sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

EXTREMA DIREITA CATÓLICA E A TENTATIVA GOLPISTA DE 2023. NOTA - Por Romero Venâncio e Toninho Kalunga

 

Romero Venâncio (UFS)

É preciso que digamos em alto e bom som: desde 2013, essa mobilização nas redes digitais da extrema direita católica se encaminhou para posições de apoio antidemocráticas. Apoiadora de Bolsonaro desde a primeira hora, esses católicos extremistas viviam (e vivem) militando nestas redes em favor de tudo que é de direita e reacionário. Passou a ser tarefa para qualquer católico de extrema direita: entrar num mundo paralelo, se deixar guiar por "teorias da conspiração" e reproduzir aos montes em suas redes ou nos grupos. Esse "método”, articulado por Olavo de Carvalho e tendo como condutor dentro do catolicismo o Pe. Paulo Ricardo, frutificou. 

Existe uma plataforma de estudo e militância que tem como objetivo manter viva os católicos de extrema direita dentro e fora da Igreja. Destacamos aqui os pontos mais relevantes desta plataforma formativa. Parte-se de uma certeza que existe um grande projeto de infiltração na Igreja desde o "Concílio Vaticano II" (o livro do Taylor Marshall intitulado: "Infiltrados: a trama para destruir a Igreja a partir de dentro" - tornou-se a "bíblia" dessa gente), as conferências episcopais latino-americanas dos anos 60 e 70 (Medellín e Puebla, respectivamente), a Teologia da Libertação (ou o que acham entender!) e mais recentemente, o Papa Francisco e seus documentos públicos. 

Tudo isso vem sendo combatido diuturnamente por youtubers ou grupos organizados nas redes digitais. São cursos, palestras, missas em latim, filmes, editoras... Além de tudo, há um destaque: essa extrema direita leva a fio o caminho da "monetização", através do ganho de dinheiro com sua militância extremista. Vários aproveitaram o momento e criaram verdadeiros negócios com esse discurso inflamado. A coisa não só ideológica, mas monetária também. 

O golpe no governo Dilma Rousseff, a passagem de Temer pela presidência, a prisão de Lula e a eleição de Jair Bolsonaro foram fundamentais para os "negócios" dessa extrema direita católica. O Centro Dom Bosco, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, Dea e Tiba, Católicos de Verdade, Bernardo Kuster, Pe. Paulo Ricardo, Pe. José Eduardo, Pe. Wander de Jesus Maria, Frei Gilson/Irmã Kelly Patrícia, Rafael Tonon e a Comunidade Católica Pantokrator, apostolado glórias de Maria, sedevacantistas são apenas alguns personagens dessa tragédia... Com o apoio de uma série de padres e alguns bispos, essa gente avançou consideravelmente dentro da Igreja Católica há duas décadas. 

Durante a gestão Bolsonaro e família, a extrema direita católica estreitou seus laços com o governo e empenhou seu apoio todo o tempo aos discursos raivosos e cafajestes do ex-presidente. Uma coisa é certa: o governo extremista e oportunista de Bolsonaro empoderou todos esses extremistas católicos nas redes digitais. Eles sentiam-se inatingíveis. Passaram a atacar padres e bispos progressistas, organizações como CIMI, CPT, CNBB foram sistematicamente agredidas (pode-se encontrar quase todos nestas redes). Foram para cima de militantes petistas e do PSOL com uma virulência nunca vista. Alimentaram fantasmas como "ideologia de gênero" (o Pe. José Eduardo foi pioneiro no acolhimento do termo no Brasil) e "ditadura gay”, tendo espalhado sistematicamente estas coisas. Muitas dessas ideologias atingiram em cheio o clero brasileiro mais jovem. A fragilidade e o descaso com a formação do clero jovem no Brasil é um caso à parte e tornou refém uma geração importante de padres na atualidade. Os trabalhos de pesquisa sobre a formação do clero do Pe. Agenor Brighenti é uma boa referência para entendermos tudo isto.

Acreditar que com toda essa trajetória a extrema direita católica ficaria de fora da tentativa de golpe em janeiro de 2023 seria ingenuidade ou desinformação. Esses católicos extremistas participaram do janeiro macabro de 2023 como massa manobra, como "gado" mesmo e participaram da logística anterior. 

