segunda-feira, 8 de julho de 2024

Conversa a dois depois e sobre o filme " Maria Montessori - Ensinando com Amor" e sobre Aracaju, caminhando pelas ruas de nossa cidade. Por Zezito de Oliveira e Isabel Rodrigues.


Hoje, domingo 07 de julho de 2024,  a caminho do Cine Vitória descendo pela tradicional Rua Laranjeiras chego ao Centro Histórico de Aracaju e como é véspera de feriado local, 08 de julho – Emancipação de Sergipe, a sensação que me dá é  um pleno mergulho na aura de nossa cidade,  que no inicio da tarde deste domingo nublado se  revela nua, completamente nua, apenas com o casario baixo, misturado a algumas lojas comerciais, estacionamentos, casas habitadas e muitas não,  tudo majoritariamente fechado, com quase nenhum movimento, sem o movimento frenético e barulhento de pessoas e carros em um dia comum de semana. Assim Aracaju no dia de hoje, se mostra nestas ruas do centro e do entorno, onde moro, como  uma cidade  pequena, simples, aconchegante..... 

Uma cidade bonita, como Irene, minha companheira de vida...

“Bonita

Pra que os olhos do meu bem

Não olhem mais ninguém

Quando eu me revelar

Da forma mais bonita

Pra saber como levar todos os desejos que ele tem

Ao me ver passar”

Abaixo, o trecho da Rua Laranjeiras em que caminhei neste domingo, em fotografia década de 1970 em obras de pavimentação, nesta época não morava em Aracaju e nem em Sergipe. Sendo que neste dia em que caminho por esta rua, quase não há carros e pessoas.. Este burburinho acontece nos dias de semana, mas vejo algumas casas abertas que comumente não abrem durante a semana, na certa afim de se protegerem do barulho e por medidas de segurança, pois muitos dos residentes são pessoas idosas, fora as  muitas casas transformadas em estabelecimentos comerciais, quando não fechadas por completo.

A foto abaixo é do acervo da prefeitura de Aracaju e esta e outras semelhantes  estão publicadas no endereço: https://aracajusaudade.blogspot.com/2017/06/a-rua-laranjeiras-e-asfaltada-anos-70.html


O filme de hoje, componente do Festival do Cinema Italiano,  é baseado na história da vida de Maria Montessori, referência importante da pedagogia moderna, infelizmente com  frequência aquém do esperado.

E depois do cinema a conversa longa sobre o filme e sobre alunos e nossas aulas, com uma colega professora do Colégio de Aplicação (UFS) , Isabel Rodrigues, e frequentadora assídua do Cine Vitória, conversa boa,  tipo  sessão cineclubista e que se estendeu pelas ruas de nossa cidade na volta pra  casa.

Ao final a conclusão,  necessário se faz trabalhar e urgente com a primeira infância e com a formação dos futuros  educadores, na perspectiva que estes absorvam  mais os aspectos lúdico, sensorial, estético e o que temos de melhor em nosso repertório cultural de uma maneira em geral. 

Bem de acordo com o que sugere uma atriz e mãe de uma das meninas com deficiência cognitiva que foi levada para receber os cuidados de Maria Montessori e seu companheiro de vida e de profissão. A recomendação para a primeira aula de Maria em um faculdade seria contar uma história que tivesse a ver com o que ela fazia de melhor como médica e educadora e deixar de ficar repetindo ideias e nomes de autores “canônicos” ou consagrado dos estudos de medicina, nomes desconhecidos da maioria.  

A preocupação que levantei com relação a necessidade do trabalho com os educadores foi pela necessidade que estes incorporem cada vez a cultura popular, o cinema, a literatura, a música,  a pintura, o teatro e outras linguagens em sua própria formação e na dos seus futuros alunos, dai o nosso estranhamento pela expectativa de público não correspondida com um filme razoavelmente  avaliado sobre Maria Montessori. Pode ser uma maneira de salvar o Titanic da nossa educação do naufrágio completo...

