sábado, 4 de maio de 2024

Rio acima dos 40 graus e Rio Grande do Sul debaixo d'água. O que tem a dizer acerca disso? Papa Francisco, cientistas e pessoas de bom senso.

 

E O PAPA FRANCISCO TEM RAZÃO. UMA NOTA

E o Papa Francisco estava coberto de razão. Com a publicação da exortação: “Laudate Deum”, o Papa chegou a ser ridicularizado por uma extrema direita católica virulenta e delirante. Diziam os direitistas quando da publicação do documento papal: as preocupações ambientais do Papa não faz sentido e não seria o papel de uma liderança religiosa. Teria o Papa Francisco abandonado os temas dogmáticos e assumido de vez o seu "modernismo". A extrema direita católica caminha cada vez mais para o isolamento e para um comportamento de seita sectária.

O Papa Francisco estava (e continua) correto e antenado com os acontecimentos do mundo real. Ao publicar a "Laudate Deum" no dia 4 de outubro de 2023, dava continuidade as suas reflexões sobre as questões ambientais que assolam o mundo numa leitura teológico-política. Em 6 capítulos e 73 parágrafos, olhando para a COP28 em Dubai, o Papa pretendia fazer um apelo à corresponsabilidade diante da emergência das mudanças climáticas, porque o mundo "está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura" - profético?. É um dos "maiores desafios que a sociedade e a comunidade global enfrentam", "os efeitos das alterações climáticas recaem sobre as pessoas mais vulneráveis" - Parecia uma previsão do está ocorrendo no Estado do Rio Grande do Sul no Brasil nesta semana.

Volto a exortação papal para demonstrar sua atualidade e de como os opositores de Francisco na Igreja Católica estão completamente equivocados. Diferentemente dos extremados católicos, o Papa prefere avançar no mundo mundo moderno, dialogando com seus mais graves problemas e tomando uma posição profética diante da grave crise sócio-ambiental por que passa o mundo. O Papa tem plena consciência de duas coisas:

primeiro. Os sinais da mudança climática cada vez mais evidentes e destrutivos. É preciso que se diga. É preciso que estudemos esse incontornável fenômeno. É preciso que encontremos saídas ou a coisa tenderá a uma situação sem volta. Numa firmação categórica: Afirma: "é possível verificar que certas mudanças climáticas, induzidas pelo homem, aumentam significativamente a probabilidade de fenômenos extremos mais frequentes e mais intensos". E para aqueles/aquelas que minimizam por alguma razão ideológica, responde o Papa: "aquilo que agora estamos a assistir é uma aceleração insólita do aquecimento"... Provavelmente, dentro de poucos anos, muitas populações terão de deslocar as suas casas por causa destes fenômenos". O que já está ocorrendo.

Segundo. A culpa não é dos pobres. As classes dominantes deste mundo com sua ganância e política necrófila, destroem diariamente a "casa comum" e esmagam os mais vulneráveis. Citando Marx numa frase genial: "O capital onde chega toma as proporções de Deus, transforma tudo a sua imagem e semelhança". Com certeza o Papa concordaria com o filósofo alemão e com boa parte de seu "Manifesto comunista", para assombro dos reacionários católicos. Paciência. O Papa não se tornará "comunista" por isto.  É Francisco e não Marx que afirma hoje: "... que uma reduzida percentagem mais rica do planeta polui mais do que o 50% mais pobre. A África, que alberga mais da metade das pessoas mais pobres do mundo, é responsável apenas por uma mínima parte das emissões no passado". A maior responsabilidade ficará na conta dos grandes ricos deste planeta. 

O Papa Francisco não é perfeito, mesmo que seja considerado "infalível" pelo Vaticano I. Mas podemos afirma que este Papa Francisco é melhor do que sua Igreja, em média. O que é raro. Na história da Igreja, geralmente, os Papas são piores do que a base da Igreja. 

