27/04/2013 08h38 - Atualizado em 27/04/2013 15h11
Fonte: Portal Rede Globo
Cabeças pensantes unidas para produzir cultura na Casa Fora do Eixo
Após oito anos construindo tecnologias sociais, grupo de produtores muda de Cuiabá para São Paulo buscando mais espaço para a arte independente
Sempre conectados, gestores culturais trocam ideias na Casa Fora do Eixo SP (Foto: Divulgação)
Existe muito mais coisa acontecendo pelos rincões do Brasil do que
podem imaginar aqueles que vivem nas grandes metrópoles. E muita coisa
boa. É o que prova a turma do Circuito Fora do Eixo, responsáveis por
garantir que artistas independentes de várias regiões do país mostrem
seus trabalhos. A rede fomenta atualmente 150 festivais, atua em 200
cidades e conta com mais de 30 mil artistas. E quem movimenta essa
parafernália são 16 gestores de diferentes pontos do Brasil, que
migraram para São Paulo, formando a Casa Fora do Eixo SP. "Depois de
oito anos atuando em Cuiabá, no Mato Grosso, onde a história da rede de
coletivos começou, tinha chegado a hora de ocupar o eixo", conta Lenissa
Lenza, idealizadora do movimento ao lado de Pablo Capilé.
saiba mais
“Cada cidade tem um teto, um ponto de saturação. Depois de oito anos,
não tínhamos muitas alternativas, uma delas era entrar para o governo, o
que não queríamos fazer. Então, resolvemos encarar o desafio de pegar
as lideranças do circuito e mudar para São Paulo. Sair do próprio
território não foi nada cômodo, mas depois de alguns meses, vimos que
estávamos fortes. Ganhamos visibilidade e agregamos parceiros
importantes. O evento Domingo na Casa começou a bombar, recebendo atores
globais e músicos famosos. A Casa Fora do Eixo SP ficou muito central,
então, resolvemos abrir espaços também em Fortaleza, Porto Alegre, Belém
e Belo Horizonte. Temos parceiros em outros países da América Latina e
estamos começando a agregar colaboradores em Brasília”, conta Lenissa.- Pós TV é o canal de comunicação do Circuito Fora do Eixo na Internet
- Rede Brasil de Festivais promove efervescência cultural no país
- Universidade Livre Fora do Eixo aposta na troca de conhecimento
- Fernando David mostra o famoso Mercado Ver Peso
- Assista à íntegra do programa sobre a Rede Fora do Eixo
Felipe Altenfelder, um dos gestores da Casa Fora do Eixo SP, conta como é possível ser um parceiro do circuito ou mesmo passar um tempo hospedado na casa. “Basta chegar e apresentar o projeto, aí pensamos juntos em uma forma de colaboração. Temos também o que chamamos de vivência. Neste caso, a pessoa pode passar 10 dias na casa, renováveis se houver necessidade. Recebemos cerca de 100 hóspedes por mês, entre bandas, convidados e parceiros. As pessoas economizam com hospedagem, trocam experiências e fazem contatos”, explica.
Espaço Cubo: onde tudo começou
No Espaço Cubo a turma aprendeu como funcionam as etapas de produção cultural (Foto: Divulgação)
O desejo de empreender e de mudar o cenário cultural de Cuiabá uniu
Lenissa Lenza e Pablo Capilé em 2002, quando se juntaram para criar o
Espaço Cubo. “Cultura é uma área muito ampla, então escolhemos começar
pela música. Chamamos outros amigos e decidimos morar e trabalhar
juntos. Começamos a fazer o Domingo no Cubo, organizando eventos na casa
aos domingos, reunindo bandas amadoras. As bandas precisavam de um
lugar para ensaiar, e conseguimos um estúdio: um dos meninos conhecia um
empresário, que trocou o estúdio dele por um carro que a gente tinha.
Aí, percebemos que as bandas precisavam ganhar público, então criamos o
Cubo Eventos. Começamos a cuidar também da divulgação, e surgiu o Cubo
Comunicação. Para distribuição, criamos o Cubo Discos, que hoje se chama
Distro. Então, com tudo isso, conseguimos potencializar o circuito.
