terça-feira, 28 de maio de 2024

O sonho dos padres conciliares e de Francisco na arquidiocese de Aracaju através das palavras do Pe.Anderson Gomes na posse de Dom Josafá Menezes como novo arcebispo de Aracaju.

A minha alma engrandece ao Senhor (Lc 1, 46)

Foto: Divulgação

Dom Josafá Menezes da Silva, desde já, se sinta acolhido e amado por todos nós que fazemos o Clero de Aracaju. Os sentimentos que perpassam nosso coração são de fé, afeto e gratidão a Deus que guia e sempre guiará a Sua Igreja, ainda Peregrina neste mundo e desejosa de se configurar ainda mais ao Seu Eterno Pastor e Mestre, Jesus. Ela, como uma Mãe fecunda, vive da Palavra do Filho que nos coloca em comunhão com o Pai no Pentecostes contínuo do Espírito Santo sobre todos que professam a fé em Cristo e na Igreja e que insiste em nos recriar e visitar através de Seu Amor e Benevolência, porque Eterna é Sua Misericórdia (Sl 135/136).

Foto: Gabriele Machado (@focaroalto) - Site da Arquidiocese de Aracaju

Neste 25 de Maio de 2024, Ano da Oração; envoltos pelo Jubileu da Esperança, recordamos em que momento da história eclesial o senhor chega para pastorear a nossa Igreja. Temos em voga o Sínodo convocado pelo Santo Padre sobre a Sinodalidade. E para não soar cansativo esse imperativo fecundo e de fé, evoco as palavras de Dom Paulo Jackson (Arcebispo de Olinda e Recife), que se remeteu aos seus diocesanos assim: “São João Crisóstomo afirmava “a Igreja é sínodo”. Ele não utilizava o adjetivo ‘sinodal’, mas o substantivo mesmo. Por isso, no discurso, por ocasião do 50º aniversário da instituição dos sínodos dos bispos, em 17 de outubro de 2015, o Papa Francisco afirmou: “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus deseja para Igreja do terceiro milênio”. O significado etimológico da palavra já nos dá algumas luzes: syn (mesmo, com, em companhia de, conjuntamente); hodós (caminho). Sóinodos significa, portanto, percorrer ou viajar conjuntamente por um mesmo caminho, caminhar juntos. Para nós, esse caminho é Jesus Cristo (Jo 14,6). Não sem motivo, os cristãos foram chamados ‘seguidores do Caminho’ (At 9, 2). A grande marca de quem decide caminhar com os outros é escutar-se mutuamente, escutar, escutar, e escutar de novo”. Eis o chão e eis o chamado da Igreja universal, de Roma para o mundo. Eis-nos aqui: escuta-nos Dom Josafá e envia-nos!

Ainda olhando para história humana e seus avanços, observamos que deveremos nos habilitar cada vez mais para dialogar com temas que tocam diretamente a ação evangelizadora da Igreja: crises nas democracias, crescimento das classes menos favorecidas, falta de dignidade humana e políticas públicas eficientes para minimizar as dores do povo, polarizações e disseminação de fake news que rasgam e ferem o tecido eclesial, o tema da inteligência artificial, a crise ecológica e ambiental nos interpela a todos nós que professamos a fé em Jesus Cristo, fundamentados na Revelação, na Tradição e no Magistério sem desconsiderar as ciências humanas e sociais precisamos dar respostas amadurecidas pelo Espirito Santo para nosso povo simples e humilde que nos procuram com falta de sentido para vida. Urge o Amor, Urge Amar, em Cristo!

Recebemos como um ato de fé vossa nomeação para esta Igreja Centenária de Aracaju, conduzida por Cristo na Sua história tão fecunda, marcada pela história do Povo de Deus que faz o Rosto Belo da Igreja nestas terras sergipanas, féis leigos e leigas, ministros ordenados, religiosos e jovens, todos peregrinos da Esperança, todos sedentos de um Amor Maior, daquele Rosto que Maria Madalena correu para encontrar na Manhã Pascal, recordemos: “…porque choras? perguntou Ele: Quem procuras? Ela pensava que fosse o jardineiro: se foste tu que o levaste, mostra-me onde o puseste que eu vou buscá-lo: Maria, disse Jesus…” (Jo 20, 15-16). Essa é a nossa busca, caro Dom Josafá: O Rosto do Belo Carpinteiro de Nazaré, Jesus nosso Senhor, Filho da Imaculada, tão querida ao senhor, patrona da vossa terra natal e da nossa Igreja Particular.

