da atual diretora-presidente da ONG, Irene Smith, e da amiga Angelina Magalhães, naturais do Pará, que todos os anos se deslocam até a região para rever amigos e familiares e retornam trazendo um pouco do sabor e do cheiro das plantas da Amazônia.

Inicialmente eram trazido poucos ingredientes, suficiente apenas para um almoço com alguns amigos mais próximos, todavia, a partir da criação da Ação Cultural a iniciativa foi ampliada para congregar mais pessoas e é grande a expectativa de alguns amigos, sócios e colaboradores com a chegada do mês de fevereiro, mês em que o almoço é comumente realizado.

EXPECTATIVA A diretora da ONG espera que este ano, o grupo de 15 pessoas seja formado sem maiores dificuldades e que todos contribuam com antecedência, como já vem ocorrendo nos almoços mais recentes e que tragam a sua alegria, disposição para fazer novas amizades e/ou rever as antigas, boa vontade e, da parte dos organizadores um acolhimento de verdadeiros amigos que estão buscando se aprimorar na arte de viver e conviver em paz.

Para Ireme Smith o almoço cultural é uma iniciativa que dá um certo trabalho e a compensação maior é pelo fato de rever as pessoas com as quais se convive durante o ano, em um ambiente descontraído e informal. Isso tudo, ressalta Irene, sem perder o caráter de trocas afetivas, bem como de experiências e opiniões que é uma característica bem marcante dos eventos promovidos pela Ação Cultural.

02. 3º  Baile de Danças Circulares

A) Descrição resumida da atividade:

O objetivo do evento foi arrecadar fundos para o ECARTE, um projeto do qual visou trabalhar arte e Direitos Humanos com jovens de dois bairros de Aracaju. O baile foi conduzido por focalizadores experientes para celebrar e fazer o público interagir com esta manifestação artística. No repertório, um apanhado diverso da sonoridade de danças do leste europeu, de Israel e da cultura tradicional brasileira, entre outras.

B) Programação:

03 de março de 2010: Baile de Danças Circulares.

C) Tempo, período, duração: 03 de março de 2010.

D) Local: Centro de Criatividade.

E) Público atingido: NÃO ESPECIFICADO.

F) Apoios, parcerias, patrocínio: Centro de Criatividade, Governo de Sergipe.

Baile de Integração

Thiago Paulino -  Aracaju, SE - 18/3/2010 

3º Baile de Danças Circulares faz desconhecidos darem as mãos e proporciona um mosaico cultural

Tá certo.... o final de todo baile é o silêncio. Mas o desse baile foi diferente. Não foi somente a música que acabou. Era um silêncio diferente, daqueles que faz a gente olhar para dentro, refletir. Vamos rodar a roda do tempo... antes do fim... vamos ao começo.

Findou que num sábado1 à noite, entre opções culturais noturnas de Aracaju – é possível citar bandas de rock independente no pub do Capitão Cook ou comer crustáceos e bater papo com os amigos nos barulhentos bares da Passarela do Carangueijo – surgiu uma curiosa: um Baile de Dança Circular.

O Baile foi organizado pelo pessoal da ong Ação Cultural e tinha como um dos objetivos arrecadar contribuições para a revitalização do Projeto ECARTE – um projeto que possui como principal objetivo trabalhar oficinas de arte e direitos humanos com jovens de dois bairros periféricos da região metropolitana de Aracaju.

Formas de expressão de sentimentos, de religiosidade, de louvor à vida as danças circulares rodam o mundo e carregam uma bagagem ancestral. Desde a celebração de colheita em um país do Leste Europeu à pisada na areia acompanhando as pancadas das ondas do mar, como nas cirandas praieiras do nordeste. Um coreógrafo alemão, sujeito estudioso, chamado Bernhard Wosien foi um dos principais difusores

das danças circulares pelo mundo. Além de compilar diversas danças folclóricas e começar a ensiná-las a partir da década de 70, Wosien deixou um legado a que chamou de “Danças Sagradas” que, além de um saber ancestral possuem em si fins terapêuticos.

Vamos ao 3º Baile... Naquela noite a dinâmica foi a seguinte: aqueles que possuem mais experiências e conhecimento das danças circulares vão ensinando os passos. São os focalizadores. Eles não só ensinam os passos e fazem uma espécie de ensaio antes de soltar o som, como também contam a história da dança que será executada pelo grupo. ... Contar a história de uma dança... mostrar sua cultura.. Assim é mais fácil entrar nela e senti-la. Na noite do Baile, Irene Smith e Maxivel Ferreira estimularam várias vezes todos a dançarem. E sempre que possível outros participantes mais experiente também trazia uma dança circular diferente para a roda. Vale destacar também a participação de Gilcenir Ramos e Vera Martha como as outras focalizadores da noite que trouxeram ótimas histórias e passos para o grupo.

O funcionário público Luis Joacy não foi focalizador na noite do Baile. Mas como entusiasta das danças circulares desde 2007 explicou o significado da dança israelita Od Lo Ahavit Dai “Essa música é israelita e diz que o anjo da morte viria pegar alguém e essa pessoa diz que ainda não poderia morrer. Então a morte pede para dar uma boa justificativa. A pessoa diz que precisa criar os filhos. A morte responde que isso não é um bom motivo. A pessoa diz que precisa acumular um bom patrimônio para passar aos filhos para que não fiquem desamparados. A morte também não acha um bom motivo e diz: ‘você só tem mais uma oportunidade de dizer porque você não pode morrer ainda’. Aí a pessoa pensou e disse: ‘Eu não posso morrer ainda porque não amei o bastante, não amei o suficiente’. Por isso a morte a poupou”. Frase essa última que é a tradução do título da música.

Em certos momentos alguns passos mais complicados provocavam situações descoordenadas e risadas. Além da descontração criada, era possível perceber que o ato de dar as mãos e formar um círculo também ajudam na integração dos participantes no conjunto. Clara Bezerra é assistente social. Ficou sabendo do Baile pela internet. “É muito bom você conhecer diversas culturas sem precisar viajar. E você dançar com pessoas desconhecidas é algo muito interessante”.

Lá para o final do Baile, os organizadores escolheram algo especial. Foi apresentada aos “dançarinos” estreantes uma menousse.. um tipo específico de dança circular . Essa menoussis foi desenvolvida por Anna Barton uma disicipula de Bernard Wosiehn. Os passos acompanhavam uma música cantada por uma bela voz feminina. Uma canção lenta e relaxante. Zezito de Oliveira (no momento de focalizador) ensinou: dois passos para a direita, três ao centro (ida e volta) e um a esquerda. E depois explicou o sentido: os passos da direita são nossas vitórias, os passos para o centro, os momentos de encontro com a nossa força interior, à esquerda representa os momentos difíceis, os obstáculos.