Mais pessoas se interessaram em participar ou criaram seus próprios
coletivos”, relembra Lenissa.O Cubo crescia, mas o grupo ainda esbarrava em dificuldades financeiras, até que em 2004 tiveram a ideia de criar o Cubo Card, uma moeda própria emitida pelo coletivo. Com ela, eles compravam ensaios, releases, camisetas da banda e serviços prestados por gente ligada ao grupo. Bandas como Vanguart e Macaco Bong ganharam cachês em Cubo Cards e com isso conseguiram gravar os primeiros discos, transformando-se em um grande sucesso. Atualmente a moeda mudou de nome, chama-se FdE (Fora do Eixo) Card, mas mantém a mesma ideia de ser uma ferramenta de sustentabilidade e potencializar as troca entre os envolvidos. Ynaiã Benthroldo, baterista do Macaco Bong, reconhece a importância da parceria com a turma do Espaço Cubo.
Público no Festival Calango, evento de música independente que acontece em Cuiabá (Foto: Divulgação)
“A banda surgiu nessa perspectiva do trabalho coletivo colaborativo.
Nós éramos o grupo que circulava pelas outras cidades, travando
conhecimento com outros músicos. O Espaço Cubo foi nossa faculdade”,
relembra.Em 2006, quando o Espaço Cubo começou a fazer conexões com outras cidades, foi criado Circuito Fora do Eixo. Dois anos depois, foi realizado o 1º Congresso Fora do Eixo, em Cuiabá, considerado por Lenisse o ápice do que eles estavam construindo.
“Aproveitamos o Festival Calango, evento de música independente que acontece em Cuiabá desde 2001, para fazer um chamamento público, convidando gente que estava trabalhando no cenário independente. Naquela época a ideia de empreendimento coletivo ainda era nova. Começamos a falar da nossa experiência, do Cubo Card, aí encorpamos a rede. Em 2009, fizemos o segundo congresso, no Acre, e já contamos com mais pessoas. Em 2010, o evento teve 350 participantes. Neste mesmo ano, o Espaço Cubo ‘morreu’, ou seja, foi incorporado pela Casa Fora do Eixo. Em 2011, foi o ano da virada, fizemos o congresso em São Paulo e decidimos mudar para a cidade”, completa a produtora.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Moradores de coletivo compartilham de roupas a dinheiro em São Carlos
Músicos e produtores vivem conectados em tecnologia e cultura.
Circuito Fora do Eixo possui até moeda social própria.
Muitos jovens de São Carlos (SP) optaram por morar em uma casa com
pessoas desconhecidas e compartilhar tudo, de roupas até dinheiro,
inclusive com quem está de passagem. É o Circuito Fora do Eixo, que tem
cerca de 100 casas no país.
Na entrada já dá para perceber que é uma casa diferente. Nas paredes, a
arte se multiplica e logo na sala de visitas tem uma loja. Quem mora no
local são jovens conectados com tecnologia e cultura. Embora pareça,
isso não é uma república de estudantes, é um coletivo.
“A gente tem um modo de organização todo da casa, tanto de
funcionamento, como demandas práticas do dia a dia que cada um assume
aqui”, disse o músico Juliano Parreira. “Eu vejo até mais como uma
empresa do que uma república em que a gente só vem pra dormir ou espaço
para ficar durante um tempo, durante uma universidade”, falou.
Eles socializam tudo, inclusive os serviços. No quintal, a horta foi
plantada em canos e todo dia alguém tem a responsabilidade de regar; na
cozinha tem uma lousa com as tarefas diárias bem divididas. “Diz
respeito principalmente à alimentação aqui na cozinha”, explicou o
também músico Felipe Dorante. “Hoje quem fez o café da manhã comprou
pão, pôs e tirou a mesa e a gente sabe de quem cobrar”.
Cada dia um é responsável por regar a horta (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
A agenda também é coletiva e fica na parede, mas o curioso é outro
quadro, com um mapa improvisado do Centro de São Carlos com a
localização da casa. É um mapa, de onde ficam os dois carros do grupo.
“Como a gente dois carros que todo mundo usa, um carro coletivo, a gente
tem que identificar onde estão nas ruas, porque a gente não tem
garagem”, explicou o músico Eduardo Porto.
Comandada pela arte, casa tem espaço destinado
a músicos e produtores (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
a músicos e produtores (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
O casarão de dois andares fica no Centro da cidade. A decoração é feita
com muito grafite nas paredes e no fundo eles improvisaram um quarto
para o ensaio das duas bandas da casa. São seis moradores, entre músicos
e produtores culturais, mas a casa está sempre de portas abertas e
sobra espaço. Por isso, quatro quartos são reservados para receber
artistas que vêm de fora. “Banda do Centro-Sul, do Centro-Oeste, a gente
recebe qualquer banda que entre em contato e a gente possa viabilizar
qualquer coisa por aqui”, comentou Parreira.
