O artigo acima serve para quem participou no turno da manhã da reunião técnica de planejamento para aplicação dos recursos da Politica Nacional de Cultura Aldir Blanc (PNAB) em Aracaju cntender o pano de fundo da aspereza na minha fala em alguns momentos.
O fato é que em Aracaju e em Sergipe a maioria dos nossos líderes do campo progressista foram incapazes de entender o potencial da cultura para enfrentar primeiro o neoliberalismo, e mais recentemente, a partir do golpe de 2016, o neofascismo. A forma como o debate de hoje pela manhã foi encaminhado confirma a minha visão. E aqui não tem nenhuma crítica a quem conduziu a reunião, muito pelo contrário. Uma pena!
Falo isso porque já fazia ação cultural na década de 1980 e 1990 pensando nisso, e não imaginava o quão necessário era ter a compreensão que tive e tenho. Mas o fato é que a maioria de nossas lideranças do campo progressista falharam e continuam falhando. Daí não dá só para considerar que o desastre cognitivo-ético-estético que estamos assistindo seja apenas responsabilidade tão somente do campo neoliberal e neofascista.
Por uma questão de justiça, lembro a compreensão que o presidente Lula tem sobre o papel da cultura. Ou da necessidade de uma revolução cultural permanente para enfrentar a guerra cultural da extrema direita. Lula, Boulos e quem mais? No campo local, Ana Lúcia, Iran Barbosa, Sônia Meire, Linda Brasil, Ângela Melo (in memorian) e quem mais?
Quanto aos sindicatos, o dos bancários já foi relativamente melhor. O Sintese (professores estaduais da rede pública) entre altos e baixos, bem poderia realizar um debate sobre política cultural no contexto da luta de classes destes tempos que rugem para aprimorar algumas iniciativas ou criar outras para melhor posicionar o sindicato no contexto das lutas políticas atuais, inclusive no campo cultural. Tem outro sindicato que pode ser citado? O Sindipema (professores da rede pública municipal) talvez, mas também não parece compreender suficientemente a discussão da cultura como teoria politica, bem como a necessidade de uma maior articulação com os fazedores de cultura da cidade. A Adufs (professores da rede federal) pode ser citado?
O MST em Sergipe não conseguiu e nem consegue deixar uma marca na ação cultural e inserção no debate público das políticas culturais, como acontece em outros estados, o que inclusive tem reflexo na atuação parlamentar dos seus líderes eleitos em Sergipe.
Quanto às organizações da sociedade civil, embora não seja o objeto principal da sua atuação, o CJDBC, consegue se sair bem quando se propõe, aqui me refiro em especial a formação técnico-politica. A AMABA e o CESEP infelizmente foram extintas. Foram pioneiros na formação, articulação e mobilização do campo da ação cultural de base comunitária nos anos 1980 e 1990.
Zezito de Oliveira
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Zezito de Oliveira
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domingo, 19 de maio de 2024
A segunda parte do artigo de opinião acima será publicado até o final de semana.
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