O caso do Pe. José Eduardo, que neste dia 08 de fevereiro de 2023 tomou conta das redes digitais diante das informações da Polícia Federal, não deveria ser surpresa. O caso do Pe. da diocese de Osasco se torna mais grave. Ele participou como "cérebro da coisa" e utilizou todos seus conhecimentos "jurídicos". Ele gosta de exibir seu currículo de estudos em Roma e seus títulos em termos jurídicos e bioética. No mesmo dia, o Pe. José Eduardo apressou-se para "explicar" como seu nome aparece numa lista da Polícia Federal como um dos mentores da tentativa de golpe em 2023. Esse padre tem ligações internacionais com a extrema direita. O jornalista Leandro Demori (quando ainda trabalhava no The Intercept Brasil) havia escrito um texto jornalístico informando quem era este padre e como ele militava na direita católica em agosto de 2021.

No vídeo publicado pelo Pe. José Eduardo na quinta (9/2) com duração de 10 minutos o distinto não explicou nada. O ponto central de como ele participou de reuniões preparatórias para a tentativa de golpe em 2023, o padre em nada falou, tem documentos com a participação dele. Será investigado, inclusive. Sobre isto, nada disse. Afirmou a gororoba de sempre: professor de teologia moral, contra aborto e agradeceu a solidariedade de seus aliados. Ele tentou passar uma imagem de tranquilidade com aquele ar farsesco característico. Mas ele sabe que a coisa é grave e envolve uma questão constitucional. 

É chegada a hora da Igreja Católica no Brasil se posicionar sobre estes graves acontecimentos por que passa o País. Em tempos passados de ditadura, a CNBB foi um importante farol para o povo brasileiro. Esperamos que ele recobre a memória neste 2024 em que lembramos os 60 anos do golpe de 1964 e tome uma posição firme e coerente com sua trajetória. Em tempo.

A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO DO Pe. JOSÉ EDUARDO. UMA REFLEXÃO

A situação do pe. José Eduardo é de extrema gravidade. Nesta quinta (8/2), o distinto resolveu fazer uma breve live de 10 minutos para "responder" sobre sua situação diante do documento revelado pela Polícia Federal onde o padre aparece como um dos articuladores da tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023. Na verdade, o padre nem tocou no ponto. Preferiu dissimular, falar de seus títulos (a velha tática da "carteirada") e omitir a grave acusação que sofre. Típico das práticas da extrema direita católica: o vitimismo como método.
Comecemos chamando a atenção para a gravidade da situação da situação do padre: segundo a Polícia Federal, ele faria parte do chamado “núcleo jurídico” de uma organização criminosa que atuava para desacreditar o processo eleitoral, além de planejar e executar um golpe de Estado com o objetivo de abolir o Estado democrático de direito e impedir a posse de Lula. O “núcleo jurídico” operava por meio da “avaliação e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendiam aos interesses golpistas do grupo investigado”. Um relatório da Polícia Federal apontou que o religioso possui site “no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados a produção e divulgação de notícias falsas”. Desde o golpe de 1964, não víamos no Brasil prelados participado ativamente e na qualidade de mentor, em tentativas de golpe de estado. 
Entendamos: o padre não foi um participante enganado que foi para Brasília num ônibus para ficar acampado na frente de um quartel e depois marchar para invadir as instituições dos poderes... Não. O distinto não fez isto. Ele aparece na qualidade de mentor intelectual e numa relação de intimidade com a família bolsonaro e com o restante dos golpista. E não começou com esses atos golpista militância de extrema direita do padre José Eduardo. Desde 2013, ele vem se articulando intencionalmente numa cruzada contra aborto e na propagação do fantasma da "ideologia de gênero". Atacando professores, políticos e intelectuais como Judith Butler, essa tem sido a tônica da militância do padre.
Não há ingenuidade nesta empreitada do padre. Ele tem convicção. Trata-se de um ideólogo da extrema direita católica no Brasil. O perfil dele nas redes digitais não deixam dúvidas. Apelos devocionalistas, moralismos anacrônicos, ataques a comunistas, feministas, homossexuais...  Mas nada se compara ao que estava por vir. A informação incriminadora: segundo a Polícia Federal, o padre José Eduardo participou de uma reunião no Palácio do Planalto, em 19 de novembro de 2022, junto de Filipe Martins e do advogado Amauri Feres Saad. O grupo, segundo as investigações, articulava uma forma de manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições daquele ano. Diante dessa informação comprovada, o padre tem muito a se explicar e não sairá fácil desta situação. óbvio que ele tem dinheiro a partir de uma rede de apoio construída nestas mesmas redes digitais e com setores da direita e do agronegócio (tão querido pelo padre), ou seja, ele não é um "coitadinho".
 

