"Nunca sofremos retaliação do tráfico, mas
desde que comecei a denunciar o pastor começaram os ataques. Uma pessoa disse
que se não sairmos vão explodir a sede e nos matar. Diante do receio, teremos
que encerrar as atividades. Não temos como garantir a segurança de
ninguém", disse José Júnior, do AfroReggae.
A sede do AfroReggae e a pousada da ONG, na Rua Joaquim de Queiroz,
na Grota, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, amanheceram fechadas
na manhã deste sábado. Normalmente, aos sábados, a sede funciona até as
16h. A ausência de funcionários e integrantes do projeto no imóvel
confirmam a informação publicada hoje em reportagem da revista “Veja” de
que o AfroReggae teria sido expulso pelo tráfico.
Incêndio no Alemão atinge pousada do AfroReggae e redação de jornal comunitário
Ferido em incêndio em pousada do AfroReggae no Alemão teve 30% do corpo queimados; ele está internado na UTI
Responsáveis por incêndio em pousada foram os mesmos por trás de tiroteio antes de corrida no Alemão, diz José Junior
Segundo a publicação, os bandidos chegaram a fazer ameaças à ONG, dizendo que “a desobediência seria punida com a explosão da sede e uma chacina”. Em seu twitter, o coordenador do AfroReggae, José Júnior, disse que daria neste sábado uma “péssima notícia”: “Tenho uma pessima noticia pra dar + q muito me orgulha de não omitir. Já comunicamos as autoridades do nosso estado e país. Post amanhã”. No início da tarde, ele postou o link da reportagem e acrescentou a frase “Não dá pra deixar assassinarem inocentes”.
— Não estou sabendo de nada. Soube pela televisão do incêndio —disse uma moradora da Rua Joaquim de Queiroz, que não quis se identificar.
Jornal muda de sede
A reportagem diz ainda que o evento "Arraiá da Paz" mudou para "Arraiá do Alemão", a pedido do tráfico. Rene Silva, fundador do jornal comunitário, negou e disse que a mudança tem a ver com a estrutura da festa, que está em seu terceiro ano:
— Se o tráfico tivesse mandado mudar o nome, já teria mudado desde o início. Mudamos o nome agora porque mudou a equipe e a estrutura. O nome "Arraiá do Alemão" tem mais a cara da comunidade.
Rene contou ainda que o incêndio na pousada do AfroReaggae só acelerou a ida da equipe do jornal para outro espaço:
— Já queríamos ter o jornal em um espaço só nosso. O que aconteceu só acelerou isso. Alguns pais de jovens da equipe pediram para sairmos de lá, mas não estamos com medo.
Segundo Rene, a Prefeitura do Rio vai doar um terreno no Morro do Adeus para a construção da nova sede do jornal comunitário.
Incêndio no Alemão atinge pousada do AfroReggae e redação de jornal comunitário
Ferido em incêndio em pousada do AfroReggae no Alemão teve 30% do corpo queimados; ele está internado na UTI
Responsáveis por incêndio em pousada foram os mesmos por trás de tiroteio antes de corrida no Alemão, diz José Junior
Segundo a publicação, os bandidos chegaram a fazer ameaças à ONG, dizendo que “a desobediência seria punida com a explosão da sede e uma chacina”. Em seu twitter, o coordenador do AfroReggae, José Júnior, disse que daria neste sábado uma “péssima notícia”: “Tenho uma pessima noticia pra dar + q muito me orgulha de não omitir. Já comunicamos as autoridades do nosso estado e país. Post amanhã”. No início da tarde, ele postou o link da reportagem e acrescentou a frase “Não dá pra deixar assassinarem inocentes”.
De acordo com a revista, o motivo da expulsão
tem nome, sobrenome e título religioso: pastor Marcos Pereira, líder da
Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso desde o início de maio sob a
acusação de estuprar fiéis.
Ele seria ligado a
Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que cumpre pena no presídio
de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná. Duas irmãs do traficante
frequentam a igreja de Marcos.