Nem precisa informar... que o momento de introspecção foi geral. No filme da mente vinham algumas cenas de minha vida momentos que os passos evocavam. O Baile noite encerrou... o silêncio e a experiência... deixaram sua marca.

http://www.overmundo.com.br/overblog/baile-de-integracao

03. Projeto ECARTE apresentado em congresso mundial VII Congresso do IDEA Abraçando as Artes de Transformação: Viva a Diversidade! Viva!

A) Descrição resumida da atividade:

Zezito de Oliveira, representando a  Ação Cultural, foi convidado para apresentar a interessante experiência do Projeto ECARTE (Estatuto da Criança e do Adolescente com Arte) que, nos anos de 2002 a 2006, realizou oficinas de teatro, dança e discussões sobre o Estatuto da Criança e Adolescente com adolescentes do conjunto Jardim, periferia da região metropolitana

B) Programação: NÃO ESPECIFICADO.

C) Tempo, período, duração: 17 a 25 de julho de 2010.

D) Local: Belém do Pará. MAS, O LOCAL NÃO ESTÁ ESPECIFICADO.

E) Público atingido: NÃO ESPECIFICADO.

F) Apoios, parcerias, patrocínio: Unesco-Brasil, Aliança Mundial pelas Artes, Ministério da Cultura, Ministério da Educação e diversas instituições de ensino.

EXPERIÊNCIA DO PROJETO ECARTE SERÁ APRESENTADA EM CONGRESSO MUNDIAL
Coloque em prática o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) com arte e transforme em oficinas voltadas para adolescentes da periferia da Grande Aracaju. Assim originou o projeto ECARTE no ano de 2002. A experiência construída com arte-educadores e lideranças comunitárias será apresentada no “VII Congresso do IDEA - Abraçando as Artes de Transformação: Viva a Diversidade Viva!” que acontecerá nos dias 17 a 25 de julho.

Segundo o idealizador do projeto ECARTE, o professor de História, arte-educador e Produtor Cultural Zezito Oliveira, a viagem será uma ótima oportunidade de conhecer outras metodologias de trabalho e divulgar a produção sergipana na categoria de iniciativas culturais e transformação social. De volta a Aracaju, o arte-educador pretende repassar o conhecimento e experiências obtidas durante o congresso. Para Zezito participar de um evento deste porte é fundamental


O Mundo conectado à Arte e Sergipe ligado no Mundo

Zezito de Oliveira

Grupo de Marujada São Benedito (Bragança-PA)

Thiago Paulino · Aracaju, SE

8/10/2010 · 

Um público com um traço inevitável: a diversidade. Pessoas de vários cantos do mundo, com histórias e visões diferentes. Em comum, a pergunta: “como a arte pode transformar beneficamente realidades?”. Na certa houve inúmeras respostas nos dias 17 ao 25 de julho, período do “VII Congresso do IDEA Abraçando as Artes de Transformação: Viva a Diversidade! Viva!”, em Belém (PA). E é de lá, do Norte do País, que um sergipano concedeu a entrevista abaixo por telefone. Zezito de Oliveira foi convidado para apresentar a interessante experiência do Projeto ECARTE que, nos anos de 2002 a 2006, realizou oficinas de teatro, dança e discussões sobre o Estatuto da Criança e Adolescente com adolescentes do conjunto Jardim, periferia da região metropolitana de Aracaju.

- Cite três aspectos mais relevantes que você destacaria no IDEA 2010?

A abertura foi muito bonita, vários grupos do Pará estavam presentes: marujada, carimbó, grupos indígenas. Na chegada, senhoras erveiras davam banho de cheiro nos participantes. Primeiro destaque foi como fizeram a programação através de oportunidades onde as pessoas na abertura das conferências e rodas de diálogo podiam entrar em contato com as outras através de uma forma de comunicação para além do código verbal, utilizando gestos, movimentos, olhares e afetos. Em um dia foram técnicas do teatro do oprimido [Teatro desenvolvido por Augusto Boal que utiliza a platéia como personagem e que tem como objetivo democratizar o teatro para realidades desfavorecidas]. Em outros dias, foram técnicas de mimica e ginástica oriental, coordenada respectivamente por jovens da Tailandia e de Hong-Kong, este último por um rapaz excepcional, de um grupo de Hong Kong, que possui um trabalho junto a pessoas portadoras de necessidades especiais. Outro aspecto foi a imersão nas comunidades. Cada participante poderia escolher um roteiro para vivenciar uma experiência envolvendo arte-educação em comunidades ribeirinhas, nas pequenas ilhas. E um terceiro aspecto importante foi o contato com demais países. Da Europa vem a maioria, pelas condições óbvias, mas veio muita gente da Ásia e também da América Latina e da África. Esse último continente em menor quantidade, em razão das dificuldades de captação de recursos junto a cooperação internacional, em razão da crise financeira internacional de 2008/2009

-O que você pode trazer de positivo para o trabalho realizado em Aracaju?

O sentimento de coragem do pessoal que trabalha com situações de violência. Como agentes culturais do Zimbábue que enfrenta o próprio governo local e já tiveram integrantes de seus grupos presos. Outro caso interessante foi de uma jovem colombiana Julia Escobar, coordenadora da ONG Caixa Lúdica da Guatemala mostrando o que gerou a Rede Guatemalteca de Arte Comunitária. Um trabalho junto a jovens aliciados pelo narcotráfico e envolvidas com gangues. Há uma disposição de enfrentamento da violência e nesses processos, você percebe o quanto tem gente com coragem no mundo fazendo arte. E além de fazer arte, eles têm uma consciência de que a arte precisa ser bem feita, com mais afinco. Vejo neles muito estudo, muitos ensaios. Aqui no Brasil foi muito interessante um trabalho feito na Bahia e no Pará de arte junto com a polícia. Outra experiência bacana veio da China com vítimas do terremoto. A arte educadora disse que foi muito desafiador porque ela era muito tímida antes de iniciar esse trabalho. Então perguntaram como ela venceu esse bloqueio e ela respondeu: ‘Pelo coração’. Você percebe que mesmo quando a arte é política, você está trabalhando o ser humano. Isso passa também por um aspecto terapêutico da arte, porque o individual está conectado ao coletivo. A arte pode ajudar as pessoas a serem melhores, centradas no ser humano, mais conectadas umas às outras e antenadas a bons valores.

Como Sergipe pode se firmar nesse cenário mundial da arte educação para a transformação?