 A HORA DA VERDADE  CHEGOU PARA PADRE JOSÉ EDUARDO.
Toninho Kalunga

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, (minha diocese) foi um dos 33 alvos da Operação "Tempus Veritatis",  - do latim, “HORA DA VERDADE”, - como sendo integrante do núcleo jurídico no “Assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”. 
Ou seja, o padre José Eduardo é um golpista. Sua postura nos últimos anos é muito mais de um militante da Extrema Direita do que de um sacerdote católico. Sua visão, estereotipada e pessoal de mundo, está acima da Doutrina Católica, acima da orientação histórica e deste momento da Igreja particular de Osasco e, principalmente, ficou acima do Evangelho.
Padre José Eduardo se perdeu no personagem que criou e que ficou maior que ele. O extremismo o alçou ao patamar de liderança religiosa que jamais teria alcançado nas comunidades da periferia da Diocese de Osasco. O poder trazido pela celebridade o inebriou. Foi dominado pela fama dos likes e seguidores da internet  e se submeteu ao esquema da quadrilha que tramava um golpe contra a democracia brasileira. Preferiu se submeter a Bolsonaro, abrindo mão de ser sacerdote de suas comunidades. Traiu o povo que despertou sua vocação para ser parte de uma trama que deixaria muitos dos leigos e mesmo colegas de sacerdócio em risco de vida.
O que este padre defendia era uma ditadura. Essa conversa amarela de que ocupava um lugar de escuta e partilha da fé é a mais cruel face de um covarde que diante da hora da verdade, se protege na caricatura de um sacerdote, mas nas salas fechadas do bolsonarismo, tramava o expurgo daqueles que, como eu, e tantos outros, se posicionava contra a morte trazida pelo governante que ele passou a admirar mais que a seu bispo. Nem falo do Papa Francisco, pois a este, sua linha ideológica o trata como sendo um inimigo de sua fé. Agora, provavelmente, irá se desdizer, o que é uma pena. Mas a veste de cordeiro, não fica bem nas costas de um lobo.
Enquanto militante da extrema direita, era aclamado nas redes sociais como sendo um feroz combatente contra o comunismo.   Comunismo esse que jamais existiu, ao não ser em sua cabeça, mas que dominava e domina seu discurso que afasta muita gente da Igreja, da ação direta no meio dos pobres, de agentes das pastorais sociais e colegas de presbitério. Nunca teve limites nem respeito a nenhum de nós. O comunismo - que insisto, jamais existiu - mas que era alardeado como estando dentro da Igreja era sua moeda de troca com a fé. 
Para o padre José Eduardo existem dois tipos de cristãos. Os que o seguem ideologicamente e os outros. Os primeiros, ele garante a salvação, para os outros, não há consolo. Em nome da Extrema Direita usou a fé para enganar pessoas politicamente, maltratou tantos de nós com suas palavras duras e sem vida, manipulou e iludiu a muitos em nome da torpe ideologia e da defesa do fascismo doentio que tem na manipulação da fé cristã seu alicerce!! Seu mundo católico era preto e branco. Jamais se permitiu enxergar o colorido de nossa fé. 
Jamais se incomodou com o fato de ver pessoas se afastando da vivência comunitária. O que importa é sua ideologia de extrema direita, não a Igreja. Não tem comunidade e sim uma seita de seguidores de internet. Encontrou a fama no bolsonarismo e com ela se casou. Abriu mão da vocação de sacerdote do povo, para ser sacerdote da extrema direita e nisso fincou sua caminhada presbiteral. Saiu da periferia e da pobreza,e quis permanecer no centro e no poder. A hora da verdade, lhe bateu à porta.
Usou e abusou de usar o Nome de Deus para enaltecer o nome de políticos de extrema direita. Gostava de ser tratado como autoridade religiosa e se assentar nas cabeceiras das mesas dos poderosos. Na antiguidade, alguns líderes religiosos levaram o povo de Deus a adorar o Bezerro de Ouro. Padre José Eduardo levou muitos a idolatrar um mito!
Um religioso ser de direita não é pecado. Também não é pecado defender o que se acredita politicamente. Todos nós podemos defender o que acreditamos e até dizer que este é melhor que aquele, inclusive padres! Eu por exemplo, gosto de ver padres defendendo minha linha ideológica, por esta razão, acho legítimo que outros possam sim defender seus pontos de vista no que chamamos de conservadorismo político. 
Um padre pode defender o neoliberalismo, o capitalismo ou qualquer que seja o ismo político. Só não pode defender que seus adversários sejam perseguidos por uma ditadura militar e ser hipócrita e dizer que este Deus prefere o seu governante em detrimento daquele outro. Os poderes humanos são sempre controversos e Deus não tem título de eleitor. 
Padre José Eduardo se insere no mesmo galardão religioso que o Padre Paulo Ricardo de Cuiabá, no aspecto do conservadorismo da extrema direita católica, mas não tem a mesma inteligência e capacidade de defender seus pontos de vista do padre matogrossense. 
