sexta-feira, 22 de março de 2024

O QUE SIGNIFICA ELABORAR O PASSADO NO BRASIL? UMA NOTA


CONVITE. HOJE a partir das 19h. na plataforma Meet, iniciamos uma jornada de leitura e estudo sobre o livro: "Brasil, nunca mais!" em memória dos 60 anos do golpe de 1964 este ano. Começamos destacando a importância do livro para toda uma geração dos anos 80... Teólogos, historiadores, pesquisadores, estudantes, cristãos... Chamaremos a atenção para uma leitura de João Cezar de Castro Rocha sobre o triste livro: "ORVIL". Uma cavernosa reação dos quarteis ao livro "Brasil, nunca mais". Aos interessados: trata-se do terceiro capitulo do livro "Guerra cultural e retórica do ódio" (editora Caminhos, 2021).
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"O gesto de tudo esquecer e perdoar, privativo de quem sofreu injustiça, acaba advindo dos partidários daqueles que praticaram a injustiça." 

Th. Adorno. "O que significa elaborar o passado?" - 1959.

Começamos com um convite para uma breve jornada a dentro num momento significativo da memória brasileira. Nesta sexta próxima (22/3) a partir das 19h iniciaremos um estudo dirigido da obra: "BRASIL: NUNCA MAIS" de 1985. Ocorrerá entre março e abril deste 2024, onde vamos ter 05 encontros para lermos e discutirmos a obra. 60 anos do golpe de 1964. É preciso recobrarmos à memória.

O roteiro do encontros:

I. 22/3 - A Igreja Católica, a ditadura e a tortura. O projeto Brasil: nunca mais!

II. 05/4 - Torturados: crianças, mulheres, gestantes

III. 12/4 - O sistema repressivo. As origens do regime militar pós-64

IV. 19/4 - A subversão do direito e alguns casos exemplares

V. 26/4 - Os limites extremos da tortura.

 O golpe de 1964 e a ditadura que se seguiu, prendeu e torturou, matou e fez desaparecer corpos, exilou e perseguiu, censurou e destruiu carreiras... Deixou uma herança inflacionária das mais absurdas nos anos 80. Concentrou renda de maneira cruel. Enricou os mais ricos e empobreceu os mais pobres. Desmontou o sistema público de educação e beneficiou as privatizações do ensino público. Atrasou a democracia e mal acostumou o país a não acreditar em suas potencialidades. 

Porém, uma das coisas que que mais nos persegue é essa "mania" das forças armadas se meterem na vida política brasileira sempre na forma golpista. A desgraçada situação de sempre quererem tutelar a vida civil brasileira e contaminar as instituições minimamente democráticas com entulhos autoritários. O Brasil grande e corajoso precisa acabar com isto e com esta cultura militar nefasta. 

Estamos em 2024 e devemos lembrar os 60 anos do golpe militar de 1964. Os militares com apoio significativo da sociedade civil (setor empresarial, Instituições cristãs, meios de comunicação, etc.) apoio o golpe que se tornou civil-militar. Entre 1964-1985, vivemos no país uma ditadura tutelada pelos militares com severos limites da participação civil. A censura passou a ser uma estratégia importante nos governos militares.

O "Projeto Brasil: Nunca Mais" foi desenvolvido por Dom Paulo Evaristo Arns, pelo Rabino Henry Sobel, pelo Pastor presbiteriano Jaime Wright e equipe, clandestinamente, entre os anos 1979 e 1985 durante o período final da ditadura militar no Brasil.  Foi publicado no ano de 1985 e gerou uma importante documentação sobre a história do Brasil contemporâneo e a terrível experiência da ditadura para o país. Esse sistema perseguiu, exilou, assassinou, torturou, fez desaparecer corpos, concentrou renda, criou uma escalada inflacionária enorme e empobreceu ainda os mais pobres.