Acredito ser importante Sergipe se voltar à sua cultura. Não como algo fechado, mas sim em diálogo com outras culturas e povos. Outra coisa que acho fundamental é levar a sério a pesquisa, o estudo e buscar a beleza, a qualidade artística e, principalmente, o vínculo social bem firmado. Ao trabalhar com jovens você tem um desafio, porque, em certos trabalhos, se ficar somente no contexto tradicional não haverá diálogo. Você tem que fazer o diálogo do tradicional com a cultura urbana, a cultura contemporânea. Pensar na cultura como algo dinâmico. Como a embolada junto ao hip hop, a cultura popular com o rock, como no exemplo do Mangue Beat [movimento musical pernambucano que misturou tradições como Maracatu e estilos novos como o Rock, misturava Josué de Castro com ficção científica, e possuíam letras com engajamento social e ecológico]. Isso na música, mas existem também trabalhos sendo feitos no teatro e na dança. Falo desse diálogo enquanto processo pedagógico e artístico junto a jovens.

http://www.overmundo.com.br/overblog/o-mundo-conectado-a-arte-e-sergipe-ligado-no-mundo



O ano era 2007 ( Ação Cultural de Sergipe 20 anos - Cultura Viva 20 anos)




LInha do Tempo - ano 2012 ( Ação Cultural 20 anos - Cultura Viva 20 anos)



MEMÓRIA PARA USO DIÁRIO

Este trabalho de revisitação do arquivo digital e analógico da Ação Cultural tem a participação de Alan de Oliveira e Zezito de Oliveira, este último encarregado da edição final.

A Ação Cultural também é pioneira na formação de um arquivo digital de suas ações, com textos, sons e imagens e este representa cerca de 85% do acervo de informações que estão sendo disponibilizada de forma sistematizada nesse momento.

A maioria ou quase totalidade,  se encontrava disponível neste blog e nas outras plataformas utilizadas pela Ação Cultural, porém sem a organização que estamos fazendo neste momento.

A organização das informações inicialmente está sendo realizada de forma cronológica e mais a frente será organizada por temas ou ações.

Por ora é um trabalho voluntário, e é uma iniciativa que merece ser realizada por outros coletivos e organizações sociais e/ou culturais de base comunitária.

Quem participou das ações elencadas e quem não participou vai se surpreender com muita coisa, tanto positiva, como negativa. Neste último caso destacamos a repetição do padrão negativo de uma ordem politica, econômica, social e cultural bastante injusta em nosso país, em especial para pretos, pobres e periféricos. Já no primeiro como forma positiva, alguns avanços e conquistas, apesar do jogo duro da luta de classes...

Até o final do ano o trabalho será finalizado, com ou sem fomento público. 


terça-feira, 30 de julho de 2024

Os anos eram 2008 e 2009 ( Ação Cultural de Sergipe 20 anos - Cultura Viva 20 anos)

2009

01. Sarau arte na garagem

A) Descrição resumida da atividade:

O objetivo seria reunir mensalmente um grupo de pelo menos 20 amantes da cultura nas garagens e outros espaços apropriados das casas de alguns destes, palco onde o evento teve lugar. Mas só aconteceu uma edição com este formato, posteriormente em 2013, a proposta foi assimilada como Sarau Multicultural, tendo acontecido duas edições com esta denominação. 

B) Programação: 

Acima, apresentação de Krânio na abertura dos festejos juninos em 2007 no Gonzagão.

Bate-papo com Verônica Sacta (que mais uma vez visita Aracaju), integrante da Caravana Internacional Arco iris por La Paz. Na oportunidade, ela falará sobre o que aprendeu e ensinou ao visitar dezenas de Pontos de Cultura espalhados por diversos estados brasileiros.
Música – Krânio
Artes Plásticas – George Vieira
Video – José Lacierva
Poesia – Gilda Costa
Dança do Ventre – Karol Mora
Ambientação Estética: João Santos

C) Tempo, período, duração: 12/09/2009 - 19h30

D) Local: Rua Goiás  - Siqueira Campos

E) Público atingido: 13 pessoas

F) Apoios, parcerias, patrocínio: Trabalho voluntário de todos os envolvidos, sob a coordenação de Zezito de Oliveira e João Santos e colaboração de R$15.00 da parte dos convidados.

SARAU "ARTE NA GARAGEM" - SUA GARAGEM É O PALCO!
12/9 · Aracaju, SE - 1Zezito de Oliveira · Aracaju, SE

Reunir um grupo de pessoas para assistir a um show de artistas ligados à cultura de massa é fácil. Da mesma maneira, ir até o teatro para assistir a uma peça de teatro com artistas “globais”, também.

Os artistas da cultura de massa, incluindo os “globais”, contam com todo o aparato dos meios de comunicação e, por causa disso, em muitos casos, são os únicos dos quais a população, em especial adolescentes e jovens, têm conhecimento.

A despeito disso, o Brasil (e Sergipe não é exceção) conta com uma grande produção artística de qualidade que não consegue, salvo algumas exceções, mobilizar muita gente e, às vezes, nem mesmo um pequeno grupo para garantir presença em eventos culturais, mesmo que estes sejam de pequeno porte.

Para mudar esta situação, faz-se necessário ampliar as políticas públicas de democratização cultural, como também do acesso às novas tecnologias da informação e da comunicação, assim como fortalecer as iniciativas coletivas de artistas e produtores culturais voltadas para a formação de público.

Dentre estas iniciativas, destacam-se os saraus — uma tradição que data do período colonial e que mesmo assim nunca deixou de ser realizada. Aliás, nos últimos anos tem ressurgido com bastante força, até mesmo em alguns segmentos ligados à juventude da periferia de São Paulo e de outras grandes e pequenas cidades. Aqui em Aracaju, o mais tradicional chama-se “O Poeta, o Vinho e o Violão” produzido pelo SESC.

Nesta perspectiva, os produtores culturais João Santos e Zezito de Oliveira, com a chancela da Ong Ação Cultural, estão à frente do Sarau “Arte na Garagem”. A intenção é reunir mensalmente um grupo de pelo menos 20 amantes da cultura nas garagens e outros espaços apropriados das casas de alguns destes, palco onde o evento terá lugar.



UM SUCESSO!!!! A PRIMEIRA EDIÇÃO DO PROJETO “ARTE NA GARAGEM”.

A primeira edição do projeto “Arte na Garagem” foi um sucesso, reunindo arte e gente de qualidade. Quanto a esse aspecto não resta dúvida de que há muito artista produzindo biscoito fino(1) ou papa fina em matéria artistica, mesmo sem serem conhecidos do público que prefere esse tipo de arte.

Mesmo com o esforço de alguns veiculos de comunicação e de alguns gestores de espaços culturais, muito ainda precisa ser feito ou como disse Milton Nascimento e Fernando Brat : “Se muito vale o já feito, mais vale o que será”.

Por outro lado, tivemos alguns problemas com a produção, os quais precisam serem analisados e corrigidos, afim de não prejudicar a manutenção e ampliação das atuais e futuras alianças ou parcerias, formato de trabalho, sem o qual não será possivel a continuidade e a sustentabilidade da proposta.

Na próxima semana disponibilizaremos fotos, imagens de vídeo e depoimentos dos participantes da primeira edição.

Um grande abraço para todos (as) aqueles que tornaram possivel a realização da primeira edição do “Arte na Garagem”.

P.S: Importante lembrar aos que se fizeram presentes ao evento, da necessidade de entregar o depoimento sobre os aspectos positivos e negativos do mesmo, além de sugestões para aprimorarmos a proposta.