Enquanto o padre de Osasco se aliou despudoradamente a um mito em Brasília, o outro se alia a uma ideologia com vestes de doutrina religiosa. Enquanto Padre José Eduardo é usado pela extrema direita, Padre Paulo Ricardo a usa como instrumento de sua pregação religiosa. 
Os dois têm no pseudo comunismo sua arma retórica, mas um não se submeteu à defesa de um golpe de estado. O outro é subserviente a uma proposta que extermina a democracia. Nenhum crítico de Padre Paulo Ricardo poderá dizer que ele é um religioso baba ovo. O patamar de Padre Paulo Ricardo é o de uma liderança religiosa e não de um puxa saco de batina de Bolsonaro. 
Quem conhece Padre José Eduardo de perto sabe de sua limitação teológica. Assim, se apega a nomes esporádicos de ideólogos da extrema direita mundial e local, pinçando palavras que, aos olhos dos incautos, parecem ser de uma grande sabedoria. Para chegar a fama, permitiu, através de sua condição de padre que topa ser usado para disseminar doutrinas religiosas da idade média como se fossem temas religiosos deste momento histórico da Igreja.
A grande diferença desta gente com relação aos progressistas católicos é que não buscamos o rompimento com a fé católica em razão do Papa de plantão ser distante de nosso posicionamento ideológico. São João Paulo II e Bento XVI eram expoentes de uma doutrina católica mais próxima das perspectivas políticas do conservadorismo católico e nem por isso, nós que somos, ligados à Teologia da Libertação propúnhamos o rompimento e o cisma com a Igreja. Respeitamos e participamos da vida comunitária, rezamos com verdade no coração por nossos Papas e temos comunhão com a Igreja de Roma.
É muito claro para todos nós, progressistas, que o sucessor de Pedro tem a legitimidade dos apóstolos. É muito claro para nós perceber que o Bispo de cada Igreja Particular, de cada uma das Dioceses e Prelazias deve ser respeitado como sendo o representante legítimo do Papa em nossas comunidades e a eles devemos respeito e obediência religiosa, por mais que possamos também discordar de seus pontos de vista no que se refere ao mundo secular (mundo social). Mas não podemos propor rompimento e acusar de ser impostor como essa gente não assume, mas diz continuamente, contra o Papa Francisco.  
É muito claro para nós que o Concílio Vaticano II é a orientação doutrinária de última instância conciliar da Igreja Católica Romana e que o Papa atual é Francisco. Também, nós progressistas, defendemos que o Magistério da Igreja Católica é o tutor da fé Católica que tem em seu bojo, entre outras, a concepção belíssima da Doutrina Social da Igreja como parâmetro da ação dos cristãos no mundo. O pecado social é tão ou mais perverso do que os pecados individuais.
Nós progressistas cristãos, defendemos a democracia como forma de governo e a auto determinação dos povos como parâmetro para a escolha de seus governantes, porque entendemos que o sistema capitalista é manipulador e anti democrático em razão de sua natureza, pois privilegia os ricos em detrimento dos pobres e usa o poder financeiro para destruir governos e povos que discordem da ditadura financista global que limita e impede o desenvolvimento dos países pobres. 
Mas quando alguém é contrário as nossas ideias, não os tratamos como inimigos que devam ser calados e mortos por nossos governos. A lei deve ser cumprida contra todos aqueles que atentem contra a democracia e que seja garantidos aos acusados de qualquer crime, absoluto e irrestrito direito à defesa, que tenham um juiz imparcial  que os julgue e um ministério publico que promova a justiça e não os holofotes da mídia e das redes sociais.
A Doutrina Social da Igreja, ao contrário do que dizem alguns destes sacerdotes que parecem viver no século XII, não é comunista não senhor senhores padres da extrema direita. A doutrina Social da Igreja é a flor e o fruto brotadas diretamente do mais profundo entendimento do Evangelho e reconhecidas pela sabedoria dos Cardeais, Arcebispos, Padres e LEIGOS E LEIGAS no decorrer do tempo histórico. 
Quem não reconhece a beleza e essa Luz que nasce do mais profundo âmago do catolicismo é que está fora da comunhão com a Igreja. Em conversas com gente importante da Diocese de Osasco, o que ouvi é que as ervas daninhas existem em meio a plantação boa. E que não é possível arrancá-las, pois isso afeta a raiz das duas, já que o Criador permitiu a coexistência de uma e outra em nosso meio. Então, o que é necessário fazer é esperar o tempo da verdade! 
A última vez que tive paciência para ouvir trechos das falas de Padre José Eduardo em recortes que nos deixam atônitos, o mesmo falava sobre sua certeza e suas orações de que Deus iria agir para derrotar os perversos que manipularam as eleições presidenciais de 2022. E não é que Deus atendeu a oração dele! E nem precisou usar anjos para a tarefa. Bastou a Polícia Federal para dar conta da situação. Ele pregava sobre o poder da oração. Tenho que reconhecer. Nesse ponto, ele teve razão.
(*) membro da Fraternidade Leiga Charles de Foucauld, cristão pecador e corinthiano sofredor.