São mais de 800 discos de vinil e filmes, tudo para ser socializado. A produtora musical Laila Manuelle é de São Paulo
e mora no coletivo há oito meses. “É uma experiência realmente
inovadora e inigualável”, afirmou. “A circulação de pessoas que tem por
aqui é absurda e a gente entra em contato com muitas tecnologias,
ideias, que não teria contato em lugar nenhum”, disse.
A casa também é habitada por viventes, moradores temporários quem vêm
trabalhar no grupo. O produtor cultural Rafael Coredeiro é de São Paulo e
vai ficar na cidade por alguns meses. “Acho que é a forma mais saudável
pra gente construir algo muito bom pra todo mundo e a cultura tem um
potencial muito grande para conectar as pessoas e fundir as ideias que
possam levar uma melhor qualidade de vida para todo mundo”.
O início
Este modelo de comunidade começou em Cuiabá
(MT), fora do eixo Rio-São Paulo, por isso o nome. Mas a iniciativa se
espalhou. O projeto tem cinco anos e no Brasil existem 100 casas como
essa, que vivem ligadas, em rede, compartilham tecnologia, cultura. E a
proximidade é tão grande que eles criaram o próprio dinheiro: uma moeda
social que circula entre as casas, que em São Carlos se chama Marcianus.
“Ela foi criada pra gente evitar o uso da moeda corrente em todos os
casos, então a gente às vezes faz uma troca de serviços e produtos
usando essa moeda”, justificou a produtora cultural Fernanda Martucci.
O caixa desta turma também é coletivo e todo mundo tem acesso. Ninguém
tem salário, mas quem mora na casa e trabalha no grupo tem todas as
contas pagas. Basta pegar o que precisa e justificar os gastos. Eles
dividem os prejuízos e os lucros. Apostam em um mercado independente e
ganham dinheiro promovendo eventos culturais, vendendo camisetas e com
os shows das bandas.
As músicas são divulgadas pela internet. O coletivo também tem um
programa de rádio e realiza projetos sociais na periferia da cidade. São
jovens que vivem em um comunismo cultural, governado pela arte.
Modelo surgiu "fora do eixo" Rio-São Paulo, daí o nome do coletivo (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Fora de Eixo. Fuera del eje
Economía solidaria
Marta Florencia Goldsman
Una red cultural o un laboratorio para cambiar el modo de vida? Compartir, la utilización del trueque, poner el dinero individual ganado en una caja colectiva, tomar decisiones colectivas en asambleas… para llevar todas estas experiencias a la política partidaria, a los medios de comunicación, a las universidades. Y todo este compromiso desde una perspectiva de género, desde la equidad.
Las paredes de la casa Fora do Eixo1
de Minas Gérais, Brasil, hablan. Hay intervenciones de artistas con
trocitos de cartón pegados, prolijos trazos de aerosol e ideogramas
chinos. También hay mensajes que recuerdan los beneficios de reciclar la
basura, la importancia de mantener el lugar en orden y lo saludable de
cuidar el espacio colectivo. Esta casa es parte de un experimento enorme
en el que las personas apuestan a compartir su vida, el salario y la
habitación. Una casa en donde los nuevos medios de comunicación, los
festivales de rock y el desarrollo de una economía solidaria a partir de
acciones creativas impulsa a las personas a entregar sus horas de
trabajo sin esperar remuneración a cambio.
Un hogar en donde hombres y mujeres de entre 20 a 50 años viven, trabajan y comparten la búsqueda de formas creativas de financiamiento e intercambio. Fora do Eixo (FDE) es una de las redes culturales más grandes de Brasil y varios de sus frentes están liderados por mujeres, autodenominadas #FEMeninas (chicas Fuera del Eje). Con más de 200 colectivos asociados, en el quinto país más extenso del globo, uno de los objetivos de la red es dar estímulo a la libertad creativa de artistas regionales de todo el territorio.
La semilla de FDE nació en 2005 desde las ciudades de Cuiabá, Uberlandia, Rio Blanco y Londrina cuando varios colectivos que producían eventos de música se unieron para intensificar la articulación de las bandas de música independiente entre las ciudades. Algunos jóvenes gestores culturales se unieron para promover juntos las giras de las bandas de rock locales, estimular el hospedaje solidario y articular a los productores para disminuir el costo de los viajes. En poco tiempo, varios productores de otras ciudades se identificaron con los problemas enfrentados por los precursores del circuito y se sumaron al movimiento formando así una red de colectivos culturales.