(1) Desde que o escritor Oswald de Andrade criou a expressão “biscoito fino”, ela virou sinônimo de algo selecionado, de qualidade. Como resposta aos comentários de que não era entendido pelo homem de rua, vociferou Oswald, “a massa ainda comerá do biscoito fino que eu fabrico” - profecia relembrada, 60 anos depois, por outro poeta e escritor, Geraldinho Carneiro, que ao saber que as amigas Kati e Olivia pretendiam criar uma gravadora comprometida com o supra-sumo da música brasileira, exclamou: “Mas o que vocês vão fazer é biscoito fino!”. E o batismo estava feito.




 2008

01. Palestra sobre empreendedorismo cultural

A) Descrição resumida da atividade:

A comemoração do aniversário do primeiro ano do Consórcio Cultural, cujas reuniões tiveram início em maio de 2007, não poderia ter sido realizada de maneira melhor. O objetivo foi proporcionar aprendizado sobre aspectos referentes às características de um empreendedor que deseje ser bem sucedido no setor de negócios relacionados à cultura, entre outras questões importantes.

B) Programação: Palestra com exibição em Datashow.

C) Tempo, período, duração: 12 de maio de 2008.

D) Local: Gonzagão.

E) Público atingido: 23 pessoas.

F) Apoios, parcerias, patrocínio: Gonzagão, Secretaria de Estado da Cultura, Sebrae, Ação Cultural, Caravana Arco Iris por La Paz, Quadrilha Junina Asa Branca, Quadrilha Junina Luiz Gonzaga.

https://acaoculturalse.blogspot.com/2008/05/um-sucesso-palestra-sobre.html

02. Encontro de Danças Circulares

A) Descrição resumida da atividade:

O objetivo foi o de resgatar a importância das danças de roda, através da vivência de um conjunto de danças em círculo de vários povos e tradições. Bem como desenvolver capacidades para utilização das danças como canal de crescimento humano pessoal e como ferramenta pedagógica no trabalho socioeducativo.

B) Programação: NÃO ESPECIFICADO.

C) Tempo, período, duração: 08 e 09 de março de 2008.

D) Local: NÃO ESPECIFICADO.

E) Público atingido: NÃO ESPECIFICADO.

F) Apoios, parcerias, patrocínio: NÃO ESPECIFICADO.

http://www.overmundo.com.br/agenda/encontro-de-dancas-circulares



A) Descrição resumida da atividade:

O objetivo foi comemorar o centenário de nascimento de Bernhard Wosien, o iniciador do movimento mais conhecido como Danças Circulares Sagradas ou Danças Circulares dos Povos. Bem como auxiliar no BEM  ESTAR dos participantes das rodas de danças, melhorando a qualidade de suas vidas através da ALEGRIA, da LEVEZA e da MEDITAÇÃO.

B) Programação: 

* 26, 27, 28 de setembro de 2008: oficinas de danças circulares na Fundação de Seguridade Social (GEAP).

* 11 de Outubro de 2008: Baile de Danças Circulares no Gonzagão.

C) Tempo, período, duração: 26, 27, 28 de setembro de 2008 e 11 de Outubro de 2008.

D) Local: Fundação de Seguridade Social (GEAP) e Gonzagão.

E) Público atingido: NÃO ESPECIFICADO.

F) Apoios, parcerias, patrocínio: Fundação de Seguridade Social (GEAP) e Gonzagão.

https://acaoculturalse.blogspot.com/2008/07/oficina-de-danas-circulares-danas-dos.html

http://www.overmundo.com.br/overblog/bailando-com-as-estrelas




O ano era 2007 ( Ação Cultural de Sergipe 20 anos - Cultura Viva 20 anos)




LInha do Tempo - ano 2012 ( Ação Cultural 20 anos - Cultura Viva 20 anos)



MEMÓRIA PARA USO DIÁRIO

Este trabalho de revisitação do arquivo digital e analógico da Ação Cultural tem a participação de Alan de Oliveira e Zezito de Oliveira, este último encarregado da edição final.

A Ação Cultural também é pioneira na formação de um arquivo digital de suas ações, com textos, sons e imagens e este representa cerca de 85% do acervo de informações que estão sendo disponibilizada de forma sistematizada nesse momento.

A maioria ou quase totalidade,  se encontrava disponível neste blog e nas outras plataformas utilizadas pela Ação Cultural, porém sem a organização que estamos fazendo neste momento.

A organização das informações inicialmente está sendo realizada de forma cronológica e mais a frente será organizada por temas ou ações.

Por ora é um trabalho voluntário, e é uma iniciativa que merece ser realizada por outros coletivos e organizações sociais e/ou culturais de base comunitária.

Quem participou das ações elencadas e quem não participou vai se surpreender com muita coisa, tanto positiva, como negativa. Neste último caso destacamos a repetição do padrão negativo de uma ordem politica, econômica, social e cultural bastante injusta em nosso país, em especial para pretos, pobres e periféricos. Já no primeiro como forma positiva, alguns avanços e conquistas, apesar do jogo duro da luta de classes...

Até o final do ano o trabalho será finalizado, com ou sem fomento público. 



segunda-feira, 29 de julho de 2024

Gil na Cultura, o Brasil colorido, antes de ser engolido pelo ódio, por Luís Nassif

 Naquele ambiente de otimismo, mal se sabia que, nos anos seguintes, o país ingressaria em uma guerra fratricida


Luis Nassif - jornalggn@gmail.com

Publicado em 28 de julho de 2024, 10:52 - Atualizado em 2024-07-29T10:53:11-03:00, 10:53

Fonte GGN

São várias as formas da economia. Uma delas é a economia da cultura. A Inglaterra tornara-se uma potência na música, muitos países especializavam-se na filmografia. Ainda mais quando anunciou-se o início da era digital. 

O Brasil tinha tudo para se tornar uma potência cultural. Tem a melhor música do planeta e os demais atributos capazes de encantar a juventude: colorido, festas populares, modo de ser brasileiro. 

Hollywood foi fundamental para o soft power americano. A música teria que ser para o Brasil, arrastando consigo outros aspectos culturais. 

 Comecei a escrever sobre o tema assim que o país acalmou, após o impeachment de Fernando Collor e o interinato de Itamar Franco. 

O tema convenceu o então Ministro da Cultura Francisco Weffort. Constituiu um Conselho da Música Popular para opinar sobre o tema e me convidou para membro. Recusei, para não confundir com minha profissão de jornalista, mas aceitei assistir e reportar as reuniões do Conselho. 

A primeira reunião foi no Rio de Janeiro. O conselho era presidido pelo grande Edino Krieger e tinha como membros músicos ilustres, como Paulo Moura e outros. Mas a única voz prática na reunião era de uma moça que trabalhava no mercado financeiro. 