Romero Venâncio
O vídeo trabalha com dois termos fundamentais para entender o que queria Olavo de Carvalho com a Igreja Católica. Olavo usa o "perenialismo" e o "tradicionalismo" para entrar na Igreja Católica e Pe. Paulo Ricardo foi o condutor. O método é uma grande teoria da conspiração anticomunista e partir para o confronto. Atacar a o Concílio Vaticano II, o Papa Francisco, a CNBB e o que eles acham que entendem por "Teologia da Libertação". Um documentário com uma série de imagens de arquivos e depoimentos sobre  a ideologia de Olavo de Carvalho dentro da Igreja Católica. Atentemos!!! -


Para quem quiser conhecer o pensamento do padre envolvido na trama contra a democracia brasileira e que segue em sentido contrário ao pensamento e práticas do Papa Francisco.

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O preocupante avanço da extrema direita católica no Brasil 
Faustino Teixeira
Quem vem acompanhando o noticiário nacional deve estar preocupado com as repercussões das investidas da Polícia Federal (PF) contra o padre José Eduardo, da Diocese de Osasco. 
Ele vem sendo investigado pela PF sobre os atos golpistas de 2023. 
Não há dúvida alguma sobre o crescimento da extrema direita no catolicismo brasileiro, como mostrou de forma exemplar Romero Venancio da Universidade Federal do Sergipe. 
Esse autor já tinha concedido uma importante entrevista no Instituto Humanitas (Unisinos) sobre a extrema direita católica e a aliança com Bolsonaro (IHU-Notícias de 29/11/2021). 
Agora ele retoma o tema, depois do lamentável episódio envolvendo o padre de Osasco. 
É o mesmo padre que vem divulgando o novo livro de Clodovis Boff, com ataques à teologia da libertação, tendo inclusive feito uma conferência em defesa da obra por ocasião de seu lançamento oficial.
Como indica Romero Venâncio em recente texto esclarecedor, “A extrema direita católica e a tentativa golpista de 2023”, o projeto de “infiltração” de posições conservadoras na Igreja remonta aos tempos do Concílio Vaticano II, quando grupos extremistas reagiram contra os avanços do pós-Concílio. 
Esta visão veio respaldada por livros específicos como o do cardeal Ratzinger, “Rapporto sulla fede” (1985), quando ele então reage contra as tendências do pós-Concílio. 
Para Ratzinger, foi um tempo “decisivamente desfavorável para a Igreja”. 
Daí sua proposta em favor de uma restauração na igreja católica buscando um novo equilíbrio eclesial. 
Fazia também no livro lavados elogios aos novos movimentos na igreja, entre os quais comunhão e libertação, o movimento carismático e outros.
No caso do pe. José Eduardo, como aponta Romero Venâncio, suas ligações internacionais com a extrema direita agora começam a aparecer de forma mais explícita. Isto já tinha sido apontado pelo jornalista Leandro Demori em seu trabalho no The Intercept Brasil.
Em nome desse novo equilíbrio é que espocaram os núcleos conservadores como O Centro Dom Bosco, o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, os católicos de verdade, a comunidade católica pantokrator etc. 
Junto com tais núcleos a emergência de novas lideranças católicas de direita, entre as quais: Bernardo Kuster, pe. Paulo Ricardo, pe. José Eduardo, pe. Wander de Jesus e outros sinistros personagens.
Essa tendência obscura avançou pelos portões da igreja católica no Brasil, e marca sua presença em dioceses como a Rio de Janeiro e também Juiz de Fora. 
Como teólogo e leigo de Juiz de Fora, preocupa-me o ritmo com que as posições de extrema direita católica vêm marcando presença em núcleos de Juiz de Fora, com impacto em instituições importantes da cidade.


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