Lembro de umas meditações que fiz com um amigo provocador, ele estudioso da antropologia teológica. E na sua reflexão, a figura do inimigo ou do demônio alertava ele: é também aquela mal resolvida dentro de nós, é nossa humanidade transgressora e desamada.
Há homens que gostam de falar do "demônio" que eles são e aqui está o perigo do discurso religioso misturado com falsos conceitos. Inclusive sobre o homem. Lê a nossa história a partir da morte instiga o homem a matar 'quem' lhe matou mesmo que na idealização falsa que ele tem de si ou que imprimiram nele.
E só o amor pode nos curar de nós e das prisões ideológicas e culturais que temos. A ideia que está em voga mundo afora é: eliminação da espécie que não tem a minha estatura, a minha cor, a minha orientação sexual, o meu modo de compreender a vida, a minha religião, enfim. Com isso devemos aprender a conviver, pacificar quem somos no Amor. Respeitar o caminho de cada pessoa que é único e indissociável na sua origem em si. E pe. António, continuava, quando Jesus é levado para o deserto e ali é pelas feras tentado, indica que no 'psiquismo' humano (sua totalidade que é vista na desintegração, humanamente falando) há uma eterna busca ou de vida ou de morte.
Cuidado com quem está ao seu redor. Ele pode ser o "demônio" que você enxerga fora numa linguagem de fuga no religioso ou na falsa ideia de poder que esse mundo configurou. E quando você não se trabalha, não se aceita, não se ama, não integra o céu e o "inferno" que há dentro de si é capaz de se tornar um 'demo' e isso não tem nada haver com questões da nossa estrutura existencial ou religiosa.
Essas dimensões precisam apenas ser encaradas e trabalhadas com garimpagem daquilo que somos e não. Na vida humana tudo é possível. Jesus nos mostrou qual caminho seguir, o desafio é nossa consciência se abrir ao Maior projeto de vida que podemos ter: se conquistar, se apaixonar por si, se libertar do desejo de possuir bens e pessoas, querer convencer as pessoas é uma grande bobagem. Não sou fatalista e nem desejo ser guru. A experiência tem me sinalizado que o que vemos por aí é fruto da ideia de homem perfeito que nos ensinaram. Isso é mortal. Redenção é Amor.
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