Lenissa Lenza (32) es una de las fundadoras de la red y resume cómo empezó todo bajo los principios de colectividad e interdependencia: “Todo lo comenzamos a hacer por necesidad ¿cómo vamos a sustentar un colectivo con un departamento para cada uno? ¡No! Vamos a compartir, vamos a vivir juntos en una sola sede, ¡es más viable! Hay afinidad de grupo pero también hay necesidades conjuntas y claras. Fuimos el primer colectivo de la red (de la ciudad de Cuiabá) en irnos a vivir juntos así desde cero, había que invertir todo. Diez años atrás fuimos los únicos en hacerlo, pero un tiempo después la gente vio que es fácil y posible. Cuantos más desafíos vivíamos más complicidad lográbamos”. Así se fue fortaleciendo un movimiento que propone que cada colectivo tenga autonomía local pero que se ligue a una red para realizar sus proyectos.
Biba Andrade (31) pide ayuda para limpiar un mueble antiguo donado por la madre de una de las habitantes de la casa. Después camina por la casa con un bolsón de ropa entre manos, con el que aumentar el guardarropa colectivo. Es la hora del almuerzo, hay que cerrar cuestiones pendientes antes de cocinar arroz y frijoles para más de 20 personas. Biba es parte de FDE desde hace más de cinco años y resalta, entre otros, que más que dificultades el modo de financiamento solidario abre nuevas posibilidades. Representa al Banco Fora do Eixo, un sistema de financiamento que articula centros culturales a nivel nacional y regional. Sobre el funcionamiento detalla: “Nosotros trabajamos a través de una gestión del Banco FDE y cada colectivo tiene su gestor. Entonces esa persona hace su gestión para su colectivo y después dialoga con los otros gestores. De ese modo logramos una relación más orgánica con todos los puntos de la red. Trabajamos con una caja colectiva que funciona a partir de los ingresos personales pero también de los del colectivo. Todos los ingresos confluyen en la misma caja. Esa caja colectiva tiene que dar cuenta de los gatos personales y también de los gastos del colectivo. Luego la distribución de fondos acompaña de a poco las necesidades de cada uno. Pero lo importante es que el dinero queda en la caja, paga las cuentas que precisan ser pagadas y después de cumplir con esas prioridades empezamos a pensar a dónde va a ser invertido. Enfocamos el uso de recursos en identificar si hay una acción que precisa ser hecha o si hay algún colectivo que le debe a otro”.
A nivel regional, añade Biba, también existe una caja colectiva nutrida por los recursos de cada agrupación estadual cuya función es “salvar” o asistir financieramente a otros colectivos. “Los colectivos pueden depositar ahí los fondos de algún proyecto que pertenezcan al circuito del mismo estado y después invertirlos en el funcionamiento de otros colectivos. Esas regionales dialogan a nivel nacional para un proyecto que se llama Cuenta Común. Todos los colectivos se registran en un formulario que les permite tanto prestar recursos como solicitar préstamos. Por otro lado, existe una categoría de financiamiento que se conforma de un porcentaje de todos los concursos públicos a los que aplica el colectivo y que después sirve para financiar otros proyectos de la red”.
Desafíos y creación de monedas
“Vivimos muchos desafíos pero en cuanto los íbamos superando más nos fortalecíamos. Pasamos hambre el primer año, pedimos ayuda a los padres, a los amigos, tampoco queríamos vender nuestro servicio al mercado porque desviaba nuestro propósito. En especial cuando creamos la moneda complementaria que, en su momento fue una cosa loca pero que sirvió para dar cuenta que la alternativa existe. La pregunta es: ¿Cómo se ecualiza esa matemática sin pactar con el mercado? Entonces creamos esas alternativas para intercambiar tanto monedas como servicios. Después comprobamos efectivamente que funciona y en la práctica llegamos más rápido a los objetivos sin necesidad de correr detrás del dinero”, reflexiona Lenissa.
Con pasos cortos pero seguros la red comenzó a explorar las posibilidades de una moneda complementaria centrada en el intercambio de servicios específicos. El desarrollo de la carrera de un grupo de música, la disminución de los costos de las giras, la administración de sus recursos. “La posibilidad de intercambiar, por ejemplo, el trabajo de arte gráfico por el trabajo de agencia de prensa es un caso en que el dinero que había que invertir en hacer una campaña publicitaria ya no se gastaba más. Durante los dos primeros años de trabajo sufrimos más oscilaciones. Uno de los muchachos cambió su auto por un estudio, después mis padres ayudaron con un dinero. Al año siguiente ganamos un premio y recomenzamos con más fuerza. Pero siempre hay altos y bajos”, añade.
