Fonte: blog do ricardo alexandre
A outra notícia mutante é mais séria e envolve a vocalista do grupo Calypso, Joelma. No dia 30 de março, a musa paraense deu uma entrevista à coluna social da revista Época
e, entre outras coisas, falou sobre sexualidade: a sua e a dos outros.
“Tenho muitos fãs gays, mas a Bíblia diz que o casamento gay não é
correto e sou contra”. Acrescenta que, se tivesse um filho nessa
situação, “lutaria até a morte para fazer sua conversão”. “Já vi muitos
se regenerarem. Conheço muitas mães que sofrem por terem filhos gays. É
como um drogado tentando se recuperar”. O título da entrevista foi um
tanto malandrinho: “Joelma compara gays a drogados e diz ser contra o
casamento homossexual”.
No UOL, a frase virou “gays são como drogados em recuperação”. No dia seguinte à publicação da entrevista à Época, o portal compilou a reação de artistas contrários à cantora paraense.
O coluna “Retratos da Vida” do jornal Extra
“contribuiu” com a história: “A nuvem está negra para Joelma e
Chimbinha da Banda Calypso. Os pedidos para shows com os astros da
música brega despencaram após a mudança de escritório. Abalado, o cantor
se consultou com um psiquiatra e iniciou um tratamento com
antidepressivos.” O texto ainda dizia que a declaração de Joelma levou
problemas ao casamento deles, já que o guitarrista não compartilharia da
opinião da cantora.
O ator José de Abreu, no Twitter, declarou
que também seria deprimido se tivesse de conviver com Joelma. Me
lembrei do exército de cantores e artistas que, nos anos 70, se negavam a
subir em um mesmo palco que Simonal porque “não dividiam palco com
dedo-duro”. Era uma ótima hora pra todo mundo se mostrar engajado.
A assessoria da banda Calypso imediatamente emitiu comunicado dizendo que as palavras de Joelma foram distorcidas pela Época. Negou a depressão de Chimbinha e os problemas matrimoniais com Chimbinha. Mas no mesmo dia o sempre intrépido jornal Extra trouxe uma “novidade”
ao caso de “inferno astral” do grupo paraense: “Filme sobre Calypso
sobe no telhado”. Dizia o texto: “A produção do longa-metragem já vinha
encontrando dificuldades de levar essa história para a tela, e a
situação se agravou com a polêmica entorno das declarações recentes da
cantora. O fato é que agora ninguém mais quer vincular o nome à banda, e
o projeto tornou-se inviável.” Note a palavra “fato”. A única fonte
procurada foi a produtora Vira-lata, que negou o cancelamento do filme.
De onde surgiu essa notícia então? Mistério.
Aí a imprensa fez a festa: o Estadão
contou que “Depois de Joelma se dizer contra o casamento gay e comparar
homossexuais a viciados em drogas, o filme da banda Calypso não será
mais realizado “até segunda ordem”. Sem checar a informação, limitou-se a
dizer que a fonte era o jornal Extra.
A coisa continuou rolando: no dia 16 de abril o “Blog do Marrom”,
ligado ao jornal Correio da Bahia afirmou que a banda Calypso teria
sido limada das festas juninas de Jequié, Bahia, devido às “declarações
da cantora sobre o casamento gay e os homossexuais em geral”. O “fato”
chegaria às raias do insólito, já que, segundo a nota, os paraenses
teriam sido substituídos justamente por Daniela Mercury, que, no mesmo
período, assumiu publicamente seu relacionamento com uma mulher. Tanto a
assessoria de Daniela quanto a do Calypso negaram a “informação” que, no entanto, continua a correr redes sociais como uma libelo contra o preconceito e a homofobia.
Aguardem desdobramentos de ambos os casos.
Ontem falei pessoalmente para o diretor do filme Isto é Calypso, Caco Souza, com um velho instrumento de comunicação chamado telefone.
Ele, apesar de ter ligado aos jornais que deram o “furo”, até hoje não
sabe de onde surgiu a história do cancelamento do filme. Caco disse que a
produção segue em ritmo normal, tão fácil e tão difícil como sempre
havia sido, e que a única reação de um dos cotistas já contratados foi
um telefonema, confuso com as notícias de que o filme que sua empresa
estava apoiando, ter sido cancelado. O cotista ficou aliviado em saber
que tudo não passava de mais um boato espalhado pela imprensa brasileira
como fato.
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