segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Neste 12 de Fevereiro Irmã Dorothy Stang foi assassinada defendendo a Amazônia, os povos da floresta e todos nós, em última instância.

 



19 anos do assassinato da Irmã Dorathy, em Anapu, Pará. Irmã da Congregação das Irmãs de Notre Dame e  atuava na CPT/Pará. Morreu em defesa dos Camponeses em sua luta pela preservação do nosso Bioma Amazônia. Que ela nos inspire a agir sempre em defesa dos empobrecidos e excluídos e na defesa de nossa Casa Comum, para nós no Norte, a Querida Amazônia. Dom José Ionilton, SDV

Mataram Irmã Dorothy, calaram sua voz profética, mas suas previsões lastimavelmente se concretizam em nossos dias 🌱🙏🏾

Em artigo, publicado no Portal Brasil de Fato, o bispo emérito do Xingu e ex-presidente da REPAM-Brasil, Dom Erwin Kräutler, fala sobre seus 19 anos de martírio e seu legado. “Quem derramou o seu sangue pela causa mais nobre, o Reino de Deus, nunca pode ser esquecido. A memória dos mártires faz parte da história e liturgia de nossa Igreja. Esquecer os mártires é ignorar o sangue derramado do próprio Senhor Jesus, o mártir por excelência de toda a história.”


 💚 Homenagem da REPAM-Brasil à Irmã Dorothy 



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Num dia como hoje, 12 de fevereiro, há 19 anos, a missionária norte-americana, naturalizada brasileira, Irmã DOROTHY STANG, de 73 anos, foi assassinada com seis tiros à queima-roupa disparados por pistoleiros, numa estrada de chão na região de Esperança no município de Anapu, às margens da Transamazônica, no oeste paraense. Ela estava sozinha e com apenas uma Bíblia na mão. Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Irmã Dorothy afirmou "eis a minha arma" e mostrou a Bíblia. Stang ainda leu para seus algozes o versículo segundo o qual “bem aventurados são os que têm sede e fome de justiça, porque deles é o Reino de Deus”. Seus executores estavam a mando do fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como "Taradão", que pretendia eliminar uma lutadora dos povos da Amazônia.
Dorothy Mae Stang era membra da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur e chegou ao Brasil em 1966, inicialmente para atuar na cidade de Coroatá, no Maranhão. Desde sua chegada à Amazônia, Dorothy dedicou-se a defender o direito à terra para camponeses, a floresta e a vida. Sua luta em defesa dos povos da região Amazônica despertou a fúria dos latifúndios na região do Xingu, no Pará. Ela também fazia parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e ficou conhecida internacionalmente pela forte atuação contra os fazendeiros, madeireiros e grileiros da região.
Ela fincou em sua atividade pastoral e missionária a busca da geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos pequenos agricultores da área da rodovia Transamazônica, além de focar seu trabalho na minimização dos conflitos fundiários na região. A ação missionária de Stang provocou a ira de madeireiros e proprietários de terras, que logo começaram a ameaçá-la de morte. Pouco antes de ser assassinada declarou: "Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar".
Irmã Dorothy bradava em palavras e ações que "a morte da floresta é o fim das nossas vidas" e portanto, defendia um modelo de desenvolvimento sustentável que permitisse que a floresta permanecesse viva e que o povo pudesse nela produzir e viver com dignidade. Esse modelo ficou conhecido como Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS).
Nesses 19 anos, a Amazônia ganhou centralidade no debate mundial, seja pela sua importância para a vida no planeta, seja para o capital que a vê como uma grande fonte de riqueza e mercadoria. O que mostra a atualidade das lutas de Dorothy. No Brasil, essa disputa se acirra com o avanço do desmatamento, mineração ilegal, exploração madeireira e o avanço do agronegócio, incentivados, principalmente, nos ultimos 4 anos pelo governo Bolsonaro. O caso mais chocante é o do genocídio do povo Yanomami,vindo à público recentemente. A destruição desse grande bioma e dos povos da floresta nos causa horror e indignação.
O debate sobre as mudanças climáticas tornou-se uma pauta global, elas impactam principalmente as populações vulneráveis: mulheres, crianças, negros, indígenas, imigrantes, pessoas com deficiência e outras minorias que precisam e clamam por Justiça Climática no Brasil. Dorothy Stang foi uma defensora da justiça climática, da vida da floresta e do seu povo.
Dorothy conseguiu encaixar contrastes com sua vida de religiosa integral. Mística e profeta, firme e tenra, estadunidense sem complexos e inculturada sem fronteiras. Toda ela era evangelho em missão, com aquele sorriso transbordante da luminosidade do Reino no meio da luta, além de toda incompreensão e de todo desanimo. Mártir das causas verdadeiramente do povo, no lugar certo e na hora certa. Sua causa de canonização como mártir e modelo de santidade está em andamento na Congregação para as Causas dos Santos.
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋 professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
🖱 Site do Instituto Humanitas Unisinos – IHU
🖱 Site da Comissão Pastoral da Terra – CTP
📰 Portais G1 e UOL

