domingo, 14 de abril de 2013

Daniel Viglietti: Cultura também se revolucionou na Venezuela

 A TEIMOSIA DO POVO VENEZUELANO: MADURO.  A Venezuela está longe de ser o paraíso na terra. Mesmo assim, seu povo insiste em avançar na contracorrente das advertências oferecidas pela mídia brasileira e por seu colunismo isento, arguto e atilado. Eliane Cantanhêde, por exemplo, na Folha deste domingo, salienta que há 14 anos anuncia a crise final do processo revolucionário bolivariano. E não é que votaram em Maduro? Por que tanta insensatez? Alguns detalhes escapam --lá, como cá-- aos nossos analistas de larga visão: quase a metade da população urbana da Venezuela vivia entre a pobreza e a miséria , em 1999. Hoje, esse percentual caiu a 28%.  Entre as 26 principais cidades da América Latina,Caracas é a que apresenta a menor taxa de desigualdade de renda.  Na Venezuela, mais de 80% das residência são de propriedade dos seus moradores. Na Colômbia, esse  percentual é inferior a 50%. Cerca de 95% dos lares venezuelanos tem saneamento básico (leia a análise de Gilberto Maringoni, direto de Caracas, na apuração das urnas.Leia também a entrevista daDeputada  Blanca Eeckhout , ex-ministra venezuelana doPoder Popular para a Comunicação e Informação e uma das fundadoras da Catia TV, a primeira emissora comunitária do país)
(Carta Maior;2ª feira,15/04/2013)



 Internacional| 13/04/2013 | Copyleft

Renomado músico e compositor uruguaio está em Caracas cantando por Maduro e pela integração latino-americana. No Brasil, infelizmente, a lógica anti-integracionista e alienante dos grandes conglomerados de comunicação silenciam sua voz e seus dizeres, repletos de convicção no ser humano, na força da solidariedade e da unidade. Por Leonardo Wexell Severo e Vanessa Silva

Caracas – Autor de clássicos latino-americanos como “A desalambrar”, “Canción para mi América” e “El Chueco Maciel”, Daniel Viglietti dispensa comentários pela beleza e contundência de suas canções. Uruguaio de nascimento, mas filho da “nossa América” – como faz questão de dizer para contrapor-se àquela do Império –, tem sua reconhecida e premiada obra embalado corações, animando o amor e a luta presentes, com seu canto armado de futuro

No Brasil, infelizmente, a lógica anti-integracionista e alienante dos grandes conglomerados de comunicação silenciam sua voz e seus dizeres, repletos de convicção no ser humano, na força da solidariedade e da unidade. Confiante na capacidade coletiva de romper barreiras e superar desafios, Viglietti está em Caracas, apoiando a eleição de Nicolás Maduro.

Entre os muitos êxitos da revolução bolivariana está o avanço da reforma agrária, o combate ao latifúndio, e a distribuição de terra e justiça. Aqui o governo não empanturra com dinheiro público o agronegócio – com seu monocultivo e seus agrotóxicos – nem dá sinal verde à especulação com alimentos nas bolsas de valores. A reforma agrária é justa e necessária, sublinha Viglieti. Afinal, “si las manos son nuestras/es nuestro lo que nos den”.

Abaixo, a entrevista com Daniel Viglietti.

ComunicaSulCompanheiro Daniel, tens em tuas canções a marca da integração e da solidariedade. Como sentes esta responsabilidade?
Daniel Viglietti – Sempre senti que tinha duas pátrias. Uma, a de nascimento, o Uruguai, e outra pátria a latino-americana que gosto de chamar de “nuestroamericana” (nossamericana). Inventei esta palavra a partir da expressão de José Martí [que contrapunha a Nossa América, a América deles, do império do Norte]. Percebi que as fronteiras são artificiais além da língua e da cultura, que têm seu peso em diferentes regiões, mas estas fronteiras, as aduanas, os escritórios de imigração são invenções feitas para nos dividir. Quando entro no Brasil, na Venezuela, em Cuba ou em tantos países progressistas, sinto que é irreal precisar de passaporte. A canção não tem que pedir vistos para entrar em lugar nenhum. A música entra naturalmente e, quando é necessário, se traduz, como fiz como algumas canções do meu amigo Chico Buarque. A circulação de música, da cultura, é totalmente livre. No entanto, me sinto cada vez mais “nuestroamericano”, embora meu nascimento, minha nacionalidade seja uruguaia.