Edino abriu a reunião dizendo que, a partir daquele momento, o Conselho opinaria sobre as verbas da cultura – não era bem assim. E alguém opinou que em vez de gastar dinheiro com bandinhas do interior – como o Ministro da Cultura de Itamar, Aluizio Pimenta – iriam gastar com os verdadeiros artistas. 

Ai o carro emperrou. Como admirador incondicional da cultura do interior – e, ainda mais, Aluízio Pimenta que, ao lado de meu pai, participou da criação do Conselho Federal de Farmácia – levantei dois argumentos. 

O primeiro, que não se poderia ver a cultura do ângulo exclusivo do Rio de Janeiro – que ainda não mergulhara na decadência das décadas seguintes. O segundo, se aquela conclusão – do controle sobre as verbas – vazasse, não haveria uma segunda reunião do Conselho. 

Não houve. 

Continuei escrevendo sobre o tema. Nos 80 anos do Banco do Brasil, me convidaram para falar na abertura sobre a importância da música para a economia e a diplomacia brasileira. Foi um evento majestoso. Na plateia, políticos, diplomatas, grandes clientes do banco. No palco, uma orquestra do conservatório de Tatuí (que, a propósito, está sendo destruído pela gestão Tarcísio de Freitas). 

Sugeri aos organizadores que terminassem o show de forma simbólica: colocando Zé Ketti, apenas com um violão, cantando “eu sou o samba”. 

Assim foi. Quando Zé Keti entrou no palco, sentado em uma cadeira, e carregado por duas pessoas (estava com problemas de locomoção) foi uma emoção geral. As luzes do palco apagadas, apenas uma luz incidindo sobre ele, e Zé Keti mostrando a contribuição essencial do negro para a música e da música para o sentimento de país. 

O único inconveniente é que ele gostou tanto do momento que não queria mais sair. Saiu carregado pelos dois funcionários, sem parar de cantar. 

Continuei com minha defesa da economia da cultura, até que foi eleito Lula e escolheu para o Ministério da Cultura Gilberto Gil. O Ministro chegou acompanhado de um grupo de “malucos belezas” da melhor estirpe, liderados pelo grande Cláudio Prado, neto de Caio Prado Junior. Cláudio conheceu os baianos em seu exílio londrino e montou shows memoráveis, aproximando-os da cultura pop. E era um visionário da nova economia digital. E, organizando a banda, Juca Ferreira, um furacão gerencial, conseguindo colocar em pé todas as ideias do mais criativo Ministério da Cultura da história. Os “pontos de cultura”, material audiovisual para comunidades isoladas, foi um feito extraordinário. 

Foi nesse campo fértil que, finalmente, minhas ideias conseguiram plantar algumas sementes. Fui convidado, inicialmente, para uma palestra para os conselhos de música que estavam sendo instalados. 

Assim como no caso do Conselho de Weffort, foi uma conversa difícil. Alguns músicos já falavam em cadeia produtiva da música, absorvendo o conceito. Um deles, se não me engano o pianista Antônio Adolfo dizia que o elo mais importante, na cadeia produtiva da música, era o músico. 

Em minha fala, ousei discordar. Músicos de qualidade eram insumos abundantes no país. O elo mais relevante da cadeia produtiva da música era o elo escasso: os produtores musicais, os que conseguissem transformar a música em produtos para conquistar o mundo. 

Fui além. Já tinham surgido as primeiras redes sociais. Minha sugestão foi o Ministério criar um portal com as músicas brasileiras e convocar jovens com domínio em inglês para começar a levar a bandeira da música para redes sociais internacionais, que estavam se formando. 

E repeti os argumentos de minhas colunas. O Brasil tinha a música de qualidade e a imagem de país colorido, voltado para a natureza. E o modo de ser brasileiro – informal, alegre – estava conquistando o mundo, especialmente após sair de um período tenebroso de ditadura e ter eleito um intelectual seguido de um operário. 

Na época, aliás, tive uma discussão pela Folha com meu colega Clóvis Rossi, um pessimista incorrigível. A última moda das praias da Europa era o verde e amarelo. Escrevi que simbolizava a nova imagem do Brasil no mundo. Clóvis rebateu que era apenas porque a combinação de cores era agradável. Sempre ouvi críticas à combinação do verde-amarelo, que tem grande simbolismo apenas como símbolo do Brasil. 

Na época, almocei com um executivo francês e, logo depois, com um italiano. E ambos confirmaram a consolidação da imagem do Brasil, o país mais querido da época, antes de mergulhar na década do ódio seguinte. 

Para avançar na definição da política da cultura, no entanto, faltavam números. Pediram a ajuda da Agência Dinheiro Vivo, que eu presidia. Cheguei a conversar com a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP), mas o Ministério não conseguiu suplantar a burocracia pública e conseguir verbas para a pesquisa. 

Nos anos seguintes, a Cultura continuou a ter papel relevante nas políticas públicas, com a redefinição da Ancine, o início de uma nova era para o cinema. O ponto alto foi a ida de Gilberto Gil à ONU, cantando e sendo acompanhado pelo Secretário Geral Koffi Anan. 

Naquele ambiente de otimismo, mal se sabia que, nos anos seguintes, o país ingressaria em uma guerra fratricida, o ódio se espalharia por todos os poros da Nação, o virus do negacionismo levaria um miliciano anti-ciência, anti-cultura ao posto de presidente.

Mas os malucos belezas de Gil mostraram que é possível.



Maduro é um ditador? Uma análise das eleições da Venezuela com Amauri Chamorro

 


Ouvindo o brilhante analista politico  Amauri Chamorro no programa Fórum Onze e Meia e a conclusão a que cheguei, não choro pelo resultado das eleições na Venezuela, choro pelos argentinos que não votaram em Milei, mas que sofrem com os  crimes lesa-humanidade e lesa-pátria  deste presidente celerado,  crimes atenuados ou escondidos pela grande midia. 

Sorte para todos os hermanos latino americanos.. Para os venezuelanos que as sanções econômicas sejam suspensas pelo governo norte-americano e que Maduro e sua equipe de governo, apesar das sanções. possam encontrar melhores maneiras para continuar merecendo o voto da maioria, mesmo que de forma isolada, já que a Venezuela não tem segundo turno. 


 

E que nós brasileiros,  façamos escolhas melhores mais à esquerda para as câmaras de vereadoras e prefeituras afim de barrar o crescimento e estragos causados pela direita fisiológica, vulgo centrão e estrema direita... 

ZdO


Para comentar as eleições na Venezuela e a vitória de Nicolás Maduro, o jornalista Luis Nassif recebe o jornalista, diretor de Redação da Revista Diálogos do Sul Global e analista político do canal Opera Mundi, Vanessa Martina Silva, o cientista político e apresentador dos O Mundo é um Moinho e Obs. de Geopolítica na TV GGN, Pedro Costa Júnior. 


