(a partir de Charles Beaudelaire - 1821-1867)
É preciso estar sempre enamorado! Eis a única questão. Para não sentirmos o fardo horrível do Tempo, que verga e inclina para a terra, é preciso que nos enamoremos sem descanso.
Por pessoas, causas ou pela vida, à nossa escolha: enamoremo-nos!
E se, nos degraus de um palácio ou na solidão baça do quarto, quando o enamoramento diminuir ou desaparecer, perguntarmos "que horas são?" ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: “É hora de enamorar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, enamorem-se; enamorem-se sem descanso! Por pessoas, boas causas ou pela vida, à sua escolha”.
Aos enamorad@s, que sabem que paixão plena (madurada, vira amor) é pela pessoa amada, pelas boas causas e, portanto, pela vida, tudo junto e misturado.
Aproveitemos o dia, sustentemos o enamoramento - que dá brilho e ânimo à existência.
(Baudelaire: Pequenos poemas em prosa. Tradução: Leda Tenório da Motta.
Imago Editora – edição 1995)
Tiê - Se Enamora
O beijo, Gustav Klint (1862-1867)
Uma "flor do cerrado" colhendo cacau na Mata Atlântica
Nenhum comentário:
Postar um comentário