ComunicaSulNa Venezuela o governo Chávez tomou medidas como a Lei de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão (Resorte), que ampliou os espaços para a música nacional e regional no conjunto dos meios de comunicação, o que fez aflorar uma variada gama de artistas. Como avalia esta medida?
Daniel Viglietti – Há um processo de transformações, com tendência revolucionária na Venezuela que tem a ver com a luz que ilumina o invisível em muitos planos. Dos povos originários, das classes populares, das populações chamadas “marginais”, quando na verdade elas são fruto de sistemas que marginalizam as pessoas. O invisível da cultura é uma das luzes que este processo está identificando, dando voz a cantores, grupos, coletivos... Há um caso muito importante aqui na Venezuela da geração de Alí Primera, Cecília Todd, Lilia Vera, e fenômenos mais jovens, garantia da continuidade. Isso nos mostra como a cultura pode se renovar e de como é bom que a cultura - não necessariamente planfetária ou supra-oficialista, mas a criativa, que busque linguagens - fique iluminada por estes processos. Há aí um contraponto à concepção reacionária, baseada em valores que semeiam a escuridão.

ComunicaSulNa sua compreensão, qual o papel da democratização da comunicação para que nos conheçamos melhor, enquanto países e povos, já que a grande mídia trabalha dia e noite contra a integração?
Daniel Viglietti – Creio que também este aspecto está ligado ao anterior: cultura e comunicação. Acho que uma proposta como a TeleSUR, que é um canal “nuestroamericano”,onde as pessoas podem se informar sobre o que passa no continente, deveria ser vista livremente em nossos países. Cito o caso de Montevidéu. Na capital uruguaia, para poder ver a TeleSUR tens que alugar um cabo argentino. São medidas que faltam ser tomadas. Esse é um exemplo claro do que é possível fazer em matéria de comunicação. Estou contente de trabalhar com a Rádio Nacional da Venezuela com o programa Tímpano, que também se faz no Uruguai, na Argentina, Quem sabe um dia teremos também no Brasil, com “legendas” [risos]. Estou contente de estar aqui com os sem-terra, porque sei o que significa em um país continente como o Brasil a luta por mais justiça, pela distribuição da terra, metaforicamente pela distribuição “da selva”. Me alegro desta coincidência. Venho do Uruguai onde se fez uma homenagem a Chávez em um povoado pequeno que se chama Bolívar e nosso presidente esteve presente. E homenageou também cantando a memória de Chávez. Eu estreei uma canção que coloquei o nome bolivariana. A cantei ontem na TeleSUR e cantarei hoje. Creio que será o maior ato do qual terei participado em minha vida e terei que tratar de cantá-la com um quatro. É um instrumento de grande riqueza, eu o uso modestamente, mas dá um colorido diferente para a canção. É uma honra estar aqui com todos que apoiam esta eleição, tão limpa que foi até elogiada pelo ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter. Frente ao cinismo, a desfaçatez e ao ódio destes que são capazes de coisas terríveis - e temos que estar atentos a isso –precisamos continuar unidos. Logo nos veremos em meio à alegria coletiva.