Saiba como se vota na Venezuela

Álvaro Nascimento *

1. Só após o chavismo chegar ao poder as eleições na Venezuela passaram a contar com Justiça eleitoral (não havia antes), cadastro de eleitores (não havia antes), circunscrições eleitorais (não havia antes) de modo a impedir fraudes. Até então, os eleitores tinham seu dedo polegar marcado com tinta (que deveria durar dias no dedo de cada um) para evitar que votasse de novo!

2. A maior prova de que as eleições venezuelanas são limpas reside no fato da oposição ter conquistado maioria no parlamento em 2015, além de Nicolás Maduro ter vários governadores e prefeitos eleitos que se colocam publicamente contra seu governo. Parlamento, governadores e prefeitos estes que lhe fazem renhida oposição 24 horas por dia em todos os campos. Só lembrando, Maduro venceu as eleições de 2013 (após a morte de Hugo Chávez) com 50,61% dos votos contra 49,12% de Henrique Capriles, governou com minoria no parlamento e se viu obrigado a negociar diariamente com a oposição cada medida de governo que necessitaria de aprovação parlamentar. Isso nos lembra de alguma conjuntura, digamos, “más cerca”? Se as eleições fossem fraudadas, Maduro abriria mão de maioria parlamentar, apoio de vários governadores e de prefeitos de cidades importantes a troco de que?

3. Nas eleições deste 28 de julho, Maduro enfrentou outros nove candidatos a Presidente tentando impedir, nas urnas, sua reeleição. Vale a pergunta: todos estes nove seriam “amigos de Maduro” e contariam com o seu beneplácito, concorrendo em eleições fraudulentas? Raciocinemos: as eleições na Venezuela são realizadas em um único turno. Logo, aquele que recebe mais votos na “primera vuelta” toma posse para um mandato de seis anos. Sendo claro que há candidatos que são ferrenhos opositores históricos do chavismo, porque Maduro cometeria a idiotice de lançar candidatos “simpáticos” a ele, se suas presenças na corrida presidencial só faria diminuir os seus próprios votos, abrindo espaço para a vitória da oposição?

4. Sobre as eleições “fraudulentas”, os eleitores venezuelanos votam em urnas eletrônicas semelhantes às brasileiras em quase tudo, menos num quesito. Lá o sistema imprime – e entrega ao eleitor quando ele ainda está no interior da cabine eleitoral - um comprovante de votação após a digitação e inserção de seus candidatos no sistema eletrônico. Com o comprovante do voto na mão com a descrição de seus candidatos, cada eleitor, então, confere se o seu voto foi registrado de forma correta pelo sistema, deixa a cabine e deposita este comprovante em uma urna física, para eventual recontagem dos votos. Onde estaria localizada exatamente a fraude apontada pela mídia imperialista se tanto o sistema eletrônico como o comprovante impresso asseguram a inviolabilidade e eventual recontagem dos votos? Ainda sobre este sistema, o Conselho Nacional Eleitoral diz que a Venezuela “é o primeiro país do mundo a adotar esse tipo de mecanismo”, o que é feito há mais de 20 anos, desde 2003, tendo sido fiscalizado em cada pleito por vários organismos internacionais. É famosa a declaração do insuspeito ex-Presidente estadunidense Jimmy Carter atestando a correção e a legalidade dos pleitos venezuelanos: "O processo eleitoral na Venezuela é o melhor do mundo".

5. Em relação à ex-deputada ultraliberal María Corina Machado vale esclarecer que ela teve a candidatura vetada pela Justiça Eleitoral meses atrás por estar inabilitada a ocupar cargos públicos por 15 anos por seu apoio a tentativas de golpes contra a democracia venezuelana. Entre outros fatos gravíssimos, ela foi apoiadora inconteste das manifestações violentas quando, anos atrás, até bazucas foram usadas pela extrema direita para explodir e incendiar prédios de ministérios da área social. Além disso, a ex-deputada respondeu a processo no Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano (iniciado em 2015) por "inconsistência e ocultação" de ativos na declaração de bens que ela deveria ter apresentado à Controladoria-Geral da República (CGR) enquanto foi deputada na Assembleia Nacional (2011-2014). A CGR confirmou, em 2023, que María Corina estava inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos, apresentando novas provas ao processo. Por isso ela está inabilitada. Uma outra Corina (a Yoris) foi escolhida para concorrer em seu lugar, mas não se inscreveu no prazo legal alegando problemas no site do Conselho Nacional Eleitoral (o TSE deles), sendo que todos os demais nove candidatos de oposição a Maduro se inscreveram. Perguntada do porquê não foi pessoalmente à sede do Conselho se inscrever (há esta opção) ela declarou que não sabia ser possível fazê-lo. Na verdade, o partido dela sequer estava habilitado segundo as regras eleitorais a que todos os demais estão submetidos, como em qualquer país do mundo, inclusive no Brasil. Onde está, portanto, o tal “golpe” na oposição? O que há é um “show” mal produzido da mídia imperialista em relação a um fato tão ridículo quanto aquele que fez nações submetidas ao império considerar, anos atrás, Juan Guaidó Presidente da Venezuela. Guardadas as devidas proporções, o veto a María Corina Machado na Venezuela se assemelharia à situação criada no Brasil caso Jair Bolsonaro, inelegível por Lei e por decisão do nosso TSE por tudo o que fez, tentasse se inscrever para concorrer às eleições presidenciais de 2026. Aos progressistas que eventualmente achem que é atestado de falta de democracia o veto à Corina na Venezuela, vale o velho ditado de que “pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

Para além das questões relativas ao formato e legalidade das eleições, vale lembrar que a Venezuela e nada menos de 718 de seus dirigentes são, hoje, um país e um conjunto de autoridades bloqueados tanto pelo império estadunidense como por vários países a ele aliados, através de centenas de absurdas sanções. O mesmo ocorre com mais de 150 empresas venezuelanas e navios petroleiros. Estas 718 autoridades tiveram revogados os seus vistos de entrada em países subordinados aos ditames imperialistas. Além disso, a Venezuela teve roubadas todas as suas reservas internacionais depositadas em bancos europeus e teve embargados desde compra de armas ao acesso a seguro obrigatório de seus petroleiros, de forma a evitar que cruzassem tanto águas internacionais como a de outros países, na tentativa imperialista de impedir que comercializasse seu petróleo. Estas sanções obrigaram a Venezuela a navegar com navios próprios sob bandeira russa. O maior petroleiro venezuelano, o “Ayacucho”, precisou ser “rebatizado” com o nome de “Máximo Gorki” para poder acessar uma seguradora internacional.

Nunca será demais ressaltar que mesmo sob tantos ataques patrocinados pelo império estadunidense (cuja preocupação obviamente não é o bem estar dos venezuelanos, mas sim o petróleo, que faz com que a Venezuela seja o país com maiores reservas no planeta) a democracia venezuelana é um exemplo para o mundo.

* Jornalista, doutor em Saúde Pública pelo Instituto de Medicina Social da UERJ.