Quanto as crianças na primeira infância,  como o processo de educação e socialização não é mais feito como gostaria por  famílias e comunidades,  diferente do passado em eram mais comuns as condições para a realização de brincadeiras infantis, contação de histórias e aprendizagem sensorial e experimental do mundo das relações interpessoais e do mundo do trabalho, sem considerarmos  isso, a implosão e explosão do mundo como conhecemos tende a se acentuar cada vez mais, até por causa da força da tecnologia e das redes digitais, levando cada vez mais ao atrofiamento das potencialidades de realização plena como seres humanos... 

E como o olhar de Isabel melhora o meu.....

Hoje, domingo, cachimbo para mim não pede – mas uma sessão de cinema, sim. Morando em Aracaju há quase seis anos, um dos meus lugares de predileção na cidade, disparado, é o Cinema Vitória. O nome foi herdado de um dos mais tradicionais cinemas de rua da cidade, mas a localização atual, com o codinome de “Sala Avenida Brasil”, fica num recôndito da desativada Rua do Turista. 

Foto: Divulgação

Fora do agito comercial da “semana útil”, a entrada se dá pela Praça Olimpio Campos, por um portão lateral do casario antigo do atual Centro de Turismo (outrora tradicional ginásio, prédio tombado pelo Patrimônio Histórico de Sergipe). De onde desci do táxi lotação até chegar ali,  caminhei poucos quarteirões pela Rua Propriá, mas o suficiente para me dar conta de que Aracaju guarda histórias e memórias: fachadas de casas antigas e novas; casas que viraram comércio e casas abandonadas; casas à venda ou para alugar, pois morar no centro da capital, para muitos, não faz mais sentido nem é seguro; uma praça-parque que deve ter sido bem imponente no século passado, porém agora busca revitalizar-se a custo com a reabertura da catedral que se ergue em seu meio...

Mas volto ao cinema. Em cartaz, filmes de um festival de títulos italianos e o escolhido da tarde foi “Maria Montessori - Ensinando com Amor” de Léa Todorov, uma produção franco-italiana de 2023. Montessori foi uma das grandes educadoras do século XX, cujos trabalhos são respeitados e seguidos até a atualidade. Se já valia a pena o programa pela cinebiografia, mesmo que limitada, tanto melhor por descobrir que o título original do filme “La nouvelle femme”, ou “ nova mulher”, permitiu entrever o quanto as mulheres ainda precisam fazer valer a sua condição feminina na sociedade, em todos os âmbitos: familiar, profissional, educacional. Certamente, houve avanços e conquistas femininas nos últimos 100, 120 anos, todavia, há muito o que ser devidamente alcançado.

Assistir a esse filme  também é como andar pelas ruas da cidade: é um exercício do olhar. Olhar para a História da Educação e buscar entender os imbricados mecanismos que constroem uma das mais complexas, difíceis e vitais estruturas sociais em vigor: a Escola, com toda a Pedagogia que a atravessa. Assistir a esse filme e poder, na sequência, engatar uma “resenha” com um amigo educador como Zezito é outro grande feito. 

Pois foi assim que nós dois, regressando à casa, fizemos um “exercício de flânerie e de olhar”, discutindo sobre o quanto precisamos recuperar a humanização da condição docente e a humanização da lida com crianças, jovens e adultos, para muito além da educação formal: precisamos de uma educação com ética, estética e profunda significação social. 

A conversa com Zezito foi profícua, mesmo durando pouco mais do que meia hora. De tudo o que falamos, alguns pontos se destacam: a necessidade mais do que urgente de que educadores se atualizem e se deem conta das mudanças nas relações interpessoais para além dos muros da escola; a necessidade mais do que urgente de sabermos abraçar as tecnologias e delas fazermos uso consciente e sensível – junto com os educandos, sem menosprezar a sua própria cultura, seus apelos e anseios, por mais que os consideremos confusos, fúteis ou incompatíveis com os nossos próprios.

Acima de tudo, a necessidade incondicional de se ter arte/ cultura em todo o fazer pedagógico, recuperando em nossas crianças e jovens aquilo que lhes é mais característico como estudantes: leitura e escrita. Como recuperar isso é o grande desafio que ora se nos impõe, pois acreditamos perder terreno a olhos vistos para a cultura digital e suas tecnologias.

Felizmente, posso dizer que o olhar de Zezito melhora o meu! E lhe sou muito grata por isso, pois de todo esse exercício, resulta que estamos aqui, em plataformas digitais e redes sociais, nos manifestando e ainda continuando a conversar. E mais: chamando as pessoas para essa roda de conversa!

