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sábado, 6 de julho de 2024
O impactante filme "O Sequestro do Papa" no Festival do Cinema Italiano
Rapito
de Marco Bellocchio
8½ Festa do Cinema Italiano
Itália, França, Alemanha, 2023, 125', Legendas PT, drama
com Paolo Pierobon, Fausto Russo Alesi, Enea Sala, Barbara Ronchi, Filippo Timi, Fabrizio Gifuni
Com O Sequestro do Papa, Bellocchio constrói uma obra íntima e política. Um filme de terror que tem como plano de fundo a "caridade" católica, que abala todas as noções preconcebidas.
Apresentado na competição oficial no Festival de Cannes e vencedor do Globo de Ouro italiano de melhor filme, Bellocchio nos presenteia com um olhar rigoroso sobre a complexidade das relações entre o Estado e a Igreja.
A história centra-se no caso verídico de Edgardo Mortara, uma criança judia de 6 anos que, em 1858, é levada da casa de sua família pelas autoridades do papa Pio IX. Edgardo foi batizado em segredo pela sua babá quando ainda era um bebê, fazendo com que ele fosse obrigado a receber uma educação católica. O Sequestro do Papa é um filme de violência não gráfica, mas hedionda, tornada ainda mais grotesca pelo sentido do direito moralista que está no centro de toda a opressão. Uma reconstrução perfeita da época, rica em detalhes, que nos faz mergulhar em um mundo controlado por um poder temporal onipresente.
Classificação indicativa: M/14
(...) É um episódio que mancha o Vaticano há 160 anos: um menino judeu de 6 anos foi tirado de sua família pela polícia papal e levado a Roma para ser criado como católico depois que autoridades da igreja descobriram que sua governanta o havia batizado secretamente.(...)
(...)Embora tais sequestros, como eram conhecidos, não fossem inéditos, o sequestro se tornou um escândalo internacional e contribuiu para o sentimento anticlerical que varreu a Europa. Na Itália, a causa encorajou as forças liberalizantes do Risorgimento que unificaram o país e provocaram o colapso dos estados papais por meio dos quais o papa controlava uma faixa da Itália central. (...)
Apontamentos sobre a primeira sessão do filme "O Sequestro do Papa" no Cine Vitória em Aracaju.
Ontem, 05/07/2024 fui assistir ao filme “O SEQUESTRO DO PAPA” com grande expectativa, até por conta da temática e pela recomendação de um especialista em história contemporânea da igreja, em especial da disputa teológica e filosófica que grassam nestes tempos nervosos e que culminou nesta semana com a excomunhão do cardeal Viganó.
A seguir trago alguns apontamentos, sem maiores pretensões de critica, apenas primeiras impressões mesmo.
1 – A fotografia e reconstituição de época são exuberantes. Com roteiro bem construído e interpretação de atores bem convincente. A preparação dos intérpretes, incluindo as do personagem infantil foi feita a contento. A caracterização psicológica de um dos personagens mais importantes do centro da trama, o Papa Pio IX, foi realizado sem caricatura, não apresentando somente o aspecto da insensibilidade, mas um personagem com traços de afetividade. Esta maneira de condução me lembrou o verso da icônica canção do Chico César “Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa e da bondade da pessoa ruím.”
2 – Um clima de tensão e indignação permanece até o desfecho final da história.
Durante o filme, lembrei em contraste com a figura do Papa Pio IX e seus auxiliares próximos da alta cúpula da igreja da época, as figuras contemporâneas de Dom Helder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Adriano Hipólito, Dom José Vicente Távora, Dom José Brandão de Castro, Dom Oscar Romero, Papa Francisco, entre outros.
Logicamente que isso tem a ver com o contexto de época, embora dentro da igreja a disputa interna também tem essa questão de época como pano de fundo, havendo os que desejam e trabalham para prevalecer um modelo de igreja com inspiração na velha cristandade da europa medieval, do qual o episódio relatado no filme "O Sequestro do Papa" é continuidade, em contraposição com os promotores e defensores das reformas iniciadas a partir do Concilio Vaticano II, iniciado em 1962 e concluído em 1965, as quais buscam colocar a igreja católica em abertura e diálogo com o mundo contemporâneo.
O rapto do menino judeu também me lembrou a separação das crianças indigenas de suas familias no periodo colonial, afim de compor missões ou aldeamentos religiosos para fins de catequização e formação de um outro modo de pensar e de viver.
Por último, o Cine Vitória estava com um público bem aquém do esperado, fico imaginando o tanto que poderia aprender professores e alunos da graduação e do ensino médio com um filme assim, além do momento de diversão, a despeito da tragédia apresentada na tela.
Zezito de Oliveira
A segunda e última sessão acontece nesta segunda-feira, 08 de julho.
E depois de assistir o filme leia critica especializada...
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