LIVE - AMÉRICA LATINA

Extrema-direita só muda de endereço. Sobre o filme "A revolução não será televisionada"

Com Romero Venâncio (UFS)

31/7. Quarta. as 20h

No Instagram romerojunior4503





domingo, 28 de julho de 2024

REPARTIR É GANHAR. - Dep. Fed. Chico Alencar, Irmão Marcelo Barros, Pe. José Soares, Pe, Júlio Lancellotti, Papa Francisco, Zé Vicente e Antônio Cardoso.

 Chico Alencar 

·(breve reflexão para cristãos ou não)

Nesse domingo, o Evangelho de João (6, 1-15) nos interpela sobre ter empatia, repartir e doar, a partir de gestos concretos de Jesus.

De cara, diante da multidão, há um Jesus interessado nos outros: "onde vamos encontrar pão pra tanta gente?".

Depois, um Jesus generoso. Um menino - portador de esperança - chega com 5 pães de cevada e 2 peixes; Jesus dá graças (pelos dons da vida) e com eles alimenta a multidão! 

Milagre é sinal sempre solidário: espalhar benefícios, não conformar-se com a fome.

Há também um Jesus que não quer o desperdício: "recolham o que sobrou".

E, por fim, um Jesus que recusa o poder: tendo saciado a fome do povo, se afasta, solitário, dos que o querem aclamar rei. Nenhum fascínio pela glória terrena...

E nós, preocupamo-nos com os 800 milhões de famintos, 10% desses ainda no Brasil? Valorizamos os pequenos produtores, as cooperativas e a agricultura familiar baseadas na agroecologia? Combatemos o desperdício da sociedade do consumo frenético e do descarte? Deixamo-nos seduzir pelo poder e a notoriedade na sociedade das aparências?

Papa Francisco alerta: "enquanto queremos multiplicar e acumular, Jesus quer que dividamos, partilhemos!".

Como temos agido nesse mundo que valoriza mais posse que doação, mais acumulação que distribuição, mais ganho pessoal que compartilhamento?

Temos, como o Mestre, ido "para a outra margem", livres da bagagem pesada do autocentramento, da busca do exclusivo interesse individual?

Estamos aqui para fazer diferente, para "desafinar", "destoar". Para ir, amorosamente, contra a corrente. Para "forjar no trigo o milagre do pão" (Milton e Chico B.). Para virar o mundo "em festa, trabalho e pão" (Gil).

Sintamo-nos numa Olimpíada da Fraternidade/Sororidade, em que o pódium é possibilitado a tod@s!

O milagre dos peixes é trazer vida. O milagre dos pães é a repartição.



A prioridade da partilha para a fé
XVII Domingo comum: Jo 6, 1- 15. 

                                            A prioridade da partilha em um mundo fechado ao amor.

Irmão Marcelo Barros

                 A ONU aponta que, de 2020 para os nossos dias, o número de pessoas afetadas pela fome em todo o mundo aumentou em milhões. Atualmente, calcula-se que quase um bilhão de pessoas vive em situação de fome ou de insegurança alimentar. No Brasil, mesmo com os esforços do atual governo federal e seus programas emergenciais, milhões de pessoas ainda são vítimas dessa forma de organizar a sociedade, a partir da ambição da elite e da política centrada no ódio e na morte. 

 Já na década de 1960, Dom Helder Camara expressava a sua dor diante do fato de que o mundo é assim. Ele chamava a atenção para o fato de que os países que mais oprimem os outros e são os maiores responsáveis pela desigualdade social e pela exclusão de milhões de pessoas das mínimas condições de vida são, justamente, os que se dizem de origem e cultura cristã. Dom Helder percebia que, no decorrer da história, com exceções de algumas figuras excepcionais, mais ou menos dissidentes, em geral, as Igrejas têm legitimado e sustentado o sistema social e político assassino e opressor. Em Riobamba, no Equador, nos seus últimos momentos de vida, o bispo Leónidas Proaño murmurava: - “Meu Deus, agora vejo com tristeza e dor que minha Igreja tem uma responsabilidade imensa de culpa por tudo o que os povos indígenas sofrem”.  

É à luz dessa realidade que convido vocês a meditarmos no texto evangélico, lido pelas comunidades, neste XVII Domingo comum do ano: Jo 6, 1 – 15.


 Esse relato é contado por uma comunidade, constituída por gente pobre, na qual muitos/as viviam no Império Romano do final do primeiro século da nossa era como residentes sem documento, isso é, não tinham sua cidadania reconhecida. 

Desde os anos 80, as comunidades cristãs tinham rompido com as sinagogas judaicas, mas em termos de administração social, nas cidades do Império, continuavam a depender da jurisdição dos rabinos. Os donos do império não faziam distinção entre judeus e cristãos. Por isso, as assembleias de discípulos e discípulas de Jesus, (as Igrejas de base) começavam a ser mal vistas e perseguidas pelas autoridades do Império. Esse foi o contexto histórico, no qual as comunidades joaninas recordam o episódio do evangelho que contam no texto que lemos hoje. No decorrer da história, essa cena ficou conhecida como “multiplicação dos pães”, embora, em nenhum lugar do texto, se fale em multiplicação. O evangelho diz que Jesus repartiu (o verbo grego é distribuir) pão e peixe. 

Um forte sinal de que a preocupação com o fato de que o povo tenha o que comer (é o que, hoje, chamamos segurança alimentar) é tão importante para os evangelhos é o fato de que, fora dos relatos da paixão de Jesus, esse episódio no qual Jesus alimenta uma multidão no deserto é o único acontecimento da vida de Jesus que os quatro evangelhos reproduzem, sendo que dois deles (Marcos e Mateus) contam como se esse fato tivesse ocorrido duas vezes. (Marcos 6, 35 – 44 e de novo no capítulo 8, 1- 9 e Mateus 14, 13 – 21 e de novo 15, 32 – 38) 

 O relato de João sobre esse episódio da partilha dos pães e dos peixes no deserto tem algumas particularidades, como o fato de ligar esse fato à festa da Páscoa (“Estava próxima a Páscoa dos Judaítas). Além disso, João esclarece que isso aconteceu na margem do lago que o evangelho chama de Mar de Tiberíades, por causa da cidade construída em honra a Tibério. O fato de Jesus não ter subido a Jerusalém para a Páscoa já chamava a atenção. No entanto, o fato de reunir muita gente daquela região era ainda mais grave. Pelo fato de estar em um território habitado por não judeus, as pessoas já eram consideradas impuras e pecadoras. Não poderiam mesmo entrar no templo de Jerusalém, nem celebrar a Páscoa. O evangelho diz que Jesus celebrou com aquele povo outra forma de comunhão. Provocou os discípulos sobre como comprar alimento para tanta gente. O evangelho diz claro que queria colocá-los à prova. Queria que compreendessem que a solução para a comida não poderia vir do dinheiro. 

