sábado, 27 de julho de 2013

ECOS DA TENDA DAS JUVENTUDES NA JMJ

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Grito contra a violência das juventudes toma as ruas de Copacabana

Por em 27/07/2013


Fonte: Jovens Conectados  AQUI
As ruas de Copacabana, no Rio de Janeiro, foram ocupadas na tarde de ontem (26) por jovens de todo o mundo que marcharam contra a violência, o extermínio e deram gritos em favor da vida das juventudes. A Marcha Mundial A juventude quer viver reuniu cerca de 2.500 pessoas que se concentraram na Praça do Arpoador e seguiram até Copacabana.
Em um percurso de pouco mais de três quilômetros, os jovens chamaram a atenção de todas as pessoas que estavam no local. Em forma de jogral, os participantes repassavam frases e entoavam cantos que iam do começo ao fim da marcha como: “a juventude tem consciência e está em marcha contra a violência.” Ao entrarem em Copacabana falaram à população: “povo do Rio de Janeiro reunido para a Jornada Mundial da Juventude, somos a juventude Católica que se engaja e luta por justiça social e que hoje relembra o martírio de Jesus Cristo e os jovens exterminados. Como disse o Papa Francisco, somo uma igreja pobre e para os pobres.”
“Essa foi uma marcha contra a violência, contra o extermínio e as desigualdades que assolam as juventudes pobres, excluídas, negras, quilombolas, indígenas. É a marcha da juventude pela vida!”, disse Leon Patrick, da Cáritas Minas Gerais. Patrícia Amorim, da Cáritas Ceará, alertou sobre as divergências que ocorrem: “diferente do que se fala, não são os jovens que matam mais. Os jovens são os que morrem mais. Jovens negros, empobrecidos e das periferias principalmente urbanas. Nós lutamos pela vida e pelos direitos humanos de todas as juventudes.”
Alessandra Miranda é assessora nacional de Direitos Humanos da Cáritas Brasileira, e completou dizendo que é necessário cultivar e promover a cultura da paz. “Nós, da Rede Cáritas, trabalhamos para a conquista de direitos desses jovens e assumimos a juventude como uma de nossas prioridades”, destacou.
Erick Guardalo veio da Cáritas de Honduras para participar do Encontro Internacional de Jovens da Cáritas e da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Durante a marcha ele disse que o ato foi um grito de toda a América Latina. “Não queremos mais fome no mundo. Não queremos mais opressão. Não queremos mais repressão. É um chamado para o mundo inteiro que acredita na juventude. Que acredita que os jovens podem transformar e construir uma nova sociedade. Eu peço que a juventude se una em oração, em campanha para que, por meio de todos os nossos esforços, a gente construa um mundo melhor.”
“A marcha foi muito positiva, pois conseguimos apresentar nossas pautas e as pessoas que estavam por onde passamos iam se juntando a nós”, avaliou Thiesco Crisóstomo, secretário nacional da Pastoral da Juventude que completou dizendo que alguns veículos de comunicação, principalmente os comerciais, vincularam a Marcha Mundial com as recentes manifestações ocorridas no Brasil. “Inclusive chegaram a mencionar uma relação da nossa marcha com os atos que ocorreram na noite de ontem (26) no Rio de Janeiro. Não! Isso não ocorreu. Quando a marcha terminou por volta das 16h, o grupo seguiu para acompanhar a Via Sacra”, ressaltou.
A Marcha Mundial A juventude quer viver fez parte da programação da Tenda das Juventudes, atividade oficial da JMJ. A tenda foi organizada pela Cáritas Brasileira, Pastoral da Juventude (PJ), Juventude Franciscana (Jufra), Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude (Cajueiro), Rede Ecumênica da Juventude (Reju), Irmandade dos Mártires da Caminhada e Setor Pastoral da PUC/RJ. A atividade ocorre na Paróquia Santa Bernadete, na Avenida dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis.
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Copacabana