Queremos, enquanto clero, nos somar ao vosso Sim, ao sim de todos os crentes e ao sim da Mulher Bela e Missionária, Maria Imaculada, sim esse que a Igreja não se cansa de recorrer para partir apressadamente: “…Maria levantou-se e partiu apressadamente…” (Lc 1,39). A nossa partida, como a de Maria, deve ser espiritual, missionária e de fé.

Caro Dom Josafá, queremos exultar em Deus, nosso Salvador (Lc 1,46-55), vossas palavras, nesses últimos dias até esta noite, foram marianas e repletas de confiança nas mãos da Virgem que segurou e segura nas suas mãos ungidas, e, como naquele dia da sua ordenação episcopal, novamente ungi sua cabeça com o esplendor da Santidade do Filho! A Igreja precisa, em Maria, sempre redescobrir o Caminho de Fé. Eis o sentido do ministério na Igreja: servir, apenas servir...

Hoje, nosso coração se alegra em Deus, não por uma alegria qualquer, uma espera humana apenas. O Anjo que visitou Maria, em ti, Dom, nos visita e diz: Alegra-te, Filha de Sião, alegra-te Jerusalém, alegra-te, Igreja de Aracaju! Pois o Senhor olhou com humildade a sua Serva!

Em nossa Arquidiocese contamos com a presença fecunda de 129 padres diocesanos, 35 religiosos, 44 diáconos permanentes e 2 transitórios. Em nosso Seminário Propedêutico temos 10 jovens em discernimento vocacional e no Seminário Maior: 11 seminaristas na filosofia e 12 seminaristas na teologia, além das religiosas em diversas comunidades da nossa Arquidiocese.

Finalizo com um trecho da homilia intitulada ‘colocar os olhos na Graça Original’, do Cardeal José Tolentino: “por fim, Maria descobre neste encontro com o anjo que a sua vida está ao serviço de uma vida maior, de um projeto maior. Isto é, que a vida não começa e acaba nela, não começa e acaba nos sonhos que ela teve para a sua vida, nos desejos que ela teve, com certeza, no coração de jovem sonhadora que ela era. A vida não acaba no perímetro dos desejos e dos sonhos que ela fez de felicidade para a sua vida. Mas o Senhor chama-a a colocar-se ao serviço de uma felicidade maior, imprevista, com a qual ela não tinha nunca sonhado, nem poderia sonhar. Mas o Senhor diz: “Olha, a tua vida é para servir uma vida maior, para servir uma coisa maior.” E Maria diz: ”Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra…”.

Dom Josafá, Prega a Palavra! És o nosso amado Pastor. Em orações estamos e em vigília orante ficaremos, acolhemos o senhor como um peregrino mariano que vem das Terras da Bahia em Conquista e entrará na cidade de Aracaju como 5º Arcebispo Metropolitano. Nossas mãos ungidas por misericórdia, estão estendidas para servir, colaborar e cuidar da sua vida e ministério.

Sua bênção e seja Bem-vindo! Vosso, Pe, Anderson Gomes da Silva (Representante Arquidiocesano do Clero)

 Aracaju, 25 de maio de 2024

A brilhante e comovente fala proferida pelo Padre Anderson Gomes,  representando o clero de Aracaju naquilo que este tem de melhor. Confira como foi ao vivo no dia 25 de maio 

 Canta Francisco


MENSAGEM DO PAPA PAULO VI

NA CONCLUSÃO DO CONCÍLIO VATICANO II

AOS PADRES CONCILIARES

8 de Dezembro de 1965

Veneráveis Irmãos

Soou a hora da partida e da dispersão. Dentro de momentos deixareis a assembleia conciliar para irdes ao encontro da humanidade e lhe levardes a boa nova do Evangelho de Cristo e da renovação da sua Igreja, para o qual trabalhámos juntos durante quatro anos.

Este é um momento único, momento de um significado e riqueza incomparáveis. Neste encontro universal, neste ponto privilegiado do tempo e do espaço, convergem simultaneamente o passado, o presente e o futuro. O passado, porque está aqui reunida a Igreja de Cristo, com a sua tradição, a sua história, os seus Concílios, os seus doutores e os seus santos. O presente, porque saímos de nós próprios para nos dirigirmos ao mundo actual, com as suas misérias, as suas dores, os seus pecados, mas também os seus empreendimentos prodigiosos, os seus valores e as suas virtudes. E por fim, o futuro, encontra-se representado no apelo imperioso dos povos a uma maior justiça, no seu deseje de paz, na sua sede consciente ou inconsciente duma vida mais alta: precisamente aquela que a Igreja de Cristo lhes pode e deseja dar.

