Hoje, domingo 07 de julho de 2024, a caminho do Cine Vitória descendo pela tradicional Rua Laranjeiras chego ao Centro Histórico de Aracaju e como é véspera de feriado local, 08 de julho – Emancipação de Sergipe, a sensação que me dá é um pleno mergulho na aura de nossa cidade, que no inicio da tarde deste domingo nublado se revela nua, completamente nua, apenas com o casario baixo, misturado a algumas lojas comerciais, estacionamentos, casas habitadas e muitas não, tudo majoritariamente fechado, com quase nenhum movimento, sem o movimento frenético e barulhento de pessoas e carros em um dia comum de semana. Assim Aracaju no dia de hoje, se mostra nestas ruas do centro e do entorno, onde moro, como uma cidade pequena, simples, aconchegante.....
Uma cidade bonita, como Irene, minha companheira de vida...
Pra saber como levar todos os desejos que ele tem
Abaixo, o trecho da Rua Laranjeiras em que caminhei neste domingo, em fotografia década de 1970 em obras de pavimentação, nesta época não morava em Aracaju e nem em Sergipe. Sendo que neste dia em que caminho por esta rua, quase não há carros e pessoas.. Este burburinho acontece nos dias de semana, mas vejo algumas casas abertas que comumente não abrem durante a semana, na certa afim de se protegerem do barulho e por medidas de segurança, pois muitos dos residentes são pessoas idosas, fora as muitas casas transformadas em estabelecimentos comerciais, quando não fechadas por completo.
A foto abaixo é do acervo da prefeitura de Aracaju e esta e outras semelhantes estão publicadas no endereço: https://aracajusaudade.blogspot.com/2017/06/a-rua-laranjeiras-e-asfaltada-anos-70.html
O filme de hoje, componente do Festival do Cinema Italiano, é baseado na história da vida de Maria Montessori, referência importante da pedagogia moderna, infelizmente com frequência aquém do esperado.
E depois do cinema a conversa longa sobre o filme e sobre alunos e nossas aulas, com uma colega professora do Colégio de Aplicação (UFS) , Isabel Rodrigues, e frequentadora assídua do Cine Vitória, conversa boa, tipo sessão cineclubista e que se estendeu pelas ruas de nossa cidade na volta pra casa.
Ao final a conclusão, necessário se faz trabalhar e urgente com a primeira infância e com a formação dos futuros educadores, na perspectiva que estes absorvam mais os aspectos lúdico, sensorial, estético e o que temos de melhor em nosso repertório cultural de uma maneira em geral.
Bem de acordo com o que sugere uma atriz e mãe de uma das meninas com deficiência cognitiva que foi levada para receber os cuidados de Maria Montessori e seu companheiro de vida e de profissão. A recomendação para a primeira aula de Maria em um faculdade seria contar uma história que tivesse a ver com o que ela fazia de melhor como médica e educadora e deixar de ficar repetindo ideias e nomes de autores “canônicos” ou consagrado dos estudos de medicina, nomes desconhecidos da maioria.
A preocupação que levantei com relação a necessidade do trabalho com os educadores foi pela necessidade que estes incorporem cada vez a cultura popular, o cinema, a literatura, a música, a pintura, o teatro e outras linguagens em sua própria formação e na dos seus futuros alunos, dai o nosso estranhamento pela expectativa de público não correspondida com um filme razoavelmente avaliado sobre Maria Montessori. Pode ser uma maneira de salvar o Titanic da nossa educação do naufrágio completo...
Quanto as crianças na primeira infância, como o processo de educação e socialização não é mais feito como gostaria por famílias e comunidades, diferente do passado em eram mais comuns as condições para a realização de brincadeiras infantis, contação de histórias e aprendizagem sensorial e experimental do mundo das relações interpessoais e do mundo do trabalho, sem considerarmos isso, a implosão e explosão do mundo como conhecemos tende a se acentuar cada vez mais, até por causa da força da tecnologia e das redes digitais, levando cada vez mais ao atrofiamento das potencialidades de realização plena como seres humanos...
E como o olhar de Isabel melhora o meu.....Hoje, domingo, cachimbo para mim não pede – mas uma sessão de cinema, sim. Morando em Aracaju há quase seis anos, um dos meus lugares de predileção na cidade, disparado, é o Cinema Vitória. O nome foi herdado de um dos mais tradicionais cinemas de rua da cidade, mas a localização atual, com o codinome de “Sala Avenida Brasil”, fica num recôndito da desativada Rua do Turista.
Foto: Divulgação
Mas volto ao cinema. Em cartaz, filmes de um festival de títulos italianos e o escolhido da tarde foi “Maria Montessori - Ensinando com Amor” de Léa Todorov, uma produção franco-italiana de 2023. Montessori foi uma das grandes educadoras do século XX, cujos trabalhos são respeitados e seguidos até a atualidade. Se já valia a pena o programa pela cinebiografia, mesmo que limitada, tanto melhor por descobrir que o título original do filme “La nouvelle femme”, ou “ nova mulher”, permitiu entrever o quanto as mulheres ainda precisam fazer valer a sua condição feminina na sociedade, em todos os âmbitos: familiar, profissional, educacional. Certamente, houve avanços e conquistas femininas nos últimos 100, 120 anos, todavia, há muito o que ser devidamente alcançado.
Pois foi assim que nós dois, regressando à casa, fizemos um “exercício de flânerie e de olhar”, discutindo sobre o quanto precisamos recuperar a humanização da condição docente e a humanização da lida com crianças, jovens e adultos, para muito além da educação formal: precisamos de uma educação com ética, estética e profunda significação social.
A conversa com Zezito foi profícua, mesmo durando pouco mais do que meia hora. De tudo o que falamos, alguns pontos se destacam: a necessidade mais do que urgente de que educadores se atualizem e se deem conta das mudanças nas relações interpessoais para além dos muros da escola; a necessidade mais do que urgente de sabermos abraçar as tecnologias e delas fazermos uso consciente e sensível – junto com os educandos, sem menosprezar a sua própria cultura, seus apelos e anseios, por mais que os consideremos confusos, fúteis ou incompatíveis com os nossos próprios.
Acima de tudo, a necessidade incondicional de se ter arte/ cultura em todo o fazer pedagógico, recuperando em nossas crianças e jovens aquilo que lhes é mais característico como estudantes: leitura e escrita. Como recuperar isso é o grande desafio que ora se nos impõe, pois acreditamos perder terreno a olhos vistos para a cultura digital e suas tecnologias.
Felizmente, posso dizer que o olhar de Zezito melhora o meu! E lhe sou muito grata por isso, pois de todo esse exercício, resulta que estamos aqui, em plataformas digitais e redes sociais, nos manifestando e ainda continuando a conversar. E mais: chamando as pessoas para essa roda de conversa!
DEDICAMOS ESSE ARTIGO DE OPINIÃO AO GRANDE PENSADOR FRANCÊS EDGAR MORIN QUE HOJE, 08 DE JULHO DE 2024, COMPLETA 103 ANOS DE UMA VIDA LONGEVA E PROFÍCUA, LOGO UMA VIDA BEM VIVIDA...
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