2013-07-26 Fonte: Rádio Vaticana
Momento intenso vivido foi, ontem ao fim da manhã, na catedral do Rio
de Janeiro, o encontro do Papa com os muitos milhares de jovens
argentinos vindos para a JMJ. O Papa falou naturalmente em espanhol. Eis
a tradução integral das suas palavras:
"Obrigado por estarem aqui hoje, por terem vindo. Obrigado aos que estão aqui dentro e muito obrigado aos que estão lá fora. Aos 30 mil, me dizem, que estão aí fora. Daqui saúdo vocês que estão embaixo da chuva. Obrigado pelo gesto, obrigado por estarem próximos, por terem vindo à Jornada Mundial da Juventude. Sugeri ao doutor Gasbarri - que é quem organiza a minha viagem - se teria um lugar onde pudesse me encontrar com vocês, e em meio dia já tinha tudo preparado. Assim, quero agradecer publicamente ao doutor Gasbarri por isso que conseguiu hoje.
"Queria dizer uma coisa que é aquilo que espero, como consequência da Jornada Mundial da Juventude. Espero barulho, que façamos barulho aqui no Rio, quero barulho nas dioceses, quero que saiam por aí afora, quero que a Igreja saia às ruas. Quero que nos defendamos de tudo que seja mundano, instalação do que seja comodidade, do que seja clericalismo, do que seja estarmos fechados em nós mesmos. As paróquias, os colégios, são para sair e se não saem se convertem em uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG. Que me perdoem os bispos e os sacerdotes se depois alguns vão incomodar vocês. É um conselho.
"Obrigado pelo que podem fazer. Olha, eu penso que neste momento, essa civilização mundial está com um parafuso a menos, está com um parafuso a menos. Tal é o culto que faz ao deus dinheiro que estamos presenciando uma filosofia e uma práxis de exclusão dos rumos da vida que são as promessas. Certo, por quê?
Se poderia pensar que poderia haver uma espécie de eutanásia escondida, isso é dizer que não se cuida dos anciãos, mas também é uma eutanásia cultural, não se os deixa falar, não se os deixa atuar. E exclusão dos jovens, a percentagem que há de jovens sem trabalho, sem emprego, é muito alta, e é uma generação que não tem a experiência da dignidade ganhada pelo trabalho. Ou seja, esta civilização nos levou a excluir as balizas que são o nosso futuro. Então, os jovens tem que sair, tem que se fazer valer, os jovens que tem sair e lutar pelos valores, a lutar por estes valores e os anciãos abram a boca, os idosos abram a boca, ensinai-nos e transmitai-nos a sabedoria dos povos.
"No povo argentino, eu peço de coração aos idosos, não claudiquem em ser a reserva cultural de nosso povo que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo. E vocês, por favor, não se coloquem contra os idosos, deixem-os falar, escutem-os e levem adiante. Mas saibam que neste momento, vocês, os jovens e os anciãos estão condenados ao mesmo destino, exclusão, mas não se deixem excluir, está claro?
"Por isso acredito que tenham que trabalhar. E a fé em Jesus Cristo não é enrolação, é algo muito sério. É um escândalo que Deus se tenha feito um de nós, é um escândalo, e que tenha morrido numa cruz, é um escândalo. O escândalo da cruz. A cruz segue sendo um escândalo, mas é o único caminho seguro, aquele da cruz, aquele de Jesus, a encarnação de Jesus.
"Por favor, não liquefaçam a fé em Jesus Cristo. Ela foi liquefeita com laranjas, foi liquefeita com maçã, foi liquefeita com banana, mas por favor, não tomem essa fé de liquidificador. A fé é inteira e não se liquefaz. É a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito homem, que me amou e morreu por mim. Então, façam barulho. Cuidem dos extremos da população que são os idosos e os jovens, não se deixem excluir e que não excluam os idosos e não liquefaçam a fé em Jesus Cristo. As bem-aventuranças. O que temos que fazer, Pai? Olha, leia as bem-aventuranças que te farão bem. E se queres saber que coisa prática tens que fazer, leia Mateus 25, que é o protocolo com o qual nos julgarão. Com essas duas coisas vocês tem o plano de ação. As bem-aventuranças e Mateus 25. Não é preciso ler mais nada. É o que peço a vocês de todo o coração. Agradeço a todos por essa proximidade.
É" uma lástima que estejam enjaulados, mas digo uma coisa a vocês. Eu, por momentos, sinto: que feio é estar enjaulados. Se confesso de coração, compreendo vocês. Queria ter podido estar mais perto de vocês mas compreendo que, por razão de ordem, não se pode.
"Obrigado por estarem perto, obrigado por rezarem por mim, se os peço de coração, necessito, necessito da oração de vocês, necessito muito. Obrigado por isso. E, bem, vou dar a vocês a bênção e depois vamos abençoar a imagem de Nossa Senhora que vai peregrinar por toda Argentina, e a cruz de São Francisco, que vai peregrinar em missão. Mas não se esqueçam, façam barulho, cuidem dos extremos da vida, os dois extremos da história dos povos que são os idosos e os jovens, e não liquefaçam a fé. E agora vamos rezar, para abençoar a imagem de Nossa Senhora e depois abençoar vocês.
Leia também:
"Queridos jovens,
Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens [22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1 (1984), 1105). A partir de então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?
Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz.
Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).
E assim podemos responder à segunda pregunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar.
Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida.
O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.
Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria?
Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja!"
"Obrigado por estarem aqui hoje, por terem vindo. Obrigado aos que estão aqui dentro e muito obrigado aos que estão lá fora. Aos 30 mil, me dizem, que estão aí fora. Daqui saúdo vocês que estão embaixo da chuva. Obrigado pelo gesto, obrigado por estarem próximos, por terem vindo à Jornada Mundial da Juventude. Sugeri ao doutor Gasbarri - que é quem organiza a minha viagem - se teria um lugar onde pudesse me encontrar com vocês, e em meio dia já tinha tudo preparado. Assim, quero agradecer publicamente ao doutor Gasbarri por isso que conseguiu hoje.
"Queria dizer uma coisa que é aquilo que espero, como consequência da Jornada Mundial da Juventude. Espero barulho, que façamos barulho aqui no Rio, quero barulho nas dioceses, quero que saiam por aí afora, quero que a Igreja saia às ruas. Quero que nos defendamos de tudo que seja mundano, instalação do que seja comodidade, do que seja clericalismo, do que seja estarmos fechados em nós mesmos. As paróquias, os colégios, são para sair e se não saem se convertem em uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG. Que me perdoem os bispos e os sacerdotes se depois alguns vão incomodar vocês. É um conselho.
"Obrigado pelo que podem fazer. Olha, eu penso que neste momento, essa civilização mundial está com um parafuso a menos, está com um parafuso a menos. Tal é o culto que faz ao deus dinheiro que estamos presenciando uma filosofia e uma práxis de exclusão dos rumos da vida que são as promessas. Certo, por quê?
Se poderia pensar que poderia haver uma espécie de eutanásia escondida, isso é dizer que não se cuida dos anciãos, mas também é uma eutanásia cultural, não se os deixa falar, não se os deixa atuar. E exclusão dos jovens, a percentagem que há de jovens sem trabalho, sem emprego, é muito alta, e é uma generação que não tem a experiência da dignidade ganhada pelo trabalho. Ou seja, esta civilização nos levou a excluir as balizas que são o nosso futuro. Então, os jovens tem que sair, tem que se fazer valer, os jovens que tem sair e lutar pelos valores, a lutar por estes valores e os anciãos abram a boca, os idosos abram a boca, ensinai-nos e transmitai-nos a sabedoria dos povos.
"No povo argentino, eu peço de coração aos idosos, não claudiquem em ser a reserva cultural de nosso povo que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo. E vocês, por favor, não se coloquem contra os idosos, deixem-os falar, escutem-os e levem adiante. Mas saibam que neste momento, vocês, os jovens e os anciãos estão condenados ao mesmo destino, exclusão, mas não se deixem excluir, está claro?
"Por isso acredito que tenham que trabalhar. E a fé em Jesus Cristo não é enrolação, é algo muito sério. É um escândalo que Deus se tenha feito um de nós, é um escândalo, e que tenha morrido numa cruz, é um escândalo. O escândalo da cruz. A cruz segue sendo um escândalo, mas é o único caminho seguro, aquele da cruz, aquele de Jesus, a encarnação de Jesus.
"Por favor, não liquefaçam a fé em Jesus Cristo. Ela foi liquefeita com laranjas, foi liquefeita com maçã, foi liquefeita com banana, mas por favor, não tomem essa fé de liquidificador. A fé é inteira e não se liquefaz. É a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito homem, que me amou e morreu por mim. Então, façam barulho. Cuidem dos extremos da população que são os idosos e os jovens, não se deixem excluir e que não excluam os idosos e não liquefaçam a fé em Jesus Cristo. As bem-aventuranças. O que temos que fazer, Pai? Olha, leia as bem-aventuranças que te farão bem. E se queres saber que coisa prática tens que fazer, leia Mateus 25, que é o protocolo com o qual nos julgarão. Com essas duas coisas vocês tem o plano de ação. As bem-aventuranças e Mateus 25. Não é preciso ler mais nada. É o que peço a vocês de todo o coração. Agradeço a todos por essa proximidade.
É" uma lástima que estejam enjaulados, mas digo uma coisa a vocês. Eu, por momentos, sinto: que feio é estar enjaulados. Se confesso de coração, compreendo vocês. Queria ter podido estar mais perto de vocês mas compreendo que, por razão de ordem, não se pode.
"Obrigado por estarem perto, obrigado por rezarem por mim, se os peço de coração, necessito, necessito da oração de vocês, necessito muito. Obrigado por isso. E, bem, vou dar a vocês a bênção e depois vamos abençoar a imagem de Nossa Senhora que vai peregrinar por toda Argentina, e a cruz de São Francisco, que vai peregrinar em missão. Mas não se esqueçam, façam barulho, cuidem dos extremos da vida, os dois extremos da história dos povos que são os idosos e os jovens, e não liquefaçam a fé. E agora vamos rezar, para abençoar a imagem de Nossa Senhora e depois abençoar vocês.
Leia também:
"Queridos jovens,
Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens [22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1 (1984), 1105). A partir de então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?
Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz.
Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).
E assim podemos responder à segunda pregunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar.
Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida.
O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.
Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria?
Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja!"
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