Un hogar en donde hombres y mujeres de entre 20 a 50 años viven, trabajan y comparten la búsqueda de formas creativas de financiamiento e intercambio. Fora do Eixo (FDE) es una de las redes culturales más grandes de Brasil y varios de sus frentes están liderados por mujeres, autodenominadas #FEMeninas (chicas Fuera del Eje). Con más de 200 colectivos asociados, en el quinto país más extenso del globo, uno de los objetivos de la red es dar estímulo a la libertad creativa de artistas regionales de todo el territorio.
La semilla de FDE nació en 2005 desde las ciudades de Cuiabá, Uberlandia, Rio Blanco y Londrina cuando varios colectivos que producían eventos de música se unieron para intensificar la articulación de las bandas de música independiente entre las ciudades. Algunos jóvenes gestores culturales se unieron para promover juntos las giras de las bandas de rock locales, estimular el hospedaje solidario y articular a los productores para disminuir el costo de los viajes. En poco tiempo, varios productores de otras ciudades se identificaron con los problemas enfrentados por los precursores del circuito y se sumaron al movimiento formando así una red de colectivos culturales.
Lenissa Lenza (32) es una de las fundadoras de la red y resume cómo empezó todo bajo los principios de colectividad e interdependencia: “Todo lo comenzamos a hacer por necesidad ¿cómo vamos a sustentar un colectivo con un departamento para cada uno? ¡No! Vamos a compartir, vamos a vivir juntos en una sola sede, ¡es más viable! Hay afinidad de grupo pero también hay necesidades conjuntas y claras. Fuimos el primer colectivo de la red (de la ciudad de Cuiabá) en irnos a vivir juntos así desde cero, había que invertir todo. Diez años atrás fuimos los únicos en hacerlo, pero un tiempo después la gente vio que es fácil y posible. Cuantos más desafíos vivíamos más complicidad lográbamos”. Así se fue fortaleciendo un movimiento que propone que cada colectivo tenga autonomía local pero que se ligue a una red para realizar sus proyectos.
Biba Andrade (31) pide ayuda para limpiar un mueble antiguo donado por la madre de una de las habitantes de la casa. Después camina por la casa con un bolsón de ropa entre manos, con el que aumentar el guardarropa colectivo. Es la hora del almuerzo, hay que cerrar cuestiones pendientes antes de cocinar arroz y frijoles para más de 20 personas. Biba es parte de FDE desde hace más de cinco años y resalta, entre otros, que más que dificultades el modo de financiamento solidario abre nuevas posibilidades. Representa al Banco Fora do Eixo, un sistema de financiamento que articula centros culturales a nivel nacional y regional. Sobre el funcionamiento detalla: “Nosotros trabajamos a través de una gestión del Banco FDE y cada colectivo tiene su gestor. Entonces esa persona hace su gestión para su colectivo y después dialoga con los otros gestores. De ese modo logramos una relación más orgánica con todos los puntos de la red. Trabajamos con una caja colectiva que funciona a partir de los ingresos personales pero también de los del colectivo. Todos los ingresos confluyen en la misma caja. Esa caja colectiva tiene que dar cuenta de los gatos personales y también de los gastos del colectivo. Luego la distribución de fondos acompaña de a poco las necesidades de cada uno. Pero lo importante es que el dinero queda en la caja, paga las cuentas que precisan ser pagadas y después de cumplir con esas prioridades empezamos a pensar a dónde va a ser invertido. Enfocamos el uso de recursos en identificar si hay una acción que precisa ser hecha o si hay algún colectivo que le debe a otro”.
A nivel regional, añade Biba, también existe una caja colectiva nutrida por los recursos de cada agrupación estadual cuya función es “salvar” o asistir financieramente a otros colectivos. “Los colectivos pueden depositar ahí los fondos de algún proyecto que pertenezcan al circuito del mismo estado y después invertirlos en el funcionamiento de otros colectivos. Esas regionales dialogan a nivel nacional para un proyecto que se llama Cuenta Común. Todos los colectivos se registran en un formulario que les permite tanto prestar recursos como solicitar préstamos. Por otro lado, existe una categoría de financiamiento que se conforma de un porcentaje de todos los concursos públicos a los que aplica el colectivo y que después sirve para financiar otros proyectos de la red”.
