08/07/2013 - 03h07
RICARDO MENDONÇA
DE SÃO PAULO
Os protestos pelo país não provocaram impacto só na popularidade da
presidente Dilma Rousseff. Sua agenda também sofreu uma guinada. Nos
últimos dias, ela passou a receber representantes de movimentos sociais
que esperavam por uma audiência desde sua posse, em janeiro 2011.
Na lista dos que foram ou serão recebidos estão organizações recentes,
como o MPL (Movimento Passe Livre), mas principalmente militantes com
relações antigas e desgastadas com o PT, como gays, indígenas,
camponeses, feministas e ativistas digitais.
A nova postura já rendeu as primeiras fotos para Dilma e gerou algum
noticiário positivo. O histórico de desgastes com vários desses
movimentos, porém, sugere que a reaproximação não deverá ser fácil. A
lista de embates, reclamações e divergências em políticas públicas é
extensa.
Roberto Stuckert Filho - 28.jun.13/Divulgação/PR | ||
A presidente Dilma em seu primeiro encontro no Planalto com militantes da causa gay, no fim de junho |
Um exemplo é o que ocorre com militantes da luta antimanicomial, setor
historicamente ligado ao PT, e ativistas que pedem revisão da política
de combate às drogas.
O alvo do segmento é a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), a quem
atribuem a responsabilidade pela adoção de uma política muito
conservadora, em diversos aspectos contrária ao que era defendido por
petistas no passado.
Esses grupos discordam de dois dos pilares do plano do governo de
combate ao crack: as internações compulsórias de dependentes e os
repasses de recursos para comunidades terapêuticas religiosas.
Dois eventos são citados como marcos do distanciamento. O primeiro foi o
convite que Gleisi fez à psicóloga evangélica Marisa Lobo para o
lançamento do programa. Tida como inimiga dos ativistas, Lobo é a
formuladora do projeto que permitia a oferta de tratamento para
homossexuais, ideia apelidada de "cura gay" derrubada na Câmara.
O segundo foi um e-mail repassado por Gleisi para o ministro Alexandre
Padilha (Saúde) pedindo a "flexibilização" na contratação das entidades
religiosas, segmento para o qual o governo reservou R$ 100 milhões. A
troca de mensagens, que começa com uma cobrança do líder de uma dessas
comunidades, foi revelada pelo o jornal "Correio Braziliense" em 2012.
DECEPÇÃO
Entre os gays, os eventos que causaram maior aborrecimento foram os
recolhimentos de materiais de orientação após pressão de evangélicos.
O caso mais conhecido foi o do kit de combate à homofobia vetado no
Ministério da Educação quando a pasta era dirigida por Fernando Haddad,
hoje prefeito de São Paulo. O mais recente foi o do cartaz "Eu sou feliz
sendo prostituta", vetado por Padilha.
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Também:
Fonte: Rede Brasil Atual
Frei Betto: 'O povo exige novos mecanismos de participação democrática'
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Também:
Fonte: Rede Brasil Atual
Frei Betto: 'O povo exige novos mecanismos de participação democrática'
Assessor de movimentos sociais afirma que falta de comando centralizado em manifestações deixa política tradicional perplexa
Editoria de Arte/folhapress |
Ativistas reclamam por mais empenho do governo na aprovação do PL 122, o
projeto de lei que criminaliza a homofobia e sofre forte oposição de
líderes evangélicos.
Recém-recebido por Dilma, o ativista Toni Reis diz que a presidente se
comprometeu "explicitamente" com o combate a todo tipo de discriminação:
"Até então, as relações com ela estavam bem nebulosas, para dizer o
mínimo".
Um dos setores com relações mais desgastadas com o governo e o PT é o que reúne indígenas e ambientalistas.
Além de apontarem queda no ritmo de demarcações e congelamento na
criação de parques, acusam o governo de falta de diálogo no processo de
instalação de hidrelétricas na Amazônia, reclamam da proximidade com
ruralistas e fazem críticas à atuação fracassada do governo no combate
ao projeto do novo Código Florestal.
A iniciativa recente de reformular os procedimentos para demarcação de
terras indígenas é o capítulo mais recente das contrariedades.
O azedume foi sintetizado pelo filósofo Egydio Schwade, do Amazonas,
teólogo com décadas de história na sigla: "O PT no poder parece que
esqueceu toda a trajetória, as pessoas e a causa que o construíram",
escreveu num artigo replicado entre ambientalistas na internet. "É
humilhante ver uma ministra do nosso governo [Gleisi] propor a revisão
de terras indígenas".
O governo quer mudar o processo de demarcação de áreas indígenas para
incluir órgãos como o Ministério da Agricultura nas decisões, hoje
concentradas na Funai. Os indigenistas temem que isso dê mais força ao
agronegócio, que vê nas terras indígenas uma ameaça à sua expansão.
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Contra as tramóias da direita: sustentar a Dilma Roussef
07/07/2013 - Leonardo Boff
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A Mosca Azul - Reflexão Sobre o Poder
Autor: Frei Betto
Editora: Rocco
Categoria: Ciências Humanas e Sociais / Política
"A Mosca Azul" é
uma obra de impacto. No Palácio do Planalto, Frei Betto ocupou, em 2003
e 2004, as funções de Assessor Especial do Presidente da
República e coordenador da Mobilização Social do Programa Fome Zero.
Aqui ele partilha com o leitor observações e reflexões de quem esteve
dentro da
esfera do poder.
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