Romero Venâncio (UFS)

LAUDATE DEUM: NOVA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA AFIRMA QUE NATUREZA NÃO É UM MERO RECURSO A SERVIÇO DOS SERES HUMANOS 

Papa Francisco faz apelo e ultrapassa barreiras do catolicismo ao destinar exortação apostólica a ‘todas as pessoas de boa vontade sobre a crise climática’, aponta estudioso,

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Política neoliberal de Leite e Melo desmantelou proteção de Porto Alegre, aponta professor da UFRGS




Sobre a emergência climática e ambiental no RS
Prof. Dr. Rualdo Menegat, IG-UFRGS

Devemos reconhecer, em primeiro lugar, que não só há um apagão da infraestrutura do Estado do RS - que Leite e Melo privatizaram e que agora gerenciam de forma incompetente, estruturas como CEEE-Equatorial, Corsan, entre outras. Sartori e Leite desmontaram também a inteligência estratégica do Estado: Metroplan, FZB, FEE, SEMA e CIENTEC. 
Além disso e muito importante: há um apagão da natureza para mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos, posto que a drenagem natural e os ciclos hídricos foram destroçados pelas políticas de uso intensivo do solo. Flexibilizaram leis para aumentar áreas de plantio de soja, desmontaram planos diretores para ampliar a especulação imobiliária em zona ribeirinhas, para implantar minas de carvão e para favorecer a especulação imobiliária. Sem inteligência social e com a infraestrutura natural destroçada, temos pela frente um longo caminho para adquirirmos condições de enfrentar a emergência climática e ambiental que estamos atravessando. Temos que ter em mente que isso é apenas um começo. Temos que agir estrategicamente se quisermos encorajar a sociedade a enfrentar os tempos que estão aí e os que advirão. 
A UFRGS é uma instituição fundamental para isso.  É a inteligência estratégica que sobrou em um Estado que está sendo desmontado peça por peça.  Sem inteligência social, a sociedade não só fica muito mais vulnerável frente aos impactos adversos dos  tempos severos, mas também fica refém da ação de forças externas, sobre as quais não tem controle, como o Exército e empresas privadas. Tudo conduz para a ideia que nada podemos fazer enquanto sociedade, cada vez mais submetida à inclemência da natureza e ao horror de políticas autocráticas e ignorantes. A Universidade é a esperança possível para desenvolver uma inteligência social que encoraje a sociedade a enfrentar a emergência climática-ambiental do século XXI.

"Vamos todos arregaçar mangas e colaborar, cada um do seu jeito. Salvando o Rio Grande do Sul, estamos salvando o Brasil", escreve Hildegard Angel
04 de maio de 2024, 13:47 h
Vamos ouvir com muita atenção o desabafo desse prefeito gaúcho, de um município da região de Nova Colônia, no encontro em Porto Alegre com o presidente Lula, os ministros, o governador.
Escutem também a resposta de Lula e como está determinado a ajudar a reerguer o Rio Grande do Sul. 
O RS é um país dentro do Brasil, maior que muitos países estrangeiros. Um estado diversificado e laborioso, construído pelo trabalho. Ele mistura conservadores e progressistas, arte regional e arte de vanguarda, sua economia é múltipla, vai dos calçados ao têxtil, dos alimentos ao vinho, do turismo ao agro exportador, da agricultura familiar ao aço. 
O Rio Grande do Sul é uma força, agora em confronto com a maior das forças, a da natureza. Estado que nos deu Mário Quintana, Moacyr Scliar, dois Verissimo - Érico e Luís Fernando, Raul Bopp. Nas artes plásticas, Iberê Camargo e dois Carlos - Scliar e Vergara. Elis Regina, José Lewgoy e Teixeirinha. O RS é muito mais que isso. É o empreendedorismo da família Silveira, de Gramado, com seu Kur do envelhecimento saudável. São os chocolates artesanais, o café colonial, os churrascos. O chimarrão. Os Centros de Tradição Gaúcha. Tantas coisas... 
Aí percebemos que só quando acontece uma tragédia de proporção catastrófica, as gentes, seduzidas por discursos políticos mitológicos e enganadores, percebem que precisam mesmo é ter um gestor de fato, experiente, informado e cumpridor da palavra, e não de um político de ocasião, político de promessas jamais cumpridas, político purpurina, feito só para brilhar e lacrar. 
Por isso meu conforto em saber que temos um líder de fato conduzindo o Brasil. Um comandante para tempo bom, céu de brigadeiro, para ventos e tempestades. Um Lula! 
Vamos todos arregaçar mangas e colaborar, cada um do seu jeito. Salvando o Rio Grande do Sul, estamos salvando o Brasil, cada um de nós. Pois novas tragédias climáticas virão, a ciência já avisou faz tempo. Teremos todos nosso quinhão desse apocalipse ambiental. Como já tivemos em Itaipava, Petrópolis, Mariana e Brumadinho, Sergipe, seja por ação imediata da ambição dos homens, seja pela ação lenta e gradual do mundo capitalista e consumista. 
Obrigada, presidente Lula!