* http://comunicasul.blogspot.com.br/

Dilma Rousseff assiste à apresentação da Orquestra Simón Bolívar

10 de abril de 2013
Fonte: Portal do MINC
Em turnê pelo Brasil, a Orquestra Sinfônica da Venezuela, 'Simón Bolivar', realizou uma apresentação no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, nesta terça-feira (9/4). Os músicos deram início à apresentação com o Hino Nacional brasileiro e na sequência apresentaram diversas peças sob a regência do maestro Gutavo Dudamel.
O concerto foi prestigiado pela presidenta Dilma Rousseff e várias outras autoridades do primeiro escalão do governo brasileiro, como a ministra da Cultura, Marta Suplicy, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, além do governador de Brasília, Agnelo Queiroz, e do embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arveláiz.

Na tarde do mesmo dia, a presidenta Dilma Rousseff condecorou o fundador da Orquestra, o pianista José Antônio Abreu, com o mais alto grau da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, principal comenda do governo brasileiro. A Orquestra Sinfónica Simón Bolívar é fruto de um sistema de ensino que procura auxiliar jovens nascidos em famílias com dificuldades econômicas extremas.

Experiência venezuelana com orquestras infantojuvenis
Antes do concerto, a ministra recebeu em seu gabinete no Ministério da Cultura, o maestro do Sistema de Orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela, José Antônio Abreu, acompanhado pelo ministro do Poder Popular da Cultura da Venezuela, Pedro Calzdilla. Ministra Marta Suplicy recebe o maestro venezuelano Josá Antônio Abreu
A ministra conversou com o maestro sobre as características dos Centros Unificados das Artes e dos Esportes (CEUs) brasileiros e quis saber como funciona a orquestra venezuelana. José Abreu explicou que se trata de um coletivo  de formação musical para jovens, que oferece apoio social simultaneamente.  A formação dos alunos é gratuíta e eles recebem um instrumento para fazer parte da orquestra.
Os mais novos iniciam o aprendizado em orquestras infantis, evoluindo (com a idade e a técnica) para orquestras juvenis. Escolhidos entre os melhores das diversas orquestras espalhadas pelo país, os músicos da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar representam o topo do sistema de ensino, conhecido como "El Sistema".

Segundo a ministra, o projeto iniciado por Abreu nos anos 70 é um sucesso e uma mostra do potencial que os jovens demonstram mediante oportunidades. "Estou impressionada com a qualidade e os resultados do trabalho de vocês. A orquestra é a representação de que sempre há como recuperar o tempo perdido. É uma mostra do grande potencial das comunidades carentes", comentou.

Música erudita nos CEUs
Ministra MArta Suplicy recebe maestros brasileirosDez maestros brasileiros foram convidados pela ministra Marta Suplicy para conversar com os convidados venezuelanos. Amilson Godoy, Arthur Barbosa, Carlos Moreno, Cláudio Cohen, Henrique Morelenbaum, Isaac Karabtchevsky, Jamil Maluf, Júlio Medaglia , Lutero Rodrigues e Roberto Duarte recepcionaram os visitantes.

O intuito do encontro foi conhecer mais detalhadamente o funcionamento do 'El Sistema' e colocar gestores do MinC e os maestros brasileiros em contato com a experiência venezuelana. A ideia é buscar novos subsidios para a elaboração de uma proposta adaptada à realidade do Brasil, a ser implantada nos CEUs.

(Texto: Rosiene Assunção / Ascom MinC)
(Fotos: Elisabete Alves e Bruno Spada)

Tocar y Luchar
Dedicada al Sistema de Orquestas Infantiles y Juveniles de Venezuela, este documental, es la historia de un proyecto en el que participan más de 240 mil niños y jóvenes venezolanos y otros de diferentes naciones latinoamericanas.

La propuesta del maestro José Antonio Abreu se ha mantenido por 30 años y se ha expandido en tierras foráneas.

El documental trata sobre la misión, los logros y trabajo de los niños participantes, cuenta con los testimonios de algunos de ellos, y con los comentarios y opiniones sobre el proyecto de músicos y directores como: Plácido Domando, Guisepe Sinopoli y Eduardo Marturet, entre otros.Protagonistas:
Los niños y jovenes que pertenecen al Sistema Nacional de las Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela.

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