Desafíos y creación de monedas
“Vivimos muchos desafíos pero en cuanto los íbamos superando más nos fortalecíamos. Pasamos hambre el primer año, pedimos ayuda a los padres, a los amigos, tampoco queríamos vender nuestro servicio al mercado porque desviaba nuestro propósito. En especial cuando creamos la moneda complementaria que, en su momento fue una cosa loca pero que sirvió para dar cuenta que la alternativa existe. La pregunta es: ¿Cómo se ecualiza esa matemática sin pactar con el mercado? Entonces creamos esas alternativas para intercambiar tanto monedas como servicios. Después comprobamos efectivamente que funciona y en la práctica llegamos más rápido a los objetivos sin necesidad de correr detrás del dinero”, reflexiona Lenissa.
Con pasos cortos pero seguros la red comenzó a explorar las posibilidades de una moneda complementaria centrada en el intercambio de servicios específicos. El desarrollo de la carrera de un grupo de música, la disminución de los costos de las giras, la administración de sus recursos. “La posibilidad de intercambiar, por ejemplo, el trabajo de arte gráfico por el trabajo de agencia de prensa es un caso en que el dinero que había que invertir en hacer una campaña publicitaria ya no se gastaba más. Durante los dos primeros años de trabajo sufrimos más oscilaciones. Uno de los muchachos cambió su auto por un estudio, después mis padres ayudaron con un dinero. Al año siguiente ganamos un premio y recomenzamos con más fuerza. Pero siempre hay altos y bajos”, añade.
Fotografías de: M.F. Goldsman
1)Reunión productores.
2)Biba preparando documentación.
3)Lenissa interviniendo en asamblea.
4)Michelle Raissa trabajando.
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Fora do Eixo cuenta con una creciente presencia en los medios
nacionales, su capacidad de articulación le permite trascender la esfera
de los festivales de rock y su campo de disputa se extiende en las
diversas arenas de la escena cultural brasileña. Las fuentes de
financiamiento son variadas y se vinculan con los diferentes frentes
temáticos de la red que atraviesa la música, los clubes de cine, las
artes escénicas, las tecnologías libres, un partido político y un
frente literario.
En la senda de la obtención de recursos señalan la importancia de la participación en concursos estatales, municipales o nacionales. También aplican llamadas a convocatorias para proyectos creativos, de formación libre y de propuestas de una nueva economía. “Contamos con un grupo encargado de mapear cada concurso y ver cuál es el proyecto que se encaja bien en ese formato. Esa comisión trabaja elaborando esos proyectos y enviándolos” relata Biba. Otra gran fuente de recursos es el patrocinio directo con empresas interesadas por los proyectos que generan repercusión en los medios. “Tenemos apoyos directos que tienen mucho que ver con los intercambios locales, las empresas, con encontrar socios que quieran invertir en un evento. Entonces puede haber una persona interesada en que las personas compren en su negocio, en ese caso disponibilizamos un intercambio que puede ser con moneda complementaria (Fora Do Eixo Card) o en Reales”.
Según Lenissa Lenza las críticas en un inicio fueron muy importantes, fundamentales para despabilar a las personas “porque todo el mundo estaba adormecido y narcotizado entonces es necesario ser sacudido”. Fue un proceso en el que desarrollaron otra sensibilidad y un respeto hacia el trabajo comunitario que ayudó a aumentar los niveles de entrega de las personas. “La propuesta de la caja colectiva fue una parte muy fuerte para que la gente entendiera el proceso, que forma parte de un colectivo y que cualquier objeto es de todos. Si esa mesa es mía, la traigo para el colectivo y decidimos juntas qué vamos a hacer con ella. Se construye de otra manera porque eres parte del colectivo entonces generas una conciencia colectiva en la que el débito lo tienes hacia el colectivo y además sabes que hoy te toca a vos porque mañana le va a tocar a otro”.
Inventa un mundo, construye una nueva economía
La moneda que circula en esta amplia red cultural se denomina Fora Do Eixo Card. Hay unos 300 bonos mil impresos permiten la intercambiabilidad con otras monedas del conjunto de la red (algunas de otros colectivos con su nombre propio y diferente). La tendencia es de crecimiento, observan.
“Hay más de 10 colectivos que trabajan con monedas físicas. Nacen con ese rasgo que denominamos una ´techie´ (una tecnología social) que la gente entiende rápido. Los colectivos van haciendo mucha sistematización de eso, luego la moneda física es como parte del marketing porque si aprendes a hacer el juego de los intercambios y explorarlo cada vez más, la creación de una moneda se deriva como consecuencia natural” desgrana Lenissa. Existe un componente simbólico muy importante en esta dinámica. Se vincula con la urgencia de dar un estímulo a los participantes. “La red no sobrevive de dinero si no que sobrevive de truques en todos los ámbitos. Ese es la mayor clave de FDE Card, si la gente no intercambia ¡se acaba todo! Entonces la moneda es fundamental en esa perspectiva y ayuda mucho con esas trocas, las personas se van manteniendo por causa de eso. Los colectivos se van vinculando entre sí para poder complementarse con diferentes servicios que se pueden intercambiar. La tendencia es la de la red de trocas de servicios de modo que la gente no caiga en la encrucijada de no poder desarrollar una iniciativa por falta de dinero”.