"Na verdade mesmo! É viver amor integral. Amor por inteiro e não pela metade.  Não sendo assim. não há e nem haverá saída... O Papa Francisco já deu a visão. Rezemos, sejamos solidários como já é tradição da  nossa gente, e nos coloquemos em movimento para abrir os olhos e os ouvidos de quem está cego ou surdo pela metade e quem sabe, como um milagre,  abrir os olhos e ouvidos dos que estão cegos e surdos totalmente. Até para não repetir tragédias como essa, fazer a prevenção necessária e não esquecer como acontece com outras tragédias recentes. Quando passado o momento da comoção, pouco é feito para reduzir as causas e prevenir outras tragédias nas mesmas proporções." Zezito de Oliveira

 O SAL DA TERRA



 RS; Leite e o pedido por redes sociais




LEMBRAR PARA NÃO REPETIR





Lelê Teles: Negacionismo climático criando dilúvios
Ilustração: O Grito, de Munch, adaptado; feito com IA

Negacionismo climático

Por Lelê Teles*

“o ser, tao, vai vir amar”

o tao, você sabe, é o princípio do equilíbrio, é a ordem natural das coisas.

tao pai, tao filho.

mas as coisas estão fora de ordem, tá tudo de pernas pro ar.

é o tal do negacionismo climático agindo.

chove a cântaros no verão e o sol racha no inverno.

o sorveteiro, coitado, não sabe mais quando deve abrir sua bodega.

o urso polar naufraga num cubo de gelo se liquefazendo.

florestas ardem em chamas, animais indefesos carbonizam e viram cinzas, tempestades de areia banham cidades, furacões furiosos fulminam, el niño y la niña se agrandan, os rios, rasos ou secos, agonizam, a desertificação avança sobre os campos…

mas pro negacionista, enquanto tiver carvão e carne, tem churrasco.

tá de boas.

tá frio, ele bota um casaco, esquentou, ele liga o ar condicionado, choveu demais e as ruas alagaram, ele sai de jet ski.

o que vemos hoje no rio grande do sul é um efeito antrópico.

Apoie o VIOMUNDO
nunca se viu tanta precipitação pluvial desde noé.

e não é maquinação de deuses ou deusas, é a mão do negacionismo criando dilúvios.

e cada um que zarpe em sua arca, quem não tiver uma que braceje até cansar.

os ricos fogem do risco, a miséria nada.

tudo começou quando deixamos de dizer meu ambiente e passamos a falar meio ambiente.

a natureza passou a ser o que está lá fora.

o negacionista a observa da janela, com o rifle na mão, atirando contra tudo o que se move.

é caça e pesca esportiva.

pode importunar baleias, pode enjaular e engaiolar, pode-se construir aquários gigantes pra golfinhos divertirem crianças de cara rosada.

a árvore, a ave e o bicho viraram mercadoria.

o matuto é um jeca, o indígena é a eterna criança sem alma e sem razão.

o cara é o jeff bezos, aquele bilionário que mandou pro espaço uma caravela em formato de piroca.

as caravelas estão na origem da nossa desgraça ambiental.

desde que aqueles assassinos imundos aportaram nessas paragens nunca se matou e se desmatou tanto.

a cruz e a espada têm o mesmo formato.

uma matava a alma, a outra concluía o serviço.

e tudo virava lenha pra alimentar caldeiras.

o carvão botava o trem pra correr nos trilhos, e ele passou a correr cada vez mais rápido.

tudo se converteu em matéria prima pra alimentar a revolução industrial.

o capetalismo é o diabo com uma cruz numa mão e uma espada na outra.

ventando fogo das ventas pra queimar fauna e flora.

só a total descolonização do poder, do ser e do saber pode nos redimir.

o ser humano passa por um profundo processo de desumanização.

robotizaram instintos e sentimentos, e agora temem que os robôs se humanizem e nos aniquilem como máquinas velhas.

é preciso nos reumanizarmos.

o primeiro passo é aceitar o meio ambiente como meu ambiente.

e cuidar do mundo como quem cuida do lar.

o segundo passo é reunir os negacionistas em praça pública, sapatênis, copo stanley e dorso nu…

e colocar uns robozinhos para chicoteá-los muitas vezes e sem piedade.

shilápite, shilápite e shilápite.

palavra da salvação.

*Lelê Teles é jornalista, roteirista e mestre em Cinema e Narrativas Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).


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