DEDICAMOS ESSE ARTIGO DE OPINIÃO  AO GRANDE PENSADOR FRANCÊS EDGAR MORIN QUE HOJE, 08 DE JULHO DE 2024, COMPLETA 103 ANOS DE UMA VIDA LONGEVA E PROFÍCUA, LOGO UMA VIDA BEM VIVIDA... 

As ruas de Aracaju pelo talento de Paulo Lobo

Uma das principais ruas de Aracaju, Rua da Aurora, atual Rua da Frente como é mais conhecida, pelo talento de Sérgio Borges.


FORMULÁRIO DE AMPLA CONSULTA REMOTA SOBRE A PROPOSTA DE PROGRAMA NACIONAL DE CINEMA NA ESCOLA. 
Olá!

A Rede KINO – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual convida você para participar da segunda Ampla Consulta Remota sobre a proposta do Programa Nacional de Cinema na Escola  que foi elaborada durante o XVI Fórum da Rede KINO após uma primeira ampla consulta pública remota, prévia ao encontro presencial, para atualizar e ampliar a proposta de regulamentação da Lei Federal 13.006/14, que determina a exibição de no mínimo duas horas de cinema brasileiro por mês, como carga curricular complementar, nas escolas da educação básica.

A proposta rersultou da sistematização desta consulta pública e dos debates realizados de forma presencial na 19ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, entre os dias 19 e 24 de junho de 2024, por meio de quatro Grupos de Trabalho, a saber: formação docente, condições de exibição e produção, acervos e curadorias e pedagogias. 

Neste momento, socializamos o documento que resultou do trabalho articulado dos GTs de modo que as contribuições coletivas possam aprimorar o texto final da proposta, apontando perspectivas, diretrizes e formas de inserção das práticas cinematográficas nos contextos escolares, respeitando a diversidade dos territórios e valorizando a circulação das culturas e dos filmes que compõem o país, assim como modos de integrar a formação audiovisual ao processo de implementação da Política Nacional de Educação Digital a e às ações da Estratégia Nacional Escolas Conectadas.

Agradecemos muito a sua participação e o tempo dedicado a ler, refletir e contribuir com a proposta do Programa Nacional de Cinema na Escola.

*Para participar desta consulta pública, é imprescindível que leia atentamente o documento disponível no link abaixo. Então, antes de começar a responder o formulário, faça o download abaixo:

acesse o formulário AQUI

PÓS ESCRITO EM 09/07/2024
Uma  pesquisa publicada  e divulgada na Globo News no ano de 2015 traz alguns dados gerais sobre hábitos culturais dos brasileiros.
Uma pesquisa sobre hábitos culturais de professores e alunos da graduação da área de pedagogia e licenciaturas. Seria possível o financiamento de algo assim por parte do MEC em colaboração com o MINC?
Quais universidades brasileiras poderiam tomar iniciativa de propor? Já foram realizados estudos semelhantes ao proposto aqui em cursos de graduação e/ou pós graduação?
Para saber mais sobre a pesquisa acima, clique aqui , aqui 
Leia também:

25 a 27 de maio de 2010 – Facom-UFBa – Salvador-Bahia-Brasil
POLÍTICAS CULTURAIS E PRÁTICAS DE CONSUMO DE CULTURA:
ESTUDOS E QUESTÕES DO GOVERNO LULA
Lia Calabre (coord.)
A partir do governo Lula, na gestão do ministro Gilberto Gil, verifica-se a implementação de esforços, no sentido de colocar a cultura na pauta das políticas públicas. Os trabalhos que compõem esta mesa pretender contribuir para o fortalecimento e aperfeiçoamento desse processo analisando políticas e práticas de consumo contemporâneas. O primeiro dos artigos estuda o Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura, lançado em 2007, com parte de suas ações ainda em processo de implantação. O segundo analisa o potencial alcance do Vale Cultura e alguns de seus
prováveis impactos. O terceiro trabalho analisa as políticas para o fomento da diversidade cultural. E, o quarto trabalho nos apresenta uma análise de estudo sobre consumo cultural no Brasil.

Para quem não assistiu Maria Montessori, ainda tem uma sessão extra em Aracaju.







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