O livro "Brasil, nunca mais" publicado pela Editora Vozes foi um marco nos anos 80, marcando toda uma geração e merece ser retomado neste ano de 2024, quando fazem 60 anos do golpe militar de 1964. É absolutamente fundamental retomarmos à memória deste período e lermos mais uma vez e em grupo o trabalho coletivo que foi o "Brasil, nunca mais". Isso se torna um imperativo para uma esquerda que não perdeu suas raízes históricas e tem um projeto de Nação/País.

Deste modo, propomos para o próximo ano, por ocasião deste marco histórico, em forma de homenagem e consideração à memória de todos e todas que produziram este fundamental livro para a história contemporânea do Brasil: conhecermos mais nosso passado recente e que teima em não passar. É nossa tarefa histórica. Precisamos elaborar nossa passado recente.

Romero Venâncio (UFS)

O QUE É O BNM?

BRASIL: NUNCA MAIS é a mais ampla pesquisa realizada pela sociedade civil sobre a tortura política no país. O projeto foi uma iniciativa do Conselho Mundial de Igrejas e da Arquidiocese de São Paulo, os quais trabalharam sigilosamente durante cinco anos sobre 850 mil páginas de processos do Superior Tribunal Militar. O resultado foi a publicação de um relatório e um livro em 1985, que revelaram a gravidade das violações aos direitos humanos promovidas pela repressão política durante a ditadura militar. O sucesso da publicação continua influenciando gerações e impulsionou o compromisso do Estado brasileiro com o enfrentamento à tortura.

Para acessar AQUI



A Mostra Virtual de Vídeos Brasil: Nunca Mais é uma iniciativa pedagógica, com dois eixos de trabalho. Um deles consiste em preservar, reunir e disponibilizar na internet um conjunto de registros audiovisuais que retratam o período da ditadura militar que ocorreu no Brasil entre os anos de 1964 a 1985; o outro, facilitar através da página na internet o acesso por professores, alunos e usuários a estes conteúdos, auxiliando o estudo e debate de nossa história recente, para a compreensão sobre os rumos de nosso país.

O material objeto desta Mostra Virtual de Vídeos encontrava-se disperso em acervos de várias instituições dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, guardados em fitas de video-cassete com pouco uso ou nenhum, uma vez que tal suporte com o advento dos aparelhos de DVD tornou-se obsoleto, ficando estes VHSs esquecidos em armários ou prateleiras. No processo de construção do catálogo, vários títulos dos materiais reunidos foram recuperados, evitando que seus conteúdos pudessem perder-se dada a situação de mofo e deteriorização de algumas fitas de VHS encontradas.

O material coletado foi limpo e recuperado, digitalizado, convertido para DVD e devolvido às instituições e pessoas que gentilmente cederam o material para o desenvolveimento do projeto, onde migrados para o novo suporte, voltam a ter utilidade nas prateleiras das instituições.

Reunir esta quantidade de títulos sobre este período de nossa história e transformá-los em suporte digital compatível com a internet para compor esta mostra virtual de vídeos é antes de tudo uma homenagem a todos aqueles envolvidos em sua produção, que garantiram com seu trabalho, esforço e muitas vezes coragem, que as gerações de hoje pudessem ter acesso a estes depoimentos e recortes sobre uma época sombria de nossa história.

Abrir acesso universal e gratuito a estes conteúdos através de página própria ligada ao Armazém Memória, possibilita a estudantes, professores e usuários conhecerem um pouco deste período de nossa história e através deste conhecimento esperamos fortalecer a democracia em nosso país, num momento em que a necessidade de conhecer o passado está em discussão através da criação da Comissão da Verdade.

A memória histórica é fator de aprendizado, aperfeiçoamento e troca de experiência entre as gerações. Divulgue e participe deste esforço.

Este trabalho é fruto do convênio celebrado entre a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e o Instituto de Políticas Relacionais - IPR, que em parceria com o Armazém Memória apresentou a proposta e a realizou, contando para tanto com recursos de emenda parlamentar do orçamento de 2010 aprovada pelo Deputado Estadual Simão Pedro Chiovett. AQUI 



Orvil x Brasil Nunca Mais - João Cezar de Castro Rocha








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