— Nunca sofremos
retaliação do tráfico, mas desde que comecei a denunciar o pastor
começaram os ataques. Uma pessoa disse que se não sairmos vão explodir a
sede e nos matar. Diante do receio, teremos que encerrar as atividades.
Não temos como garantir a segurança de ninguém — disse José Júnior à
“Veja”.
Apesar da aparente tranquilidade e do policiamento na comunidade, moradores e comerciantes evitam falar sobre o assunto.— Não estou sabendo de nada. Soube pela televisão do incêndio —disse uma moradora da Rua Joaquim de Queiroz, que não quis se identificar.
Jornal muda de sede
A reportagem diz ainda que o evento "Arraiá da Paz" mudou para "Arraiá do Alemão", a pedido do tráfico. Rene Silva, fundador do jornal comunitário, negou e disse que a mudança tem a ver com a estrutura da festa, que está em seu terceiro ano:
— Se o tráfico tivesse mandado mudar o nome, já teria mudado desde o início. Mudamos o nome agora porque mudou a equipe e a estrutura. O nome "Arraiá do Alemão" tem mais a cara da comunidade.
Rene contou ainda que o incêndio na pousada do AfroReaggae só acelerou a ida da equipe do jornal para outro espaço:
— Já queríamos ter o jornal em um espaço só nosso. O que aconteceu só acelerou isso. Alguns pais de jovens da equipe pediram para sairmos de lá, mas não estamos com medo.
Segundo Rene, a Prefeitura do Rio vai doar um terreno no Morro do Adeus para a construção da nova sede do jornal comunitário.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/expulso-por-traficantes-afroreggae-encerra-suas-atividades-no-complexo-do-alemao-9110306.html#ixzz2ZcnLwarI
-----------------------------------------------------------------
AfroReggae encerra atividades no Complexo do Alemão após receber ameaças
Isabela Vieira - Agência Brasil 20.07.2013 - 18h42 | Atualizado em 20.07.2013 - 20h20
Rio de Janeiro - A Organização Não Governamental (ONG) AfroReggae
decidiu hoje (20) encerrar as atividades no Complexo do Alemão, zona
norte do Rio, depois de sofrer ameaças de traficantes. O anúncio foi
feito menos de uma semana depois do incêndio que destruiu a sede da ONG
na comunidade. A ação ocorreu terça-feira (16) e é investigado pela
Polícia Civil.
O coordenador da organização, José Júnior, disse que foi informado das
ameaças por um líder comunitário, que passou a mensagem do tráfico de
drogas. A comunidade conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora
(UPP). Na opinião de Júnior, se o grupo decidisse permanecer os
criminosos poderiam atacar a instituição com bombas, o que implicaria
também riscos para os funcionários ou usuários dos projetos do
AfroReggae.
“Recebemos ameaças de morte, disseram que ia matar a gente, pessoas
inocentes, iam [jogar] bomba”, revelou o coordenador. “A gente não pode
colocar ninguém em risco, por isso, decidimos fechar as portas”,
completou. Segundo ele, depois do aviso do líder comunitário, moradores
do Alemão confirmaram as ameaças dos traficantes, o que deixou a
instituição sem saída.
O AfroReggae está há 12 anos no Alemão onde atendia 350 jovens, com
aulas de percussão, grafite, música e teatro, um esforço para manter
jovens longe do tráfico de drogas e oferecer possibilidades de
capacitação profissional e valorização.
Para a organização, o pastor Marcos Pereira, preso por estuprar fiéis, é
um dos chefes do tráfico de drogas na favela e está por trás das
ameaças e ataques ao AfroReggaes. “Ele é um dos líderes do crime no
Rio”, disse Júnior.
Edição: José Romildo
- Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0
O que aconteceu acima, "bate" com uma reflexão que fiz ainda há pouco, com base em uma artigo de Hildegard Angel. (Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural).
Nenhum comentário:
Postar um comentário