ORAÇÃO PARA DOROTHY STANG
Jelson Oliveira

Pai-Nosso dos caudais de Anapu,
E de seus verdes ruídos acima do silêncio,
Onde estavas àquela hora amarga,
Distraído entre os tocaris da mata
Ou chorando ainda o alto Bacuri derrubado?

Onde estavas àquela hora amarga
Em que o tronco bebeu a seiva com pesar
e a dor ressecou os ramos ao redor?
E a escuridão vitoriosa percorreu
o cárcere úmido da madeira?

Comprimida de orvalho e divindades
Uma filha da paz caiu sobre os dias
profetiza das regiões elíseas
e distantes
onde te perdes, sendo Deus, pelas manhãs do tempo.

Ela tinha a idade brilhante dos rios
e da Cueira solitária das sombras
adulava o perigo das alturas.
Na cuia plural dos olhos,
vagarosa brisa desvelava
predicando as sentenças
como há muito não se via.

Onde estavas, ó Deus quando a bala
Atravessou o vento
Retilínea e assassina
Estendendo no mundo
A mais preta das cores?

A doçura daquela mulher
Caída sobre um ombro
Ainda nos assusta e insurge
Encalhada na memória da nação.

Agora enfeitado com cuias e pacurus
Abraçado por arco-íris
Plantado às margens do Anapu
Este mesmo corpo, ó Deus,
Devolve a sacralidade
Às imensas terras da Amazônia
E as tira do esquecimento - por dentro e por fora...

(Aceita este corpo
E cuida com a ternura
Que todos queríamos, ainda que tarde,
Consagrar-lhe num beijo.)

@JelsonOliveira
#dorothyvive


PALAVRAS DE PEDRO

Memória dos 19 anos do Martírio da Ir. Dorothy Stang

        Dorothy conseguiu ensamblar contrastes com sua vida de religiosa integral. Mística e profeta, firme e tenra, estadunidense sem complexos e inculturada sem fronteiras. Toda ela era evangelho em missão, com aquele sorriso transbordante da luminosidade do Reino no meio da luta, além de toda incompreensão e de todo desanimo. Mártir das causas verdadeiramente do povo, no lugar certo e na hora certa.
        Assumamos a herança de nossa santa Dorothy, na caminhada do dia a dia, com realismo militante e com a esperança pascal.

Pedro Casaldáliga, 2013. Arte: @CarlosLatuff.  #Casaldàliga! #PedroCasaldáligaPresente! #PereCasaldàliga #NãoQueremosGuerraQueremosPaz! #VitóriaDosPovosIndígenas #ALutaVaiContinuar #DemarcaçãoJá #PalestinaLivre #MST40anos @fperecasaldaliga @irmandadedosmartires @MST! @ComitêDorothy

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