Esquerda católica vai às ruas na Jornada Mundial da Juventude

Munidos com bandeiras vermelhas, jovens ligados à Teologia da Libertação protagonizam marcha mundial contra o extermínio da juventude e defendem igreja aberta e comprometida com os pobres
por Carla Santos, especial para a RBA publicado 27/07/2013 10:20, última modificação 27/07/2013
Carla Santos
Ativismo com fé
Severine: “A pastoral tem inserção forte nas comunidades e faz uma discussão sobre a questão social"

Rio de Janeiro – “Estamos nas ruas contra a redução da maioridade penal e também contra a violência e o extermínio de jovens”, afirmou o paraense Thiesco Crisóstomo, secretário nacional da Pastoral da Juventude (PJ), durante a Marcha Mundial “A Juventude quer Viver”, realizada na tarde de ontem (26), pouco antes da missa com o papa Francisco, na zona sul do Rio de Janeiro.
Depois de percorrer cerca de três quilômetros, do Arpoador à praia de Copacabana, a marcha encerrou as atividades da Tenda das Juventudes, espaço oficial da Jornada Mundial, que reuniu uma rede de entidades e pastorais comprometidas com as transformações sociais.
Severine Macedo, secretária nacional de Juventude do governo da presidenta Dilma Rousseff, participou do protesto. A jovem de 31 anos iniciou sua militância em uma área rural de Santa Catarina. “A pastoral tem uma inserção forte nas comunidades e faz uma discussão sobre a questão social. Além disso, discute a espiritualidade e a Igreja Católica, mas com um pé na luta. A galera também atua em partidos, sindicatos e movimentos sociais. Acho que isso diferencia muito a PJ de outras organizações católicas”, define.
Com o nome de jovens pregados à cruz, tocando instrumentos e cantando palavras de ordem, como “para a Igreja avançar, tem que ser mais popular”, mais de duas mil pessoas lembraram os 20 anos da chacina da Candelária, o massacre do Pinheirinho, de Eldorado dos Carajás, entre tantos outros episódios rotineiros de assassinato da população juvenil.
“Hoje nós estamos celebrando a Via-Sacra na Jornada Mundial da Juventude. Quando a gente olha para a morte de Jesus, a forma como foi feita, é lógico que também temos que olhar para nossa realidade. Então a gente quis trazer junto com a Via-Sacra de Jesus, a Via-Sacra de tantos jovens que são mortos todos os dias no país. A gente quis trazer não só o Jesus da Igreja, mas o Jesus que está no rosto de cada um e cada uma de nós”, refletiu Thiesco.
Futuro em risco
Para Severine, “esse é um momento muito importante da Jornada porque chama atenção do mundo inteiro para este problema”. “A violência é bastante alta no no mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, é como se caíssem oito aviões lotados de jovens todos os meses. São em torno de 28 mil jovens assassinados por ano, vítimas de arma de fogo. Mais de 90% são homens e mais de 70% são negros moradores das periferias dos grandes centros urbanos.”
A secretária também lembrou que, em conjunto com a PJ e o movimento negro, foi elaborado o Plano Juventude Viva que tem por objetivo combater o extermínio de jovens no país. A recente aprovação do Estatuto da Juventude também foi comemorada como uma das medidas para enfrentar o problema.
Ao longo de sua passagem, a marcha despertou diferentes reações na multidão que aguardava a passagem do papa desde cedo pela orla de Copacabana. Houve quem confundisse a manifestação com os protestos pelo Fora Cabral ou achasse que se tratava de uma atividade de partidos políticos. Alguns poucos faziam o sinal da cruz, como se estivessem se protegendo de alguma coisa. A grande maioria, porém, aplaudiu e expressou apoio às bandeiras dos manifestantes.
Quem também passou para dar o seu apoio foi o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ele se disse encantado com a Jornada Mundial da Juventude. “Você vê centenas de milhares de jovens de várias nacionalidades andando pelas ruas, cantando, sorrindo, trocando ideias, vendo uma manifestação popular, como esta da Pastoral da Juventude. Eu acho que o Brasil precisava deste gesto”, disse.
A Jornada Mundial da Juventude iniciou nesta segunda-feira (22) e segue até domingo (28) na capital fluminense. A organização recebeu 375 mil inscritos, vindos de 175 países, sendo 220 mil inscrições brasileiras. O evento, realizado a cada dois ou três anos, promove um encontro internacional de jovens católicos com o papa. A última edição ocorreu em 2011, em Madri, na Espanha, e reuniu cerca de 2 milhões de pessoas, de mais de 190 países. O JMJ 2013 também marca a primeira visita do papa à América Latina desde sua nomeação, em 13 de março.

