quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Fiquei de postar alguns detalhes sobre alternativas pedagógicas em virtude do IDEB recém-divulgado. Lá vai. Por Rudá Ricci

 

1) Primeiro, até por uma questão de honestidade intelectual, preciso deixar claro que sou freireano e tenho como referência as teses de Lev Vygotsky. Vou explicar brevemente o que isso significa

2) Paulo Freire contestava o que denominava de "educação bancária". Sua crítica se concentrava no papel de instrutor - às vezes, até adestrador - que o professor assumia. O aluno era visto como totalmente ignorante, um papel em branco a ser preenchido pelo saber do professor
3) Paulo Freire provou que aprendemos se entendemos o significado do que é ensinado. Sem isso, resta memorizar o que nos é passado, passivamente, sem emoção ou identidade. Na prática, não sabemos a importância real do que nos ensinam.
4) O Ideb parte de princípios opostos à concepção de Paulo Freire. Parte de um padrão idealizado do aluno, sem relação alguma com sua vida concreta, seus valores. Em outras palavras, é um instrumento típico da educação bancária
5) A idealizadora dos testes ao estilo Ideb, Diane Ravitch, escreveu um livro dizendo que este instrumento de avaliação não desenvolve a inteligência, mas ensina a se sair bem nos testes.
6) Já Vygotsky contestou a proposta inglesa de Quociente de Inteligência (QI) . Provou, a partir de inúmeras pesquisas, que a inteligência é desenvolvida por estímulos adequados. Não existiriam humanos que nascem burros ou inteligentes. A diferença estaria nos estímulos

7) Vygotsky sustenta que o planejamento para o estímulo correto vem da análise do estágio de desenvolvimento concreto do aluno para, então, se criar um plano exato de estímulos que tocam neste estágio e "puxam" para outro. Algo parecido com um imã
8) A questão que fica, então, é: como medir o estágio concreto de desenvolvimento de um aluno? Aqui entra o conceito de desenvolvimento humano
9) O desenvolvimento humano ocorre a partir de 3 dimensões: o físico, o psicossocial e o cognitivo. O Ideb erra, e a educação brasileira dos últimos anos do ensino fundamental e Ensino Médio, porque foca apenas na dimensão cognitiva
10) Ocorre que muitos estudos recentes da neurologia indicam que sem estabilidade emocional não há desenvolvimento cognitivo regular. António Damásio é um desses neurologistas que provou esta conexão
11) Howard Gardner foi outro neurologista que provou que é um equívoco relacionar o aprendizado de matemática e língua materna como base da inteligência humana

13) O estranho é que na educação infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental fazemos o certo. Contudo, ao caminharmos para o Ensino Médio adotamos as técnicos de condicionamento do comportamento ao estilo Pavlov e Skinner.
14) Por algum motivo, o Brasil abandonou as teses de Paulo Freire, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes e caiu nos braços do que há de pior na educação dos EUA.

LEIA TAMBÉM:

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Canções para o "Ao Vivo" do dia do professor sobre Anisio Teixeira, Paulo Freire e Ginásio Vocacional.



sábado, 3 de outubro de 2020

Sugestão de biblio/filmografia para a Live Anisio Teixeira, Paulo Freire e Ginásios Vocacionais. Em 15 de Outubro (quinta-feira) 20 horas.




domingo, 19 de abril de 2015

quinta-feira, 26 de junho de 2014

José Pacheco: “Brasil despreza seus educadores geniais” & Outros textos selecionados



🌱 A Mangue Jornalismo publica um balanço exclusivo sobre as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e que deveriam ter sido atingidas em Sergipe nos últimos dez anos. O painel do PNE revela que no estado apenas duas das 20 metas foram cumpridas.

Sergipe não atingiu índices de acesso à educação infantil, à educação inclusiva nem de acesso aos ensinos fundamental e médio. Também não foram cumpridas metas de alfabetização de crianças e nem de jovens e adultos nem de educação em tempo integral, além de outras.

A Mangue submeteu os dados sobre metas do PNE para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) e para a Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc). 

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Estamos de volta!! Na última terça de agosto, 27/8, às 17h, acontecerá a sessão inaugural do semestre do cineclube Pedagogias da Imagem. Exibiremos o filme ‘A sala dos professores’ (Das Lehrerzimmer - Alemanha/EUA, 2023), do diretor Ilker Çatak.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o filme acompanha a professora Carla Nowak (Leonie Benesch), envolta em uma rede de tensões disparada por uma série de roubos, acusações e preconceitos no ambiente escolar. O filme foi premiado em seis categorias no Prêmio do Filme Alemão (Deutscher Filmpreis) no ano passado: Melhor Filme, Diretor, Roteiro, Atriz e Edição.

Teremos a alegria e a honra de receber, como convidada do mês, a filósofa e cineasta Angela Donini, professora do Departamento de Filosofia da UNIRIO, do Mestrado Profissional em Filosofia e do Programa de Ensino de Artes Cênicas, também da UNIRIO. Ela dirigiu os curtas ‘Corpos que escapam’ (2015), ‘Ancorando navios no espaço’ (2016), ‘Nomes que importam’ (2017) e ‘Que minhas únicas cicatrizes sejam de sk8’ (2023). Ela é Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, com pós-doutorados em Medicina Social (UERJ) e em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF).

O encontro será um convite para dialogarmos sobre a urgência em construirmos novos repertórios imaginativos e práticos para as relações que se estabelecem nos espaços educacionais.

A sessão acontece no Auditório Manoel Maurício, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). A entrada é franca e a atividade é voltada para o público geral, indicada para pessoas a partir de 12 anos.

Faça sua inscrição no link abaixo (também disponível na nossa bio):
https://forms.office.com/r/1NJGepHQXT

Se curtiu, compartilhe nos stories, salve e divulgue para os amigos. Até lá!

🗓️ Data: 27/08/2024
⏰ Horário: 17h
📌 Local: Auditório Manoel Maurício - CFCH (Campus Praia Vermelha - Avenida Venceslau Brás, 71 - Botafogo)

Leia também:

Do professor disciplinador ao animador de palco – Por Raphael Fagundes

A questão é que a própria sociedade foi abandonando a ideia de ver a escola como formadora da personalidade do indivíduo


Ideb 2023: Não se trata (só) de dinheiro

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica está muito aquém da meta. Investimentos são essenciais, mas também abandonar pedagogias obsoletas, como “decorebas”, valorizar afetos e estimular a crítica. Este é o indicador de qualidade para o século XXI

https://outraspalavras.net/desigualdades-mundo/ideb-2023-nao-se-trata-so-de-dinheiro/


Explicando os erros induzidos pelo Ideb. Artigo de Rudá Ricci

https://www.ihu.unisinos.br/642770-explicando-os-erros-induzidos-pelo-ideb-artigo-de-ruda-ricci


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