Nos outros evangelhos, os discípulos dizem que seriam necessários duzentos denários, o equivalente ao salário de um trabalhador durante um ano para alimentar aquela multidão. Nesse evangelho, Filipe diz que nem essa soma seria suficiente. Hoje, sabemos que a fome e a insegurança alimentar da humanidade nunca será resolvida por soluções capitalistas. Jesus contrapõe a economia do dom e da partilha ao que podemos chamar de economia do lucro. Essa economia solidária e alternativa se expressa hoje no modo de organizar a economia das comunidades originárias. Significa a organização comunitária da troca, da gratuidade e da reciprocidade.


No evangelho de João, é Jesus que toma a iniciativa de distribuir a comida a partir dos cinco pães e dois peixes que um menino tinha trazido. Diferente dos outros evangelhos, João diz que os pães eram de cevada (o único pão que os mais pobres podiam comer, porque era mais barato) e os peixes eram secos, alimento que as pessoas podiam levar para viagem, sem estragar. Jesus dá graças (em grego é fez eucaristia) e distribuiu.  É possível que o verdadeiro milagre tenha sido o fato de que, ao verem o menino colocar em comum o pouco que tinha trazido para comer, outras pessoas tenham aceitado fazer o mesmo. Assim, aquilo que era impossível aconteceu: todos comeram. Jesus manda os discípulos recolherem o que sobrou. Há quem diga que somente com o que se desperdiça e joga fora do que sobra no comércio e nas casas, se conseguiria resolver a fome do mundo. Mas, para isso, seria necessária a cultura do cuidado com os outros e da partilha. O 

Infelizmente, a religião centrada no culto não cria isso. Para suscitar a partilha, Jesus reúne o povo no deserto. Como no tempo antigo, o Amor Divino alimentou o povo no deserto com o maná (Cf. Ex 16). Agora, na vida de Jesus, essa partilha dos pães e dos peixes é a Páscoa que retoma o novo Êxodo do povo que continua sendo marginalizado pela política, mas também pela religião do templo. 

Provavelmente, uma aglomeração de tanta gente na Galileia já era vista como evento subversivo e perigoso. O povo reage ao sinal da partilha que Jesus cria dizendo: Esse é o profeta! Isso significa: Ele é o Messias que nos vem libertar. A multidão quer proclamar Jesus como rei. Assim como Moisés, magoado e irritado, quebra as tábuas da aliança e sobe de novo o monte Sinai, também Jesus rejeita a realeza, como sendo idolatria e se evade para a solidão da montanha. 


Para nós, hoje, fica o apelo profético: superar o messianismo fácil do poder e testemunhar por nossa vida que o reinado divino vem a partir da comunhão e da partilha. 

                                        Cântico: Pão em todas as mesas

Zé Vicente









 ROTEIRO DOMINICAL - 17o DOMINTO DO TEMPO COMUM (ANO B - SÃO MARCOS)
JESUS E O SINAL DO PÃO
Pe. José Soares

NA COMUNIDADE DE JOÃO, Jesus é aquele que sempre nos alimenta e ainda provoca a nossa capacidade de viver a partilha. Se estamos no ano de Marcos, porque agora aparece João? Ele nos socorre com sua capacidade litúrgica de nos ensinar, nos mostrar o pão da vida e nos mostrar caminhos pastorais. Vamos aos textos: 
NA PRIMEIRA LEITURA um homem trouxe alguns pães para Eliseu e o profeta agiu com sabedoria pedindo que fosse tudo distribuído para o povo comer. O servo estava assustado e o profeta bem confiante e sereno, porque onde Deus bota a mão sobra abundância e partilha: “Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas? Eliseu disse outra vez: Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’” (2 Reis 4,43).
O PÃO é sempre sinal de abundância e de que Deus acompanha a nossa carência e a nossa humilde condição de pecador. Pão é alimento e sempre está relacionado com outros temas da sagrada escritura e da vida: pão recorda e se relaciona com mesa farta, peixe, alimento do céu, pão é palavra, carência e fome, bolsa família, banquete, benção e fartura, miséria e ausência e também pão é eucaristia que se faz na presença e com a vida de Jesus; não existe eucaristia sem compromisso com os pobres e famintos e não podemos alimentar a ilusão que eucaristia é só celebrada; eucaristia é vida partilhada no amor que gera unidade e paz (ler Paulo na segunda leitura Efésios 4,2-3).
NO EVANGELHO, Jesus sinaliza para o pão como resposta a incapacidade de Filipe enxergar a partilha. Vamos primeiro entender o que está fazendo Filipe nesse lugar. Seu nome tem origem grega e significa “amigo dos cavalos”. Filipe passa confiança e passa muita lealdade para com Jesus. Filipe aparece em momentos cruciais e depois desaparece. Ele age como aquele que deve apontar a luz e não sê-la. Filipe em João “gosta de incomodar” o Senhor: João 12,21-22; 14,8-9, bom ler e teremos uma visão ampla dele e do que significa sinal em João. 
“Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: Onde vamos comprar pão para que eles possam comer” (João 6,5). 
SINAL TEOLÓGICO e pastoral é como Jesus levanta seu olhar para nos enxergar como multidão faminta e sedenta de sua palavra. Jesus é o próprio sinal de um Deus que se preocupa com a nossa fome e providencia o pão para que comamos e partilhemos. Jesus não gosta de limitar a vida da comunidade a ter que sempre comprar. Triste mania essa nossa de gastar, consumir, comprar e dar um jeito de dizer cinicamente que os que não tem devem ficar fora da fila. Jesus enxerga no garoto com os pães e os peixes que a hora do banquete chegou e Ele próprio – não é assim em Mateus, Marcos e Lucas, só no evangelho de João – é quem distribui o pão, sinal de abundância para o povo comer. Jesus é o pão do céu e nos indica como pastoral: parem de construir santuários, reformar igrejas, comprar cálices de ouro e custódias caríssimas, sinos de prata e roupas vistosas. Parem de fazer da pastoral um lugar de pura exibição e olhem a multidão com fome, pois nela eu estou à espera da Igreja. BASTA!

ASSESSOR das CEBs e Vigário no Bairro Industrial - Aracaju.



Antonio Cardoso na Canção e a Prece: "Daqui do meu lugar"

O cantor, compositor e catequista está presente no Programa Brasileiro da Rádio Vaticano todos os domingos com o espaço especial intitulado "A Canção e a Prece". No programa de hoje: “Esse é verdadeiramente o profeta”…

Vatican News

Quanta falta tem de pão. Pão para essa humanidade faminta. O pão da solidariedade. O pão da fraternidade. O Pão da justiça. Senhor dai pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão. Hoje o Evangelho é para que possamos pensar no modo como agimos e no modo como nos transformamos em pão que parte e se reparte. Em meio a tantas multidões famintas nos tantos continentes, mas também no nosso país. Esse é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mundo, é assim que todos diziam pelos sinais de Jesus…

Ouça AQUI