Ecumênicos participam da Jornada Mundial da JuventudeAQUI

 

Quem mudará: a igreja ou os jovens?
Frei Betto
Adital


A JMJ, que terminou hoje, é um evento criado para atrair jovens à Igreja Católica e despertar neles o espírito missionário.
Pesquisas indicam que o número de católicos se reduz em todo o mundo, especialmente entre jovens. No início do século XX, quase 90% da população da Europa Ocidental se assumiam como católica. Hoje, apenas 24%.
No Brasil, o DataPopular constatou que, em apenas três anos, o índice de jovens católicos se reduziu em 30,6%. Em 2010, 63% dos jovens entre 16 e 24 anos se declaravam católicos. Hoje, apenas 44,2%.
Quais as causas desse desinteresse dos jovens pela Igreja? Por que eles são presença rara nas missas de domingo?
Há dois fatores a serem considerados. Primeiro, o crescente desinteresse das famílias católicas em cuidar da educação religiosa de seus filhos e netos. Com frequência, amigos me indagam: "Minha filha tem 18 anos, meu filho 16, e nenhuma motivação religiosa. O que fazer?” Dou sempre a mesma resposta: "A pergunta chegou com 10 anos de atraso. Se seus filhos tivessem 8 e 6 anos, eu saberia o que responder”.
O que esperar de um jovem que, na infância, jamais viu os pais participarem da Igreja, orar em família, comentar um texto bíblico? O que esperar se, na Semana Santa, se aproveita para viajar, e não para celebrar a morte e ressurreição de Jesus? E o Natal é comemorado em família em torno da figura consumista de Papai Noel ou como festa do nascimento de Jesus?
Os próprios anacronismos e rigores da Igreja são outro fator de afastamento dos jovens do catolicismo. Como atrair jovens se pesa sobre eles as exigências de manter a virgindade até o casamento, jamais usar preservativo e, uma vez casados, não ter relações sexuais exceto se houver intenção de procriar?
Soma-se a isso o despreparo de muitos padres e freiras. No afã de cobrir o déficit de sacerdotes, pois há cada vez menos vocações e muitas evasões (padres que se casam e ficam impedidos de rezar missa), a formação dos seminaristas no Brasil é, em geral, de péssima qualidade, salvo raras exceções.
A filosofia é estudada em apostilas e cópias de sites, sem contato com fontes primárias e textos integrais. A teologia é quase um curso de catequese para adultos, mera retransmissão da tradição doutrinária, sem debates e pesquisas sobre temas da atualidade.
As freiras nem curso superior costumam fazer, como se a dedicação com que se entregam à pastoral fosse suficiente para uma eficaz evangelização. Há bispos e padres que as encaram como meras coadjuvantes, adultas infantilizadas que devem ser mantidas distantes dos temas teológicos.
A Igreja, para atrair jovens, deve renovar sua postura nesse mundo globalizado, pós-moderno, do século XXI. Para isso basta aplicar as decisões do Concilio Vaticano II e valorizar o protagonismo dos leigos, sobretudo dos jovens, na missão evangelizadora.
Caso contrário, haverá, sim, jovens da Igreja, fechados em movimentos espiritualistas, descolados da realidade, subjugados por um moralismo que centraliza o pecado na sexualidade, indiferentes aos apelos do papa Francisco de não transformar a Igreja em uma ONG, mas fazê-la sair pra fora, ser fermento na massa, participar, como Jesus, da conflitividade e dos desafios do mundo em que vivemos.
Não custa recordar que todos nós, cristãos, somos discípulos de um prisioneiro político. Jesus não morreu de doença ou de acidente em Jerusalém. Foi preso, torturado e condenado à morte na cruz por dois poderes políticos.
[Frei Betto é escritor, autor de "Hotel Brasil – o mistério das cabeças degoladas” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

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