De toda a parte do mundo parece-Nos ouvir elevar-se um imenso e confuso rumor: a interrogação de todos os que, olhando para o Concílio, nos perguntam com ansiedade: não tendes uma palavra para nos dizer? A nós, os governantes? A nós, os artistas? E a nós, as mulheres? A nós, jovens, a nós doentes e pobres?

Essas vozes implorantes não ficarão sem resposta. Foi para todas as categorias humanas que o Concílio trabalhou durante quatro anos, foi para todas elas que elaborou esta Constituição sobre a Igreja no mundo actual, que ontem promulgámos sob os entusiásticos aplausos da vossa assembleia.

Da nossa longa meditação sobre Cristo e a sua Igreja deve jorrar, neste instante, uma primeira palavra anunciadora de paz e salvação para as multidões. Antes de se dispersar, o Concílio quer traduzir em breves mensagens e em linguagem facilmente acessível a todos, a boa nova que tem para anunciar ao mundo e que alguns dos seus intérpretes mais autorizados desejam, entretanto, dirigir em vosso nome a toda a humanidade.

Gaudium et Spes

Gaudium et Spes ("Alegria e Esperança" em latimsobre a Igreja no mundo contemporâneo é a única constituição pastoral e a 4ª das constituições do Concílio Vaticano II.[1] Trata fundamentalmente das relações entre a Igreja Católica e o mundo onde ela está e atua.

Inicialmente, constituía o famoso "esquema 13", assim chamado por ser esse o lugar que ocupava na lista de documentos estabelecida em 1964. Teve diversas redações e muitas emendas, acabando por ser votada apenas na quarta e última sessão do Concílio. A última votação teve os seguintes resultados: 2309 placet; 75 non placet; 10 nulos.

Foi promulgada pelo Papa Paulo VI, no dia 7 de Dezembro de 1965, na 9ª sessão solene do Concílio.

Embora formada por duas partes, constitui um todo unitário. A primeira parte é mais doutrinária, tratando de vários temas eclesiológicos (muitos deles já debatidos na Lumen Gentium), tais como a missão de serviço ou o sacerdócio comum do Povo de Deus.[2] A segunda parte é fundamentalmente pastoral, centrando-se nos diversos problemas do mundo actual: "explosão demográfica, as injustiças sociais entre classes e entre povos e o perigo da guerra nuclear", entre outros problemas socias e económicos.

Esquema da Gaudium et Spes

Os números correspondem às secções indicadas no texto entre parêntesis.

  1. Proémio (1-3)
  2. Introdução: A condição do Homem no mundo actual (4-10)
  3. Primeira parte: A Igreja e a vocação do Homem (11-45)
    1. A dignidade da pessoa humana (12-22)
    2. A comunidade humana (23-32)
    3. A actividade humana no mundo (33-39)
    4. A função da Igreja no mundo actual (40-45)
  4. Segunda parte: Alguns problemas mais urgentes (46-93)
    1. A promoção da dignidade do matrimónio e da família (47-52)
    2. A conveniente promoção do progresso cultural (53-62)
      1. Condições da cultura do mundo actual (54-56)
      2. Alguns princípios para a conveniente promoção da cultura (57-59)
      3. Alguns deveres mais urgentes dos cristãos com relação à cultura (60-62)
    3. A vida económico-social (63-72)
      1. O desenvolvimento económico (64-66)
      2. Alguns princípios orientadores de toda a vida económico-social (67-72)
    4. A vida da comunidade política (73-76)
    5. A promoção da Paz e a Comunidade Internacional (77-93)
      1. Evitar a guerra (79-82)
      2. Construção da Comunidade Internacional (83-93)

Referências

  1.  As outras três são as constituições dogmáticas Sacrosanctum Concilium (sobre a sagrada liturgia), Dei Verbum (sobre a revelação divina) e Lumen Gentium (sobre a natureza e a constituição da Igreja).
  2.  "O Concílio Vaticano II" Arquivado em 19 de outubro de 2009, no Wayback Machine., do site Doutrina Católica

 CONSTITUIÇÃO PASTORAL GAUDIUM ET SPES. SOBRE A IGREJA NO MUNDO ACTUAL

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