Uno de los indicadores más significativos muestra que el capital invertido y movido en trocas en 2010 es mucho más alto que el de Reales. “El año pasado eso creció mucho exponencialmente, en 2011 lo que era 65% en esa regla se volvió a un 85%, la gente terminó mucho más estimulada para usar el dinero y estimular a hacer más trocas”. También se trata de operar con un plan sustentable que cubra las necesidades básicas de las personas y los impulse a ser orgánicos con una red que los conecta de otra forma con la vida.
Biba ejemplifica el plus de valor de este sistema de financiamiento “Hay un índice que señala que cada 1 real que se mueve nosotros movemos 9 FDE cards. De los proyectos que realizamos cada 1 real que pagamos generamos el triple en valor de cards. Entonces si hay un proyecto que cuesta 400 mil, nosotros conseguimos hacerlo con 100 mil reales y 300 mil cards. Puesto que el card es todo servicio que invertimos, con toda nuestra producción y nuestro equipamiento entonces para cada proyecto que logramos colocar tenemos prevista esa relación. Un retorno de 1 en 9 también para el socio porque nuestro trabajo tiene contabilizada también la repercusión en medios de comunicación”.
Los muros revelan algo de la lluvia de ideas, los momentos de diversión y de entusiasmo de un puñado de personas que insiste en cambiar el mundo. Mientras tanto, las grandes ollas con caldo de mandioca se mantienen calientes para aquellos que regresan a la casa cansados y hambrientos. La producción show de rock, la cobertura de un congreso de cultura o una manifestación en las calles, algunas de las actividades que movilizan el activismo. Mientras tanto, Biba abre el placard y muestra una pila de ropa para el/la que necesite escoja y use. La oficina se convierte en dormitorio y se prepara para que dar cobijo a diez personas más. Procurar más espacio y construir un mundo diferente día a día.
Nuestro ambiente
“Contamos con varios brazos para buscar recursos y a la vez intentamos trabajar también de forma sustentable para minimizar también el consumo. Creemos en una filosofía de sustentabilidad ambiental y de consumo conciente”, destaca Biba desde la casa FDE de Belo Horizonte.
Fora Do Eixo presenta su costado ecológico así: “Una casa amplia, con 13 moradores (fijos), y una circulación media de 20 personas por día produce una alta cantidad de basura. En la Casa FDE de Minas Gérais estamos implantando un proceso de separación, reutilización y reciclaje de todos los residuos producidos. Repensamos todo su procesamiento que va desde la basura orgánica que será destinado para una pequeña compostera, pasando por las botellas de plástico que serán reutilizadas para el montaje de una huerta vertical y la confección de pufs para la casa. Demos prueba de que los pequeños actos hacen la diferencia para un mundo más sustentable”.
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1Fora do Eixo significa “Fuera del Eje”.
En la senda de la obtención de recursos señalan la importancia de la participación en concursos estatales, municipales o nacionales. También aplican llamadas a convocatorias para proyectos creativos, de formación libre y de propuestas de una nueva economía. “Contamos con un grupo encargado de mapear cada concurso y ver cuál es el proyecto que se encaja bien en ese formato. Esa comisión trabaja elaborando esos proyectos y enviándolos” relata Biba. Otra gran fuente de recursos es el patrocinio directo con empresas interesadas por los proyectos que generan repercusión en los medios. “Tenemos apoyos directos que tienen mucho que ver con los intercambios locales, las empresas, con encontrar socios que quieran invertir en un evento. Entonces puede haber una persona interesada en que las personas compren en su negocio, en ese caso disponibilizamos un intercambio que puede ser con moneda complementaria (Fora Do Eixo Card) o en Reales”.
Según Lenissa Lenza las críticas en un inicio fueron muy importantes, fundamentales para despabilar a las personas “porque todo el mundo estaba adormecido y narcotizado entonces es necesario ser sacudido”. Fue un proceso en el que desarrollaron otra sensibilidad y un respeto hacia el trabajo comunitario que ayudó a aumentar los niveles de entrega de las personas. “La propuesta de la caja colectiva fue una parte muy fuerte para que la gente entendiera el proceso, que forma parte de un colectivo y que cualquier objeto es de todos. Si esa mesa es mía, la traigo para el colectivo y decidimos juntas qué vamos a hacer con ella. Se construye de otra manera porque eres parte del colectivo entonces generas una conciencia colectiva en la que el débito lo tienes hacia el colectivo y además sabes que hoy te toca a vos porque mañana le va a tocar a otro”.
Inventa un mundo, construye una nueva economía
La moneda que circula en esta amplia red cultural se denomina Fora Do Eixo Card. Hay unos 300 bonos mil impresos permiten la intercambiabilidad con otras monedas del conjunto de la red (algunas de otros colectivos con su nombre propio y diferente). La tendencia es de crecimiento, observan.
“Hay más de 10 colectivos que trabajan con monedas físicas. Nacen con ese rasgo que denominamos una ´techie´ (una tecnología social) que la gente entiende rápido. Los colectivos van haciendo mucha sistematización de eso, luego la moneda física es como parte del marketing porque si aprendes a hacer el juego de los intercambios y explorarlo cada vez más, la creación de una moneda se deriva como consecuencia natural” desgrana Lenissa. Existe un componente simbólico muy importante en esta dinámica. Se vincula con la urgencia de dar un estímulo a los participantes. “La red no sobrevive de dinero si no que sobrevive de truques en todos los ámbitos. Ese es la mayor clave de FDE Card, si la gente no intercambia ¡se acaba todo! Entonces la moneda es fundamental en esa perspectiva y ayuda mucho con esas trocas, las personas se van manteniendo por causa de eso. Los colectivos se van vinculando entre sí para poder complementarse con diferentes servicios que se pueden intercambiar. La tendencia es la de la red de trocas de servicios de modo que la gente no caiga en la encrucijada de no poder desarrollar una iniciativa por falta de dinero”.
Uno de los indicadores más significativos muestra que el capital invertido y movido en trocas en 2010 es mucho más alto que el de Reales. “El año pasado eso creció mucho exponencialmente, en 2011 lo que era 65% en esa regla se volvió a un 85%, la gente terminó mucho más estimulada para usar el dinero y estimular a hacer más trocas”. También se trata de operar con un plan sustentable que cubra las necesidades básicas de las personas y los impulse a ser orgánicos con una red que los conecta de otra forma con la vida.
Biba ejemplifica el plus de valor de este sistema de financiamiento “Hay un índice que señala que cada 1 real que se mueve nosotros movemos 9 FDE cards. De los proyectos que realizamos cada 1 real que pagamos generamos el triple en valor de cards. Entonces si hay un proyecto que cuesta 400 mil, nosotros conseguimos hacerlo con 100 mil reales y 300 mil cards. Puesto que el card es todo servicio que invertimos, con toda nuestra producción y nuestro equipamiento entonces para cada proyecto que logramos colocar tenemos prevista esa relación. Un retorno de 1 en 9 también para el socio porque nuestro trabajo tiene contabilizada también la repercusión en medios de comunicación”.
Los muros revelan algo de la lluvia de ideas, los momentos de diversión y de entusiasmo de un puñado de personas que insiste en cambiar el mundo. Mientras tanto, las grandes ollas con caldo de mandioca se mantienen calientes para aquellos que regresan a la casa cansados y hambrientos. La producción show de rock, la cobertura de un congreso de cultura o una manifestación en las calles, algunas de las actividades que movilizan el activismo. Mientras tanto, Biba abre el placard y muestra una pila de ropa para el/la que necesite escoja y use. La oficina se convierte en dormitorio y se prepara para que dar cobijo a diez personas más. Procurar más espacio y construir un mundo diferente día a día.
Nuestro ambiente
“Contamos con varios brazos para buscar recursos y a la vez intentamos trabajar también de forma sustentable para minimizar también el consumo. Creemos en una filosofía de sustentabilidad ambiental y de consumo conciente”, destaca Biba desde la casa FDE de Belo Horizonte.
Fora Do Eixo presenta su costado ecológico así: “Una casa amplia, con 13 moradores (fijos), y una circulación media de 20 personas por día produce una alta cantidad de basura. En la Casa FDE de Minas Gérais estamos implantando un proceso de separación, reutilización y reciclaje de todos los residuos producidos. Repensamos todo su procesamiento que va desde la basura orgánica que será destinado para una pequeña compostera, pasando por las botellas de plástico que serán reutilizadas para el montaje de una huerta vertical y la confección de pufs para la casa. Demos prueba de que los pequeños actos hacen la diferencia para un mundo más sustentable”.
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1Fora do Eixo significa “Fuera del Eje”.
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